Fechei a porta do apartamento atrás de mim, só querendo um bom banho e uma cama quente. Estava além da exaustão. Havia trabalhado o dia todo e ainda tive que fazer hora extra a pedido do meu padrinho. Olhei o relógio em meu pulso e já marcava 21h. Olhei em volta pela sala e estranhei o silêncio do cômodo. Simone passou o dia inteiro por aqui, até onde eu sei, até porque ela não possui a chave do apartamento e acredito que não deixaria a porta destrancada, por mais que o condomínio fosse seguro. Dei de ombros, não me importaria com isso. Caminhei até o banheiro e fechei a porta, antes de tranca-la ouvi o vibrar do meu celular no bolso, me distraindo. Peguei o aparelho e sorri ao ver quem havia mandado mensagem. “Vou chegar por volta das 22h. Espero que não seja muito problema para ti ficar mais um curto tempo sozinho com ela no apartamento.” Respondi sua mensagem, dizendo que vou ficar bem. Cecília havia saído com a Isis para conversar, provavelmente as duas estavam compart
A dor é angustiante, dilacera meu peito e queima meu corpo. As lagrimas derramam pelo meu rosto, incessantemente sem hora para acabar. É como uma grande barreira que foi quebrada. A água avança sem dó, levando tudo que encontra pela frente. É exatamente assim que eu me sinto. Meu corpo chacoalha com força, violentamente até que eu sinto mãos me agarrarem, me abraçando com força e um calor familiar esquentar meu corpo. Sei que é ele, sem ao menos precisar abrir os olhos. Mesmo que o apartamento tivesse lotado de pessoal, ainda sim, saberia que é ele. Meu corpo reage instantaneamente ao seu toque, como se o reconhecesse de imediato. Como se precisasse dele. Mas eu realmente preciso dele, agora mais do que nunca. Nunca havia confrontado minha mãe dessa forma, sempre engoli seus insultos. Sempre virava o rosto para o outro lado quando ela soltava suas cantadas para cima de algum amigo ou namorado, fingia não ver, não me importar. Mas cansei de vê-la acabar com qualquer r
Não consegui prestar atenção na aula, minha mente não me dava descanso, pensando e repensando o porquê ele teria mentido para mim. Para onde ele foi? Será que foi se encontrar com alguém que não queria que eu soubesse? Homem? Mulher?! Não queria que minha mente me levasse por esse caminho obscuro. Mas quando você cresce com uma mãe igual à minha, desconfia até da sua própria sombra. Meus pensamentos turbulentos continuaram até o sinal do intervalo tocar. Decidir ir embora, não conseguiria prestar atenção em nada, era perda de tempo. Digitei rapidamente uma mensagem para a Ísis, falando que não estava me sentindo muito bem e que iria para casa, se ela poderia voltar de outro modo. Ela perguntou se eu queria companhia e quando recusei, disse para eu não me preocupar com ela e que depois passaria lá em casa. Abri a minha conversa com ele e fiquei olhando para a última mensagem que havia enviado para ele, assim que cheguei na faculdade e soube da mentira dele. Perguntei se estava
Menti. Eu menti. Eu. Menti. Para. Ela. Ainda não sei porque fiz isso. Por medo? Por não querer que ela descubra meu passado feio? Não sei, mas quando vi, a mentira já havia saído. Escorregado pelos meus lábios e não tinha mais como voltar. E agora eu sei que ela sabe que é mentira. Estou olhando para a última mensagem que ela me escreveu. “Sei que você não está com o seu padrinho. Só queria saber por que mentir?” Escrevi e reescrevi para ela, mas sem saber ao certo o que falar. Peço desculpas? Mantenho a mentira? Invento outra? A brisa fria b**e em meu rosto, me despertando de meus devaneios e volto para a realidade, me lembrando de onde estou e porque eu vim. A lapide cinza, gasta, quase brilha de volta para mim. Marcela e Maicon, pais honrosos e amorosos. Balanço a cabeça, rindo com desdém dessas palavras. Pais honrosos?! Minha mãe, talvez. Mas meu pai, com toda certeza, não. Lembranças daquela noite me preenchem a memória. A briga, os
— Não estou entendendo, Theo. — ela sussurrou, confusa. — Como assim?Respirei fundo e passei as mãos pelos cabelos, sentindo vontade de arrancá-los da raiz. Queria sentir dor, que doesse fisicamente, mais do que vai me doer, reviver todas essas lembranças. &md
Ele está sofrendo.Posso ver em seus olhos, em seu rosto e por todo o seu corpo.Ele realmente acha que foi o culpado pelo acidente dos pais.Meu Deus!Ele carrega essa dor a 5 anos. Essa culpa corroendo dentro dele
— Quero te mostrar realmente como eu sou. — sussurro, com a boca em seu pescoço.Ela arqueia as costas e geme.— Mostrar do que eu gosto. — Deslizo os dedos pela sua pele quente, formando uma trilha de arrepios. — Você quer ver?Ela apenas assente, aparentemente sem forças para responder. Estou aninhada no peito dele, enquanto ele acaricia meus cabelos e me conta um pouco sobre os pais dele.Ele começou soltando apenas alguns fragmentos, soltos sobre a sua infância.— Como era sua mãe? — perguntei, com receio dele não querer responder.Quero conhecê-lo melhor, para entender o porquê ele se culpa tanto por algo que não tinha como ele Capítulo Quarenta e Sete — Cecília Prado