Amanda Almeida
Havia passado á tarde inteira fora junto à Gabriel que estava completamente estranho e pensativo. A volta para casa foi tranquila, tirando ás não sei quantas ligações do meu tio e primo. Não precisa ver o número na tela pra saber que era eles ligando esse tempo todo. "Se ele tivesse vindo me buscar isso tudo não teria acontecido" Pelo menos posso acusar o meu primo pelo ocorrido de hoje. Mas realmente, se ele tivesse vindo me buscar isso não teria acontecido. Não gosto de ser muito próxima a esse tipo de gente e desde o dia que eu conheci Gabriel algo mudou na minha cabeça, ele não é quem eu pensei, muito pelo contrário. Ele é engraçado, fofo, procura sempre fazer o bem para as pessoas e várias outras qualidades. Isso tá sendo extremamente cômico na minha adolescência mas não posso esquecer que a minha amiga é apaixonada por ele então isso é quase que impossível de acontecer. Meus Deus! O que eu tô pensando?! Procuro as chaves em minha mochila, juro que abri todos os bolsos a procura da penca de chaves, as achei? Não. É a terceira cópia de chaves perdidas só esse mês. Bufo ao revirar os olhos. Olho para trás vendo Gabriel ainda parado e sentando sobre a moto. Aceno um breve tchau com a palma dá mão, ele acena com a cabeça e sai arrancando morro a cima. Só então soltei o ar que nem sabia que segurava. A porta se abre de maneira abrupta, meu braço é agarrado e meu corpo é puxado para dentro com força. Diego me j**a contra o sofá, o olha amedronta mas sem dizer uma palavra. Que garota louco. -Que porra você tava fazendo com o Gabriel?- Ele ríspido, Diego cruza os braços a espera de uma resposta. -Agora tô entendendo o seu sumiço, você tá ficando louca Amanda? Se tiver, me diz que eu irei procurar um psiquiatra para você. Ponho a mão sobre o peito fingindo um leve drama. -Você quase me matou do coração! Como ousa me tocar desse jeito? Ele riu irônico apoiando suas mãos em volta do quadril ainda me encarando. -Onde tu tava Amanda?- ele pergunta em um tom mais alto. -Com tanto homem, logo o Gabriel? Você tá louca garota? Você mais que ninguém sabe da índole dele? Então? Isso porque é amigo dele, imagina se não fosse. Diego anda de um lado para o outro inquieto, seus dedos deslizam por seus fios ondulados quase formam cachos nas pontas. Meu primo tem os dois braços fechados de tatuagens e acreditem ou não, Diego tem o meu nome tatuado no pescoço. Sim, ele me ama de todo seu coração. Me levantei e só então ele parou em minha frente a espera da minha resposta. -Sabe a hora que eu te pedir pra você ir me buscar?- ele ergue uma sobrancelha e acena para que eu continue. -Então! Gabriel apareceu e arrastou o meu celular tentando fazer uma brincadeira sem graça, só que ele derrubou no chão e acabou quebrando... Meu primo fez uma careta duvidosa. Ele não estava com cara de quem estava acreditando já que ele mesmo conhece o amigo que tem. Mas também me conhece. -Você deu pra ele? Arregalei os olhos surpresa dando um passo para trás. -Como é? Céus! Você me conhece idiota.- Peguei minha mochila encima do sofá e dei as costas para o meu primo indo em direção ao meu quarto. -Amanda, eu não termi.... O ignorei completamente, segui em direção ao meu quarto e assim que entrei bati a porta com força trancando em seguida. Sentei no chão abrindo à mochila retirando a caixa de dentro. Era um iPhone 14. Eu ainda não acredito que ganhei um celular do Gabriel, confesso que não queria mas ele insistiu tanto. Se Diego pensou isso imagina o meu tio. Suspirei pesadamente. -Droga... Tratei logo de ir tirar o chip do aparelho quebrado e colocar no meu mais novo celular. Como eu ia explicar isso para Júlia e Marcela? Assim que fiz a troca e reiniciei o celular procurei por nosso grupo de conversa, tentei digitar várias vezes mas no fim de todas elas desistir e preferi guardar isso só para mim. Não demorou para Marcela mandar mensagem questionando o motivo que eu está escrevendo uma redação a essa hora da noite quase. Apenas sorri por sua mensagem e mandei ela ir estudar. Encostei a cabeça contra a porta fechando os olhos. Droga... *** Gabriel me estava sentando sobre o banco da praça quando ele estendeu a mão para mim e claro que aceitei. Ele me puxou para o seu colo onde eu sentei, Gabriel me abraçou por trás apertando meu corpo contra seu corpo. Estamos rodeados de homens armados fazendo nossa segurança, eu estava me sentindo segura e protegida. Ele estava ali para mim, e nada tiraria essa sensação de paz que estou sentindo. Céus, o que eu estou pensando? Eu não devo nada a ninguém mas o fato de estar sentada sobre o colo de um dos maiores traficantes do Rio já é grande coisa. -Você é uma das melhores coisas que já aconteceu na minha vida.