Mas eu não me atrevi a ir além. Tinha medo de estragar tudo. Talvez fosse melhor esperar mais um pouco, ver se Rebecca tomaria alguma atitude ainda mais ousada. Se ela realmente fizesse algo mais direto, então eu poderia agir sem remorso, sem medo de ultrapassar os limites.E então, Rebecca fez algo que quase me tirou o fôlego. Ela se inclinou levemente e encostou a cabeça no meu peito. Não se deitou completamente sobre mim, mantendo uma distância de um ou dois centímetros entre nossos corpos, como se estivesse com medo de me acordar. Mal sabia ela que eu já estava desperto fazia tempo.Meu coração começou a bater mais rápido, tão forte que parecia que ela podia ouvir. A excitação tomava conta de mim, e era difícil manter o controle.Minha mão, que estava repousando ao meu lado, começou a se mover devagar. Talvez esse fosse o momento certo, talvez eu pudesse retribuir o gesto. Mas, antes que minha mão pudesse sequer tocar Rebecca, ela se afastou subitamente. Rapidamente recolhi minha m
— Por quê? — Perguntei, frustrado. — Você também quer, não quer?— Eu... Eu não quero.— Quer, sim. Você me tocou, Rebecca. Eu senti. E sei que não foi sem querer.O rosto de Rebecca ficou tão vermelho que parecia pegar fogo. Ela desviou o olhar, claramente irritada.— Então é isso? Você estava acordado esse tempo todo? Apenas fingindo dormir para me fazer de boba?Sacudi a cabeça rapidamente, tentando me explicar:— Não, não foi isso. Quando você entrou, eu estava realmente dormindo. Mas quando você me tocou... eu acordei. Pensei que, se reagisse naquele momento, você ficaria ainda mais constrangida.Rebecca continuou sem olhar para mim:— Então você deveria ter continuado fingindo! Por que fez isso comigo?— Porque eu quero você. — Minha voz saiu firme, carregada de emoção. — Rebecca, eu gosto de você. Gosto muito. Quero que você seja minha esposa.Rebecca finalmente virou o rosto para me encarar. Seus olhos estavam arregalados, cheios de surpresa:— O quê? O que você está dizendo?—
Eu nunca poderia imaginar que Rebecca não só não me expulsaria de casa, mas também insistiria para que eu ficasse para o café da manhã.Fiquei radiante com a ideia.Pelo visto, ela não me odiava tanto assim. Rapidamente me sentei à mesa.Rebecca, com o rosto levemente corado, me lançou um olhar severo: — Vai lavar o rosto primeiro!— Tá, tá bom, já vou!Como um menino obediente, corri para o banheiro para me arrumar. Enquanto me afastava, Rebecca, sem perceber, esboçou um leve sorriso. Ela não sabia ao certo se estava fazendo o certo, mas no final das contas, eu a salvara na noite anterior. Isso fazia de mim seu salvador. Como poderia deixar seu salvador sair de casa de barriga vazia? Convencida de que era apenas uma forma de expressar gratidão, decidiu não pensar em mais nada. Logo voltei, de rosto lavado e um sorriso tímido. Rebecca me entregou o garfo e a faca, além de servir um pouco de comida no meu prato. Por um breve momento, achei que ela pudesse ter mudado de ideia
— Rebecca, não fica assim. Na verdade, você sozinha também pode viver muito bem. Eu tentava, discretamente, mudar a mentalidade dela, mostrando que não precisava seguir tão rigidamente as convenções. Ela precisava se abrir mais. Só assim eu teria a chance que procurava. No estado atual, Rebecca era conservadora demais!— Viver bem sozinha? O que tem de bom nisso? É solitário. Tudo é por conta própria, nem alguém pra conversar eu tenho. E, além disso, sou uma mulher casada. Mas olha pra mim agora, tem alguma diferença entre isso e ser viúva? Dava pra sentir o tom de queixa em sua voz. Era evidente que Rebecca estava insatisfeita com a vida que levava, e quanto mais insatisfeita ela estivesse, mais chance eu teria. Arrisquei e, com cuidado, toquei sua mão. Não sabia se ela não percebeu ou se escolheu ignorar, mas ela não a afastou de imediato. Isso me encorajou ainda mais. Segurei sua mão delicada e, animado, declarei: — Então, a partir de agora, eu venho te fazer companhia todos
