Capítulo 2
Inicio do meu pesadelo Fernanda conseguiu agendar a biopsia pra mim com o médico amigo do pai, dela deixei tudo marcado pois era na cidade vizinha e Fernanda me acompanhou. Jean está em Londres e as crianças ficaram com dona Rute, minha sogra. Falei que precisava de dois dias para uma viajem, para conversar com meu agente literário sobre a Bienal, e ela ficou feliz em ajudar, assim vim "tranquila" até onde essa palavra se cabe em uma situação dessa... "Vai ser benigno e vai ficar tudo bem!" Eu repetia pra mim mentalmente como um mantra, que mais do que nunca eu precisava que funcionasse... Mais uma vez ouvi meu nome ser chamado me enchi de coragem e esperança e entrei naquela sala! A biópsia de mama nada mais é que um exame que retira fragmentos de tecido da mama para análise em laboratório. O procedimento é realizado no consultório, com anestesia local, e demora por volta de 15 minutos. Para fazer a biópsia, o médico aplicou uma anestesia na região da mama, e Inseriu uma agulha na região já anestesiada, retirou um pedaço de tecido do nódulo , retirou a agulha e enviou a amostra de tecido para o laboratório sempre muito atencioso e explicando o passo a passo... -Aqui está tudo certo, o Doutor pediu desculpa por não estar aqui hoje, para acompanhar a pulsão, mas teve um problema com a filha, em dez dias mais ou menos chega o resultado e ele já vai estar no aguardo para encaixar a consulta, recomendo um repouso de pelo menos 24 horas. -Está bem, obrigada... Falei meio sem jeito, logo saí com Fernanda, e fomos pro hotel que reservei para descansar, liguei para as crianças conversei um pouco com elas, tentei ligar para o Jean mas ele não atendeu deve ser pelo fuso, eu estou extremamente sonolenta imagino que são efeitos da anestesia, e logo adormeço. Acordei de madrugada assustada, e demorei algum tempo para perceber onde estava. Imediatamente me vi tão sozinha, e deixei algumas lágrimas de ansiedade e tensão de tudo que estou passando sozinha... As lágrimas molham minha face e logo meu travesseiro, vejo algumas fotos das crianças, imagino o futuro deles talvez sem mim, enquanto meu peito aperta e minha garganta sente o licor amargo que sobe do meu estômago embrulhado pelo nervosismo... Tento dormir novamente rolando pela cama sem sucesso, vi o sol entrar tímido pelas frestas da grande janela de vidro. Me levantei e fui até ela puxando o tecido de cor creme, tapando as frestas e escurecendo o quarto novamente... Adormeci por fim de pura exaustão, não sei quanto tempo passou mas fui acordada com batidas na porta. Vesti um roupão e fui até lá era Fernanda. -Você não desceu tomar café, agora precisa almoçar, bora, bora, bora Dona Gisele. -É hora do almoço já? Caramba! Dei espaço para ela entrar e fui indo pro banho, tomei um banho rápido, e desci com ela para almoçar comi alguns vegetais e frango mesmo com um buffet enorme na nossa frente, a ansiedade por respostas tem cobrado caro de mim... -Gisele, você tem que parar de sofrer por antecedência, pare com isso. Ela fala segurando minha mão a mesa, dou um sorriso sem graça o melhor que pude... -Eu estou tentando Fernanda, o máximo que eu posso... Estava um calor muito forte e passamos o resto do dia pela area da piscina optei por voltar amanhã pela manhã já deixei o hotel reservado pra daqui 15 dias, e logo pela manhã seguimos pro aeroporto. Chegar casa e ver meus filhos brincando me causou um misto de sentimentos tão grande que tive que me controlar para não chorar mais uma vez, as lágrimas tem brotado com extrema facilidade nos últimos dias. -E o papai falou com vocês? -Não, a gente tentou ligar de vídeo com a vovó mas ele não atendeu. Acho estranho demais as atitudes que o Jean vem tomando mas não tenho cabeça para isso agora. -Minha querida vou ficar essa semana por aqui se estiver tudo bem e não for te atrapalhar, estou te achando tão pra baixo, garanto que está trabalhando demais. -Dona Rute nossa casa é sua casa, pode ficar o tempo que quiser, realmente os últimos dias estão bem pesados para mim... -Vai descansar minha querida eu arrumo as crianças pra escola e peço que levem almoço no quarto pra você. -Eu vou