Eu dei uma olhada rápida. No celular, Carlos só estava rolando fotos de mulheres bonitas e coisas do tipo.Por dentro, xinguei: "Velho safado. Já tá com um pé na cova e ainda assim não perde a chance de ser tarado."Caminhei até a mesa, peguei alguns folhetos de divulgação e saí novamente. Continuei no saguão, distribuindo os folhetos.Não importava se daria resultado ou não, eu estava me esforçando. Afinal, eu não queria ser tão sem graça quanto o Carlos, nem levar a vida de qualquer jeito como o Nuno. Os folhetos já estavam quase acabando. Por volta das três da tarde, terminei de distribuí-los todos.Sem mais nada para fazer, voltei para o consultório. Ainda não havia nenhum paciente para atender. Peguei um livro de medicina, sentei num canto e comecei a estudar. Fiquei tão concentrado que nem percebi o tempo passar.— Finalmente acabou o expediente, podemos ir embora. — Carlos se espreguiçou ao se levantar, e só então percebi que já estava na hora de ir.Coloquei o livro de lado, ar
Nuno engoliu aquele sapo, mas era óbvio que não ia se conformar.— Maldito, Chico! Se eu não te botar pra fora daqui, eu não me chamo Nuno! — Nuno murmurou entre os dentes, enquanto me olhava se afastar.Eu, claro, nem dei bola. Fui direto para o carro da minha cunhada e saí. Por dentro, estava ansioso para ver a Ísis o quanto antes. Aquela mulher, com aquele jeito de me provocar… Ela sabia exatamente como mexer comigo.No caminho, mandei uma mensagem para ela no WhatsApp:[Ísis, estou voltando. Me espera, tá?]Ela não respondeu. Mas não me preocupei. Afinal, ninguém fica com o celular na mão o tempo todo, né? Talvez ela estivesse ocupada e ainda não tivesse visto. Eu tinha certeza de que, assim que visse, ela responderia.Quando cheguei no condomínio, estacionei o carro e subi correndo para o apartamento. Para evitar que minha cunhada desconfiasse de algo, resolvi passar lá primeiro. No entanto, bati na porta várias vezes e ninguém atendeu.Será que ela não estava em casa? Peguei o ce
— Rodrigo é um canalha, eu não posso ser como ele. Chico, vamos fazer assim: quando eu e o Rodrigo nos divorciarmos, quando a gente assumir de verdade o que sente um pelo outro, aí eu me entrego pra você, tá bom? — Continuou Rebecca.Ao ouvir Rebecca dizer isso, fiquei sem palavras e, ao mesmo tempo, frustrado. Por que diabos eu fui descer ontem pra comprar aquelas camisinhas? Se eu não tivesse perdido aquele tempo, ontem mesmo eu teria levado Rebecca pra cama.Sim, eu já tinha experimentado o que era estar com uma mulher. Mas aquilo com a Ísis, lá de cima, foi só uma aventura de uma noite. Rebecca era diferente. Ela era quem eu realmente queria. Que homem não sonha em se entregar de verdade com a mulher que ama?Além disso, eu só tenho 23 anos. Estou no auge da minha juventude, cheio de energia. Ter Rebecca ali, tão linda, tão irresistível, ao meu lado todos os dias e não poder avançar… É uma tortura.Mas, apesar de tudo, eu não queria forçar nada.Então, assenti com a cabeça e disse:
— Chico, me desculpa. Eu não queria que fosse assim, eu só… só… de repente fiquei com muito medo. Tenho medo de, por vingança ao Rodrigo, acabar me tornando uma pessoa que eu mesma não reconheço. Tenho medo de que ele tenha te mandado pra me seduzir com segundas intenções. E, acima de tudo, tenho medo de te prejudicar. Eu não quero que você se machuque por minha causa.Rebecca chorava sem parar. Suas lágrimas eram de tristeza genuína, de um medo real que vinha do fundo do coração. Eu comecei a compreender o que se passava na cabeça dela. Talvez, antes, ela estivesse tão abalada pela traição do Rodrigo que só pensava em revidar. Mas algo aconteceu hoje, algo que a fez se acalmar e refletir.Ela percebeu que estava se tornando alguém que não queria ser. E, como agora ela sentia algo verdadeiro por mim, também queria me proteger. Não queria que eu me tornasse uma peça no jogo sujo do Rodrigo. Essa reação dela fazia todo sentido.Meu peito apertou de tanta pena. Abracei-a com força e sussu
