Ela ainda vai acabar comigo. Cecilia está ao meu lado na bancada da cozinha. Veste apenas uma camiseta minha e calcinha. Tento manter a concentração nas panquecas que estou fazendo no fogão.Mas está impossível.Sua bunda aparece toda vez que ela inclina os braços para pegar algo no armário, ou quando se abaixa para pegar algo e a ereção entre minhas pernas está começando a me incomodar.Ela cantarola ao som da música que sai pelo alto falando da caixa de som portátil e rebola o quadril em sincronia.Deus, isso deveria ser pecado.Sua bunda branca tem alguns hematomas devido a brutalidade que transamos nos últimos dias e isso só faz aumentar ainda mais meu tesão.Foco minha atenção na panqueca que está quase queimando. Olho dentro do pote de massa e agradeço mentalmente por já estar acabando.Por que diabos fui inventar um café da manhã tão demorado?Ela termina de preparar o café e o serve em duas xicaras.Respiro aliviado sentindo o cheiro de cafeína entrar pelas minhas narinas e s
O sol aquecia minha pele, mesmo estando debaixo da arvore. Theo está com a cabeça deitado em meu colo e um livro nas mãos, alguma ficção cientifica. Já eu, estou recostada na arvore e com meu kindle entre os dedos, lendo um ótimo romance água com açúcar. Mesmo amando livros físicos, ter o kindle é muito mais prático. Além de ser leve, consigo carregar milhões de livros, apenas a um toque dos dedos. E eu não preciso ficar com as duas mãos ocupadas segurando o livro, com isso, consigo acariciar os cabelos dele. Deus, como eu amo enfiar os dedos entre os fios macios do cabelo dele. É o meu mais novo hobby predileto. E sei que ele ama também, só pela forma que respira. Tão relaxado e calmo. É algo simplesmente terapêutico para ambos. Apoio o kindle nas pernas e estico os dedos até a pequena cesta de palha que trouxemos, pego a taça de vinho que deixei ali em cima e tomo um pequeno gole. Theo optou por cerveja e tem uma longneck ao seu lado, apoiada no quadril e de tempos
Cecília não precisou me falar que a moça parada em frente ao seu apartamento, era a sua mãe. A semelhança entre ambas já deixava bem explicito isso. Ela está branca, como se tivesse olhando para um fantasma. O rosto da mãe dela me trazia familiaridade, como se eu a conhecesse de algum lugar. Mas mal tive tempo para pensar nisso. Cecília pulou do carro assim que o motor parou de rugir. Ela conversava com a sua genitora, mas pela sua cara, era a última coisa que ela queria fazer naquele momento. Os braços cruzados na frente do peito, a cara fechada e o vinco entre suas sobrancelhas, deixava isso bem claro. Cecília revirou os olhos para algo que a mãe lhe disse e negou com a cabeça, falando não diversas vezes. Estava quase optando em ir embora, quando vejo ambas virarem em minha direção. Pela cara da Cecília, ela queria que eu descesse e fiz exatamente isso. Como um bom cãozinho adestrado. Só falta a coleira. Enfiei a chave no bolso e pulei para fora da caminhonete. Cam
O percurso até o apartamento do Theo é feito no maior silêncio, pelo menos da minha parte. No banco de trás a pessoa que se julga minha mãe, tagarela sem parar e não poupa comentários sobre a beleza do meu então namorado. É sempre assim. Estou tão inerte em meus pensamentos que não consegui nem ficar feliz com o rotulo do nosso relacionamento. Estou preocupada demais com os danos colaterais que eu sei que a minha mãe vai deixar quando partir. Danos que eu terei que consertar e resolver. É sempre assim. Ela vem, me usa da forma que bem entende, me difama e depois do estrago feito, vai embora, mas não, sem antes me humilhar. É um ciclo vicioso sem fim. Ela nunca vai me deixar em paz e já estou cansada de ter que juntar meus cacos sempre que ela vai embora. Simone é uma bomba relógio pronta para explodir e não se importa em quem ela derruba no meio do caminho. Theo pega minha mão e beija o dorso dela, dizendo silenciosamente que tudo ficará bem. No meio do caminho ele
