Nosso segredo parecia cada vez menos seguro. Às vezes eu tinha a impressão que estava escrito no nosso rosto o quanto nos amávamos, já que nos últimos dias praticamente todos davam a entender que sabiam o que sentíamos um pelo outro.Estava tentando não ficar tão chocada com a visita inesperada e as porras que Ben havia me dito.Voltamos para a sala. Dimitry me olhou e sorriu, sem jeito.- Juntei suas roupas que encontrei pelo chão – Ben sussurrou no meu ouvido.- Devo agradecer? – Perguntei, furiosa só pelo fato de ele ter aparecido ali.- Eu... Quer dizer, Maria Lua e eu estamos felizes que vieram... De outro país para nos ver – Theo enrugou a testa, tentando agradá-los e parecendo ainda não entender muito bem o que faziam ali na sua casa – Mas infelizmente meu apartamento é pequeno e não tenho lugar para acolher todos vocês de forma confortável.- Já reservamos um Hotel, Theo. Não se preocupe com isso. – Dimitry garantiu, vindo na minha direção.- Que tal jantarmos num bom restaura
- Achei que falariam de outras coisas e não negócios, já que os primos estão há tanto tempo sem se verem – Ben comentou - Jurei que poderiam estar morrendo de saudades uns dos outros, já que foram criados praticamente juntos.- Eu estava morrendo de saudades de Malu Maluca. – Dimitry pôs a mão na minha perna, sorrindo, sem me olhar.Antes que eu fizesse qualquer coisa, Theo retirou a mão dele, pondo o braço entre os bancos:- Comporte-se, ela é sua prima! – Advertiu.- Prima postiça. – Dimi enrugou a testa, explicando-se.- Dimitry, sem mãos bobas. – Ben tentou impor ordem.- Mas ela gosta. – Ele afirmou.- Não gosto. – O olhei.- Ao menos gostava. – Dimi encolheu os ombros.- Ah, porra! Dimi, por favor, dá para tentar esquecer o que houve? Mudei de país para tentar passar uma borracha em tudo.- Achei que tivesse sido por conta da situação sobre Salma e Heitor.- Também... Mas teve o noivado fracassado... Nossa exposição na mídia. Tudo isso colaborou para que eu tentasse mudar minha
Fiquei completamente imóvel ao ver Robin atrás dela. Theo pareceu acompanhar meu olhar, sussurrando no meu ouvido:- Não acredito que vamos estragar ainda mais a nossa noite!Retirei as mãos de Theo da minha cintura, tentando me fazer ouvir discretamente entre a música alta:- Acho que Ester tirou uma foto de nós.- Relaxa... Não estamos fazendo nada demais.- Eu não quero meu rosto estampado na internet de novo, Theo.- Ela não se atreveria.- Aquele lá... Não é Robin? – Dimitry aproximou-se de mim, com um copo de bebida, entregando-me.- Sim, ele e Ester. – Olhei em direção ao camarote no mezanino, não os encontrando novamente.- Talvez tenha sido uma péssima ideia virmos para cá. – Ben disse, ao certificar-se que falávamos de Robin Giordano.Tentei esquecer que Robin e Ester estavam lá e ao menos tentar me divertir um pouco. Desde que cheguei a Noriah Sul não consegui sair para fazer nada a não ser assumir responsabilidades e compromissos. Tudo parecia uma rotina de trabalhar, jant
- Dimitry está bem. Robin não encostou um dedo nele. Vou acertar o pagamento e iremos embora.Respirei fundo, furiosa, enquanto via Ben e Dimitry discutindo um pouco adiante. E Theo tinha razão: Dimi estava bem.Saí pela porta, explicando ao segurança que Theo estava fazendo o pagamento e aspirei o ar fresco e puro da noite. Nunca me senti tão bem ao sair de uma casa noturna na minha vida. O clima lá dentro não estava bom, desde que vi Ester e Robin. Sem contar que acho que eu estava tão acostumada com a Babilônia que nenhum lugar me agradava tanto quanto.- Perdida?Virei-me imediatamente na direção do homem escorado na parede.- Hades?- Boa-noite, Perséfone! – Sorriu, tragando o cigarro e jogando a fumaça para fora da boca sem pressa.Hades usava um look total black, com blazer, calça, camisa e sapatos da mesma cor. A camisa estava com metade dos botões abertos, mostrando parte de seu peito. Os cabelos negros estavam completamente bagunçados enquanto uma de suas pernas estava dobra
