Mirela Fernandes
Nada na minha vida foi fácil e eu sabia o tanto que me julgavam, mas ninguém esteve na minha pele em todos os momentos horríveis que passei. Aos quatorze anos quando era apenas uma adolescente que buscava estudar mais e mais para fazer cursinhos sofri meu primeiro abuso. Na época Milena estava estudando muito e conseguiu seu primeiro emprego, nunca tivemos exigência dos nossos pais para trabalhar ou estudar, só queriam nos manter por lá ao lado deles. Quando mainha começou a trabalhar fora e Milena também saia no mesmo horário, sobrava os afazeres da casa para mim fazer e eu sempre mantinha tudo em ordem, painho trabalha próximo de casa então vivia indo ver como estava tudo. Até que num desses dias eu estava saindo do banho enrolada na toalha depois de ter dado uma bela faxina na casa e quase morri do coração ao ver painho parado na porta do meu quarto me encarando. [...] Passado... Não aguentava mais limpar toda a casa. Tinha passado pano depois de esfregar todo o chão para deixar tudo branquinho como mainha merecia depois de um dia cansativo. Ia tomar um banho rápido para poder preparar alguma coisa para quando chegasse, sabia que ela amava ter seu cuscuz feito quentinho assim que chegasse e o café preto forte com pouco açúcar. Milena chegava logo em seguida e comia pão assado que fazia, mas hoje seria eu a fazer tudo por minha família. Painho vivia vindo em casa então já saberia que seu charque tava sendo feito de longe, o cheirinho inconfundível iria chegar até na mecânica que trabalha e eu aposto que ficaria feliz com isso. Eu sabia que errava em muitas coisas como toda adolescente fazia, mas tentava ao máximo dar orgulho para meus pais e era por isso que comecei a tentar a procurar emprego igual minha gêmea fez. Ela teve mais sorte em conseguir uma vaga já que aqui é bem ruim de emprego e oportunidades. Só queria que Deus me desse a mesma chance que deu a ela, logo seria abençoada para ajudar minha família e eu tinha certeza disso. Não fazia muitas amizades na escola estudando numa sala diferente que Milena, foi toda a direção junto com nossos pais que escolheram assim. Nós duas tentamos mudar isso e nada aceitaram, deixando nós afastadas. No começo achei ruim e no intervalo pegava a merenda juntinho com Milena para ficar com ela todo o tempo possível. Até que ela se enturmou na sua turma e eu fiquei sozinha, ninguém queria a garota mais gordinha das duas gêmeas para fazer amizade ou tentar qualquer contato. Me isolei por um tempo e quando menos esperei chegou uma aluna nova que aceitou ser minha amiga, Oliva era incrível comigo, e por isso se tornou minha melhor amiga. Aos poucos fomos fazendo amizades com todos da turma e até da escola, com ela tudo era fácil e legal. Eu continuava estudando para manter as notas altas e o lado ruim disso é que Olivia não fazia o mesmo, todas provas pegava cola. os trabalhos fazíamos juntas e ela só esperava ficar pronto, até as professoras descobrirem. Perdi várias notas por tentar ajudar minha amiga, reclamava com ela e não era ouvida, mas eu não queria ser sozinha de novo, então aceitava isso. Lavei todo meu cabelo sentindo a água fresca caindo no meu corpo quente pelo esforço recém feito enquanto limpava toda a casa, mas não iria desistir de deixar tudo limpo e organizado para meus pais não terem que se preocupar com isso quando chegassem. Terminei meu banho colocando a toalha em volta do meu corpo nu e abri a porta para ir até meu quarto, sempre fazia isso quando estava sozinha em casa já era um costume. Fui pega desprevenida quando vi meu painho parado no corredor me observando com os olhos escuros. — Pai? Já chegou? Está cedo ainda, não é? — questionei assustada e caminhei em direção ao meu quarto. — Vim mais cedo, precisava ver minha filha... — disse com a voz embriagada e me assustei. Nunca tinha visto ele beber durante o dia ainda mais nesse estado. Me aproximei dele curiosa. — Que isso painho, bebendo a essa hora?! Nunca tinha visto