— Eu não quero a cabeça dele, isso seria fácil demais— digo também rindo. — Quer tortura primeiro? Para mim é bom também— bocejou de novo. — Cara, você não dormiu a noite não? Que sono todo é esse? — questiono e ele gargalha. — Tem coisas mais interessantes para fazer a noite além de dormir, você sabe, né! — bufa— Mas isso não vem ao caso agora. Então o que você quer que eu faça, quem é o sujeito e o que exatamente ele te fez? — Ele pergunta e depois vem um barulho de algo caindo. — Caralho! — O que houve? Tá vendo, isso que dá ficar se divertindo a noite toda— falei rindo e ele grita mais alguns xingamentos do outro lado. Esse tem um vocabulário bem peculiar. — Continue rindo, daqui a pouco mando você se foder junto com essa porcaria de cafeteira! Que porra de trem ruim do caralho! É melhor eu pedir um café, não vai sair nada que preste dessa merda!— rosna e pelo barulho, parece que acaba de jogar a cafeteira no lixo. Esse tem paciência zero para lidar com problemas. — Cadê seu
JULES MONTEZ Olho as marcas no meu corpo e sinto as lágrimas escapando dos meus olhos. Eu não deveria ter deixado isso acontecer, foi muita burrice da minha parte, mas já foi, aconteceu e ponto. Foi a última vez. Solto um longo suspiro e entro embaixo do chuveiro, preciso de um bom banho para acordar e reagir, pois lá no apartamento eu não me lavei direito, não queria correr o risco do Samuel acordar e eu ainda está lá. Tento não pensar nele enquanto a água quente escorre pelo meu corpo e eu esfrego os lugares onde ele tocou e beijou, eu tentei, mas não resisti em não pensar e desejar sentir tudo de novo. — Jules, está aí? — Minha mãe grita da porta quando já estou me secando. — Está tudo bem? — Pergunta encarando-me atentamente. — Sim, eu estou bem. Por quê? —Minto, mas pela sua cara, ela sabe bem do meu real estado. — Você dormiu com ele, não é? — Olha as marcas no meu pescoço e arqueia a sobrancelha. — Mãe, eu…— Tudo bem, está tudo bem — me puxa para sentar na cama. — Jules,
— Fala! Agora eu fiquei curiosa, o que aconteceu para você ficar com essa cara aí! E não adianta mentir, eu conheço bem você e vi sua mudança. — Digo quando ele fica calado. — Não foi nada. — Ah, Edu, pra cima de mim! Pode falar o que houve, nós somos amigos ou não? — Puxo-o e nos sentamos no sofá que tem no canto do escritório. — Vocês se encontraram e ela não te recebeu bem?— Jules, eu até tentei me encontrar com ela, mas aparentemente ela está me evitando — diz cabisbaixo. — Por que você acha isso? — Eu fui vê-la no apartamento que ela tá ficando, lá onde você mora…— Morava! — Corrijo.— Morava?— ergue as sobrancelhas, demonstrando claramente que não acredita muito nisso, pelo menos, não que isso seja definitivo. — Então, continue. — Bom, eu fui lá e a funcionária disse que ela não estava, mas eu sei que estava, ela só não quis me receber. Depois eu a vi de longe no restaurante, ela estava com aquela Verônica que agora está trabalhando na sua Construtora— torci a cara assi
— Tem certeza que ela ainda não te procurou? — Pergunta e agora está mais frio do que antes. — Léo, o que aconteceu dessa vez? — Nem preciso forçar uma irritação. O Léo sempre se considera o certo da história, não aceita ser contrariado, nunca, e todas as vezes é a Marina quem sai perdendo na briga. — A Marina realmente não me ligou hoje— minto descaradamente, tenho certeza que ele merece— o que foi que você fez com ela, você intimidou ela de novo? — Pergunto e o ouço resmungando algo que não entendi e depois suspirar.— Pergunta pra sua amiga! E quando ela te ligar, avise que não adianta ela fugir, e é melhor ela vir resolver logo essa porra! — Esbraveja e desliga. Agora além de grosso, virou sem educação também. Bom, isso só me deixou ainda mais preocupada com minha amiga e o que aconteceu entre esses dois. Coloquei o endereço no gps, mas antes de sair envio uma mensagem para minha mãe avisando que vou me atrasar, eu não sei que horas vou voltar. O lugar é longe pra caramba e eu d
