Medo absoluto

Capítulo 6

Rodrigo Ferrão

Minha filha meu Deus ela não pode ter feito isso de propósito ela não pode que lixo de pai eu sou?

Chego em desespero em casa junto com a ambulância.

Ela estava lúcida ainda mais extremamente sonolenta.

-Filha como está se sentindo?

-Agora eu vou ter sua atenção posso ser sua paciente?

Ela fala e desmaia.

Neide me entrega o frasco de remédios que ela havia ingerido eram meus calmantes eu devia ter escondido...

Voltamos correndo pro hospital mas me barram mesmo sendo medico tenho limites e como pai preciso deixar que eles façam o impossível por ela a ética não me permite continuar dali como médico agora sou apenas o pai.

Sei todos os procedimentos que eles faram sei da demora mas nada disso me deixa menos desesperado questiono Deus infinitamente.

-Eu estava salvando uma vida, e o senhor quer tirar de mim a única coisa que me importa?

-Não eu não aceito, deixa minha filha comigo eu não sou nada sem ela, você já levou minha mulher, eu não posso sobreviver sem minha filha!

Eu me vi revivendo a notícia da morte da Lilian um milhão de vezes, eu não sou capaz de passar por algo assim novamente eu não posso perder minha menininha, eu não posso...

Vejo meu colega Fabrício que é o plantonista da noite vindo pelo corredor e vou de encontro a ele implorando por notícias.

-Fabricio por favor me fale como ela está?

-Calma Rodrigo, fizemos a lavagem não foram tanto remédios apesar da sonolência graças a Deus ela está fora de risco, mas temos que conversar, ela precisa de acompanhamento.

-Ela faz desde que a Lilian faleceu.

-Então eu vou recomendar que passe ela na psiquiatra, e não apenas terapia, ela precisa de um acompanhamento mais específico.

-Eu farei isso, mas agora eu posso ir ver minha filha?

-Claro vamos sim, vamos lá, ela está em observação.

-Obrigada Fabrício.

Ele da dois tapinhas nas minhas costas e sigo pelo corredor com ele Julia estava dormindo quando entrei e foi inevitável o peso das lágrimas me tomaram.

-Minha filha, nunca mais faça isso eu te amo tanto, você é unica razão de eu estar de pé ainda...

Me sento ao lado dela Fabrício me entrega algumas receitas e encaminhamentos e ela vai ficar em observação por 48 horas.

Peguei a bolsa dela que a Neide trouxe e o celular dela não parava de tocar.

Várias mensagens de um número não cadastrado.

Como fotos da amiga dela a Jessica, com um menino que pelas mensagens se chama Noah.

"Você achou que ela era sua amiga, olha com quem ela está se agarrando"

"Nenhum menino em sã consciência vai querer você Júlia, menos ainda o Noah"

Eram essas mensagens que tinham e fotos e mais mensagens chegando encaminhei tudo pra mim em tempo pois logo as mensagens começaram a ser apagadas vou descobrir quem está fazendo isso com ela...

Algum tempo depois ela abriu os olhos e me viu ali.

-Pai me desculpa eu só queria... Eu só queria acabar com a dor, você não entende...

-Filha e eu? Como você acha que eu ficaria sem você? Eu não existo sem você!

-Eu não pensei pai, me perdoa eu só queria ter minha mãe pra poder conversar desabafar me perdoa pai.

-Eu não tenho o que te perdoar filha, mas pelo amor de Deus nunca mais faça isso, eu estou aqui, você pode se abrir desabafar comigo, eu não sou sua mãe, não sou mulher, mas eu te prometo que vou sempre tentar te entender.

Beijo sua testa por alguns segundo analisando se falo ou não das mensagens, mas chego a conclusão que isso deve partir dela, ela vai se sentir invadida.

-Quando vou poder ir pra casa?

-Você vai ficar em observação, por pelo menos 48 horas filha.

-O meu celular... Ta aqui?

-Ta aqui na bolsa que a Neide trouxe.

Quando fui pegar começou a tocar uma chamada da Jessica.

-A Jessica está te ligando filha, quer que eu atenda?

-Não eu não quero falar com ela, desliga pai.

-Pega o celular pra mim pai.

Alcanço pra ela e observo ela procurar por algo com certeza as mensagens que foram apagadas com as fotos.

Percebo que ela ainda está sonolenta e triste.

-Filha tente descansar.

-Ta pai, mas se ela ou alguém ligar não atende, não quero que ninguém tenha notícias minha...

-Está bem meu amor, mas ela é sua amiga deve estar preocupada.

Tento tirar algo mas ela só resmunga...

-Amiga, grande amiga...

Assim que o dia amanhece minha sogra aparece no hospital, o que era de se esperar claro.

-Rodrigo como minha pipoquinha está?

-Está melhor, bem melhor, depois desse susto.

-Devia ter me ligado Rodrigo.

-Eu não estava com juízo dona Vera, eu não trouxe nem o meu celular.

-Está certo, eu entendo, mas vá pode ir, eu fico aqui com ela de manhã a Neide vem a tarde, vocês não estão sozinhos.

-Obrigado dona Vera eu vou em casa tomar um banho tenho um pós cirúrgico pra atender, mas assim que eu fizer isso volto pra ca.

-Descansa meu filho vai descansar depois então eu e a Neide damos conta aqui.

Vou até Julia beijo sua testa e saio deixando ela dormindo pego um táxi e vou até casa, tomo um banho voando, e saio com um copo de café na mão pego meu carro e volto pro hospital.

Ao entrar no quarto de Gisele ela estaca acordada.

-Bom dia Doutor Ferrão.

-Bom dia Gisele como você está?

-Estou me sentindo bastante dolorida.

-Isso é normal, vai ficar inchada também, mas aos poucos vai melhorando, alguma pergunta?

-A Fernanda disse que teve algumas intercorrências na cirurgia...

-Sim sua pressão oscilou, e você teve uma parada cardíaca, estava fechando a primeira camada de pele, conseguimos te estabilizar e pude terminar de fechar mas está tudo bem, agora temos os próximos passos a seguir daqui alguns dias, primeiro se recuperar da cirurgia depois seguimos o passo a passo e logo você vai estar curada!

-Muito obrigada por tudo Doutor, você me de esperanças!

-Que bom Gisele é assim que quero te ver pra cima, animada, não pode se entregar nunca.

Segurei sua mão enquanto falava, eram mãos tão delicadas e pequenas, ela parecia tão frágil...

O marido entrou no quarto falando no celular e ao ver ela acordada desligou rapidamente.

-Onde você estava?

-Eu fui posar em um hotel aqui perto está tudo bem?

Ele olhou pra mim esperando uma resposta.

-Sim tudo bem, eu vou deixar vocês sozinhos, preciso ver minha filha.

-Mais uma vez obrigada por tudo Doutor Rodrigo.

Deu um leve sorriso pra ela soltei sua mão e enquanto saia pude ouvir ela questionar:

-Estava falando com ela, não estava?

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