- Sim, sou Maria Gregória – sorriu, confirmando, mal entendendo tudo que se passava na minha cabeça naquela hora.- Sua mão se chama Madalena? – Questionei, preocupada.- Sim.- Você é filha de Gregório, o porteiro?Assentiu, os olhos arregalados na minha direção.- Nós não vamos chamar o segurança para encontrar sua mãe, ok? Eu conheço o seu pai.- Conhece?- Sim, moro no prédio onde ele trabalha. E adoro o frango frito da sua mãe. – Confessei, retirando meu celular da bolsa enquanto lhe dava meu pote de sorvete para que segurasse.- Filha?A voz de preocupação era certamente da mãe, que correu em direção à menina assim que a viu. As duas se abraçaram e percebi as lágrimas escorrendo dos olhos da mulher magra, de baixa estatura, cabelos escuros na altura dos ombros e olhos grandes e escuros. Vestia calça preta jeans e camisa branca e nos pés uma sapatilha. A bolsa, que certamente um dia foi branca, mas o passar dos anos fez a cor ficar gelo, estava atravessada em seu peito, pela alça
- Eu... Ainda não sei – sorri – Mas o certo é que vou. Minha mãe acha que preciso viver sozinha para ser independente e ter mais autonomia emocional e psicológica.- Não seria melhor procurar uma psicóloga? – Ela arqueou a sobrancelha.- Acho que morar sozinha já resolve. – Dei de ombros.- Está me contratando para trabalhar na casa... Que você ainda não tem? – Me olhou incerta.Assenti, sorrindo. Qual o problema? Claro que eu lhe proporia pagamento a partir do momento que ela aceitasse. Sabia que em breve encontraria um apartamento, já que Greg havia dito que certamente o de cima de Theo em breve vagaria.Simpatizei com Greg à primeira vista. E foi assim com a filha e esposa dele. Eu não gostava de crianças... Quer dizer, nunca tive contato com uma. Mas tive simpatia com Maria Gregória deste que a vi pela primeira vez, mesmo sem saber que ela era a filha do porteiro.E ouvir a história de Madalena e os problemas que um filho podiam causar ao emprego de uma mulher me deixou estupefata
- Mas se eu não a pagar, você pode arranjar outro emprego e não trabalhar comigo. Não sei quando vou comprar o apartamento.- Você tem dinheiro. E isto torna fácil comprar um imóvel. Basta encontrar um que a agrade, de verdade.- Obrigada, Madalena... Pelas suas dicas. Ainda assim... Eu vou pagar. – Sorri e lhe dei um beijo. – Aproveite bem seus brinquedos - Beijei a bochecha de Maria Gregória.- Obrigada, Malu. Um dia você brinca comigo na casa da Barbie?- Eu brinco sim. – Garanti – Ainda assim, não deixe sua amiga de todas as horas sozinha – apontei para a boneca de pano ainda segura à cintura dela – Ela pode ficar chateada.- Não vou deixá-la. – Sorriu.Como estava no Shopping, foi mais fácil encontrar um táxi. Assim que sentei no banco traseiro, fechei meus olhos e pensei no que Madalena havia dito, sobre eu encontrar um imóvel que me agradasse.Eu não gostava do apartamento de Theo. Era pequeno, as paredes tão finas que emitiam sons para outros cômodos... Tinha Gatão, que preci
- Senti saudades de você. E só ficamos afastados algumas horas.- Pensei em você, mas não tive saudades... Porque estava um pouco braba e aconteceram algumas coisas estranhas que não deu muito tempo para seguir com a fúria.- Ok, quero saber o que aconteceu de estranho.- E eu quero contar. Mas só depois que você me der um beijo... Com a sua língua, claro! – Provoquei.Theo beijou-me de imediato, a língua imediatamente adentrando na minha boca, morna, convidativa, chamando a minha para a nossa dança íntima e particular, que fazia minha calcinha molhar e a boceta estremecer de desejo.Tentei retirar o roupão, ainda durante o beijo, com os olhos fechados, mas ele impediu novamente. Desvencilhei-me do nosso toque, encarando-o, preocupada:- Theo... O que houve? Você... Se machucou? – Toquei o tecido macio do roupão.- Não sei se dá para dizer que me machuquei... – riu – Mas doeu.Arregalei os olhos:- Fale logo, porra.- Lembra que você disse que eu precisava de um potinho a altura se qu
