Não consegui prestar atenção na aula, minha mente não me dava descanso, pensando e repensando o porquê ele teria mentido para mim. Para onde ele foi? Será que foi se encontrar com alguém que não queria que eu soubesse? Homem? Mulher?! Não queria que minha mente me levasse por esse caminho obscuro. Mas quando você cresce com uma mãe igual à minha, desconfia até da sua própria sombra. Meus pensamentos turbulentos continuaram até o sinal do intervalo tocar. Decidir ir embora, não conseguiria prestar atenção em nada, era perda de tempo. Digitei rapidamente uma mensagem para a Ísis, falando que não estava me sentindo muito bem e que iria para casa, se ela poderia voltar de outro modo. Ela perguntou se eu queria companhia e quando recusei, disse para eu não me preocupar com ela e que depois passaria lá em casa. Abri a minha conversa com ele e fiquei olhando para a última mensagem que havia enviado para ele, assim que cheguei na faculdade e soube da mentira dele. Perguntei se estava
Menti. Eu menti. Eu. Menti. Para. Ela. Ainda não sei porque fiz isso. Por medo? Por não querer que ela descubra meu passado feio? Não sei, mas quando vi, a mentira já havia saído. Escorregado pelos meus lábios e não tinha mais como voltar. E agora eu sei que ela sabe que é mentira. Estou olhando para a última mensagem que ela me escreveu. “Sei que você não está com o seu padrinho. Só queria saber por que mentir?” Escrevi e reescrevi para ela, mas sem saber ao certo o que falar. Peço desculpas? Mantenho a mentira? Invento outra? A brisa fria b**e em meu rosto, me despertando de meus devaneios e volto para a realidade, me lembrando de onde estou e porque eu vim. A lapide cinza, gasta, quase brilha de volta para mim. Marcela e Maicon, pais honrosos e amorosos. Balanço a cabeça, rindo com desdém dessas palavras. Pais honrosos?! Minha mãe, talvez. Mas meu pai, com toda certeza, não. Lembranças daquela noite me preenchem a memória. A briga, os
— Não estou entendendo, Theo. — ela sussurrou, confusa. — Como assim?Respirei fundo e passei as mãos pelos cabelos, sentindo vontade de arrancá-los da raiz. Queria sentir dor, que doesse fisicamente, mais do que vai me doer, reviver todas essas lembranças. &md
Ele está sofrendo.Posso ver em seus olhos, em seu rosto e por todo o seu corpo.Ele realmente acha que foi o culpado pelo acidente dos pais.Meu Deus!Ele carrega essa dor a 5 anos. Essa culpa corroendo dentro dele
— Quero te mostrar realmente como eu sou. — sussurro, com a boca em seu pescoço.Ela arqueia as costas e geme.— Mostrar do que eu gosto. — Deslizo os dedos pela sua pele quente, formando uma trilha de arrepios. — Você quer ver?Ela apenas assente, aparentemente sem forças para responder. Estou aninhada no peito dele, enquanto ele acaricia meus cabelos e me conta um pouco sobre os pais dele.Ele começou soltando apenas alguns fragmentos, soltos sobre a sua infância.— Como era sua mãe? — perguntei, com receio dele não querer responder.Quero conhecê-lo melhor, para entender o porquê ele se culpa tanto por algo que não tinha como ele Capítulo Quarenta e Sete — Cecília Prado
Cecília paralisou na sala, ficou branca, como se tivesse acabado de ver um fantasma.Coloco a maçã em cima do balcão e corro até ela.— Moranguinho, você está bem? — pergunto, apoiando minha mão em seu ombro.Ela dá um pulo, como se tivesse em transe e fica me encarando, sem entender o que está acontecendo. Os olhos estã
Cerrei o punho e apertei o celular na mão, quando outra mensagem chegou,“Agora eu sei da de onde vem a semelhança dele. É a cara do pai.” — Mas que porra é essa? — sussurrei.Minha cabeça girava e meu sangue fervia.