Suspirei, respondendo por Theo:- Não. Deixe-o entrar.- Não precisa, Maria Lua. Sei que você dá conta de tudo.- Pensando melhor, podemos dividir a administração entre a área industrial e a comercial. E quem sabe deixamos a parte terceirizada e começamos a produzir nossos próprios produtos?- Está louca? – Theo perguntou.- Acha que me chamam de Malu Maluca por qual motivo? – Sorri.- Algum dia vai deixar me surpreender, raio de sol?- Espero que não, Theo.- Maíra, eu e Maria Lua receberemos o novo contratado para a área administrativa aqui mesmo.Theo sentou-se à cabeceira da mesa e posicionei-me na cadeira na sua lateral. Assim que porta se abriu e o homem vestindo terno preto, camisa branca e gravata vermelha com detalhes em preto apareceu, senti meu coração disparar. Aqueles olhos infinitamente azuis eu reconheceria em qualquer lugar:- Hades? – Me ouvi dizendo, quase sem voz.- Hades? – Theo me olhou e depois mirou o homem, aturdido.Hades olhou-me e depois fitou Theo, se aprox
- Adestramento de cães? – Enruguei a testa – Por isso Gatão se deu tão bem com você.- Ele conhece Gatão? – Theo me olhou.- Sim... Conheceu na calçada... Do seu apartamento.- Mas este Hades não é o mesmo Hades que esteve no meu apartamento. Eu o expulsei de lá e lembro muito bem da cara dele.Hades Romaniz escorou-se na cadeira, de forma confortável e levou a mão ao queixo:- Conhecem outro Hades? Quanta coincidência! – Sorriu, desconfiado e curioso.- Sim... Muita, mas muita coincidência. – Theo me olhou novamente, procurando explicações.Respirei fundo e levantei:- Talvez eu precise dos seus serviços, senhor Romaniz. Gatão é um cão extremamente preguiçoso e sonolento. E não gosta de movimentar-se, sequer para fazer as suas necessidades na rua. Sem contar o fato de ser melhor amigo de um gato de verdade.- Existem gatos de mentira? – Ele me olhou.- Sim, o cachorro dela... Ele é um gato de mentira. – Theo explicou.- Como assim? – Hades quis saber.- Porque se chama Gatão, mas é u
Percebi Maíra saindo, pé ante pé, não querendo chamar a atenção. Assim que a porta se fechou, falei:- Eu te empresto.- Eu não quero seu dinheiro.- Não estarei dando e sim emprestando.- Não preciso! Se for por isto, peço ao nosso pai.- Então por que ainda não pediu, porra?- Justo porque não quero ir além do que realmente posso.- Acha legal se fingir de pobre, Theo?- Eu não me finjo de pobre, Maria Lua!- Se quer ser um concorrente à altura da Giordano, precisa expandir seu negócio, Theo. Caso contrário, será somente o criador das fórmulas que Robin roubará e exibirá como dele. Não há motivos para ficar na defensiva, sendo uma empresa de fundo de quintal quando tem potencial para ser o melhor.Theo levantou, aturdido, andando de um lado para o outro. Parou olhando para a rua, pensando em algo que fiquei curiosa, mas não perguntei. Depois de um tempo, disse:- Talvez você tenha razão. A questão é que nunca quis algo gigantesco, no porte da North B. justo para não viver em função
- Não pode ir assim... E me deixar aqui... Sem você.Parei na porta, ainda com a mão na maçaneta:- Então venha comigo.- Aonde?- Me leve para conhecer um Shopping... Quero tomar um sorvete de creme com calda de caramelo. E olhar sapatos nas vitrines. E talvez comprar algum, claro! Preciso ver pessoas alegres e despreocupadas... Ou vou enlouquecer.- Maria Lua, eu acabei de perder o negócio da minha vida e quer que eu vá comprar sapatos com você?- Embora você não entenda, sapatos tem um poder curativo simplesmente inexplicável. Mas isso para mim. Precisa encontrar o seu poder curativo, Theo.- Raio de sol, você precisa entender que por anos eu vivi sozinho em Noriah Sul. E fiz da minha vida uma rotina diária extremamente metódica.- Daí eu chego do nada...- Sim... E acaba com a minha rotina, destrói a minha metodologia de vida e trabalho... E ainda assim eu só quero você.- Deve ser porque a sua rotina era trabalho, refeições, já que Málica não fazia nada a não ser cozinhar... E qu
