Minha obsessão Brasileira
Minha obsessão Brasileira
Por: Panthera_Black
Capítulo 1

Amanda Almeida

-Acho que estou apaixonada!- ela suspira encantada espalmando a mão sobre o peito esquerdo.

Diz a minha amiga Marcela, pela quinta vez suspirando apaixonada por um dos homens que se aproxima da mercearia em um grupo de aproximadamente cinco homens no total.

Ela não tem a mínima vergonha na cara! O rapaz não a encara ou algo do tipo, enquanto ela só falta o devora-ló pelos olhos azuis que possui.

E isso porque ele está de costas para a gente.

Reviro os olhos já cansada dessa situação.

Céus! Eu não aguento mais isso, essa mulher tem uma atração surreal por traficantes. Juro! Marcela é de uma boa família, estruturada e em situação financeira estável. Vários garotos da sua escola de altíssimo padrão já quiseram se envolver com ela ou até mesmo um pedido em namoro ou pediram para conhecê-la melhor, ela quis?

Não!

A garota é extremamente rica!

Marcela dispensou todos! Segundo a mesma, eles são sem "sal" e não tem adrenalina como esse tipo de homem que ela é apaixonada.

Armas, drogas, dinheiro, ostentação e o principal, exposição e "fama". Afinal, imagina andar pelos lugares e ser vista como mulher de um traficante supostamente famoso.

Cruzo os braços ao visualizar o homem que se virou o suficiente para que pudéssemos ver o seu rosto.

De relance, vejo que Marcela suspira novamente olhando fixamente nos olhos do rapaz.

Não pude evitar mais uma revirada de olhos ao ouvir a respiração falsa apaixonada da minha amiga ao ver o homem entregando um fuzil para um outro rapaz.

Céus! Eu não aguento mais isso.

-Sabe que seus pais nunca aceitariam isso.- Digo sincera dando uma leve jogada de ombros para os lados. -Ele não tem nada a oferecer, Marcela.- sou sincera e ela parece não se importar muito.

Ela bufou indignada, pois, sabia que eu só tinha dito a verdade. Seus pais são advogados de uma empresa super importante e conhecida e querem que ela siga o mesmo exemplo deles. Uma vez eles descobriram que ela estava namorando um rapaz daqui da comunidade e a trancaram dentro do quarto sem celular por duas semanas.

Ela não aprendeu a lição até hoje.

-Estraga prazeres.- murmurou baixo mas ainda sim consegui ouvir. -Mas olha pra ele, ele é tão lindo, Amanda.- ela fez bico apoiando seu rosto sobre meu ombro.

Desvio a atenção para o grupo que agora conversa entre si em frente a um pequeno mercado. Na rocinha tudo é bem movimento, sem falar no calor dos infernos que está fazendo nesse exato momento.

Estamos em uma praça onde algumas crianças brincam, alguns casais se beijam e animais correm com seus donos. Do outro lado está o grupo de homens e em destaque um deles, Gabriel.

Ou como ele gosta de ser chamado: Biel ou gb.

Ele é alto, possui várias tatuagens espalhadas pelo corpo, rosto juvenil, olhar marcante e ainda carrega um fuzil em suas costas sem medo algum, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Inclino levemente a cabeça o analisando de cima a baixo.

Até que ele é bonito mas infelizmente...não presta.

-Bem que Júlia poderia apresentar ele para gente.- diz dengosa. -Que tipo de amiga não apresenta o irmão?

-Pra você!- A corrijo. -Ainda bem que não tenho irmão. -E eu já disse, Marcela. Seus pais vão te matar se descobrirem sua nova obsessão.

-Primo também serve.- ela brinca. -Não é como se eu fosse namorar com ele, Amanda.- ela volta sua postura anterior ainda encarando o rapaz que dessa vez parece notar a garota.

Marcela rapidamente me olha pondo uma mexa dos seus fios loiros atrás da orelha.

Tudo que não preciso no momento é o conhecer e piorou me envolver com esse povo. Já basta o meu tio que faz parte desse meio social. Meu tio faz parte da área financeira junto à um primo meu, os dois são quase o braço direito e esquerdo do homem tatuado.

Meu tio e meu primo são os únicos que me restaram, ambos resolveram me acolher quando meus pais decidiram sumir pelo mundo e me deixar para trás. Desde então, Diego me trata como uma irmã mais nova e o meu tio como a filha que ele nunca teve.

-Oi!- Júlia chega inesperadamente já se sentando ao meu lado. -O que vocês estão olhando?- Júlia estreita os olhos diretamente para o grupo de homens que agora estão no asfalto. -Sério isso?- o desgosto é nítido de em seu tom de voz e não julgo.

Ela nos olha com reprovação.

Mas eu avisei.

Aponto com o queixo para Marcela que cruza os braços como se não fosse nada demais.

-Meu irmão gente!- indaga fingindo estar irritada. -Fiquem longe do meu irmão, ele não presta e eu não sou tão ruim ao ponto de desejar ele pra uma de vocês...

-Pra Marcela.- A interrompi. -Ate parece...- desdenho relaxando sobre o banco de madeira pintado de branco. -Tô fora.

-Você poderia fazer a boa? Tipo, apresentar ele pra gente.

A morena do cabelo cacheado e o tom de pele de quase a mesma cor dos seus fios cerra os olhos e arquea uma sobrancelha curiosa.

Júlia tem vinte anos, é um amor de pessoa e nem parece que é irmã do Gabriel, ambos não se parecem em nenhum sentido. Só sabemos que ela é irmã dele porque a própria nos disse.

-Vocês querem mesmo?- Questiona intrigada.

-Chama!

-Não!- Gritei exasperada chamando a atenção das garotas.

