Decepção

Capítulo 3

Decepção

Alguns dias depois

Foram raros os dias que consegui falar com Jean desde que ele viajou, me ligaram da clinica que meu exame está pronto vou viajar novamente pra minha sorte dona Rute continua conosco.

-Eu vou ficar uns tres dias no máximo dona Rute.

-Leve o tempo que precisar minha filha, não há muito prazeres na vida de uma velha como eu e com certeza ficar com meus netos é o maior deles.

Ela beija minha testa e me abençoa e mal sabe ela o quanto sua benção nesse momento é importante pra mim...

Fernanda mais uma vez está me acompanhando estamos indo cedo porque a consulta é as 18:00.

Não quero correr riscos de me atrasar.

-Vai ficar tudo bem Gisele, eu sei que vai!

Ela segura minha mão me passando força e eu respiro fundo tentando realmente acreditar.

Ao chegarmos em Curitiba deixamos tudo no hotel, almoçamos, comprei alguns presentes para as crianças que eu prometi que levaria, e seguimos pro hospital.

As ruas estavam um caos estava chovendo muito e ventando o trânsito estava um caos ainda bem que saí com tempo sobrando...

Estou segurando meu nervosismo e esse caos lá fora condiz com o que está se passando aqui dentro de mim...

Com muita luta chegamos no hospital, Fernanda estava resolvendo coisas do consultório pelo celular.

Olhei no grande relógio da recepção que marcava 17:40, o salão da recepção estava vazio, o que fez com que eu fosse logo chamada pela secretária.

-Gisele Bitencourt.

Levanto e sigo até o consultório Fernanda guardou o celular no bolso e seguiu comigo.

O médico estava com a cabeça baixa olhando os exames quando entramos, Fernanda que já o conhecia entra falando:

-Doutor Henrique Ferrão!

-A pequena Fernanda Noronha!

Ele vai até ela e a abraça apertado e logo se vira pra mim, e Fernanda nos apresenta.

-Essa é minha amiga e comadre, Gisele Bitencourt.

-É um prazer te conhecer Gisele.

Ele estende a mão me cumprimentando.

E logo faz sinal para sentarmos.

Ele tem os cabelos grisalhos, mas não deve ter chegado as 50 ainda, tem os olhos verdes, e uma barba cerrada, sua voz é grossa e preenche a sala.

-Primeiro quero pedir desculpas pelo dia da coleta, eu queria muito estar aqui, mas minha filha teve um problema na escola e eu tive que ir resolver, adolescentes são complicados...

-O que houve com a Júlia está tudo bem?

-Sim, agora está tudo bem, mas vamos lá, infelizmente eu detesto ser portador de noticias ruins, mas...

Depois que ele começou a falar foi como se minha mente saisse da minha cabeça eu já não ouvia mais nada...

-Gisele você entendeu?

-Desculpa eu me perdi é que...

-Está tudo bem, é compreensível, mas como eu disse precisamos operar o quanto antes e depois começar as seções de quimioterapia.

-Eu preciso de alguns dias, eu ainda não contei pra minha família.

Pela primeira vez as lágrimas não vieram eu estava forte, não sei por quanto tempo mais eu estava...

-Saiba que quanto antes fizermos a remoção melhor vai ser, eu preciso deixar uma data marcada é para o seu bem!

-Pode agendar, mas vou para casa antes e contar aos meus filhos e ao meu marido.

As forças estavam acabando mas ainda estava me mantendo em pé...

-Minha secretária vai agendar tudo e te enviar Gisele!

Ele segurou minha mão por cima da mesa, e continuou a falar:

-Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra que você fique bem de novo!

As palavras dele parece que se alojaram em minha alma me trazendo esperança, uma esperança que eu não estava achando mais dentro de mim...

-Obrigada Doutor Ferrão.

-Rodrigo apenas Rodrigo Gisele...

Ele me passa remédios, e tudo que devo fazer para me preparar para a cirurgia, no dia seguinte faço as coletas de exames, necessárias, para dar continuidade.

Jean está desembarcando em São Paulo e sigo para Itararé está na hora de falar com eles sobre tudo, eu preciso deles mais do que tudo agora...

Chego em casa e Jean estava com as crianças na sala entregando alguns presentes.

E chego fazendo o mesmo.

-A que farra, quantos presentes e a mamãe trouxe mais!

Eles correram animados até mim, e me levaram até o meio da sala, Jean me deu um beijo e passou o braço pelo meu ombro, como se nada tivesse acontecido...como se não tivesse sumido todos esses dias...

Mas com tudo que vamos conversar a noite esse vai ser talvez o menor problema.

Depois da farra toda colocamos eles na cama e fomos para o nosso quarto esperei pacientemente enquanto Jean toma seu banho ele volta pro quarto com a toalha enrolada faço sinal que sente se na minha frente na cama.

-O que foi está tão seria Gisele.

-Eu preciso falar com você Jean...

-Se for por não atender estava tudo um caos por lá e você sabe que quando a Day esta assim são dias para arrumar a loucura dela.

-Não é nada disso, eu preciso te contar algo sério.

-Credo Gisele fala então parece que alguém está morrendo.

Abaixo a cabeça com os olhos pesados e as lágrimas querendo cair, mas me seguro.

-É na verdade é isso mesmo tem sim alguém que pode morrer Jean, eu!

-O que do que está falando Gisele pelo amor de Deus, que drama é esse agora?

-Jean não tem drama, está aqui, estou com câncer, infelizmente maligno, e preciso agir o quanto antes, minha cirurgia está marcada já...

Ele me olha como se não acreditasse pega os papeis dos exames da minha mão e anda de um lado para o outro enquanto lê.

-E porque você não me contou?

-Eu tentei, várias e várias vezes, mas você não estava atendendo lembra?

Ele solta as folhas indignado na mesa e me abraça por um segundo pude me sentir amada novamente, como era quando nos conhecemos, o medo de estar sozinha passando por tudo se foi ele vai me ajudar vai me apoiar...

-Quando é a cirurgia Gisele?

-Dia 17 de julho.

-É daqui 3 dias?

-Sim não posso adiar mais...

-Vamos falar com as crianças pela manhã vai ficar tudo bem Gisele...

Eu realmente acreditei nas palavras dele, mas não durou muito era madrugada, o celular de Jean tocou olhei pela tela era uma mensagem da Day Merlin sua cliente da Inglaterra, e algo em mim me disse que eu devia abrir.

E não sei qual dor foi maior até agora...

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