Theo me soltou imediatamente enquanto dei um passo para frente, me afastando dele.- M-e-u D-e-u-s! – Foi o que saiu entre meus lábios, praticamente letra por letra, o pânico tomando conta de mim.- Eu sei, meu raio de sol: “para tudo”! Ben chegou. – Ele me puxou, enchendo-me de beijos.Minha respiração estava ofegante enquanto eu tentava organizar os pensamentos e entender o que os dois faziam ali.Antes que Theo e eu os mandássemos entrar, eles o fizeram, cada um com uma mala.- Você... Era a surpresa? – Questionei, sentindo meu corpo perder as forças e temendo desmaiar.- Amigo, foda... E empata foda! – Debochou, correndo na direção de Theo e se jogando em seus braços – Theozinho, morri de tantas saudades...Olhei para Theo, que estava tão estático e confuso quanto eu.- Vocês estão estranhos! Não gostaram da surpresa? – Dimitry perguntou.Observei Dimitry, usando terno bege sem gravata, com tênis. Os cabelos cortados, um sorriso encantador. Ele era como um sapato caro e confortáve
- Lembro de ter ouvido quando você chegou a pergunta se foi daqui que pediram “amigo” – o encarei – Pedi amigo e recebi um inimigo?- Não sou seu inimigo. Pelo contrário, sou mais que seu amigo. Sou seu padrinho, alguém que zela por você e a ama. E quando sugeri que fizesse uma viagem para distrair-se não pensei que iria mudar toda sua vida por conta de um homem.- Não é um homem qualquer... É o homem que eu amo, entende?- Theo fugiu de você.- Mas... Ele me ama. – Enruguei a testa.- Não duvido disto. Ainda assim, precisa se colocar em primeiro lugar. Se você não se amar, ninguém vai amá-la, entendeu?- Eu me amo.- Não, não se ama. Você passou a vida mudando tudo em si mesma... Para se parecer com Bárbara. Por mais que tente fugir da realidade, Salma é sua mãe biológica. Se ela agiu errado? Agiu. Se a família dela é praticamente um bando de criminosos desclassificados? Sim, são. Só será você mesma quando se aceitar, Maria Lua. Retire sua máscara, aceite-se como realmente é. Ame-se
Nosso segredo parecia cada vez menos seguro. Às vezes eu tinha a impressão que estava escrito no nosso rosto o quanto nos amávamos, já que nos últimos dias praticamente todos davam a entender que sabiam o que sentíamos um pelo outro.Estava tentando não ficar tão chocada com a visita inesperada e as porras que Ben havia me dito.Voltamos para a sala. Dimitry me olhou e sorriu, sem jeito.- Juntei suas roupas que encontrei pelo chão – Ben sussurrou no meu ouvido.- Devo agradecer? – Perguntei, furiosa só pelo fato de ele ter aparecido ali.- Eu... Quer dizer, Maria Lua e eu estamos felizes que vieram... De outro país para nos ver – Theo enrugou a testa, tentando agradá-los e parecendo ainda não entender muito bem o que faziam ali na sua casa – Mas infelizmente meu apartamento é pequeno e não tenho lugar para acolher todos vocês de forma confortável.- Já reservamos um Hotel, Theo. Não se preocupe com isso. – Dimitry garantiu, vindo na minha direção.- Que tal jantarmos num bom restaura
- Achei que falariam de outras coisas e não negócios, já que os primos estão há tanto tempo sem se verem – Ben comentou - Jurei que poderiam estar morrendo de saudades uns dos outros, já que foram criados praticamente juntos.- Eu estava morrendo de saudades de Malu Maluca. – Dimitry pôs a mão na minha perna, sorrindo, sem me olhar.Antes que eu fizesse qualquer coisa, Theo retirou a mão dele, pondo o braço entre os bancos:- Comporte-se, ela é sua prima! – Advertiu.- Prima postiça. – Dimi enrugou a testa, explicando-se.- Dimitry, sem mãos bobas. – Ben tentou impor ordem.- Mas ela gosta. – Ele afirmou.- Não gosto. – O olhei.- Ao menos gostava. – Dimi encolheu os ombros.- Ah, porra! Dimi, por favor, dá para tentar esquecer o que houve? Mudei de país para tentar passar uma borracha em tudo.- Achei que tivesse sido por conta da situação sobre Salma e Heitor.- Também... Mas teve o noivado fracassado... Nossa exposição na mídia. Tudo isso colaborou para que eu tentasse mudar minha