Acordei com o barulho do chuveiro, alguém havia acordado cedo e quando bati a mão do lado dela da cama, sabia quem tinha sido, ao encontrar o espaço vazio. Escorreguei para fora da cama e vesti minha calça de moletom, me lembrando que havia visita em casa. Senão fosse por isso, iria caminhar somente de cueca pelos cômodos. Passei pela porta do banheiro e ouço gemidos do outro lado, senti o coração apertar ao constatar que ela está chorando. Na noite anterior, ela chorou até adormecer em meus braços. A dor que a sua mãe havia causado nela era realmente muito grande. Encostei a testa na porta do banheiro e cogitei entrar, mas desisto, sabendo que ela precisa desse tempo sozinha. Caminho até a cozinha e decido ocupar meus pensamentos com o café da manhã. Começo a preparar os pães na torradeira quando ouço o barulho de uma porta se abrindo e sei que não é a do banheiro, pois o chuveiro ainda está ligado. — Bom dia. — Simone fala, na verdade quase sussurra e pelo som dos seus p
Theo foi melhor do que previ, evitando minha mãe a todo custo, durante o feriado. E ela não perdeu uma única oportunidade de me provocar, dando em cima dele, como se não fosse nada demais. Mas pela primeira vez em anos, não senti a necessidade de discutir com ela, deixei o Theo resolver isso. Afinal, ele já é adulto e sabe bem se defender sozinho. E em todas as vezes ele saiu da situação muito bem. Não o vi abalando com isso, uma única vez. — Obrigada. — falei. Estamos em sua caminhonete, parados no estacionamento da faculdade. O dia está nublado, ameaçando chover bem forte, as nuvens estão carregadas e parece ser 17h e não 07h. — Pelo o que? — ele pergunta, sem entender. — Por aguentar toda essa dor de cabeça nesses dias. — respiro fundo, olhando para o céu. — Se fosse outra pessoa, tenho certeza que teria desistido de tudo isso. — minha voz sai baixa, deixando a insegurança que senti por todos esses dias em evidência. — Eu não sou qualquer pessoa, Cecília. — a voz dele
Fechei a porta do apartamento atrás de mim, só querendo um bom banho e uma cama quente. Estava além da exaustão. Havia trabalhado o dia todo e ainda tive que fazer hora extra a pedido do meu padrinho. Olhei o relógio em meu pulso e já marcava 21h. Olhei em volta pela sala e estranhei o silêncio do cômodo. Simone passou o dia inteiro por aqui, até onde eu sei, até porque ela não possui a chave do apartamento e acredito que não deixaria a porta destrancada, por mais que o condomínio fosse seguro. Dei de ombros, não me importaria com isso. Caminhei até o banheiro e fechei a porta, antes de tranca-la ouvi o vibrar do meu celular no bolso, me distraindo. Peguei o aparelho e sorri ao ver quem havia mandado mensagem. “Vou chegar por volta das 22h. Espero que não seja muito problema para ti ficar mais um curto tempo sozinho com ela no apartamento.” Respondi sua mensagem, dizendo que vou ficar bem. Cecília havia saído com a Isis para conversar, provavelmente as duas estavam compart
A dor é angustiante, dilacera meu peito e queima meu corpo. As lagrimas derramam pelo meu rosto, incessantemente sem hora para acabar. É como uma grande barreira que foi quebrada. A água avança sem dó, levando tudo que encontra pela frente. É exatamente assim que eu me sinto. Meu corpo chacoalha com força, violentamente até que eu sinto mãos me agarrarem, me abraçando com força e um calor familiar esquentar meu corpo. Sei que é ele, sem ao menos precisar abrir os olhos. Mesmo que o apartamento tivesse lotado de pessoal, ainda sim, saberia que é ele. Meu corpo reage instantaneamente ao seu toque, como se o reconhecesse de imediato. Como se precisasse dele. Mas eu realmente preciso dele, agora mais do que nunca. Nunca havia confrontado minha mãe dessa forma, sempre engoli seus insultos. Sempre virava o rosto para o outro lado quando ela soltava suas cantadas para cima de algum amigo ou namorado, fingia não ver, não me importar. Mas cansei de vê-la acabar com qualquer r