isso vindo do senhor... — segurei minha toalha com força e ele segurou minha mão me causando um calafrio pelo corpo. — Não é nada minha filha, pode ir pro seu quarto que já vou tomar meu café... — seu sorriso era atravessado e forçado. Ele puxou minha mão fazendo a toalha cair e me desesperei tentando me abaixar para cobrir minha nudez, mas ele foi mais rápido em pegar o tecido no chão para me entregar. — Desculpe filha. foi sem querer... Vai lá vai — ele passou por mim e envergonhada me tapei correndo para o quarto. Abaixei minha cabeça sentindo a vergonha tomar conta, suspirei preocupada com a situação embaraçosa e pensei se contaria para mainha o que aconteceu, nunca tinha acontecido nada parecido. Entrei dentro do meu quarto e corri colocar qualquer roupa que estivesse a disposição. O meu guarda roupa era velhinho, mas coube todas minhas roupas, peguei uma blusa regata e um shorts jeans, ao me abaixar na gaveta para pegar a calcinha senti um arrepio na espinha. Foi coisa de segundos e a porta se abriu num solavanco com meu pai nu vindo pra cima de mim. Eu gritei, gritei o máximo que pude e nada aconteceu. Lutei com todas as minhas forças, mas estando nua e sendo bem menor que meu pai, eu não tive tantas forças para me defender. Ali no meu próprio quarto eu fui abusada pelo meu próprio genitor que a todo momento dizia o quanto me queria, e a tempos me observava, ele disse com todas as letras que seu fascínio era em Milena por ser mais branquinha, mas se contentou comigo com o quanto estava sozinha e venerável. A bebida ajudou ele a fazer o que queria já sóbrio. A lembrança do que fez comigo ficará marcada em minha mente e no meu coração por todo o tempo que eu visse seus olhos, porque aquele dia foi o início da crueldade que fez comigo, sua filha e o seu sangue. [...] Presente A ganância foi fazendo parte da minha vida aos poucos e naquele inferno de cidade que eu morava, era poucos que tinham dinheiro o suficiente para bancar uma mulher. Estudei e pesquisei muito sobre os traficantes, sobre os morros quando Milena contou que pretendia sair daquele lugar, mainha quis que eu viesse junto depois de ver minha revolta mesmo não aceitando nossa saida de baixo das suas assas. Eu já não poderia ser a mesma depois de tudo que passei, evitando mais e mais abusos, preferi errar como todo jovem indo a festas, usando drogas e bebendo. Era um escape para não lembrar do que eu era obrigada a fazer todos os dias da minha vida em casa, então eu saia e fugia da minha realidade. Perdi a conta de quantos abusaram do meu corpo, da minha mente e só comecei a perceber que era um lixo de mulher quando meu genitor disse com toda certeza que eu era uma puta e ele meu cafetão. Descobri o porque disse isso aos dezesseis quando vi um dos estupradøres frequentes a nossa casa dando dinheiro ao meu pai, como se não bastasse os tantos outros a quem fui vendida. A partir daquele dia eu comecei a ganhar para ser a puta que tanto queriam, o dinheiro que recebia ia todo para as drogas que já faziam parte da minha vida e quando não tinha mais como comprar, eu negociava meu corpo com os traficantes que muitas vezes se revezavam só para transar comigo. Na minha mente, era só mais um abuso de muitos e assim virei uma dependente da cocaína, não conseguia mais viver sem. O Rio de Janeiro é incrível, mas as pessoas que tinham ali eram mais cruéis com xingamentos sobre mim do que em Maceió. Lembro do dia que Milena conversou com nossos pais falando da decisão de sair da casa deles e buscar uma vida melhor aqui, todos ficaram contra a ideia, ninguém aprovava isso e mesmo assim, nós viemos com eles contrariados. No dia seguinte meu pai veio furioso para cima de mim e foi a única vez que consegui ter forças para impedi-lo, a droga estava ainda fazendo efeito quando entrou no meu quarto pela tarde, seu rosto foi meu alvo e o soquei como nunca imaginei. Ele conseguiu fugir de casa com tamanha agressão e quando voltou disse para mainha que sofreu