Capítulo 14GiseleDepois que Rodrigo foi embora, passei o dia pensando em como seria o beijo dele, que bobeira eu sei, mas acho que depois de ver a morte tão de perto a gente quer tudo mais imediatamente não é mesmo?Passei o dia deitada no quarto assistindo desenhos com as crianças, dona Rute precisou ir pra casa resolver alguns problemas por lá, mas tenho a Célia e a Fernanda pra me ajudar com eles, até que ela volte.Estava cochilando quando meu celular tocou, já era tarde então imaginei ser o Rodrigo e atendi sem olhar a tela. -Alô! -Me atendeu finalmente. -Jean?Olho pra tela era um número desconhecido. -Tive que trocar de número pra que né atendesse Gisele? -O que você quer Jean? -Quero avisar que vou pegar a outra casa que temos aí no condomínio, quero ficar perto das crianças e nada mais justo já que você está com a nossa casa principal. -Certo assim que você assinar o divórcio pode vir pegar a chave, mas achei que ia morar na Inglaterra já que está com a rainha
Capitulo 15Rodrigo Ferrão Corri o mais rápido que pude até o quarto da minha menina, mas era apenas um pesadelo, ela se batia na cama, e gritava com certeza tudo que houve hoje foi traumatizante ao extremo pra ela. -Filha acorda meu amor, acorda Julia por favor papai ta aqui!Ela não estava acordando, e até lagrimas escorriam por seu pequeno rosto fazendo meu peito queimar de dor ao ver ela assim.Com muito custo ela foi despertando e sentou rapidamente na cama em um sobressalto, e rapidamente segurou as pernas contra o peito. -Pai voce está bem? -Filha voce está bem? É só isso que importa!Julia me abraça apertado, e desaba de vez, chorando era uma mistura de alívio e dor...Ficamos ali juntos por um bom tempo e eu não conseguia pensar em nada mais a não ser ficar ali com ela.Adormeci no quarto dela e pela manhã acordei ela devagar, para saber se ia querer ir pra escola.E mesmo que eu ache melhor que ela não vá, aceitei sua decisão em querer ir.Preparei nosso café e a levei,
Capítulo 16Olho para aquele homem barbado à minha frente e sinto a raiva me tomar, imaginando o que seria dos meus filhos se dependessem dele, um completo irresponsável. -Jean onde foi parar seu Juízo? E se as crianças dependessem de você? E a criança que vai nascer e agora vai depender... -O que está falando também tem torrado dinheiro que eu sei. -Tenho claro que tenho, com remédios, com médico, com hospital, com tratamento seu idiota!Sinto uma leve tontura ao ouvir todas essas baboseiras, fico massageando minhas têmporas tentando aliviar a dor alucinante que me veio de repente.Vejo Clarisse minha advogada de longa data olhar para nós sem saber como reagir. -Bom, os inquilinos já saíram da casa, e como está mobiliada pode entrar para morar, mas apenas você, se eu souber que levou a ninfeta para dentro da casa, mando te arrancar de lá, e é isso que posso fazer por você, aliás pelas crianças você não merece nada disso.Sinto que vou desabar a qualquer segundo, essa casca dur
Capítulo 17Acordo com a luz do amanhecer entrando pelas cortinas do hotel, e por um momento, me permito apenas esquecer de tudo, dos problemas, da raiva, das incertezas.Sinto o calor do corpo de Rodrigo ao meu lado, e lembro da noite que tivemos. Do sexo se repetindo durante a madrugada a dentro.Uma loucura. Sim, uma loucura deliciosa, mas ainda assim, uma loucura. Eu deveria ter voltado para casa com as crianças, para a rotina e as responsabilidades. Em vez disso, segui um impulso incontrolável, e agora, estou aqui.Olho para ele dormindo, seu rosto sereno, e penso no quanto tudo isso parece tão... surreal. Como se, por algumas horas, o peso do mundo tivesse desaparecido e eu pudesse ser apenas Gisele, uma mulher apaixonada, e não Gisele, mãe, esposa, aliás ex-esposa, e principalmente paciente dele. O peito aperta ao pensar que isso é passageiro, que essa fuga só pode durar até que ele desperte, ou pior, até que a realidade bata à porta.Respiro fundo e
