Capítulo 2

Amanda Almeida

O sinal de hoje para a minha alegria decidiu tocar mais cedo anunciando a saída liberada de todos os alunos. De certa forma, eu estava feliz. Hoje é sexta-feira, dia de anunciarem festas e mais festas no final de semana junto ao luau nas praias do Rio.

Não que faça diferença para mim, eu odeio essas festas.

Marcela e Júlia irão encher o meu saco até que eu aceite sair com elas, eu não tenho nada contra a essas festas só não curto muito e sem falar das drogas e algumas pessoas que estarão presentes.

Suspirei pesadamente e como de costume estava um calor infernal aqui no Rio. Uso minha mão contra meu rosto sacudindo de cima para baixo em uma tentativa falha de amenizar o calor com tão pouco vento e o ar mais seco que nunca.

Eu daria tudo para morar em um lugar frio, já imagino a neve sob meus pés e sem comentar o chocolate quente.

Uma ladeira...

Uma praia cairia bem.

Céus.

Retirei meu celular do bolso enquanto ando pela calçada e com ajuda do polegar procuro o chat do meu primo que estava online.

Mandei mensagem pedindo para que ele viesse me buscar e tudo que recebi foi:

-Se vira pirralha!

Revirei os olhos, comecei à digitar novamente.

Eu odeio esse garoto.

Ergui os olhos vendo que a sinaleira estava fechada, desisti de digitar e comecei a gravar um áudio ao aproximar o celular próximo a minha boca.

-Diego, por favor. Eu não vou ir andando até o morro e você sabe...

E em um segundo meu pulso foi agarrado e meu corpo puxado para frente e por puro reflexo puxei de volta sem ser liberta, um grito profundo ecoou da minha garganta pelo susto e por puro azar soltei o celular que trincou a tela ao cair no chão.

O motoqueiro olhou em um mesmo movimento que eu para o celular e depois para mim. Só então me dei conta, ele ainda me segurava pela pulso.

-VOCÊ TÁ LOUCO? ME SOLTA!- puxei meu braço com tanta força que finalmente ele me soltou. -Seu filho da...- ele suspende a viseira, seus olhos em um tom castanhos escuros são revelados.

-Gabriel? Você tá doido? Quer me matar do coração? Como você faz esse tipo de brincadeira.

Digo tudo de uma vez, meu coração estava acelerado, sentia que dois litros de adrenalina foi injetado em minha corrente sanguínea.

Eu ainda estava assustada por essa brincadeira repentina desse idiota. Meu peito descia e subia freneticamente sobre seu olhar atento, minha respiração estava ofegante e sentia que meu coração iria sair pela boca de tão acelerado que está.

Respirei fundo algumas vezes, soltando o ar pela boca, tentando tranquilizar meu coração.

Ele não diz nada! Ele somente estica seu corpo alcançando o aparelho no chão, ele volta a sua postura anterior analisando a tela do aparelho.

-Não sabia que era tão medrosa assim.- ele diz calmo, seus olhos me fitam de cima a baixo sem demonstrar qualquer tipo de sentimento.

Rir irônica sobre seu comentário tosco, Gabriel me olha de maneira debochada, porém sem perder seu olhar de seriedade.

-Não é todo dia que alguém agarra seu braço e tenta levar seu celular.- digo sarcástica o vendo força uma careta. -Tinha realmente necessidade disso?

Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios carnudos. Gabriel não respondeu, somente pegou um capacete do fundo da garupa e estendeu para mim. O olhei, inacreditavelmente, ele só podia estar de brincadeira com a minha cara.

Neguei rapidamente, ele suspirou oferecendo o capacete novamente.

-Eu não vou subir aí.- apontei com o queixo para o fundo da moto. -Primeiro você quase me rouba e agora isso?! Vai me sequestrar também? Eu não tenho um real na conta.

O sol estava escaldante, sinto que poderia ser cozida como um ovo na água fervente. Alguns motoristas que passavam por ele xingavam e buzinavam estressados por Gabriel estar parado e em cima da faixa de pedestres.

Ele não tava nem aí.

-Sobe logo Amanda, para de caô.- sua voz é firme e autoritária, fico com um pé meio que para trás e ele parece notar. -Não me obrigue a te pôr aqui em cima, acredite, eu faria isso.

Ele diz sério.

Sua moto era alta, os pneus eram grossos e o motor bem potente. Eu não sei como não notei a chegada dele com um motor gritante desse.

Nunca mais mexo no celular na rua.

-Sabe quantos anos eu tenho?- ele ergue uma sobrancelha como se não tivesse entendido o motivo da pergunta.

-Você é de menor.- ele j**a o capacete e pega no ar por reflexo. -Não vou te comer garota, sobe logo.- ele murmura impaciente ponto suas mão no guidom da moto.

Me dou por vencida, ponho contra minha vontade o capacete rosa que suponho que seja da sua irmã mais nova.

-Como eu subo nisso?- ponho minhas mãos sobre o couro macio da garupa e quente ao mesmo tempo.

Ele firma suas mãos no guidão e com o pé abaixo uma espécie de pedal.

-Põe o pé e passa a perna pro outro lado.- ele diz calmo com seu olhar atento sobre mim.

Dou de ombros, ponho o pé impulsionando o corpo pra cima usando os ombros do Gabriel como apoio passando a perna pro outro lado.

-Segura minha cintura.

-Não.

-Tudo bem.- ele faz menção de acelerar a moto fazendo meu corpo ir pra frente e para trás, agarro sua cintura com força. -Nossa, mudou de idéia tão rápido.

Praguejei baixo o suficiente para que ele não ouvisse.

-Idiota.

*

Já tinha se passado alguns minutos desde que subi na garupa desse homem. Meu celular não parava de tocar e eu já imaginava que seria o meu tio ligando já que eu deveria ter chegado em casa há tempos.

Gabriel tinha pegado um caminho diferente e várias vezes perguntei para ele pra onde ele estava me levando. Ele respondeu? Não!

Confesso que já estava ficando com um medo inexplicável e a todo momento vinha Marcela em minha mente suspirando apaixonada pelo homem que estou agarrada ao quadril.

Droga.

Gabriel tem um perfume excelente, seus ombros são bem largos e puro músculo.

Irei surta.

Que errado Amanda.

Fechei os olhos com forças e quando menos se esperava ele parou. Abrir os olhos ao perceber a velocidade diminuindo e notei que estamos em um estacionamento de um shopping com poucos veículos.

-O que a gente tá fazendo aqui? Achei que íamos pro morro.- Não estranho o lugar já que tinha vindo aqui outras vezes com Amanda. -Gabriel.

Ele desliga a moto e retira o capacete sem delicadeza. Pelo retrovisor vejo seus olhos vasculhando o local e só depois de constar que está tudo tranquilo sinto seu corpo relaxar, solto sua cintura e desço da moto retirando o capacete.

Eu não vou morrer por causa desse homem, né?

Ele desce sem muito esforço.

-Vamos comprar um celular novo pra você.

Arregalo os olhos por finalmente ouvir a sua voz e também por escutar uma coisa que eu não queria.

-Não precisa, de verdade...

Tento argumentar, mas ela me interrompe.

-O se quebrou por minha culpa, então eu insisto...

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