- Quero que tome cuidado, raio de sol! – Ele me puxou de encontro a seu peito, abraçando-me.- Acha que Málica pode estar por trás disto?- Eu... Não sei.- Devo voltar atrás na oferta de emprego para Madalena? Simpatizei tanto com ela... E a menina, Maria Gregória – sorri – Não tem ideia do brilho que ela tem. Talvez eu tenha sentido isso porque foi o primeiro contato que tive com uma criança de verdade, já que vivemos num mundo tão adulto e sério.- Seu mundo não é tão adulto e sério. – Ele riu, afastando-me um pouco, ainda enlaçando meu corpo.- Não consegue me levar a sério, Theo?- Juro que eu tento... Mas você faz algumas coisas tão impensadas às vezes que me dá vontade de tirar suas calças e dar umas palmadas na sua bunda.Mordi o lábio, provocante:- Será que suas palmadas me educariam?Theo gargalhou:- Gosto de vê-la algemada, completamente entregue a mim, de forma que consiga explorar seu corpo tão vagarosamente a ponto de levá-la à loucura. Mas jamais seria capaz de tocar
Olhei para Theo, confusa. Babi não era o tipo que falava de forma séria nunca. Muito menos no telefone. E ela parecia querer desligar logo e fugir daquela conversa.- Mãe, está acontecendo alguma coisa? Se for algo sério, você não esconderia da gente, não é mesmo?- Não sei do que vocês estão falando. Está tudo bem. Heitor e eu viemos apenas descansar. Já não somos mais jovens como vocês e nossos corpos precisam desacelerar um pouco vez ou outra. Mas não se preocupem que já estamos organizados para passar o aniversário de Theo com vocês. E espero que já esteja no seu apartamento, dona Maria Lua. - Ok, eu... Estarei. Boa noite, mãe. E mande um beijo para papai. E... Se ele puder me ligar amanhã...- Pode deixar, avisarei Heitor.- Boa noite, mãe. Durma bem. Amo você.- Amo vocês dois. A ligação foi encerrada por ela. Olhei para Theo:- Alguma coisa não está certa.- Sim, é bem estranho. Mas ao mesmo tempo, somos adultos. E mamãe não nos esconderia algo sério para nos poupar. Nem quan
- É claro que eu não faria uma vasectomia aos 22 anos, Maria Lua – ele afastou-se um pouco de mim, com o semblante sério – Até porque desejo ter um filho futuramente. E diferente do meu pai, não tenho medo de alguém aparecer exigindo teste de paternidade por dois motivos: o primeiro é que sempre uso preservativo. E o segundo é que não saio por aí comendo todas as mulheres que vejo pela frente.Senti meu coração acelerar e respirei fundo:- Tem mulheres que furam as camisinhas, como Salma.Theo tentou abraçar-me, mas estava com a mão presa numa das algemas:- Abra isto aqui, por favor.Fui até a gaveta e peguei a chave, dentro da caixa com preservativos. Abri a algema e Theo sentou-se na cama, me abraçando:- Maria Lua, eu sinceramente não me importo como veio ao mundo... Mas sou imensamente grato a Salma, por existir alguém por quem eu daria minha própria vida, que é você. Imagine se fosse filha biológica de nossos pais... E nos amássemos?- Nos amaríamos como irmãos de sangue. Seria
Mas eu estava com Theo o tempo todo e sentia falta dele se nos afastávamos algumas horas. Seria por que estávamos no início do relacionamento? Ou porque ficamos tão longe um do outro por tanto tempo?Estava tomando café quando Theo apareceu, pronto.- Vai tomar café assim, escorada no balcão? – Me olhou, rindo.- Sim. Vou deixar para comer algo depois. O café é só para me manter acordada. Esperarei Madalena para fazermos algumas combinações. Preciso falar diretamente com ela, para estabelecermos horários, salário e coisas deste tipo.- Acha que demora?- Talvez. Mas você pode ir. Vou assim que terminar.- Comprarei um carro hoje.- Já estava na hora. Pensei que iria abrir mão disto também e andar a pé ou de táxi.- Quer ir comigo escolher?- Hum... Vou pensar. – Brinquei.Theo me deu um beijo e saiu. Esperei por Madalena, que logo chegou. O fato de Theo ter me alertado sobre não confiar em ninguém fez com que eu praticamente a interrogasse, como uma investigadora policial. Quando por