Acordei com o som de risadas abafadas e, ao abrir os olhos, dei de cara com Samantha parada ao lado da minha cama, com um sorriso tão largo que parecia dividir seu rosto ao meio.— Mamãe! — Ela exclamou, abrindo os braços como se estivesse encenando o reencontro mais emocionante da história.Meu cérebro demorou alguns segundos para processar. "Mamãe"? Ah, mas que ousada! Só que, naquele momento, dane-se! Eu estava morrendo de saudades. Levantei da cama como um foguete e abracei ela com força.— Chega, tá me apertando! — Samantha reclamou, rindo enquanto tentava se soltar.— Eu senti tanta saudade!— Eu imagino... — Ela sorriu, erguendo o queixo num ar de superioridade teatral. — É normal. Eu causo esse tipo de efeito nas pessoas.— Convencida! — Respondi, rindo, enquanto dava um tapa leve no ombro dela.Era reconfortante. Sentia falta dessa energia dela, dessa leveza. Antes que eu percebesse, as lágrimas começaram a rolar sem cerimônia.— O que foi agora? — Samantha perguntou, preocup
O passeio ao shopping era para ser um dia perfeito, cheio de risadas e momentos em família. Sophie andava animada no colo de Bryan, apontando para vitrines e balbuciando palavras que ninguém entendia completamente.— Pai, você acha que Sophie vai querer mesmo o carrinho rosa ou ela vai acabar preferindo um brinquedo musical? — Samantha perguntou, analisando uma vitrine de brinquedos com atenção.Bryan sorriu. — Ela ainda é muito pequena, filha. Qualquer coisa que faça barulho ou pisque luzes já deixa ela encantada.Eu caminhava um pouco atrás deles, segurando minha barriga pesada enquanto tentava acompanhar o ritmo. Samantha e Bryan discutiam qual seria o presente perfeito para Sophie, e eu sentia meu coração aquecido por aquele momento de harmonia.— Vou dar uma volta na loja, vocês podem me encontrar na área de roupas infantis. Quero escolher algo bonito para as gêmeas. — Avisei, tentando aliviar o peso nas pernas e encontrar um banco próximo para descansar.— Tudo bem, Liah. — Sama
O terceiro choro veio como um raio, rasgando o ar pesado de medo e exaustão.— E aqui está o menino!Por um segundo, minha mente congelou. Três? TRÊS? Era como se o universo tivesse decidido que meu caos pessoal precisava de mais adrenalina. Olhei para aqueles pequenos pacotinhos de vida sendo rapidamente levados para cuidados intensivos. Era surreal. Eles eram pequenos demais, frágeis demais, e, de alguma forma, haviam saído de mim.Depois de muito argumentar (leia-se: chorar e ameaçar arrancar os fios dos aparelhos), a médica finalmente cedeu e me deixou usar uma cadeira de rodas para visitá-los na UTI neonatal. Lá estavam eles, três pequenos milagres embalados em tecnologia avançada. As meninas eram idênticas, como se alguém tivesse usado a função “copiar e colar” da vida, e também cópias femininas do pai. Já o menino, embora menor, tinha uma expressão que gritava: “Ei, mundo, cheguei para conquistar tudo!” com uma cabeleira loira da qual eu jamais poderia brincar dizendo que ele f
Os cinquenta e oito dias seguintes foram uma montanha-russa. Choros, noites mal dormidas, idas e vindas à UTI neonatal... Mas nossos pequeninhos eram fortes. Cada grama de peso que ganhavam era motivo de comemoração, cada respiração mais firme uma vitória. E hoje, finalmente, podíamos levá-los para casa. Era o dia que eu sonhava desde que os vi pela primeira vez, tão pequenos, tão frágeis.Claro que sair do hospital com três recém-nascidos não seria algo simples. Bryan, apesar da experiência com as filhas mais velhas, parecia um pouco enferrujado. Enquanto ajustava Benjamin na cadeirinha do carro, me dava vontade de rir e chorar ao mesmo tempo.— Tem certeza de que sabe fazer isso? — perguntei, observando enquanto ele lutava com o cinto.— Sei, sim. Já fiz isso antes! — ele respondeu, cheio de confiança, enquanto Benjamin ficava com o corpo todo torto.Suspirei, cruzando os braços.— Consegui! — Bryan anunciou, orgulhoso.Olhei para o meu filho, agora preso corretamente, mas não sem a
