É hoje.E eu só me dei conta quando vi a data no visor do celular.Passei o caminho todo até o restaurante pensando, perdido em lembranças e memórias, como todos os anos, desde que eles morreram.Não havia contado tudo para ela e nem sei se algum dia conseguiria reviver essas lembranças. As únicas pessoas que sabiam de tudo era; o Arthur e meus padrinhos, no caso, pais dele.Não consegui contar para mais ninguém.Não conseguia admitir em voz alta tudo que ocorrerá, por mais que todos dissessem que não era minha culpa. Que não fizera nada de errado.Não havia um único maldito dia em que eu não me culpava por perde-los.E hoje faziam exatos 7 anos desde que os perdi.Ainda doía como um inferno. Todo ano sentia meu coração se despedaçar um pouco mais e a culpa criar cada vez mais raiz dentro de mim.Arthur sabia bem como era essa data para mim e por isso todos os anos, desde que eles morreram a gente sempre saia, na verdade; ele sempre me forçava a sair de casa.Se não fosse por ele, já
Já eram quase 2h da manhã quando optamos em encerrar a noite. Ao menos eu e a Cecília. Arthur e Isis ainda estenderiam por mais algumas horas.Estavam querendo ir para a balada.— Vamos gente? — Isis implora para nós, com direito a beicinho e tudo mais. — Amanhã ainda é domingo e só teremos aula na terça.— Hoje não, miga. — Ceci murmura, colocando um dedo na boca como se pedisse silêncio. — Shiu! Acho que estou só um pouquinho bêbada para isso. — Ela aperta o indicador e o polegar, gesticulando.Ela claramente está bêbada.Balanço a cabeça e solto uma risada baixa.— Mas o Theo não pode saber. — Ela dá de ombros. — Senão ele não vai querer transar comigo hoje. — Ela solta uma risada contida.Apoio a testa na mão, escondendo a risada que escapa de meus lábios.Essa mulher é demais.— E eu tô com libido demais para ir dormir sem nada.Arthur e Isis gargalham com as peripécias da amiga.Por mais que eu realmente queira transar com ela até faze-la me implorar por mais. Não vou fazer nada
Theo fez amor comigo. Pela primeira vez depois de muito tempo, eu me senti amada.Ele me beijou como se fosse a primeira vez que seus lábios tocavam o meu. Me tocou como se eu fosse a joia mais preciosa e delicada que tinha em seus dedos.Me olhou como se eu fosse a única pessoa na face da terra que lhe importava.E me amou como se nunca tivesse amado mais ninguém.Nosso sexo começou na caminhonete e depois dele me provocar um orgasmo, ele se afastou e dirigiu até o apartamento. Sempre com os dedos em minha perna, sempre me tocando de alguma forma. Beijava meus dedos, me olhava sempre que o farol fechava. O sorriso estampado nos lábios e um brilho único no olhar.Quando chegamos ao seu apartamento, ele me beijou até que eu não conseguisse sentir meus lábios, até que minha boca ficasse com um tom único de vermelho. Ele beijou cada milímetro de pele em meu corpo, acariciou cada centímetro de mim, como se pudesse tocar com as mãos o meu coração, como se entendesse minha alma.Ele me amo
Ela ainda vai acabar comigo. Cecilia está ao meu lado na bancada da cozinha. Veste apenas uma camiseta minha e calcinha. Tento manter a concentração nas panquecas que estou fazendo no fogão.Mas está impossível.Sua bunda aparece toda vez que ela inclina os braços para pegar algo no armário, ou quando se abaixa para pegar algo e a ereção entre minhas pernas está começando a me incomodar.Ela cantarola ao som da música que sai pelo alto falando da caixa de som portátil e rebola o quadril em sincronia.Deus, isso deveria ser pecado.Sua bunda branca tem alguns hematomas devido a brutalidade que transamos nos últimos dias e isso só faz aumentar ainda mais meu tesão.Foco minha atenção na panqueca que está quase queimando. Olho dentro do pote de massa e agradeço mentalmente por já estar acabando.Por que diabos fui inventar um café da manhã tão demorado?Ela termina de preparar o café e o serve em duas xicaras.Respiro aliviado sentindo o cheiro de cafeína entrar pelas minhas narinas e s