- ele beijou sutilmente meu pescoço fazendo meu corpo encolher contra o seu. -Você nunca mais sairá da minha vida, entendeu? Apenas concordei com a cabeça. Ele também estava se tornando importante para mim. Erguir meu tronco rapidamente abrindo os olhos em seguidas. Minha respiração estava descompassado e meu peito subia e descia descontroladamente. Toquei minha testa sentindo as gotas de suo que escorria por minha face. -Que droga de sonho foi esse. Olho para o despertador ao lado da mesinha e ainda falta alguns minutos para começar a me arrumar para aula online do meu curso. Voltei a deitar cobrindo meu rosto novamente.Amanda Almeida Termino de fazer uma última anotações em meu caderno, passei quase o dia todo estudando, afinal as provas finais estão chegando. Meu celular vibra novamente, dessa vez, mais insistente. Resolvo ignora o aparelho finalizando e vou para minhas anotações do curso de informática que faço durante aos sábados online. Meu celular vibra novamente, de novo, de novo e de novo. Bato a palma da mão sobre a escrivaninha que sustenta meu caderno e o notebook que eu uso, estendo meu braço alcançando o aparelho ao lado. Desbloqueei já esperando a mensagem das meninas mas para minha surpresa não era elas. "Número desconhecido" -Uai? Com o cenho franzido, decidir responder a tal pessoa e não demorou para obter a reposta. -Você vai para o luau amanhã á noite? Pensei por um instante, eu lembro que ter salvado o número de todos no e-mail se fosse contato meu eu saberia quem é. -Eu te conheço?- respondi de volta. -Gabriel, Amanda. Ergui meu olhar encarando a tela do meu notebook,
Amanda Almeida A velocidade que essa moto arranca em tão pouco tempo é surreal. Gabriel corre e sai cortando em meio aos poucos carros que existe na pista, como se não tivesse fazendo nada demais. Eu só tenho 16 anos, sou jovem demais para morrer. Firmo o aperto ao redor do seu quadril. Como se isso fosse me salvar se ele batesse... Céus! Porque diabos estou pensando nisso?! O fato de ser sábado já ajuda com o trânsito meio livre, o que torna tudo menos "perigoso" Aperto cada vez mais seu quadril fechando os olhos com força, não ouço nada além do barulho do vento contra a viseira. Abro os olhos ao sentir a moto parar, ele parou na sinaleira. Ele me observa de relance e um único movimento me afasto rapidamente de suas costas. -Posso te pedir um favor?- lá vêm. Concordei desconfiada, mas eu tinha que o ajudar já que ele me livrou aquela situação constrangedora. -Amanhã é aniversário da Júlia.- e o meu também, mas quase nunca ninguém lembra. -Pode me ajudar a escolher um prese
Amanda Almeida Já se passava das 20:00hrs quando finalmente chegamos á praia. O caminho foi um total silêncio entre Marcela e eu, ela parecia estar estranha ou perdida em seus pensamentos. O que é estranho, nunca a vi de mal humor antes de um luau na praia, um dos seus lazeres favorito. Resolvi ignorar ignorar esse questionamento, depois conversaria a sós com ela de qualquer jeito. Não quer esconder nada dela. Vai ser pior se ela descobri por outra pessoa. Não que eu esteja devendo algo Somos no total de quinze pessoas em volta da fogueira que nos aquece e sendo bem sincera, as únicas pessoas que eu conheço é Diego, Marcela, Júlia e claro... Gabriel. Gabriel usa uma camisa regata branca que exibe perfeitamente os seus bíceps definidos e uma simples bermuda jeans. Bem simples. Todos estão conversamos em seus grupos separadamente, Júlia como aniversariante sempre está dando um pulinho aqui ou outro ali mas sempre conversando com todos. Alguns com certeza era colegas de facul
Amanda Almeida Pelo vidro fumê do veículo, observo a vista da praia escura sobre o céu estrelado passar rapidamente como um raio que corta o céu.Céus! A lua estava linda e redonda.Mas uma coisa ainda não sai da minha cabeça...O aniversário da Júlia foi estragado por besteira e um certo capricho.O meu aniversário.Gabriel se mantém em alerta enquanto dirige atento e a todo momento estava checando os retrovisores e laterais como se estivesse preocupado com algo.Não tem ninguém essa hora da noite na rua para nossa sorte e segurança.Já faz uns minutos que estamos na estrada, na verdade nem sei onde estamos.Eu tô magoada, confusa e desnorteada. Não acredito que mal tive tempo de me explicar e simplesmente sair de cena como se realmente tivesse feito algo de errado contra Marcela.Suspiro pesadamente descansando a cabeça sobre o vidro escuro.Droga Amanda.-Tá legal?Concordei sem olhar, já sabia que seus olhos estariam sobre mim.Eu tô chateada, isso não dá pra disfarçar. Não via n