Por sinal alto demais. Marcela me olhou com os olhos arregalados, Júlia riu alto e só então percebi que a maioria da praça me olhava e por incrível que pareça eu estava de pé.

Os olhos dele estavam em mim.

Acho que gritei alto demais.

Sentir meu corpo congelar com sua expressão, seus olhos estão vidrados aos meus de uma forma que fez meu corpo congelar.

Marcela segurou meu pulso puxando levemente para baixo para que me sentasse e assim eu fiz retornando minha postura anterior.

Me sentei lentamente quebrando o contato visual com o homem e passando a encarar a minha amiga.

Que droga.

-Calma! Não precisa disso.- Marcela alisa meu braço na tentativa de me acalmar. -Não sabia que tinha fobia a ele.

Neguei rapidamente, tentei pronunciar alguma palavra mas me calei em seguida, tive uma breve sensação de que iria gaguejar se falasse um "a".

Apertei as mãos ansiosamente e cruzei as pernas balançando meu pé erguido no ar. Respirei fundo fechando os olhos abrindo em seguida.

Vou ter uma crise de ansiedade agora?

Tratei logo de acalmar meu coração que me parecia que iria infartar de tão acelerado que estava.

Respirei novamente, Júlia me dá uma cotovelada chamando minha atenção e com o queixo aponta para os meninos que estavam prestes a atravessar à rua.

Merda.

-Bom.- Júlia descansa os cotovelos sobre o encosto do banco. -Não será mais necessário chamá-lo, Marcela.

A loira parece ter comemorado internamente, viu suas íris azuis brilharem e suas pupilas dilatadas com a chegada do homem que se centralizava no meio dos homens mantendo uma pose ridícula á frente deles.

Odeio isso.

Coloquei uma mexa do meu cabelo para trás, eu estava com medo de que ele tivesse achado ruim o fato de ter encarado ele por não sei quanto tempo.

Eu ainda estava usando a farda do colégio e minha mochila estava embaixo do banco, inclinei um pouco agarrando minha bolsa e logo me coloquei de pé e Júlia segura meu pulso.

-Fica!

Neguei puxando meu braço.

Teve tempo? Não! Aqui estava Gabriel, frente a frente comigo, perto dele minha altura era ridícula e tenho que admitir, de perto ele é ainda mais bonito.

Dei alguns passos para lado, Marcela se pós de pé assim como Júlia.

-Não era pra você estar na faculdade?- seu timbre rígido fez meu corpo vibrar, olho para Júlia que ergue uma sobrancelha se aproximando um pouco mais do irmão.

Apesar do homem ao meu lado ser um bandido e canalha, ele enxergava para a irma um caminho diferente. Pelo menos foi o que Júlia nos disse. O sonho dele é ver ela se formando e longe daqui, por isso Júlia frequenta uma das melhores faculdades particulares do rio.

-Sai mais cedo hoje.- Júlia agarra o braço do irmão e pede gentilmente para os garotos se afastarem um pouco. -Olha essa é Marcela.- ela aponta para a loira que sorri e acena freneticamente para o rapaz que acena com cabeça. -Essa é Amanda, ela é a sobrinha do PJ.- minha amiga intercala o olhar entre mim e ele.

Ele me olhou novamente de cima a baixo e mais uma vez o sorriso de canto surge no canto da sua boca bem desenhada e preenchida.

Acho que vou desmaiar.

-Não sabia que o PJ tinha sobrinha.- ele diz sério e talvez em um tom irônico.

Não pude evitar a erguida desconfiada de uma das minhas sobrancelhas, ele sorri dando um passo à frente entendendo sua mão.

-Gabriel, satisfação.

-Amanda.

Apertei sua mão contra minha vontade, de relance vi a cara de Marcela confusa olhando para nossas mãos grudadas. Soltei a sua mão e finalmente ele se afastou, ainda com suas íris em mim.

Puta merda.

-Desde quando você mora aqui?

-Hum, desde sempre?!- Dessa vez ele riu junto com os amiguinhos idiotas dele, estreito os olhos sem entender o motivo da graça.

Vou segurar a minha língua na boca pra não levar um tiro no meio da testa.

O rádio do seu amigo tocou e logo ele entregou para Gabriel que estava próximo a orelha.

-Visão.

Ele me olha estranho, o radinho é devolvido para o garoto que aparenta ter a minha idade se duvidar.

Tão novo.

-Circulando.- ordena autoritário e assim os garotos fazem sem esperar por ele. -Vão pra casa, vocês três. Júlia, quando chegar me passa uma mensagem.

Júlia acenou confusa.

E lá se foi o Biel, ele nem sequer se despediu.

Um último rapaz o esperou, ele parecia até ser mais velho que o Gabriel.

Duas motos e um carro chegaram bara buscá-los, Gabriel tomou a direção de uma e antes de ir acenou em um movimento quase imperceptível.

Lá se foi o biel morro a cima em um sol de quase 35 graus.

Marcela e Júlia se olharam como se tivessem perguntado: você viu isso?

-Que palhaçada vocês duas.

Júlia iria protestar, mas eu a interrompi.

-Temos que ir! Com certeza não vem coisa boa pela frente.

Júlia concordou enquanto Marcela se mantinha quieta. Ciúmes, certeza.

Um veículo preto estacionou e buzinou chamando por Júlia diversas vezes.

Olhamos para morena que apenas apontou para o veículo.

-Nossa carona.

-Meus pais vão me matar.- Marcela nega sutilmente encarando o veículo onde o motorista parecia estar com pressa.

-Seus pais têm vários motivos para isso, mesmo assim, olha onde vocês estar, você não muda.

Digo enquanto tento empurrá-lá para dentro do veículo, por fim ela cede ou ouvir uma chuva de tiros morro a cima.

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