A luz do sol se dissolvia nas cortinas claras. A luminosidade começava a incomodar Yara. Abriu os olhos e encontrou Thais deitada ao seu lado. Os cabelos bagunçados jogados pelo travesseiro, a respiração profunda e rítmica, o lençol escondia o corpo nu. Ela parecia quase um anjo, pensou.
Yara se espreguiçou e chegou mais perto dela, colocou um dos braços por cima para ficar abraçada. Nunca havia imaginado que um dia chegaria a tê-la como namorada.
Ela observou enquanto a namorada abriu os olhos vagarosamente.
— Bom dia, Yara .
— Bom dia, Thais.
A vontade de Yara era pular por cima e repetir tudo o que haviam feito na noite anter
— Vem me buscar, quero ver com meus próprios olhos! — berrou Thais no celular.O outro lado da linha ficou em silêncio por alguns segundos.Ela respirou fundo para tentar suavizar a sensação de perder o chão sob os pés.— Ângelo, por favor eu preciso ver com meus próprios olhos — ela pediu.— Não acho que seja uma boa ideia, você ainda está se recuperando do acidente e isso não vai te ajudar em nada — ele argumentou.Thais respirou fundo, a sensação de raiva crescia dentro dela, precisava tentar ver a situação da clínica para entender o que poderia fazer.<
— Eu nem sei o que dizer — desabafou Ariadne enquanto passava Daniel para o colo da mãe dele.Yara havia explicado tudo o que havia acontecido para a prima.— Desde que voltamos da clínica, ela não sai do quarto, acho que ela precisa de um tempo para digerir tudo o que aconteceu — ela completou.Ariadne olhou para a prima por alguns segundos, não era uma situação fácil de se lidar.— O pior é que parece um presente de natal amaldiçoado, já que faltam apenas dois dias para comemorarmos — explicou.Yara franziu o cenho, havia certo tom de tristeza na voz dela mas também sempre estava presente a ironia.— Realmente, eu espero que o Natal seja tranquilo, não aguento mais tantos altos e baixos na vida — desabafou.
Thais estava sentada no sofá da sala com Daniel no colo. O bebê dormia tranquilamente após ter tomado um banho. A febre já tinha passado, mas ainda era importante monitorar. A casa estava em total silêncio, com exceção da cozinha. Yara estava preparando um prato de massas para ser levado para a ceia de Natal na casa de Martins e Ângelo.Thais se ajeitou melhor no sofá, com cuidado para não acordar o bebê. Respirou fundo e passou o dedo delicadamente na pele macia das bochechas dele.— Daniel, se você soubesse o quanto é sortudo por não ter nada com que se preocupar — ela desabafou baixinho. Por alguns segundos, ela se
A fachada da casa de Ângelo e Martins, resplandecia em pequenas luzes piscantes e coloridas que evidenciaram mais por estar a noite. O imenso sobrado de dois andares, contrastava com o resto do bairro de residências térreas.Yara ficou surpresa, não havia imaginado como a casa deles poderia ser. A construção de estrutura imponente, possuía elementos clássicos e discretos.Ariadne tocou a campainha, já que Guilherme segurava uma imensa forma de assado. Ângelo saiu para recebê-los, vestia uma linda calça branca e camisa floral, além dos sapatos claros.— Impecável como sempre — Thais elogiou enquanto ele a ajudava a entrar na casa.Martins veio logo atrás,
Leonardo estava no centro da sala, segurando um galão do que parecia ser gasolina pelo cheiro forte que o ambiente exalava.Thais não teve reação, quando ele puxou as muletas e a derrubou no chão. O corpo dela caiu num baque surdo. Yara segurou com mais força Daniel nos braços enquanto olhava horrorizada para o que tinha acontecido.Os olhos de Leo pareciam estar possuídos, a expressão sádica evidenciava o que ele pretendia fazer.— Eu vou queimar essa mulher — ele gritou enquanto olhava em direção a Thais.Leonardo se abaixou no chão, até ficar próximo a mulher jogada no chão. Ele começou rir. Thais respirou fundo, o cheiro de gasolina invadia as narinas e a sensação de torpor aliada a impotência crescia cada vez mais. Tentou mover a perna machucada, mas parecia que o fixador externo pesava mais do que antes.As dores espalhadas por todo o corpo, a incentivaram a continuar caída no chão. A visão do monstro do ex-namorado arrastando Yara passava como um filme de terror diante dos olhos.Respirou fundo. Ela sabia que precisava resgatá-la e também procurar por Daniel, não o havia visto na cena perturbadora.Com cuidado, tentou procurar pelas muletas, iria precisar delas para andar. Para a sua surpresa, elas não estavam tão longe assim.Com difiPromessa de Natal
O porta-malas do carro era sufocante e apertado. A escuridão e os barulhos misturados do próprio veículo e do trânsito se tornavam abafados. Yara tentou gritar, mas sabia que jamais seria ouvida.Com força, começou a socar ao seu redor para encontrar algum local mais frágil. A cada soco, as mãos estalavam e a força do ataque gerava a dor que irradiava até a coluna. Ela ignorou.Em um dos socos, uma das partes da parede pareceu ter cedido um pouco. Yara respirou fundo. Forçou-se a raciocinar, em que parte deveria socar. Foi quando uma recordação veio à sua mente, as lanternas eram mais frágeis do que o resto do bagageiro.Foi
— Precisamos interceptar o carro dele — afirmou Martins enquanto falava no rádio da polícia com uma das mãos e segurava o volante na outra.A adrenalina corria nas veias de Thais, apesar dos machucados, havia insistido em ir junto na perseguição.— Alguma ideia de onde ele pode estar a levando? — ele perguntou em direção a ela, após desligar a comunicação.— Não, ele pode estar a levando para qualquer lugar — Thais respondeu cabisbaixa.Leo dirigia perigosamente pela avenida, ultrapassando vários veículos enquanto as viaturas policiais se mantinham mais na direção defensiva.— Thai