uma tentativa de assalto na rua, ela acreditou e ficou por isso mesmo. Aí eu vi que se estivesse usando meu pó, poderia tentar me defender e foi meu grande engano. Demorei a aceitar o que Ingrid estava fazendo comigo, mas não consegui fugir e a todo momento queria a morte, mas ao mesmo tempo eu não conseguia tirar minha própria vida. Ela era uma vadia do caralhø e eu queria sua morte. Quando LC foi preso, consegui me aliar com a policia depois de um tempo, tive uma brecha e em promessa de mudar tudo que passava com aquela piranhä, eu cedi. Eles queriam pegar Ingrid e eu não fazia ideia do porquê, o dono do complexo da Maré não importava tanto para eles e eu não sabia o motivo já que todo chefe do tráfico ia preso uma hora ou outra. Tudo que fiz foi tentando me proteger do que aquela cobra fazia comigo. Ingrid ficou obcecada por mim e tinha extremo ciúme do marido comigo, quando ele saia comigo me levando em lugares movimentados sempre fodendo a cada esquina sempre gozava em mim. Me fazia fazer exames todos os meses tanto de doenças sexualmente transmissíveis, quanto de gravidez e era impossível acontecer, eu não poderia gerar nenhuma vida em meu ventre, não mais... Quando acabava nossos rolês, Ingrid batia lá em casa no meio da noite e eu tinha que ir com ela para onde fosse. Todas as noites sem falta isso acontecia, caso saísse com seu marido. Ela me chupava querendo saber onde ele gozou em mim, parecendo um cão farejador e não deixava nem eu falar porque partia para agressão. Nas primeiras vezes revidei, mas quando LC foi preso tudo mudou. Ele me mandava ir para casa deles e assim fazia, era muito dinheiro que eu recebia para isso. Sempre queria ver nos duas em vídeos e até por chamadas, eu transava com ela com ele ali nos observando pela tela do celular. Quando tudo acabava e Leandro desligava, o meu sofrimento começava. Ingrid me deixava ali no quarto trancada e chamava os dois seguranças da sua casa para ir até lá, a vadia gostava de assistir. Era obrigada a foder com eles até o amanhecer, ela gravava enquanto se tocava vendo meu choro e meus gritos. Porque não teve um dia sequer que eu gostasse daquilo que fazia comigo. Comecei a me esconder junto com minhas drogas até Vinícius, um PM militar me adicionar no F******k por um acaso e de primeiro momento não respondi e ele insistiu dizendo que precisava de mim, que era importante. Tudo mudou, eu virei X9 em troca de dinheiro e a liberdade de LC, eles queriam aquela vadiä, eu conseguia fazer isso. Precisava do homem aqui fora para me proteger, me sentia segura com ele e talvez pudesse acreditar em tudo que Ingrid fazia comigo, nós ficaríamos juntos se isso acontecesse. Sentia raiva de Milena, eu odiava minha irmã gêmea e não era pouco. Poderia ter sido ela no meu lugar, ela era perfeita demais para passar por tudo que eu tive que suportar. Era ela quem meu pai chamava em cada estuprø, ela quem fazia tudo perfeito saindo com elogios de tudo e todos, eu só dava trabalho, era a filha rebelde e mal educada. Hoje Leandro saiu da prisão e Milena novamente fodeu comigo deixando aquela droga de bilhete, mas eu iria me vingar. Apanhei pra caralhø dele e ainda me deixou sem dinheiro já que eu não tinha mais nada em casa, eu sabia que devia pra boca e que iam abrir a boca quando ele saísse, mas meu chá era o suficiente para LC quitar minha dívida me deixando livre pra usar o quanto quisesse. Só assim eu conseguia suportar a dor que sinto. Minha raiva era tremenda que não percebi o exato momento que joguei o primeiro vaso na parede, logo após foram todas as coisas que pude erguer e jogar em qualquer lugar extravasando minha raiva. Caminhei até a cozinha decidida a tirar minha vida com um corte preciso, já sabia exatamente onde cortar de tanto que procurei formas de me suicidär. Foi vendo o bilhete que Milena deixou que tive uma brilhante ideia: pegar o dinheiro e fugir para um lugar longe disso tudo, começar do zero... Na hora que coloquei seus dados no meu