Capítulo 5

A cirurgia

Evito Jean, não tenho espaço pra esse dilema agora primeiro vou fazer minha cirurgia depois penso no nosso casamento.

Mas na manhã de viajar ele me tranca no quarto tentando resolver tudo...

-Por favor Gisele pelos anos que estamos juntos eu não posso deixar você ir sem me perdoar, eu fui fraco mas isso nunca tinha acontecido antes eu juro pra você.

-Jean eu não tenho cabeça pra isso agora depois falamos sobre isso por favor respeite meu momento.

-Eu quero estar lá com você por favor não me afaste agora, podemos resolver depois mas me deixe estar com você agora.

Olho pra ele e sei o quanto vou precisar de apoio e mesmo com a cabeça cheia aceito que ele vá comigo.

-Tudo bem, pelos nossos filhos e pelo tempo que estamos juntos, mas a nossa conversa ainda vai acontecer só não tenho psicológico pra isso agora.

-Obrigada querida eu vou estar do seu lado.

Ele tenta me beijar mas não consigo a imagem da garota nua e as mensagens trocadas ainda estão fortes na minha mente...

Lá em baixo me despeço das crianças e da Dona Rute que estava segurando o choro.

-Dona Rute eu sei que não quer ouvir isso, mas eu preciso falar.

-Se algo acontecer eu te peço com todo meu coração cuida das crianças pra mim, não imagino ninguém que possa fazer isso no meu lugar além da senhora.

-Minha filha você vai criar seu filhos, até ficarem adultos, vai conhecer seus netos, não pense uma bobagem dessa, e vá despreocupada pois estarei aqui com eles pelo tempo que for preciso, e saiba que eu te amo como uma filha, e não há nada que possa acontecer no mundo que mude isso.

Ela me deixa emocionada e me abraça apertado, a mal sabe ela o quanto eu precisava disso.

Beijo as crianças e abraço como se fosse a última vez, e seguimos pro nosso destino, Fernanda está me acompanhando largou tudo pela proxima semana para ficar comigo, isso não tem o que pague pra mim...

Algumas horas depois estamos chegando no hospital dou entrada no meu internamento a cirurgia está programada para as 15:00 então estou apenas aguardando agora.

Assim que o Doutor Ferrão vem conversar comigo tenta me deixar tranquila explica tudo que vai acontecer detalhadamente e presto total atenção.

E em pouco tempo estou na sala de cirurgia sendo anestesiada e tudo vai começar...

-Conte comigo Gisele 10...9...8...7...6...5

Doutor Rodrigo Ferrão

Hoje tenho uma cirurgia extremamente delicada para fazer e estou me preparando quando escuto Julia batendo as portas da casa.

-O que foi agora Julia?

-Eu não encontro meu tenis azul.

-E isso é motivo para bater tudo minha filha?

-A mamãe saberia me dizer onde está...

Faz três anos que minha esposa faleceu, e enfrentar a adolescência da Julia hoje com 14 anos sozinho não tem sido fácil, fora as crises de ansiedade que ela tem tido e mal tenho tempo pra cuidar dela, tenho cada vez menos pegado casos sérios, mas o de hoje foi um pedido especial de um grande amigo uma mulher tão nova e em um estado critico de câncer de mama.

-Bom minha filha...

Respiro fundo antes de continuar...

-Se a Neide não pegou para lavar use outro, usar outro tenis não é 9 fim do mundo...

-Eu quero o azul pai...

-Bom eu preciso ir, volto tarde pede algo para comer mais tarde está bem?

-Neide você pode posar hoje?

-Claro seu Rodrigo.

Me aproximei de Júlia para me despedir e fui saindo.

-Pai posso trazer a Jessica para dormir aqui hoje?

-Claro filha, eu te amo até mais tarde.

Saio rapidamente chego no hospital em alguns minutos e começamos a preparar tudo assim que me informam que a senhora Bitencourt está internada vou até o seu quarto.

-Boa tarde como está se sentindo hoje Gisele?

Vejo o homem que está no quarto me observar em silêncio.

Acalmo ela o máximo que posso e tento dar todas as informações que ela precisa, Fernanda que é amiga dela e filha do meu grande amigo Fontana, está com ela além desse homem que imagino ser o marido.

Após deixar tudo o mais claro possível me retiro para terminar tudo para que a cirugia possa começar.

Logo ela está sendo anestesiada e posso enfim começar...

Ao abrir sua mama direita o que eu temia estava visivelmente em minha frente, estava enraizando já em termos leigos.

Retirei o máximo que pude e vou contar com a quimioterapia para salvar essa mulher.

Tentei deixar o que sobrou o mais perfeito possível, pois mais para frente ela poderá colocar uma prótese se assim quiserem.

Fiz toda a limpeza e acabou demorando um pouco mais do que eu pretendia, estava começando a fechar quando a pressão dela começou a subir me deixando preocupado, não posso demorar mais e nem aumentar o tempo de anestesia, a pressão subia, fechei o mais rápido que pude e ela teve uma parada cardíaca foi ai que tudo piorou...

Consegui estabilizar a pressão mas tive que sedar ela de novo pois não teria tempo hábil de fechar a cicatriz.

Quase esqueci como se respirava pelo susto de ouvir pelas maquinas que ela poderia não aguentar...

Após finalizar a levei pra UTI para o observação, e fui avisar ao marido e a Fernanda como foi a cirurgia encontrei o marido na recepção falando animado ao telefone o que me deixou pensativo...

-Fernanda a cirurgia correu bem, tive umas pequenas intercorrências mas ela está estável na UTI em observação.

-Obrigada Rodrigo eu sabia que você era a pessoa certa para cuidar dela.

-Posso ver minha esposa?

-Apenas quando ela sair da UTI por hora ela está em observação.

-Ok vou avisar meus filhos que correu tudo bem.

Aceno com a cabeça e saio em direção a minha sala preciso de um banho e me trocar para ir pra casa volto pela manhã para ver como ela está...

Quando saio do banho meu celular está tocando uma ligação de casa.

-Neide está tudo bem?

Ao ouvir as palavras de Neide me visto e saio correndo em desespero isso não pode estar acontecendo...