aceitar dona Rute e a noite podemos sair comer pizza o que acham? Falo olhando para as crianças que pulam de alegria... Beijo seus rostinhos várias vezes e subo pro quarto tomo um banho longo e quando saio almoço já estava na mesa da sacada, tirei a tampa e vi que foi feito por dona Rute, ainda me lembro a primeira vez que ela fez pra mim quando contei que minha mãe fazia e eu sentia falta, dona Rute sempre me acolheu como filha, e isso é tão importante na minha vida... Olhei aquele delicioso prato de de creme de milho com peito de frango e arroz branco e surgiu uma fome que eu nem sabia que sentia. Me trás muita saudade a cada garfada que dou, perdi minha mãe pra mesma doença que vou enfrentar e logo após perdi meu pai que morreu de tristeza se culpando por ter pedido ela, o amor dos dois era o que eu almejava pra minha vida mas... Comi com gosto raspando o prato, estava delicioso, ter ela por aqui essa semana vai ser muito bom... Me animei um pouco e fui para o estúdio escrever, estou fazendo um livro de fantasia sobre um vampiro e estou perto de finalizar para a Bienal, mesmo que eu não vá, o livro precisa ir! Me perdi mas horas pois escutei o barulho das crianças no corredor e vou até lá abrir a porta. -O que esses pequenos seres estão fazendo na minha porta... Pego os dois e encho de cócegas, os dois riem muito até quase ficar sem ar me sento no chão com eles que logo começam a falar: -Mãe é 19:00 que horas vamos na pizzaria? Realmente perdi a noção do tempo. -Vamos já, vamos chamar a vovó? -Simmm! Vou até o quarto da dona Rute e as crianças acabam abrindo sem bater, ela estado no celular e parecia muito brava, fiquei sem graça e repreendi as crianças. Ela desligou o celular e veio até nós. -Está tudo bem são problemas na reforma do sitio, está tudo bem com vocês? -Sim viemos te chamar para ir na pizzaria. -A só vou pegar uma casaco estou pronta já. -Eu vou pegar casacos para as crianças e para mim encontro vocês lá em baixo. Eles vão com dona Rute, e sigo até o quarto pegar o meu casaco, meu celular tocou com uma mensagem de Jean. "Vou precisar ficar mais dez dias" Tentei ligar mas ele não me atendeu... Isso está cada vez mais estranho!Capítulo 3DecepçãoAlguns dias depoisForam raros os dias que consegui falar com Jean desde que ele viajou, me ligaram da clinica que meu exame está pronto vou viajar novamente pra minha sorte dona Rute continua conosco. -Eu vou ficar uns tres dias no máximo dona Rute. -Leve o tempo que precisar minha filha, não há muito prazeres na vida de uma velha como eu e com certeza ficar com meus netos é o maior deles.Ela beija minha testa e me abençoa e mal sabe ela o quanto sua benção nesse momento é importante pra mim...Fernanda mais uma vez está me acompanhando estamos indo cedo porque a consulta é as 18:00.Não quero correr riscos de me atrasar. -Vai ficar tudo bem Gisele, eu sei que vai!Ela segura minha mão me passando força e eu respiro fundo tentando realmente acreditar.Ao chegarmos em Curitiba deixamos tudo no hotel, almoçamos, comprei alguns presentes para as crianças que eu prometi que levaria, e seguimos pro hospital.As ruas estavam um caos estava chovendo muito e ventan
Capitulo 4Contando aos meus filhos.Isso explica a distância dele Day tinha enviado uma foto nua, e as mensagens acima estavam revelando a verdade escondida, Jean estava me traindo...Me traindo com essa mulher muito mais nova que ele, ela deve ter uns 20 anos no máximo...Eu não sei nem como agir diante disso, não sei se o confronto, se consigo continuar ao lado dele e focar no meu tratamento eu juro que não sei o que fazer, sinto meu corpo todo tremer são tantos anos juntos, isso terminou de quebrar o que ainda tinha inteiro dentro de mim.Não eu não vou conseguir acordo ele empurrando na cama e ele acorda assustado gritando: -O que houve? -O que houve Jean, o que houve? Você está me traindo a quanto tempo com aquela ninfeta loira Jean, justo agora que eu tanto preciso! -Do que está falando Gisele?Joguei o celular na cara dele aberto na foto dela, ele olha e tenta se fazer de desentendido. -Ela deve estar bêbada Gisele. -Não se fassa de sonso Jean, eu li a sua conversa!