celular para abrir sua conta, recebi uma mensagem de Vinicius. Whatsąpp on: — Mirela? Tá aí? — Fala Vinícius... — O LC foi solto né? Já tá no morro? Sabe o que ele tá fazendo agora? — perguntou e fiquei curiosa. — Não sei, porque quer saber? — questiono. — Da uma olhada nele aí, trás a boa pra nós que te mando 5mil agora pô — meus olhos brilharam com o calor citado. Vinícius sabia todos os passos da Ingrid no morro e dos seguranças dela, qualquer informação que eu dava era importante pra ele. Os pagamentos eram altos e valia o risco com as compras que eu fazia de pó. — Já te aviso — aviso e começo ir atrás das redes sociais a procura dele. Whatsąpp off. Foi desse jeito que assinei meu atestado de óbito, eu sabia que poderia acontecer e aceitei o risco quando entreguei todos os passos de LC com Ingrid. Eu só não contava como ele me deixaria esperançosa antes de dar o primeiro de muitos golpes em meu corpo já fragilizado pelo tanto de dias sem comer perdida em meu mundo fictício.LC (Leandro Caio) Reunido com os caras no bar do Joca a resenha rolava solto final de tarde. Precisava ir ver a Ingrid, mas tava afim de me estressar agora não, o surto dela já deveria estar pronto com o tanto de mensagem e ligação que me fez. Só mandei o segurança da nossa casa não deixar ela sair até que eu chegasse e era isso que ia ser feito. Não impediria de que falar pra caralhø quando me visse, mas eu tava pouco me fodendo pra falação dela e queria mermo era uma buceta nova pra me tirar da seca de dias que estava desde a última visita dela e de Mirela. Falar nessa filha da püta já me subia o ódio, era do caralho o que tava fazendo com sua vida virando uma viciada em pó. Mandei o Foguinho ficar de olho nela pra não sair, e qualquer coisa me acionar, e pelo visto tava suave que ele nem me procurou. Oz e Marreta se juntaram a nós na mesa do bar, cada um era acompanhado de uma mulher. Oz estava com Juliana, sua fiel de anos, e Marreta tinha arrumado uma loira gostosa pra brinc
Milena Fernandes O morro está silencioso e é estranho para mim ver tudo assim parado, tem um único bar aberto no caminho que faço sem ninguém dentro. Deve ser pela invasão que teve mais cedo, da última vez que entraram aqui lembro que levaram alguém de cargo alto preso e não teve esse silêncio todo, penso que pode ter tido alguma morte importante para os traficantes para estarem assim. Ainda na metade do caminho vejo um lampejo de fogo alto e de repente gritos começam a serem ouvidos avisando que é realmente um incêndio, alguma casa acabou pegando fogo no meio da noite. Continuo caminhando e passam algumas motos por mim com homens armados em cima delas, sinto arrepios no meu corpo tendo um pressentimento ruim. Paro um pouco tentando entender o que está acontecendo quando duas garotas vem na minha direção. — Falaram que ele jogou o corpo dela lá em baixo, tá irreconhecível — uma loira diz para a amiga atraindo minha atenção. — Vamos lá ver antes que levem pra enterrar lá em cima
Milena VargasTinha acabado de sair de uma loja com meu primeiro emprego no Rio garantido, era uma vida totalmente nova que estava levando aqui e justamente no segundo dia que chegamos já estava de carteira assinada. Precisava pegar um único ônibus que me deixava perto do Complexo da Maré onde atualmente morava com minha irmã, Mirela. Foi difícil sair do interior de Maceió para tentar uma vida nova aqui, nossos pais foram contra e queriam nossa permanência lá na cidade junto de todo restante da família. Eu bati o pé porque queria ter uma vida boa e lá eu sabia que não conseguiria ter, Mirela me apoiou nesse sonho e por isso a trouxe comigo, fora outros motivos. O trabalho foi dobrado como garçonete e atendente de padaria para poder pagar nossa viagem e moradia para uns meses. [...] Fazia uma semana que estávamos morando na Maré, não por escolha minha e sim, de Mirela que disse ser barato e que não teria riscos para nós duas. Eu confiava na minha gêmea e por isso não me opus. Conse