— A senhora está bem mesmo, mamãe? — Pergunto, depois que a Marina sobe para tomar banho. — Estou bem sim, minha filha. — Não precisa mentir pra mim, nós somos amigas ou não? — Abraço-a numa tentativa de incentivá-la a falar. — Não é nada, Jules, é só besteira minha. — Que besteira? Mamãe, eu estou preocupada, eu também me preocupo muito com a senhora, sabia disso— digo e ela sorri. — Não é nada. Eu só estou sentindo por vender nossas coisas, afinal, são nossas memórias, né?! — Ela responde e em seguida sorri, mostrando que já está melhor. Eu não sei o porquê, mas eu não consegui acreditar nessa resposta dela, acho que tem mais coisas por trás disso. — A Marina está com problemas com o Léo de novo? O que aconteceu dessa vez? — Questiona mudando de assunto. Solto um longo suspiro antes de responder. — Dessa vez o negócio tá feio, mamãe. A confusão foi grande, tão grande que podemos ter uma nova vidinha vindo aí— assim que terminei minhas palavras, minha mãe cobre a boca com a mão
— É muito grave, Camila? — questiono quando ela fica calada e mordendo o lábio inferior, parece estar estudando como falar. — Jules, eu realmente não queria incomodar você, eu sei que você quer manter distância da empresa agora e quer seguir com sua vida. — fala finalmente e me deixa ainda mais curiosa sobre o que aconteceu. — Camila, eu não trabalho mais na empresa, mas continuo sendo sua amiga, você sabe disso. Eu sempre falei que você pode contar comigo sempre que precisar e eu vou fazer o possível para ajudar. — Eu sei disso e agradeço, mas é que você saiu de lá daquele jeito e eu não queria fazer você bater de frente com o Samuel de novo — Samuel? Meu alerta já fica ligado quando ouço o nome dele —mas eu realmente não sei mais com quem falar. E o Fernando também me incentivou a te procurar, é por isso que estou aqui. — O que o Samuel fez dessa vez? — Pergunto assim que ela termina suas palavras. — Não foi ele, eu tenho certeza que não tem dedo dele nisso. — Desembucha logo,
— Certeza absoluta.— Afirmei, erguendo meu queixo, que ele segura. — É mesmo? E quem te deu essa certeza toda foi o seu amigo advogado, que agora é seu chefe? — Questionou com a voz carregada de ironia e desdém. Se eu já estava irritada antes, agora estou possessa e com ódio. Quem ele acha que é para chegar aqui falando desse jeito comigo? Segurei sua mão e tentei afastá-la do meu rosto.— Me larga! O que você ainda quer comigo? Eu já saí da empresa, já estou fora da sua vida e você não me deixa viver em paz, o que mais você quer, Samuel? Me enlouquecer? — Encaro-o, e ele sorri ao ver o quanto estou irritada. — É. Deixar você louca é uma coisa que eu quero muito — diz, ainda sorrindo, e desce a mão pelo meu corpo. — E sabe o que mais? Você vai adorar ficar louca — falou no meu ouvido, fazendo-me arrepiar. Fecho meus olhos e respiro fundo, para controlar o que estou sentindo. Mesmo com uma enorme vontade de retribuir, eu não vou dar esse gostinho a ele, hoje não! Dou um pisão no
SAMUEL ADAMS — Me diga. O que exatamente você quer falar, Verônica? Não enrola! — Digo sem paciência. Só de ouvir o nome da Jules e daquele cara na mesma frase, fiquei irritado. — É que eu os vi no restaurante, jantando juntos — diz, com certo receio. — Ela está trabalhando com ele, isso é normal. — Samuel, você não está entendendo. — O que eu não estou entendendo, Verônica? Seja mais clara, não enrole! — falei pausadamente, enquanto bato com os dedos na mesa, deixando bem evidente que estou chegando ao limite. — Samuel, eu sei que eu não deveria me meter nisso, mas é que você sabe que a Sarah é minha amiga e eu não quero vê-la sofrer. Como eu disse, eu vi a Jules e o Edu jantando juntos e a Sarah também viu, mas ela só viu o Edu. Acontece que depois que a Sarah decidiu ir para casa, eu voltei ao restaurante e, eles continuavam lá jantando. — E onde fica o problema nisso? — É melhor você ver com seus próprios olhos — ela desbloqueia o telefone e me entrega. — Olha aí, isso nã