Capítulo 6

Amanda Almeida

Já se passava das 20:00hrs quando finalmente chegamos á praia. O caminho foi um total silêncio entre Marcela e eu, ela parecia estar estranha ou perdida em seus pensamentos.

O que é estranho, nunca a vi de mal humor antes de um luau na praia, um dos seus lazeres favorito.

Resolvi ignorar ignorar esse questionamento, depois conversaria a sós com ela de qualquer jeito.

Não quer esconder nada dela.

Vai ser pior se ela descobri por outra pessoa.

Não que eu esteja devendo algo

Somos no total de quinze pessoas em volta da fogueira que nos aquece e sendo bem sincera, as únicas pessoas que eu conheço é Diego, Marcela, Júlia e claro...

Gabriel.

Gabriel usa uma camisa regata branca que exibe perfeitamente os seus bíceps definidos e uma simples bermuda jeans.

Bem simples.

Todos estão conversamos em seus grupos separadamente, Júlia como aniversariante sempre está dando um pulinho aqui ou outro ali mas sempre conversando com todos.

Alguns com certeza era colegas de faculdade mas eu esperaria ter mais gente.

-Amanda? Perdida em sua cabecinha novamente?- Marcela se aproxima estendendo uma taça para mim que a olho estreito. -Relaxa, não tem álcool.

Pego a taça sem muito pressa vendo uma singelo sorriso entre seus lábios.

Marcela estende a sua taça propondo um brinde, os vidros se chocam delicadamente e em seguida tomamos o primeiro gole da líquido avermelhado.

É até bom, tem um gostinho de morango com leite condensado.

-Vida longa!

-Vida longa.- Reafirmo dando mais um gole.

Marcela é chamada por Júlia do outro lado da fogueira, aceno para que ela vá de encontro a nossa amiga e assim ela fez sumindo do meu campo de visão.

Não sei porque, mas sinto uma densidade ruim no ar, um clima totalmente estranho e diferente do normal entre a gente.

Talvez seja só impressão minha mesmo, mas ainda estou com uma pulga atrás da orelha.

Me encolho ainda mais redor da fogueira tentando esquentar o meu corpo que é atingido pela brisa fria da praia.

É agradável.

Hoje optei por um vestido longo branco, sem muitos detalhes, somente o tecido liso e leve não muito grudado no corpo.

Mais praiano.

Na cabeça de todas as meninas tinham tiaras floridas o que me lembrava o Havaí.

Suspiro solvendo mais um gole da minha bebida.

Rolo os olhos pelo o pequeno espaço que eu juraria que estaria totalmente decorado por Gabriel que colocou uma baita pressão em relação a comemoração da sua irmã mais nova.

Mais só existe a fogueira, mesa de bebida e algumas almofadas fofas.

Meus olhos decidem se fixar nele.

Eu deveria manter distância dele, eu sei. Mas, para todo lugar que eu vou esse homem aparece.

Parece até que é combinado.

Do outro lado da fogueira vejo Marcela o encarar sem desviar o olhar por um segundo, o que é típico dela.

Minha aproximação com ele não foi o certo, mas desde o dia que fomos apresentado algo mudou e eu sentia que dá parte dele também era positivo.

Nos encontramos várias vezes e claro, acidentalmente.

Porra o que eu tô pensando.

Marcela irá me matar.

Passo a encarar a fogueira em minha frente solvendo mais alguns goles do líquido. Olho para os meus pés descalços sobre a área fria e meio úmida, isso me lembra quando o meu tio vivia me levando a praia para tentar me ensinar a surfa.

Aprendi? Não! Mas era muito divertido.

-Posso sentar?

Ouço a sua voz masculina, nem me atrevo a ergue meus olhos em sua direção, apenas concordei e dei uma pequena afastada dele quando se sentou.

Sentir o cheiro do perfume diferente, esse não era o contínuo que ele sempre costuma usar. O olhei pelo canto do olho, só então percebi que sua boca tava bem machucada.

Ok, eu acho que eu tô ficando doida.

Doida não, louca.

Por que no mesmo instante, involuntariamente meu corpo se virou para ele e quando meu indicador quase tocou seu lábio cortado me alto repreendi e recuei automáticamente.

Gabriel parecia surpreso mas não demorou para seu semblante suavizar.

-O que foi isso?- o tom de preocupação é nítido na minha voz enquanto ele sustenta um olhar curioso sobre mim. -Tava brigando?