- Sim, sou Maria Gregória – sorriu, confirmando, mal entendendo tudo que se passava na minha cabeça naquela hora.- Sua mão se chama Madalena? – Questionei, preocupada.- Sim.- Você é filha de Gregório, o porteiro?Assentiu, os olhos arregalados na minha direção.- Nós não vamos chamar o segurança para encontrar sua mãe, ok? Eu conheço o seu pai.- Conhece?- Sim, moro no prédio onde ele trabalha. E adoro o frango frito da sua mãe. – Confessei, retirando meu celular da bolsa enquanto lhe dava meu pote de sorvete para que segurasse.- Filha?A voz de preocupação era certamente da mãe, que correu em direção à menina assim que a viu. As duas se abraçaram e percebi as lágrimas escorrendo dos olhos da mulher magra, de baixa estatura, cabelos escuros na altura dos ombros e olhos grandes e escuros. Vestia calça preta jeans e camisa branca e nos pés uma sapatilha. A bolsa, que certamente um dia foi branca, mas o passar dos anos fez a cor ficar gelo, estava atravessada em seu peito, pela alça
- Eu... Ainda não sei – sorri – Mas o certo é que vou. Minha mãe acha que preciso viver sozinha para ser independente e ter mais autonomia emocional e psicológica.- Não seria melhor procurar uma psicóloga? – Ela arqueou a sobrancelha.- Acho que morar sozinha já resolve. – Dei de ombros.- Está me contratando para trabalhar na casa... Que você ainda não tem? – Me olhou incerta.Assenti, sorrindo. Qual o problema? Claro que eu lhe proporia pagamento a partir do momento que ela aceitasse. Sabia que em breve encontraria um apartamento, já que Greg havia dito que certamente o de cima de Theo em breve vagaria.Simpatizei com Greg à primeira vista. E foi assim com a filha e esposa dele. Eu não gostava de crianças... Quer dizer, nunca tive contato com uma. Mas tive simpatia com Maria Gregória deste que a vi pela primeira vez, mesmo sem saber que ela era a filha do porteiro.E ouvir a história de Madalena e os problemas que um filho podiam causar ao emprego de uma mulher me deixou estupefata
- Mas se eu não a pagar, você pode arranjar outro emprego e não trabalhar comigo. Não sei quando vou comprar o apartamento.- Você tem dinheiro. E isto torna fácil comprar um imóvel. Basta encontrar um que a agrade, de verdade.- Obrigada, Madalena... Pelas suas dicas. Ainda assim... Eu vou pagar. – Sorri e lhe dei um beijo. – Aproveite bem seus brinquedos - Beijei a bochecha de Maria Gregória.- Obrigada, Malu. Um dia você brinca comigo na casa da Barbie?- Eu brinco sim. – Garanti – Ainda assim, não deixe sua amiga de todas as horas sozinha – apontei para a boneca de pano ainda segura à cintura dela – Ela pode ficar chateada.- Não vou deixá-la. – Sorriu.Como estava no Shopping, foi mais fácil encontrar um táxi. Assim que sentei no banco traseiro, fechei meus olhos e pensei no que Madalena havia dito, sobre eu encontrar um imóvel que me agradasse.Eu não gostava do apartamento de Theo. Era pequeno, as paredes tão finas que emitiam sons para outros cômodos... Tinha Gatão, que preci
- Senti saudades de você. E só ficamos afastados algumas horas.- Pensei em você, mas não tive saudades... Porque estava um pouco braba e aconteceram algumas coisas estranhas que não deu muito tempo para seguir com a fúria.- Ok, quero saber o que aconteceu de estranho.- E eu quero contar. Mas só depois que você me der um beijo... Com a sua língua, claro! – Provoquei.Theo beijou-me de imediato, a língua imediatamente adentrando na minha boca, morna, convidativa, chamando a minha para a nossa dança íntima e particular, que fazia minha calcinha molhar e a boceta estremecer de desejo.Tentei retirar o roupão, ainda durante o beijo, com os olhos fechados, mas ele impediu novamente. Desvencilhei-me do nosso toque, encarando-o, preocupada:- Theo... O que houve? Você... Se machucou? – Toquei o tecido macio do roupão.- Não sei se dá para dizer que me machuquei... – riu – Mas doeu.Arregalei os olhos:- Fale logo, porra.- Lembra que você disse que eu precisava de um potinho a altura se qu