Cinco anos depois...Vocês conhecem aquele papo de que "os sonhos mudam"? Pois é, eu sou a prova viva disso. Meu antigo plano de ser cientista ficou em algum lugar do passado, junto com as noites em claro estudando química no ensino médio. Hoje, no entanto, minha vida é uma mistura de reuniões corporativas e discussões sobre quem pegou o brinquedo de quem. Sim, porque ter seis filhos transforma qualquer sonho em algo bem mais caótico e, ironicamente, muito mais gratificante.Primeiro, tem a Samantha, minha filha mais velha. Agora adulta, corajosa e cheia de atitude, ela passou de me dar conselhos para me transformar em avó — mas isso é uma história pra depois. Depois dela, vem Stacie, com seus onze anos e uma mente afiada que adora bancar a advogada da razão. Daí tem Sophie com seus seis anos de idade, a bonequinha mais doce e fofa de todo o universo. Os trigêmeos foram a última leva: Luísa e Lívia, que são um dupla inseparável do tipo que se uma cai a outra também sente a dor mesmo
Olha, meu dia estava indo super bem até Samantha aparecer. Tá, talvez “super bem” seja exagero porque, né, último ano do ensino médio com bolsa não é exatamente sinônimo de paraíso. Mas, enfim, eu estava no meu quarto, de boa, revisando química e pensando no quanto eu odeio química (sem ofensas, cientistas do mundo), quando minha porta praticamente explode com a chegada da minha melhor amiga.— Liah, SOCORRO! — ela grita, entrando no meu quarto como um furacão, mochila voando para um lado e casaco para o outro.— Que foi? Tá pegando fogo? Você perdeu o celular? Ou pior... — eu me interrompo, arregalando os olhos. — Acabou o estoque de coxinha na cantina?— É sério! — Samantha rebate, me olhando como se eu tivesse insultado sua existência. — Meu pai vai casar.Agora, deixa eu contextualizar: o pai dela é o Bryan O’Connor, dono de empresas super ricas e... bem, ele é tipo um Ken humano, só que mais alto, mais sério e com menos plástico. O cara é incrível, mas o ponto é: ele tem três fil
Então, vamos recapitular rapidamente aqui: eu, Liah Stevens, 18 anos, estudante bolsista e futura cientista (ou pelo menos era esse o plano), agora sou oficialmente esposa no papel de Bryan O’Connor, empresário milionário e pai da minha melhor amiga, Samantha. Só que, detalhe: ele não sabia disso até uns quinze minutos atrás, quando me encontrou saindo do hospital com a filha dele, Stacie, no colo, e a enfermeira decidiu que era uma ótima ideia me chamar de “Sra. O’Connor” em voz alta.Agora estou no carro dele. Tipo, no carro dele mesmo. E vou te contar: é o carro mais caro em que já sentei. Estofado de couro, cheiro de novo e provavelmente mais tecnologia do que meu computador. Stacie está no banco de trás, cochilando depois de todo o drama do hospital, e eu estou sentada na frente, parecendo uma criança que foi pega colando na prova. Bryan está me encarando no banco de frente para mim e o chofer dirige em silêncio, mas você sabe quando o silêncio grita? Pois é.— Você não vai nem p
Então, lembra que eu disse que as coisas estavam ficando estranhas? Esquece. Elas estavam apenas começando.Depois de toda a confusão com o Bryan e a conversa meio surreal no escritório, a governanta bate à porta, interrompendo o silêncio mais tenso do mundo.— Senhor Bryan, seu pai está na sala.O QUÊ? O pai dele? Tipo, o velho chefe de tudo isso? Eu não conheço o cara, mas sei o suficiente: ele é a razão por trás de todas as entrevistas malucas e desse plano que virou a minha vida de cabeça para baixo.Bryan me encara, como se estivesse planejando minha fuga.— Você não vai se apresentar — ele diz, firme. — Se puder sair sem ser notada, melhor.Ótimo, adoro um plano “finge que não existe”. Concordo com um aceno rápido, mas já sinto que não vai dar certo. Spoiler: não deu.Seguimos até a sala. Eu tento ser invisível, tipo um fantasma. Mas, assim que chegamos, o advogado de Bryan me vê e resolve, brilhantemente, estragar tudo.— Ah, Sra. O’Connor! Que bom vê-la novamente.Sra. O’Conno