— Hum... Pode ser. Acho que consigo fazer isto.— Eu tenho a impressão de já ter visto aquele homem antes.— Onde?— Em Noriah Norte.— É possível que esteja seguindo você? Um repórter, talvez?— Ele me disse que é empresário e viaja com frequência. E já foi na Babilônia inúmeras vezes... E que nunca me viu.— Precisa tomar cuidado, Maria Lua. Nossos pais sempre comentaram sobre os perigos de nos relacionarmos com estranhos.— Até serem conhecidos, todos foram estranhos um dia. Até mesmo Málica.— Qual seu problema com Málica? Ela é uma boa pessoa.— Eu sei. E exatamente isso que me irrita nela.— Ninguém tem direito de se irritar com Málica. Porque ela simplesmente não é o tipo de pessoa que faz mal a alguém.— Theo, se eu perguntar uma coisa, você me responde de forma sincera?— Sim.— Você... A ama?Ele tirou os olhos do trânsito, focando o verde esmeralda de sua íris sobre mim por alguns segundos.— Chegamos! — falou, estacionando o Tesla em frente a uma fachada em vidro fumê, de
— Por que você nunca responde minhas perguntas?— Eu sempre respondo — disse de forma calma.— Não, não responde. Por exemplo, ama Málica? Quer que eu fique?— Para sempre?— Senhor Casanova, bom dia! — cumprimentou a mulher morena, de olhos escuros, jovem, com grandes óculos de grau com armação tigrada, que se sobressaiam com a sua roupa preta.— Bom dia, Maíra.— Os CEO’s das redes de farmácias e drogarias já chegaram. Os mando aguardar ou irá atendê-los agora?Theo olhou no relógio:— Vou para a sala de reuniões agora mesmo e já pode mandá-los entrar. A propósito, esta é Maria Lua, de quem já lhe falei. Ela ocupará esta sala, por enquanto. Não sei ao certo quanto tempo ficará. — Ele me olhou. — Mas ouvi dizer que se bem tratada, poderá ficar uma vida toda — debochou.— Depende de você. — Sorri, tocando o dedo indicador no peito dele e observando a gravata com o nó mal feito.— Bem-vinda, senhorita Maria Lua.Dei um aceno de cabeça para ela e automaticamente arrumei o nó da gravata
— Isso... É diferente. Mas venderia?— Ofereço produtos de qualidade e preço acessível.— Não quer competir com produtos da Giordano?— Sinceramente, acho que não.— Consegue produzir qualidade com preço baixo? E qual seu lucro?— Por enquanto, pouco. Quero alcançar a classe média e não só a alta, como a Giordano faz.— Já pensou em conquistar Noriah Norte e escrever o nome da Simplicity de vez no mundo das maquiagens e cosméticos?— Já. Mas ainda sou muito novo nisto tudo. Preciso me preparar melhor.Saímos da empresa e fomos para o carro dele. Sentei ao seu lado, na frente e pus o cinto:— Theo, você realmente quer minha ajuda?— Não me formei em administração, raio de sol. Faço o possível, mas não sou bom nisto. Sou um engenheiro químico, comandando uma empresa sozinho.— Por que não me pediu ajuda antes?— Eu... Não quis incomodá-la.— Eu não quero atrapalhar a sua vida, Theo.— Você não me atrapalha.— Eu... Digo com relação a sua namorada.— Eu já disse que Málica é uma mulher m
Theo voltou e sentou-se no banco, recostando a cabeça no estofado e evitando me olhar. Percebi quando afrouxou um pouco a gravata e pareceu tenso.— Eu... Achei que já tivesse feito aquilo... Inúmeras vezes. — Ainda olhava para frente.— Não... Eu nunca tinha beijado. Fui um pouco atrasada nisto.— Pedi ajuda... Porque achei que...— Se eu soubesse o que fazer, não teria batido meus dentes nos seus... — Não consegui evitar o riso.Apesar da tensão, Theo começou a rir também.— Eu... Só espero que tenha de alguma forma podido lhe ajudar. E que tenha... Ensaiado, repetido e aprimorado. — Sorri.— Sim, professora. Acho que passei nesta lição.— Acho que eu vou precisar fazer o teste e dar a minha nota final.Os olhos dele se arregalaram na minha direção. Comecei a rir, sentindo meu corpo trêmulo:— Não achou que eu estava falando sério, não é mesmo?— Eu... Não sei. Nunca sei exatamente o que esperar de você.— O pior?— Não... Eu não quis dizer isto.Abri a porta do carro e saí, respira