O sol aquecia minha pele, mesmo estando debaixo da arvore. Theo está com a cabeça deitado em meu colo e um livro nas mãos, alguma ficção cientifica. Já eu, estou recostada na arvore e com meu kindle entre os dedos, lendo um ótimo romance água com açúcar. Mesmo amando livros físicos, ter o kindle é muito mais prático. Além de ser leve, consigo carregar milhões de livros, apenas a um toque dos dedos. E eu não preciso ficar com as duas mãos ocupadas segurando o livro, com isso, consigo acariciar os cabelos dele. Deus, como eu amo enfiar os dedos entre os fios macios do cabelo dele. É o meu mais novo hobby predileto. E sei que ele ama também, só pela forma que respira. Tão relaxado e calmo. É algo simplesmente terapêutico para ambos. Apoio o kindle nas pernas e estico os dedos até a pequena cesta de palha que trouxemos, pego a taça de vinho que deixei ali em cima e tomo um pequeno gole. Theo optou por cerveja e tem uma longneck ao seu lado, apoiada no quadril e de tempos
Cecília não precisou me falar que a moça parada em frente ao seu apartamento, era a sua mãe. A semelhança entre ambas já deixava bem explicito isso. Ela está branca, como se tivesse olhando para um fantasma. O rosto da mãe dela me trazia familiaridade, como se eu a conhecesse de algum lugar. Mas mal tive tempo para pensar nisso. Cecília pulou do carro assim que o motor parou de rugir. Ela conversava com a sua genitora, mas pela sua cara, era a última coisa que ela queria fazer naquele momento. Os braços cruzados na frente do peito, a cara fechada e o vinco entre suas sobrancelhas, deixava isso bem claro. Cecília revirou os olhos para algo que a mãe lhe disse e negou com a cabeça, falando não diversas vezes. Estava quase optando em ir embora, quando vejo ambas virarem em minha direção. Pela cara da Cecília, ela queria que eu descesse e fiz exatamente isso. Como um bom cãozinho adestrado. Só falta a coleira. Enfiei a chave no bolso e pulei para fora da caminhonete. Cam
O percurso até o apartamento do Theo é feito no maior silêncio, pelo menos da minha parte. No banco de trás a pessoa que se julga minha mãe, tagarela sem parar e não poupa comentários sobre a beleza do meu então namorado. É sempre assim. Estou tão inerte em meus pensamentos que não consegui nem ficar feliz com o rotulo do nosso relacionamento. Estou preocupada demais com os danos colaterais que eu sei que a minha mãe vai deixar quando partir. Danos que eu terei que consertar e resolver. É sempre assim. Ela vem, me usa da forma que bem entende, me difama e depois do estrago feito, vai embora, mas não, sem antes me humilhar. É um ciclo vicioso sem fim. Ela nunca vai me deixar em paz e já estou cansada de ter que juntar meus cacos sempre que ela vai embora. Simone é uma bomba relógio pronta para explodir e não se importa em quem ela derruba no meio do caminho. Theo pega minha mão e beija o dorso dela, dizendo silenciosamente que tudo ficará bem. No meio do caminho ele
Acordei com o barulho do chuveiro, alguém havia acordado cedo e quando bati a mão do lado dela da cama, sabia quem tinha sido, ao encontrar o espaço vazio. Escorreguei para fora da cama e vesti minha calça de moletom, me lembrando que havia visita em casa. Senão fosse por isso, iria caminhar somente de cueca pelos cômodos. Passei pela porta do banheiro e ouço gemidos do outro lado, senti o coração apertar ao constatar que ela está chorando. Na noite anterior, ela chorou até adormecer em meus braços. A dor que a sua mãe havia causado nela era realmente muito grande. Encostei a testa na porta do banheiro e cogitei entrar, mas desisto, sabendo que ela precisa desse tempo sozinha. Caminho até a cozinha e decido ocupar meus pensamentos com o café da manhã. Começo a preparar os pães na torradeira quando ouço o barulho de uma porta se abrindo e sei que não é a do banheiro, pois o chuveiro ainda está ligado. — Bom dia. — Simone fala, na verdade quase sussurra e pelo som dos seus p