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Socorro às 3 da Madrugada

Sabe aquele momento em que você tá na cama, tentando dormir, e sua mente decide lembrar de todas as coisas constrangedoras que você já fez na vida? Pois é, essa era eu. Rolando de um lado pro outro, brigando com o travesseiro e me convencendo de que não pensar em nada era uma solução viável.

Até que, às TRÊS DA MADRUGADA, meu celular vibra.

Primeiro pensamento: Quem é o louco que liga a essa hora? Segundo pensamento: Se for um trote, vou xingar até a pessoa reconsiderar as decisões de vida dela.

— Oi? — atendo, tentando não soar como um zumbi.

— Está acordada?

A voz do outro lado era séria. Meio grave. Meio… familiar.

— Quem é?

— Bryan.

E pronto. Meu cérebro entra em pânico.

— Sr. O’Connor?! — Minha voz sai tão alta que, por um segundo, achei que acordei o quarteirão inteiro.

— Estou aqui.

Pausa.

— Aqui onde? — pergunto, porque, né, precisamos de contexto pra vida.

— Em frente à sua porta.

QUÊ?

Pulo da cama como se tivesse levado um choque, pego um casaco e corro pra sala. No meio do caminho, ouço o som que todos os pais temem: o choro de bebê. Só que, spoiler, eu não sou mãe. Então por que DIABOS esse som tá ecoando na minha casa às três da manhã?

Abro a porta e lá está ele, Bryan O’Connor, o próprio, com Sophie berrando no bebê conforto. Ele parecia... derrotado. Tipo aquele jogador de futebol que sabe que perdeu o campeonato, mas ainda precisa ir à entrevista coletiva.

— O que vocês estão fazendo aqui? — pergunto, porque sério, isso precisa ser explicado.

— Ela não aceita nada — ele diz, entrando na minha casa como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Nada? Como assim “nada”?

— Não quer chupeta, fórmula, nem mamadeira. Desde que mamou com você de tarde, ela não aceita mais nada.

Eu paro.

— Peraí. Tá dizendo que ela não mamou desde...?

— Sim.

Olho pra Sophie, que ainda tá chorando como se o mundo fosse acabar. Bryan a pega do bebê conforto e me entrega, como se eu fosse algum tipo de profissional da saúde que sabia exatamente o que fazer.

— Pode ajudar?

Eu respiro fundo, porque, olha, não sou exatamente especialista, mas também não ia deixar o bebê morrer de fome.

— Posso. Claro.

Sophie tá um desastre. O rostinho dela tá todo vermelho, e ela tá tão irritada que quase não consigo segurá-la direito. Me sento no sofá e ajeito o pijama, descendo a alça pra expor o seio mais cheio (ai, que frase estranha de dizer).

Esfrego o bico do peito na boquinha dela e, PRA MINHA SURPRESA, funciona na hora. Sophie começa a sugar como se não tivesse comido em dias. O choro para, e o silêncio que se segue é a coisa mais linda que já ouvi na vida.

Bryan me encara, completamente perdido.

— Como?

Olho pra ele, achando graça do desespero.

— Eu tenho um tumor benigno, prolactinoma. Descobri aos treze.

Ele franze o cenho, claramente confuso.

— Então você nunca esteve grávida?

Eu quase caio na gargalhada, mas me controlo.

— NÃO, Sr. O’Connor. Nunca.

Ele não pede desculpas (porque claro que não), mas também não diz mais nada. Só senta no sofá ao meu lado, parecendo cansado demais pra continuar argumentando.

Então, sobre o sofá: ele é pequeno. Pequeno MESMO. Tipo, feito pra duas pessoas que não gostam de conversar. Como eu e Bryan não temos escolha, acabamos lado a lado, enquanto Sophie continua mamando como se fosse a última refeição dela na vida.

Bryan tenta não olhar diretamente pra mim, mas ao mesmo tempo fica prestando atenção em cada barulhinho que Sophie faz. Tipo, o bebê respira e ele já tá com o olhar de “isso é normal?”.

— Não tem problema olhar pra ela — digo, tentando aliviar o clima.

Ele hesita, mas acaba olhando. E, quer saber? Ele parece um pouco mais tranquilo. Até passa a mão na cabecinha da Sophie, que tá ocupada demais sugando pra notar qualquer outra coisa.

— Quanta fome… — comento, mais pra mim mesma do que pra ele.

Quando percebo que ela já esvaziou um lado, coloco Sophie no outro. Bryan franze o cenho, achando a troca estranha.

— Ela te machucou?

— Não. Só acho que ela ainda tá com fome, então vou dar o que ainda tá cheio.

— Você sabe o que tá fazendo?

— Instintos.

Ele não responde, mas parece mais impressionado do que antes. Talvez ele achasse que eu era só uma adolescente sem noção (ok, às vezes sou). Mas, naquele momento, eu sabia que estava fazendo o que precisava ser feito.

Quando Sophie finalmente termina, ela desmaia nos meus braços. Tipo, um sono tão pesado que parece até falso. Bryan ajeita o bebê conforto e eu a coloco lá com cuidado.

O silêncio na sala é confortável dessa vez, mas o cansaço nos pega de jeito. Eu encosto no braço do sofá, ele encosta no outro, e antes que eu perceba, estou dormindo.

Quando abro os olhos de novo, a luz do sol já tá entrando pela janela.

São mais de seis da manhã, e por um segundo, esqueço onde estou. Bryan ainda tá ali, dormindo com a cabeça caída pro lado. Sophie tá no bebê conforto, dormindo tranquila também.

E eu? Eu olho pra cena e percebo que, de alguma forma bizarra, aquilo parecia... normal.

Mas normalidade não dura muito na minha vida, né?

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