— Não precisa se preocupar comigo, eu sou perfeitamente capaz de lidar com tudo isso. — Falei, batendo no peito com confiança.Naquele momento, diante de Rebecca, eu já não era mais apenas um "irmãozinho". Eu era um homem. E como homem, era meu dever proteger a mulher que eu amava. Não poderia permitir que ela se preocupasse comigo. Eu precisava ser firme, ser o porto seguro dela.Rebecca riu de novo, encantada e emocionada com a minha atitude.— Ai, seu bobo, vai me fazer chorar de novo. — Disse ela, enxugando uma lágrima que insistia em escorrer.— Pelo amor de Deus, não chore mais! E se seus olhos incharem? Além disso, daqui a pouco sua amiga volta e vai achar que aconteceu alguma coisa entre a gente.Ao ouvir isso, Rebecca segurou o choro imediatamente. Mas, como se o destino estivesse brincando conosco, ouvimos uma batida na porta logo em seguida.— Rebecca, abre aí, sou eu, Isis.Era impressionante. Tínhamos acabado de mencionar Isis, e ela já estava de volta. Rebecca, apressada,
Rebecca era esperta e, na mesma hora, entendeu como deveria me acompanhar na encenação. De repente, ela começou a chorar novamente:— Tenho só 31 anos, estou na minha juventude! Se eu entrar na menopausa agora, como vou ter filhos depois? Isis, me diz, o que eu faço?Rebecca chorava como uma atriz de novela, com lágrimas escorrendo pelo rosto de forma comovente. A sua atuação era tão convincente que era impossível notar qualquer falha. Se eu não soubesse a verdade, provavelmente teria acreditado nela também.Foi então que Isis soltou uma gargalhada alta:— É só isso? Ah, isso é fácil de resolver! Basta o Rodrigo voltar pra casa todas as noites. Recebendo o "cuidado" de um homem, o seu desequilíbrio hormonal vai embora e seu ciclo menstrual volta ao normal.Rebecca suspirou, com um tom de desespero:— O problema é que o Rodrigo está sempre ocupado. Faz mais de seis meses que eu só o vi uma vez.— Putz, você tá falando sério? Então quer dizer que você tá vivendo como uma viúva de marido
— Rebecca, pensa bem. Você prefere continuar presa a um casamento que só existe no papel ou quer começar a viver de verdade e aproveitar a sua vida? — Sugeriu Isis.Era impossível negar que Isis tinha uma mente muito aberta. Não importava a situação em que ela estivesse, suas palavras para Rebecca faziam muito sentido.Porque, sinceramente, tanto para homens quanto para mulheres, quando o casamento já está em crise ou praticamente morto... Por que insistir em se torturar por causa de uma moral que só te aprisiona? Por que não viver algo por si mesma, pelo menos uma vez? A vida já é tão curta, e se você vive sempre para os outros, quem é que vai viver por você? Esse também era o conselho que eu queria dar para Rebecca.Por isso, decidi apoiar Isis:— Rebecca, eu acho que, dessa vez, a Isis tem razão. Que tal você conversar com o Rodrigo primeiro e ver se ele está disposto a voltar pra casa todos os dias? Se ele topar, ótimo! Mas, se ele for indiferente ou te enrolar, talvez seja hora de
Isis me olhou com um sorriso malicioso e disse:— Chico, se você quiser entrar na política, talvez eu possa te ajudar.— Ah, deixa pra lá. Não tenho interesse em política, prefiro continuar sendo um bom médico. — Respondi.Embora trabalhar com quiropraxia não fosse algo fácil atualmente, era minha paixão, e eu não queria desistir tão facilmente.A conversa foi fluindo, e logo mudamos de assunto. A tal crise de Rebecca parecia ter ficado para trás.— Chico, seu irmão e sua cunhada não têm hora pra voltar hoje. Por que você não dorme aqui hoje à noite? — Sugeriu Isis, com aquele sorriso travesso que já era típico dela.Eu sabia muito bem o que ela estava planejando, e o jeito que ela me olhava me fazia sentir como se fosse uma presa prestes a ser devorada.Balancei a cabeça e disse:— Melhor não. Vou esperar um pouco mais. Minha cunhada disse que eles voltariam logo.— Então liga pra ela agora e pergunta que horas eles vão chegar. — Insistiu Isis, sem dar trégua.Sem alternativa, acabei