Amanda AlmeidaO tempo foi passando e de lá pra cá nos aproximamos cada vez mais, não só como casal mas também como amigos.Uma coisa que me impedia de ficar com Gabriel, sou menor de idade e ele é três anos mais velho que eu.Meu tio notou mudança no rapaz que fez de tudo para agrada-ló e o aceitar futuramente assim que eu fizesse dezoito anos.Ordens do meu tio.Enquanto isso, Gabriel e eu eram ótimos amigos e como eu imaginava, isso provocou fúria em Marcela que não estava nada feliz e se afastou até dele.Júlia não falava mais comigo como antigamente, era só o básico quando eu estava presente na casa dos irmãos.Gabriel já conversou com ela, mas a mesma não quis saber, decidiu que seria melhor assim para nós duas.Eu não relutei, na verdade até tentei conversar com ela algumas vezes quando estávamos a sós mas ela fingia que eu não estava ali.Quando eu a vejo nem parece que tínhamos aquele grau de intimidade há alguns meses atrás.Gabriel me disse que Júlia e Marcela continua tend
Amanda AlmeidaEsse ano letivo tá acabando comigo.Estou exausta, com sono e sobrecarregada.Uma tática que adotei foi sempre me esforçar no primeiro e segundo bimestre, assim poderia relaxar no terceiro e último.Só que agora eu tenho que ajudar Sofia a estudar matemática ou ela pode reprovar na matéria e consequentemente no ano.Explico a ele milhões e milhões de vezes a fórmula simples para resolver a equação de segundo grau.Olho para seu rosto e ela me encara de volta com uma cara imensa de interrogação.-Abre a mente, boba.- dou um tapa de leve em sua nuca, Sofia rir massageando o local.Já estamos horas e mais horas estudando sem nenhum avanço da parte dela.Não irei desistir.-Nossa, imagino perder o ano por conta de uma matéria só.- ela choraminga. -Odeio ser burra com todas as minhas forças.Não pude evitar a gargalhada que escapou e por fim das contas acabamos rindo da sua própria desgraça.-Não fique assim...- respiro fundo recuperando o fôlego. -Vamos estudar mais, ainda
Amanda AlmeidaSuspirei pesadamente ao ver o meu estado em frente ao espelho. Minha maquiagem é borrada pelas lágrimas que escorrem formando caminhos escuros por minha face.Apoio minhas duas mãos sobre a piá do banheiro encarando meus olhos através do reflexo do espelho.-Amanda?- ouvi a doce e receosa voz de Sofia do outro lado da porta. -Posso entrar.Rir sem humor.-É o seu banheiro, claro que pode.Sofia mora com o pai que é usuário de drogas e cliente fiel do Gabriel. Sofia me contou que eles vieram para o Rio na tentativa de dar uma vida melhor para o seu pai e que talvez ele pudesse larga o vício.Nem tudo sai como planejamos, infelizmente.Ouvi a maçaneta virar e passos em seguida, não demorou para Sofia aparecer em meu campo de visão, ela parou ao meu lado repousando sua cabeça sobre meu ombro.Ela não falou nada, apenas me abraçou de lado, permanecendo em silêncio encarando nossos reflexos.É reconforte saber que alguém estaria ali para mim, sem me julgar, independente de q
Amanda Almeida Observo as nuvens carregadas entre alguns morros altos da comunidade detalhadamente. A minha hora favorita aqui é a noite, onde todas as luzes das casas são acessas, o que me lembra bastante o natal e vagalumes em meio ao anunciado da noite.Eu amo aqui, o único defeito foi me envolver com uma pessoa errada.Não adianta me lamentar, a merda foi feita, eu aguento às consequências.Ouço o ranger dá porta do quarto ao se abrir vagarosamente.Suspiro pesado encolhendo meu corpo abraçando com os braços as minhas pernas.-Você não vem comer?- seu tom de voz é aparentemente preocupado, ecoa pelo cômodo . -Já tem dias que não come, Amanda.Só aparentemente preocupado.Eu odeio todo esse fingimento, eu odeio o seu tom de voz, o jeito que me toca é tudo tão... superficial.Se esse homem algum dia foi apaixonado por mim, morreu.Já faz dez dias que Gabriel me mantém presa no meu quarto, privada de tudo e de todos."Para sua segurança" O olho de relance notando sua aproximação si