Capítulo 5A cirurgiaEvito Jean, não tenho espaço pra esse dilema agora primeiro vou fazer minha cirurgia depois penso no nosso casamento.Mas na manhã de viajar ele me tranca no quarto tentando resolver tudo... -Por favor Gisele pelos anos que estamos juntos eu não posso deixar você ir sem me perdoar, eu fui fraco mas isso nunca tinha acontecido antes eu juro pra você. -Jean eu não tenho cabeça pra isso agora depois falamos sobre isso por favor respeite meu momento. -Eu quero estar lá com você por favor não me afaste agora, podemos resolver depois mas me deixe estar com você agora.Olho pra ele e sei o quanto vou precisar de apoio e mesmo com a cabeça cheia aceito que ele vá comigo. -Tudo bem, pelos nossos filhos e pelo tempo que estamos juntos, mas a nossa conversa ainda vai acontecer só não tenho psicológico pra isso agora. -Obrigada querida eu vou estar do seu lado.Ele tenta me beijar mas não consigo a imagem da garota nua e as mensagens trocadas ainda estão fortes na
Capítulo 6 Rodrigo Ferrão Minha filha meu Deus ela não pode ter feito isso de propósito ela não pode que lixo de pai eu sou? Chego em desespero em casa junto com a ambulância. Ela estava lúcida ainda mais extremamente sonolenta. -Filha como está se sentindo? -Agora eu vou ter sua atenção posso ser sua paciente? Ela fala e desmaia. Neide me entrega o frasco de remédios que ela havia ingerido eram meus calmantes eu devia ter escondido... Voltamos correndo pro hospital mas me barram mesmo sendo medico tenho limites e como pai preciso deixar que eles façam o impossível por ela a ética não me permite continuar dali como médico agora sou apenas o pai. Sei todos os procedimentos que eles faram sei da demora mas nada disso me deixa menos desesperado questiono Deus infinitamente. -Eu estava salvando uma vida, e o senhor quer tirar de mim a única coisa que me importa? -Não eu não aceito, deixa minha filha comigo eu não sou nada sem ela, você já levou minha mulher, eu não
Capítulo 7 Gisele Bitencourt Acordei era madrugada já voltando da cirurgia acordei assustada no quarto a meia luz uma dor forte me invadiu e demorei alguns segundos para me lembrar onde eu estava, tentei levar a mão aos meus seios, mas ainda não estava sentindo bem meu corpo... Fernanda estava adormecida na poltrona e claro nem sinal do Jean por aqui. -Amiga você acordou, como está se sentindo? Apontei que queria água, minha garganta estava seca demais para responder. Ela me deu água com um canudo, até o ato de sugar parecia que machucava por dentro. Aos poucos fui me recompondo e pude falar que estava bem apesar da dor forte. A enfermeira me medicou e logo adormeci novamente. Quando a luz do sol entrou no quarto acordei e pedi que Fernanda fosse descansar, ela não aceitou disse que ia apenas tomar café, e foi estava com olhos fechados pensando em tudo que estou passando quando senti alguém entrando e ao abrir os olhos era o Doutor Rodrigo. Ele me examinou conversou comigo
Capítulo 8 Rodrigo Ferrão Me despedi de Julia ontem ela pediu muito que queria ir para o sitio se afastar da cidade então achei que poderia ser bom pra ela esse voto de confiança, coloquei cyber detetives para descobrir quem enviou aquelas mensagens pra ela, preciso saber quem rodeia minha menina. Hoje estou indo pra Itararé para cuidar de perto da quimioterapia da Gisele, eu gosto de sempre estar vendo tudo de perto com meus pacientes mas o caso dela me comoveu demais ela tem a idade que Lilian tinha quando começou a lutar com o mesmo câncer, e imagino que seja isso que está me deixando tão em cima o que não consegui fazer por Lilian eu vou fazer por ela, ela precisa ter uma vida longa com seus filhos seu marido e sua família, era com certeza o que a Lilian ia querer. -Que bom que chegaram, é muito bom ver vocês novamente, está tudo pronto podemos começar Gisele? -Bom dia Doutor Rodrigo vamos começar estou um p
Capítulo 9Rodrigo Ferrão Depois das 4 primeiras sessões e de ter ficado muito mais próximo de Gisele, preciso me afastar...Esse é o momento em que preciso controlar minhas próprias emoções, não misturar as coisas relembrando sobre o que passei com Lilian, porque sei o quanto ela precisa da minha firmeza. Faço um aceno sútil, e volto ao meu posto, onde posso observa-la e ao mesmo tempo dar espaço para que ela converse com Fernanda.Fernanda se inclina para Gisele, e vejo que fala algo para a amiga. Uma frase de conforto, algo que provavelmente só as duas entenderiam. Gisele então encosta a cabeça no ombro de Fernanda, talvez exausta, talvez aliviada por ter alguém tão próximo.Saio da sala por alguns minutos, para organizar as próximas etapas do tratamento e verificar com a equipe.Mas minha mente continua com Gisele e com as palavras que trocamos mais cedo. Ela me faz lembrar de uma promessa que fiz a mim mesmo, de que eu daria tudo que pudesse para aliviar o caminho de pacientes
Capítulo 10Gisele São alguns meses de quimioterapia, vejo Ferrão poucas vezes agora e cada dia mais minhas forças parecem estar me deixando.Não comentei nem com Fernanda o que ouve ou melhor quase ouve.Coloquei na minha mente que foi a minha solidão falando mais alto, e tentei afastar qualquer sentimento que eu sentia por ele, isso nunca poderia ter acontecido.Estou me preparando a princípio, para última quimioterapia o que devia estar me deixando feliz, mas estou tão exausta que mal raciocino que talvez seja o fim dessas dores e reações que estão acabando comigo.Meu motorista estava esperando pra me levar pois já não tenho conseguido dirigir.Dona Rute está morando conosco, e Jean a meses não procura nem pelas crianças...Quando cheguei no hospital entrei direto pro quarto de costume onde aplico as injeções.E aguardo por Ferrão alguns poucos segundos. -Bom dia Gisele animada para a última aplicação? -Doutor Ferrão sinceramente não sei te responder isso...Enquanto ele engo