— Mille, o Chico me ajudou ontem à noite e, quando ia voltar pra casa, percebeu que não conseguia entrar. Então, deixei ele dormir aqui. Mas, olha, não pense nada de errado, tá? — Disse Rebecca.— Eu? Pensar errado? Nem passou pela minha cabeça. Mas por que você tá se explicando tanto? — A cunhada respondeu com um sorriso travesso nos lábios. Rebecca ficou visivelmente desconcertada, e seu rosto logo se tingiu de vermelho. A cunhada, conhecendo bem a amiga e sabendo que ela não resistia a provocações, decidiu não prolongar o assunto:— Eu não vou almoçar aqui, tá? Chico, aproveita a comida e come tranquilo. Rebecca, depois que vocês terminarem, vamos dar uma volta. Almoçamos na rua. O Joaquim disse que hoje o almoço é por conta dele. Falou pra gente escolher o que quiser. — Ah, tá bom. — Rebecca respondeu distraída, quase sem prestar atenção. Com isso, a cunhada balançou os quadris e saiu, deixando a sala. Rebecca soltou um suspiro longo, quase aliviado. Eu não pude evitar
— Rebecca, você é tão linda que só de ver suas costas já me deixa completamente encantado! Enquanto ajudava a soltar o cabelo dela preso no zíper, não consegui evitar admirar a perfeição de suas costas. Rebecca virou-se irritada: — Eu já não te avisei pra não ficar pensando besteira? Por que ainda tá agindo assim? Sai daqui! — Rebecca, eu não quis te desrespeitar, foi um elogio sincero. — Tentei me justificar, com uma expressão de quem se sentia injustiçado. — É como quando vocês mulheres veem uma flor bonita, não fazem questão de elogiar?— Sério? Não tá mentindo pra mim, né? — Pra que eu mentiria? Se eu realmente quisesse fazer algo de errado, você acha que eu estaria aqui todo cuidadoso? Eu já teria pensado em algum jeito de me aproveitar de você. — Hum. Você só não faz porque não tem coragem, mas no fundo é isso que tá pensando, não é? Ela tinha razão, mas como eu podia admitir? Fiz cara de ofendido:— Rebecca, você acha mesmo que eu sou tão sem-vergonha assim? — Nã
— Você já fechou o zíper? Anda logo! — Rebecca desviou do assunto, evitando responder à minha pergunta. Eu, porém, não me dei por vencido:— Rebecca, por que você não respondeu? — Como você tem coragem de me perguntar uma coisa tão íntima assim? — Ué, mas você acabou de me fazer uma pergunta tão pessoal quanto. — Não é a mesma coisa. — Por que não seria? — Eu insistia, com uma expressão de falsa inocência. O rosto dela ficou ainda mais vermelho:— Porque não é. E pronto. Se continuar insistindo, eu vou me irritar. — Tá bom, eu paro. Mas só por enquanto. Quando a gente estiver mais à vontade, eu pergunto de novo. — Falei, sorrindo provocador. Depois da conversa da noite anterior e do bate-papo que acabáramos de ter, eu sentia que o clima entre nós havia mudado. Rebecca parecia estar mais à vontade comigo, e eu já me permitia até brincar com ela.— Mesmo que estejamos à vontade, você não vai perguntar. — Tudo bem, não pergunto mais. Mas ainda tô curioso: e quando você s
Levantei-me do sofá num pulo, tentando esconder meu nervosismo. A culpa pesava sobre mim, e o simples fato de encarar meu irmão parecia impossível. Evitei seu olhar a todo custo. — Chico, aqui está a chave de casa. Era para eu ter te dado antes, mas acabei esquecendo. Que cabeça a minha! Desculpa por isso. Agora você não vai mais ficar preso do lado de fora.As palavras do meu irmão me atingiram como uma flecha. Meu irmão era bom demais para mim, tratava-me como se fosse seu próprio irmão de sangue. Quantos fariam isso no mundo? Eu duvidava que até irmãos de verdade tivessem uma relação tão próxima. E eu, com pensamentos tão impróprios sobre minha cunhada... Que tipo de pessoa eu era? Sentia-me a pior das criaturas. — O que foi? Você tá com uma cara estranha. — Ele perguntou, preocupado, aproximando-se para examinar meu rosto. Sacudi a cabeça rapidamente:— Não, não é nada. Acho que só não dormi muito bem ontem. — E a Rebecca? Tá tudo bem com ela? Sua cunhada me disse que ela t