LC (Leandro Caio)Pørra. A Ingrid era totalmente loucona de achar normal eu querer comer outras mina mesmo casado com elas. Tinha batido o pé que podia continuar comigo se tivéssemos um acordo, que mina doida que fui arrumar?Tá ligado que bandido é bicho solto, né não? Não sou diferente de qualquer outro, mas nois tem um tempo que quer um carinho e um bagulho de romance pô. Foi numa dessas que casei com essa doidona. Ingrid era a mina mais gostosa do baile e eu tava com os menor da resenha, foi coisa de aposta quando colocaram cinco mil pra quem conquistasse a filha rebelde do pastor. Não deu outra, os cara foram pra cima e eu só curtindo de canto vendo como ela recusava cada um deles. Meu ego ficou gigante quando a vagaba subiu pro camarote com o meu melhor amigo, o Marreta. Já acostumado a dividir as marmitas comigo, e chegou logo me oferecendo ela, que não negou a proposta, mas papo era de conquista então neguei a püta. Falei na cara dela que só queria o bagulho entre nós dois,
LC (Leandro Caio) Eu sabia que essa pørra que a a Ingrid inventou não ia dar certo. Fazia umas horas que tinha chegado moradora nova e a primeira coisa que Ingrid fez foi ir conversar com a mina, o interesse dela foi enorme quando viu o espetáculo que Mirela é. Não deu outra e me apresentou no barzinho do Joca em um dia comum. A mina era uma perdição, gostøsa e muito simpática, nossa troca de olhares foi intensa desde o primeiro contato. Ingrid nos deixou sozinho ali e todo mundo já sabia que eu a traia, mas não comentavam nada tão na cara por mais que eu não me importasse com a fama de cornä dela, que só aumentava. Peguei um baldinho de cerveja e alguns petiscos para nos entreter durante a noite. O movimento do bar aumentava assim como nossa intenção, sentado do lado dela já tinha apertado sua coxa e subido a mão até sua calcinha aproveitando que estava vestindo uma mini saia. Comecei a reparar que ela não parecia nem um pouco desconfortável com a ideia de ficar com um homem ca
Leandro (LC) Quatro anos depois... Pørra! Finalmente estava saindo desse inferno que é o presídio. Não via a hora de retornar para casa e voltar na atividade. Com certeza quem tinha me colocado lá dentro ia pagar por isso, não ia deixar barato assim. Esses anos foi me servindo de aprendizado, cada vez que meu advogado entrava pra falar comigo era um pedido negado que recebia para diminuir minha pena ou aceitarem uma prisão domiciliar, já que meus crimes foram somente o tráfico. Algum filho da püta tava de traição no morro para isso acontecer, tinha acabado de sair deixar Mirela em casa no final da noite quando a invasão começou. Aquele dia estava com meu carro descendo o morro para ir até uma pizzaria, do nada bati de frente com uma viatura e os fogos estouraram. Não tinha o que fazer, ou me entregava, ou morria. Preferi seguir intacto, mas para meu azar tava com maconha no carro, não era muito, só que bastou para ir preso no artigo 33. Naquela noite ainda na delegacia com meu
Milena Fernandes Eu estava me sentindo realizada nesses quatro anos morando aqui no Rio, não tinha amizades e evitava sair para evitar os olhares tortos que eu recebia sem motivo algum, mas me sentia feliz. Estudei muito para poder abrir meu salão de beleza, já tinha até em mente um ponto que eu queria comprar na favela mesmo. Ouvindo sempre minha irmã dizer que as "monas" iam muito se arrumarem em salão porque na comunidade tinha os "bofes do tráfico" que bancavam elas, isso me encorajou a abrir meu espaço aqui no morro mesmo sendo só eu para fazer atendimentos. Então, a ideia já tava fixa na minha mente que eu abriria meu lugarzinho no morro e o dinheiro que tinha ia ser uma parte desse meu sonho. Guardei 20 mil reias trabalhando direto, sem folgar muito e fazendo muitas horas extras como vendedora aqui no shopping. O meu trabalho era tranquilo com a equipe toda, mas os atendimentos começaram a cair drasticamente depois de um tempo e uma boa parte dos funcionários foram demiti