Preocupação? Sério mesmo? O que deu em mim? Até parece que tô apaixonada por esse...

Céus!

-Só uma pequena discussão, nada demais.- não sinto sinceridade em suas palavras, mas resolvi deixar pra lá.

Marcela se aproxima de nós novamente e aparentemente está alcoolizada.

Ela agarra meu braço tentando obrigar meu corpo a ficar de pé e felizmente ela desisti ao perceber minha relutância contra.

-Não quero, tô de boa.

Ouvir ela murmura mas não exatamente o quê.

Seus olhos azuis encaram Gabriel que não parece se importar muito com a sua presença.

-Você vem?- ele nega de imediato ao subir seu olhar para amiga que bufa. -Chatos, vocês se merecem.

"Vocês se merecem"

-Vocês se merecem?- repeti seu sua última, ela acena positivamente repentinas vezes.

-Não entendi.- fechei o cenho curiosa. -O que quer dizer com isso?

Marcela bebe de vez a bebida jogando seu copo vazio no chão ao meu lado.

Gabriel olha para o copo e em seguida para e depois para mim. Eu o observo sem entender, olho para Marcela que parecia se preparar para o que iria falar.

Ou se ia levar para á frente.

-Você acha que ninguém percebeu Amanda?- seu tom de voz é mais alto chamando a atenção de todos e a música que era tocado no violão foi pausada. -Céus! Você mente muito mal.

Ela desdenha dando altas gargalhadas.

Me ponho de pé observando que todos os convidados estavam com a atenção voltada para nós, Gabriel faz o mesmo ficando ao meu lado.

-Eu não sei o problema de vocês duas, eu tenho certeza que aqui não é lugar certo pra resolver.- Gabriel sussurra sério para Marcela que o lança o olhar frio como se ele tivesse me dando razão.

Ela põe aos mãos na cintura enquanto nos olha.

Que droga tá acontecendo aqui?

O clima ficou tenso, vejo Júlia atravessar tudo empurrando as pessoas que estão paradas em sua frente.

Ela tava furiosa, seus passos são duros em nossa direção. Marcela fuzilou Gabriel com apenas um olhar e em seguida se voltou para mim com um olhar julgador.

Ela me olhou de cima a baixo como se eu tivesse cometido o pior pecado do mundo diante dos seus olhos.

-Você sabia!- ela apontou o dedo no meu rosto, Gabriel o abaixou de maneira instantânea mas Marcela não parecia se importa com ele no momento.

Dei um passo para trás me afastando desentendida.

-Marcela!- Júlia a chamou quase em uma súplica mas foi ignorada.

Engoli a seco dando mais um passo para trás sem desviar minha atenção dos seus olhos que transmitia ódio, seu rosto está vermelho como uma pimenta e seus lábios tremem involuntariamente.

-Eu não sei do que você tá falando, Marcela.- sussurro para que somente ela ouça. -Pelo amor, seja o que for, a gente pode conversar depois.- olhei para Júlia que cruza os braços. -É aniversário dela e tá todo mundo olhando.

Mais uma risada escapa dos seus lábios dando dois passos á frente.

-Você foi a primeira pessoa que eu contei! Amanda.- ela grita na minha cara para que todos ouçam. Marcela dá uma pequena volta encarando todos os convidados. -Porra! Eu você sabia que eu gostava dele e nem por isso relevou?

Suas palavras são meio emboladas, talvez pelo álcool. Eu juro que não tava reconhecendo a mulher na minha frente, embora por outro lado eu sei que tenho uma parcela de culpa.

-Marcela...- tento toca-lá mas ela se recusa, olho para os lados ainda vendo as pessoas atentas em nós duas. -Vamos conversar depois.

Eu já tava sentindo a aflição tomar conta de mim e o pior é não saber exatamente o motivo de todo esse show.

-Você acha isso justo?- vejo seus olhos marejarem, sinto meu coração partido em mil pedaços e uma dor incomum se espalhar por meu corpo ou ver suas primeiras lágrimas escorrerem pelo seu rosto.

Por minha causa?

Ela funga expulsando o ar dos seus pulmões fazendo bico.

Olho para Gabriel que observar Marcela intercalando seu olhar entre mim e ela.

Ele não demonstrava nada.

-A gente não tem nada!- Falo ríspida em um tom mais alto. -Eu sempre respeitei isso, principalmente sabendo que você gosta dele.