— Ela nunca vai embora?— Vai todos os dias... E volta à noite.— Ela vai trabalhar ou vai para casa?— Um pouco de cada coisa. Ela não trabalha todos os dias. Só quando tem alguma sessão de fotos que a chamam.— Então vocês estão praticamente morando juntos?— Eu não vejo desta forma... Ao menos não até agora, com a sua pergunta.— Vai casar com ela?— Eu... Não sei. É meio recente.— E quando não for mais tão recente? Vai pedir a mão dela?— Eu... Não sei... — Ele pôs as mãos na cabeça, confuso.— Me desculpe, Theo. Não quis pressioná-lo.— Quem deveria estar fazendo esta pressão era ela e não você, Maria Lua.— Não vou mais fazer isso, prometo. Mas em troca, quero que me diga quando pensar em pedir a mão dela.— Por quê?Porque quero estar bem longe neste dia.— Porque sou sua irmã... E quero ser a primeira a saber. — Foi o que balbuciei, completamente diferente do que pensei.Assim que chegamos no apartamento dele, Theo passou a chave na porta e senti o cheiro de comida vindo da c
Nunca fui o tipo de pessoa de fugir de uma briga e preferir chorar no quarto. Sequei as lágrimas rapidamente, pondo a guia em Gatão. Saí do quarto e fui em direção à sala, percebendo que os dois discutiam.Eles pararam assim que me viram. Meus olhos foram na direção das partes íntimas de Theo e percebi que o botão de sua calça estava aberto e o zíper no meio do caminho... Ou não tinha dado tempo de deslizar até o final... Ou de subir, depois de já ter descido o suficiente.Não teve como eu disfarçar aquele olhar de curiosidade sobre o que tinha acontecido de fato naquela sala entre os dois. Málica perguntou, agora menos doce e gentil:— Já desfez suas malas? Ou ainda espera que eu faça isso? Está na hora de você entender que eu e Theo estamos juntos. E vamos nos casar. E sinceramente, jamais pensei ter que me explicar sobre isso a você. Cheguei a imaginar que pudesse ter problemas com sua mãe... Mas você? É só a irmã. Eu não sou empregada nesta casa. Só cozinho para agradar Theo, porq
Lembrei do quanto Theo era satisfeito por Málica cozinhar:— Será que sua esposa poderia me ensinar a fazer este frango? Eu posso pagar, é claro!— Não precisa pagar. — Ele riu novamente. — Madalena iria adorar ensiná-la.— Podemos marcar então?— Assim que você quiser. Eu trabalho um dia sim e dois não. Faço turnos de 24 horas.— Trabalha 24 horas de uma vez? Isso... É horrível. Eu sinto muito. Deve denunciar. Posso ajudá-lo a fazer isso. Talvez não compreenda muito bem, Greg, mas se chama “trabalho escravo” o que estão fazendo com você. Eu lamento muito e vou ajudá-lo, prometo.Ele riu:— Não é trabalho escravo. Eu gosto do que faço e a remuneração aqui é boa. Trabalho um dia e descanso dois.— Não é justo, Greg!Gatão pulou, pondo as patas nas minhas pernas, pedindo mais comida. Dei um dos pedaços da minha mão, dos guardados, para ele, que lambeu a boca depois de engolir.Olhei para a televisão novamente, atenta ao próximo concorrente e Gregory pôs o pote de frango na minha perna:
Abri os olhos com a sensação de sequer tê-los fechado em algum momento daquela noite. As batidas da cama na parede duraram bem pouco e se Theo gozava tão rápido jamais me satisfaria como mulher. Sempre achei que ele era um fraco, já que nem beijar sabia. Certamente fodia como um idiota tapado, beijando e dizendo coisas bonitas no ouvido, fazendo qualquer mulher perder o tesão, de tão doce e apaixonado que deveria ser. Por sorte eu gostava de homens que falavam obscenidades e que me faziam gozar várias vezes na mesma noite, e que sim, faziam a cama bater na parede, mas por horas e não minutos.Sempre achei que Dimitry era mais gostoso... E bom de cama. E... Que gostava de verdade de mim.Nem lembro que horas adormeci. Mas Gatão estava feliz ao meu lado, tanto que me lambeu a boca. Sorri e lhe disse:— Reze para conseguirmos um voo em breve, Gatão. E eu nem sei se aceitam cachorros no voo comum. E não quero ter que pedir para papai alugar um jatinho de novo. Vou me resolver sozinha.Meu