A Confusão Continua

Então, lembra que eu disse que as coisas estavam ficando estranhas? Esquece. Elas estavam apenas começando.

Depois de toda a confusão com o Bryan e a conversa meio surreal no escritório, a governanta b**e à porta, interrompendo o silêncio mais tenso do mundo.

— Senhor Bryan, seu pai está na sala.

O QUÊ? O pai dele? Tipo, o velho chefe de tudo isso? Eu não conheço o cara, mas sei o suficiente: ele é a razão por trás de todas as entrevistas malucas e desse plano que virou a minha vida de cabeça para baixo.

Bryan me encara, como se estivesse planejando minha fuga.

— Você não vai se apresentar — ele diz, firme. — Se puder sair sem ser notada, melhor.

Ótimo, adoro um plano “finge que não existe”. Concordo com um aceno rápido, mas já sinto que não vai dar certo. Spoiler: não deu.

Seguimos até a sala. Eu tento ser invisível, tipo um fantasma. Mas, assim que chegamos, o advogado de Bryan me vê e resolve, brilhantemente, estragar tudo.

— Ah, Sra. O’Connor! Que bom vê-la novamente.

Sra. O’Connor. EM VOZ ALTA. Meu Deus do céu, esse homem não podia esperar mais dez segundos?

O pai de Bryan, que eu já achava intimidante só pela ideia, vira lentamente na minha direção. Sabe aquela cena de filme em que alguém percebe algo estranho e a trilha sonora fica tensa? Foi tipo isso. Ele me observa dos pés à cabeça e, é claro, b**e o olho no meu uniforme escolar.

— Bryan. Agora. — A voz dele parece um trovão.

Sem nem dar tempo de Bryan argumentar, o velho o arrasta de volta para o escritório, fechando a porta com força. Eu fico lá, parada na sala, desejando virar pó. E, claro, não demora nem dois segundos para os gritos começarem.

— VOCÊ SE CASOU COM UMA MENOR DE IDADE?!

Ai, meu Deus. Meu estômago dá um nó. Ok, tecnicamente eu NÃO sou menor de idade, mas também não ajuda que eu pareça uma adolescente qualquer no uniforme da escola.

— Pai, ela NÃO é menor! — ouço Bryan tentando argumentar, mas parece inútil.

A discussão continua, e eu estou tentando decidir se devo sair correndo ou fingir que não sou real, quando o som de choro começa a ecoar pela casa.

Samantha aparece descendo as escadas com Sophie no colo. A bebê está vermelha de tanto chorar, e Samantha parece... bom, um zumbi.

— Liah, você pode dar a mamadeira pra ela? — Samantha pede, entregando Sophie como se fosse um saco de batatas.

— Eu? — pergunto, já recuando um passo. — Samantha, você sabe o que acontece se ela começar a chorar no meu colo, não sabe?

Ela suspira, obviamente sem paciência.

— Sei, mas é só por um tempinho! A babá foi embora mais cedo porque tá doente, e eu tô exausta!

Eu olho para Sophie, com o coração apertado. A coitadinha tá berrando como se o mundo fosse acabar, e Samantha tá claramente no limite.

— Tá bom, tá bom — eu digo, pegando a bebê.

De início, tudo parece tranquilo. Eu balanço Sophie um pouco, ela para de chorar, e até solta um suspiro fofo.

— Tá vendo? Você tem jeito com bebês — Samantha comenta, se jogando no sofá com um olhar de vitória.

Mas, claro, nada pode ser tão fácil na minha vida.

Enquanto eu balanço Sophie, tentando mantê-la calma, a porta do escritório se abre com um estrondo. Bryan e o pai dele saem ainda discutindo. O tom alto e irritado assusta Sophie, que começa a chorar de novo.

E é nesse momento que eu sinto. Sim, aquilo. Meus seios começam a vazar. Minha blusa já tá ficando úmida, e eu entro em pânico. Tento ajeitar Sophie no colo pra disfarçar, mas o pai de Bryan, que aparentemente é tipo um radar humano, percebe na hora.

Ele se aproxima com aquele olhar “entendi tudo” e dispara:

— Agora tá claro. Ela é a mãe, não é?

O QUÊ?!

— O quê?! Não, eu não sou! — respondo, quase gaguejando.

— Pai, você tá completamente errado — Bryan diz, irritado.

Mas o velho não tá nem aí. Ele começa a dar um sermão como se estivesse num tribunal.

— Eu sabia que você não teria coragem de voltar praquela drogada da Lilian! — ele diz, mencionando a mãe das meninas.

Nesse ponto, Samantha solta um soluço e sobe correndo as escadas, claramente abalada. Eu tento ir atrás dela, mas Sophie continua chorando, e eu não sei o que fazer.

— Dá o peito pra ela! — o avô ordena, como se fosse a solução mais óbvia do mundo.

— O quê? — pergunto, chocada.

— Vai deixar minha neta com fome? — ele resmunga, voltando a discutir com Bryan.

Eles continuam falando, ignorando completamente o fato de que EU estou segurando uma bebê e tentando não entrar em colapso nervoso. Sem opções, e com Sophie berrando cada vez mais alto, eu respiro fundo e faço o que ele sugeriu.

Levanto a blusa e ofereço o seio para Sophie. E, sabe o que é pior? Funciona.

Sophie para de chorar quase instantaneamente e começa a sugar. No começo é estranho, mas depois... parece certo. Ela relaxa, e eu também.

Quando Bryan finalmente percebe o que tá acontecendo, ele me encara com uma mistura de choque e... sei lá, algo que eu não consigo identificar. Ele não fala nada, só espera até Sophie terminar.

Assim que ela adormece, Bryan pega a bebê com cuidado e suspira, como se estivesse tentando colocar os pensamentos em ordem.

— Obrigado pelo que você fez pela minha filha — ele diz, num tom mais calmo. — Mas acho que você deveria ir.

O QUÊ? Só isso?

— Ah... tudo bem. Vou pegar minha mochila — respondo, meio sem graça.

Eu subo até o quarto onde deixei minhas coisas, pegando minha mochila e descendo em silêncio. No caminho, vejo Samantha chorando no quarto, mas não tenho coragem de entrar.

Já no jardim, o motorista está esperando. Eu me sento no banco de trás, cobrindo a frente da blusa com a bolsa, ainda consciente da mancha.

Quando chego em casa, corro pro banheiro e tiro a blusa molhada. O cheiro doce do leite ainda está lá, me lembrando do que aconteceu.

No banho, tento me convencer:

— Foi só pra ajudar. Não importa.

Mas, lá no fundo, eu sabia que o dia de hoje mudou algo. E eu não fazia ideia do que estava por vir.

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