Ouvi os cochicho das pessoas ao redor que me julgavam.

Eu só queria desaparecer em um toque de mágica, eu nunca passei por situação tão constrangedora em toda minha vida.

Mercela balança a cabeça limpando as lágrimas que insistia em escorrer pelo seu rosto.

-Ele comprou um iPhone pra você, te levou ao shopping e até a minha casa, se isso não é nada...eu quero esse nada.- ela diz baixo, seu olhar é direcionado para Gabriel. -Foi assim que comprou ela?

-Você tá bêbada Marcela, tá falando besteira.- Gabriel diz sério. -Acho melhor a festa acabar, perdi o clima.

O silêncio pairou por alguns... minutos ou segundos? Não sei, mas parecia que o tempo não passava.

Sentir o meu sangue gelar, minha temperatura foi de trinta graus a zero em questão de segundos.

Com certeza minha expressão fácil não negou e não demorou para ela voltar a me encarar.

Eu queria me pronunciar em minha autodefesa, realmente, eu não fiz nada de errado. Foram situações de acaso que infelizmente levaram esses encontros.

Olhei no fundo dos seus olhos.

Não ia negar, ela deveria estar lá para constar mas também não irei afirmar nada.

-Isso é verdade, Amanda?- Júlia pergunta cabisbaixa a espera da minha resposta.

-Não!- Gabriel nega rapidamente. -Chega.- ele se pós a minha frente encarando Marcela. -Amanhã vocês conversam, tá na cara que você tá bêbada, nunca falaria assim com sua amiga.

-Ela não é a minha amiga.- diz entre os dentes travando sua mandíbula. -A minha amiga já mais faria o que ela fez! Ela dormiu na minha cama e mentiu na minha cara.

Ela empurra Gabriel e vêm pra cima de mim segurando meus braços com força para olhar dentro dos meus olhos.

Eu nunca a vi assim, ela está no pico do seu ódio. Marcela se transformou da água pro vinho em questão de segundos, é nítido suas veias na testa saltadas de tanta raiva.

Por minha causa.

-Amanda, você mentiu pra mim. Eu te perguntei como havia chegado eu ouvi o barulho da moto...- ela balbucia entrega as lágrimas com sua voz trêmula. -Eu confiei em você e você mentiu descaradamente.

Gabriel segura seus pulsos pelas costas a puxando pra longe de mim.

Vejo Diego tentar se aproximar mas é impedido por Júlia que permanecesse séria.

-Eu te odeio, ouviu?- Marcela grita com todo o ar do seus pulmões, seu corpo se contorce contra o do Gabriel. -Amanda, eu te odeio.

Gabriel a deixa com Diego o dando a ordem pra não solta-lá. Meu primo segura Amanda por trás enquanto ela se debate com todas suas forças.

Eu estou paralisada, todos me julgam e se for por palavras é pelo o olhar. Júlia parece decepcionada e o meu primo nem se fala.

Gabriel volta até segurando meu pulso me arrastando com ele para distante dali.

Não consigo desviar minha atenção de Marcela que parece que vai explodir de raiva.

-Nunca mais apareça na minha frente!- ela grita enquanto tenta se livrar do meu primo. -Eu te odeio, Amanda. Sua mentirosa, falsa e traíra. Espero que nunca se esqueça da porra que você causou e tenho um ótimo feliz aniversário sua vadia mentirosa.- ela grita com todas as suas forças e ódio acumulado.

Volto meu olhar para á frente onde não vejo nada além da escuridão.

Não sinto meu coração bater, porém, sei que estou viva. Suas palavras me atingiram, e doeu.

Sinto que um ciclo foi quebrado e uma amizade jogada no lixo por um mal entendido.

Ela me odeia.

Até eu no lugar dela me odiaria.

-Meus Deus...- sussurro tomando o controle de volta sobre mim.

Tropeço entre os tecidos do vestido e se não fosse por Gabriel eu iria de encontro a área.

Funguei ao passar o antebraço pelo nariz.

-Você não tem culpa de nada.- Gabriel tenta parecer reconfortante, mas não adiantou já que ele é o motivo disso. -Afinal, você não fez nada.

Fiquei calada apenas o acompanhando pela área fria.

Eu fui uma péssima amiga.

Eu nunca vou me perdoar por isso.

Eu já não tinha motivos pra gostar da data do meu aniversário.

Agora a odeio.

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