Meu querido Doutor (Nos braços da minha esperança)
Meu querido Doutor (Nos braços da minha esperança)
Por: Ravena
A descoberta

Capítulo 1

A descoberta

Estou aqui, e acho que talvez,no dia mais difícil da minha vida, a espera por esses resultados tem me feito repensar em tanta coisa.

Não tive coragem ainda de contar a ninguém, eu quero ter certeza antes de mais nada, não quero assustar minha família com algo que talvez nem exista...

-Gisele Bittencourt.

Ao ouvir meu nome dito pela secretária, levanto e vou a passos largos até o consultório da Doutora Fernanda.

Ela é minha ginecologista desde a gravidez da Lívia e lá se foram 10 anos já, mais do que médica já somos amigas.

-Oi Gi como está se sentindo hoje?

-Ansiosa amiga muito ansiosa...

-Então vamos lá vamos desvendar isso logo!

Ela pega os papeis e começa a olhar eu sentia meu corpo todo gelado, as minhas mãos estavam suando, as sequei esfregando nas calças jeans de lavagem clara o que agora me pareceu uma péssima idéia ao ver as marcas nela agora.

Olhei para Fernanda e comecei a perceber o semblante dela mudar.

Ao me olhar, antes de despejar os resultados sobre mim, já senti a onda do choro involuntário ir me tomando.

-Precisamos fazer uma biopsia mas...

-Não Fernanda, isso não está acontecendo eu tenho dois filhos pra criar eu não posso morrer!

Falo tão alto estava tão sufocada que Fernanda veio até mim, se ajoelhando em minha frente segurou minhas mãos e tentou me amparar.

-Vamos fazer o tratamento eu vou estar do seu lado, o meu pai tem um amigo oncologista que é o melhor do Brasil, você vai passar por isso e vai ser mais uma vitória.

-Fernanda e se eu...não conseguir?

-Você vai sim, nem ouse pensar nisso!

Fico ali em de inercia quase total se não fosse sacudida pelo choro que não consegui engolir, não, dessa vez eu desabei, Fernanda me abraçou me amparando por algum tempo até que as lágrimas foram cessando...

-Você quer que eu te leve em casa?

-Não eu vou caminhando preciso pensar em como falar isso com o Jean, e com as crianças.

Só de pensar em como contar isso a eles meu peito parece se esmagar dentro de mim.

-Eu vou pedir pra Malu agendar com o Doutor Ferrão e agora falo como sua amiga, eu vou estar com você a cada passo me entendeu?

-Vai enjoar de me ver!

-Obrigada Fer...

Minha voz saiu no automático em agradecimento, minha casa era a umas 10 quadras dalí, saí caminhando olhando tudo ao meu redor, os cachorros correndo pelo parque, as crianças brincando animadas, tudo me parece com um peso diferente agora o tempo parece não existir mais, a gente sempre pensa, ainda temos tempo, vamos viajar no ano que vem, vamos visitar um amigo um outro dia, e esse deixar para depois de repente pode não existir mais...

-Oi dona Gisele, a senhora está bem?

Ernesto, o porteiro do condomínio me perguntou e eu nem sabia o que responder eu estou possivelmente prestes a morrer o que eu respondo quando me perguntarem isso?

Apenas passei reto sem o responder, ele deve estar me achando uma grossa mal educada mas sinceramente não consigo nem pensar nisso agora...

Caminhei até nossa casa, três andares de um luxo que não vai valer de nada, sou escritora de livros de fantasia, tenho estado no top 3 nos últimos 5 anos no Brasil e nos 10 mais do mundo, mal tenho tempo para respirar engatando entre uma obra e outra e agora de que isso tudo valeu?

Na sala vejo Livia brincando com o Luan e tento ficar em silêncio olhando o máximo possivel e gravando aquela imagem na minha mente.

-Mamãe!

Luan grita ao me ver e corre até mim, Luan veio pra nós depois que eu tive uma perca ainda no inicio da gravides antes dele, Luan é meu bebê arco íris, ele vai fazer três anos mês que vem, e a m*****a sensação de que esse talvez seja o último aniversario dele que eu esteja presente me trás a onda de choro novamente.

-Mãe, porquê está chorando?

Lívia se aproximou rapidamente de mim ao ne ver chorando.

-Não é nada minha florzinha, mamãe estava pensando num personagem do livro, não é nada está bem meu amor.

-E o papai?

-Está lá em cima ele disse que tinha uma reunião por vídeo.

-Ok filha vão brincar mais um pouco, vou ver o papai e já volto para almoçarmos.

-Está bem mamãe.

Lívia não parece ter acreditado no que eu disse sobre o personagem minha filha já está uma mocinha afinal...

Com o peito queimando sigo até o terceiro andar onde é o escritório do Jean, ele trabalha com assessoria, e tem alguns clientes internacionais.

Dei três batidas na porta e sem resposta fui entrando.

Ele estava em chamada e fez sinal que eu esperasse.

Me encostei na porta e observei ele falando em inglês extremamente simpatico e cheio de charme...

Ao terminar a chamada e se despedir me sentei a sua frente como se eu estivesse em uma reunião com meu proprio marido.

-Vou ter que viajar pra Londres semana que vem...

Ele fala antes que eu pudesse dizer algo.

E com isso decido que não devo falar ainda, vou esperar até ele voltar.

-Certo amor e ficará quanto tempo?

-O quanto precisar Gisele, é algo na casa dos milhões não posso deixar Eva na mão.

-Claro você tem toda razão.

Ele nem percebeu que tinha chorado, ele mal me olhou na verdade, estava concentrado no notebook a sua frente...

Guardei seu rosto na minha memoria caminhei de novo até a porta, e me voltei pra ele novamente falando:

-O almoço está quase pronto vamos descer, almoçar em família?

-Não posso agora, podem comer pra não esfriar.

Não falo mais nada apenas saio com a sensação de vazio ainda maior dentro de mim, almoço com as crianças e não mando eles pra escola, passamos a tarde toda comendo bobagem assistindo desenho e brincando...

Quero guardar todos esses momentos pra quando eu precisar de força sei que tirarei deles...

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