Capítulo 18Estava prestes a subir, aproveitando o raro momento de tranquilidade com meus filhos, quando o interfone tocou. Suspirei, sentindo um aperto no peito, e atendi, já imaginando que aquela paz estava prestes a ser rompida. -Dona Gisele, aqui é o porteiro, o senhor Jean está tentando entrar com uma mulher, mas lembro que a senhora deu instruções para barrá-lo.Meu coração acelerou de raiva e indignação. Eu não podia acreditar que Jean havia mesmo tido o descaramento de tentar trazer a garota, a mesma que ele havia engravidado e por quem havia colocado tudo a perder, para dentro do condomínio. Senti o sangue ferver. Ele sabia muito bem das minhas condições, e ainda assim parecia querer me confrontar de propósito. -Ela está no carro com ele?Perguntei, tentando manter a voz calma. -Sim, eles estão juntos, e ele está insistindo que tem direito de entrar, já que é o pai das crianças e tem duas casas aqui. Quer que eu c
Capítulo 20Após a leveza de uma noite cheia de revelações. Rodrigo havia se aberto, e pela primeira vez, percebi o quanto nossos mundos, apesar das diferenças, estavam repletos de dores e de força. Ele havia enfrentado tanto com a filha, um trauma que qualquer pai poderia temer, e mesmo assim, ao me olhar, ele escolheu confiar em mim. Isso me tocou profundamente.O cheiro de café recém-passado me trouxe uma sensação de lar, um conforto que só quem nos conhece bem poderia proporcionar. Dona Rute, com seu carinho sempre presente, estava ali na cozinha, como se adivinhasse que eu precisaria dela...Me sentei na bancada, enquanto ela pousava a xícara na minha frente, seu olhar atento e gentil. -Fale, filha. Desabafe, você parece ansiosa!Tomei um gole de café, buscando coragem, e sorri para ela, tentando aliviar a tensão. -Dona Rute, tem algo muito importante que eu preciso falar, mas… eu sinceramente não sei por onde começar. Ela
Capítulo 19Senti uma certa inquietação em casa. Depois do confronto com Jean e da tranquilidade passageira de ter finalmente colocado ele em seu devido lugar, as memórias do momento que estive com Rodrigo, a segurança que ele proporcionava, vinham à mente com força. Porém, um ponto ainda pairava sobre meu coração: o fim de semana em que ele sumiu, me deixando no vácuo o que houve pra isso?Para minha surpresa, o celular vibrou com uma mensagem dele:**"Oi, Gisele. Podemos conversar? Eu gostaria de vê-la hoje à noite, se puder, vou até aí."**Sentindo um misto de ansiedade e vontade de esclarecer tudo de uma vez, respondi rapidamente, combinando o horário. Assim que ele chegou, notei que Rodrigo parecia mais sério do que o habitual, com um olhar de preocupação que ele raramente deixava transparecer. -Gisele, precisamos conversar sobre muitas coisas. Sinto que preciso deixar tudo o mais claro possível e quero ser honesto com você.
Capítulo 21 A tensão no consultório era palpável. O silêncio se estendeu por longos segundos enquanto Rodrigo analisava os resultados. Fernanda apertava minha mão, e eu mal conseguia respirar, com o coração pulando dentro do peito de ansiedade.Rodrigo ergueu o olhar e sorriu, aquele sorriso que eu já conhecia e que trazia uma sensação de paz e alívio sempre.Ele se inclinou um pouco, como se quisesse deixar o momento ainda mais especial e confidencial, e disse, com a voz suave e emocionada: -Gisele, você venceu. O resultado está limpo, sem vestígios da doença. Você venceu o câncer!Meus olhos se encheram de lágrimas imediatamente. O mundo parecia parar, e em meu peito explodiu um alívio que eu nem sabia ser possível. Fernanda soltou minha mão e me envolveu em um abraço apertado, enquanto eu ainda tentava processar o que acabara de ouvir. Eu estava livre, finalmente. -Eu... eu não sei nem o que dizer, Rodrigo. -Só... obrigada.