— Sara Adams, foi você quem deu essa coisa brega para o meu, ouviu bem MEU namorado? — Pergunto balançando a pulseira horrorosa na frente do rosto da garota. Ela me olha assustada e isso me deixa ainda mais irritada, como pode ser tão sonsa? — Eu não dei, eu vendi a pulseira pra ele. Eu estou participando de um projeto então a gente faz essas miçangas e depois vende, o Edu só comprou para me ajudar — ela responde e tenta passar por mim, mas eu bloqueio seu caminho. — Ah, é sério? — Digo calmamente e em seguida seguro seus cabelos puxando-a e prendendo na parede — eu vou fazer você engolir essa porcaria sua vadia pobre do caralho! — Jules, que porra você está fazendo? — O Edu chega puxando-me para longe…— Essa é a mesma pulseira — o Edu diz tirando-me das minhas memórias. — Você arrebentou e mesmo a Sara consertando de volta não serviu mais no meu pulso. — Eu sinto muito. — Isso não faz nenhuma diferença agora — diz frio. Eu digito o endereço no GPS do carro e ele dá a partida.
SAMUEL ADAMS — Ei acorda, cara — Daniel diz estalando os dedos na frente do meu rosto. — Não dormiu de noite não, caralho! — Ri debochado. — Não dormi muito não — respondi sinceramente. Eu realmente não dormi praticamente nada. A noite passada foi a porra de um pesadelo. Literalmente um pesadelo. Quando eu acordei e olhei a mulher deitada ao meu lado, o seu pescoço com aqueles hematomas horríveis, eu não gostei do que eu senti. Eu não deveria ter feito essa merda e muito menos ter me rendido como fiz depois, não posso perder o foco ou isso vai sair do controle. — É, tô vendo que realmente sua noite deve ter sido bem agitada mesmo, você está viajando ainda — continua rindo. — Não enche! — Bufo. — Então, como foi sua viagem. A tia, a Sara, como elas estão? — Bem. — Só isso, bem? Fala sério, Samuel, eu quero saber o que deu lá. Pode desembuchar, e aí, você falou com a tia sobre as coisas aqui. — Falei. — Eeee?... Ela continua insistindo para você desistir? — Você sabe como
Felizmente eu não tive o desprazer de encontrar a Jules quando cheguei em casa e por isso não demorei muito para me arrumar e seguir para o meu compromisso. Olho no relógio e já passam das três horas da madrugada. Pego o telefone e não tem nenhuma mensagem da Jules, o que é bastante estranho, já que ela sempre me liga quando estou atrasado, mas isso também não é importante. O jantar com a Verônica foi bastante divertido, principalmente porque chegaram alguns amigos dela e estendemos a noite para uma boate muito muito boa. — Onde aquela mulher foi? — Pergunto-me quando não encontro a Jules em lugar nenhum. Já olhei na sala, na cozinha, no escritório… olhei tudo e nada dela. Olho nas câmeras da garagem e o carro dela também não está lá. Onde será que ela se meteu? Deve ter ido para a casa da mãe dela, mas isso também não me importa. Tomo um banho e vou dormir. Ou pelo menos tentar, já que ultimamente minhas noites são só perturbação. — Bom dia! — Digo, assim que entro no escritório
A resposta da Verônica veio logo em seguida. "Preciso ir agora?"Leio a mensagem e respondo:"Não, só estou avisando para se preparar. Enviei um e-mail com os arquivos sobre todos os negócios da Construtora Montez, você deve ler para conhecer a empresa. Vou providenciar também uma conexão importante para você fechar assim que assumir o cargo"Ela finaliza com um:"Ok"Não demorou muito e recebi a mensagem da recepção avisando que a Jules já está subindo. É, ela está mesmo com pressa, pelo jeito é exatamente como imaginei, a empresa é o ponto fraco dela. Para uma pessoa que sempre foi arrogante, fútil e que sempre esfregou o status e a conta bancária na cara dos outros, a fonte de renda tinha mesmo que ser o calcanhar de Aquiles dela. Vamos ver como ela vai ficar quando se tornar uma simples subordinada na própria empresa. — Entre. — Digo quando ouço as batidas na porta. — Com licença, senhor Miller, a senhora Montez está aqui para vê-lo — a Rafaella diz dando passagem para a Jules
— Você está me vigiando, Jules? — Pergunto rindo. Então ela realmente sumiu porque ficou irritada por eu ter saído com a Verônica. — Não! E também nem precisa, já que a sua amiguinha faz questão de postar fotos de vocês dois juntos nas redes sociais. — Ah, é isso? Bom, isso não é importante, além do mais, você também não tem nada que se incomodar com isso. — Não tenho?! Eu por um acaso não sou sua esposa? — Ela quase grita as palavras de tão irritada que está. — Samuel, qual é a sua, hein?! — A minha? Eu não tenho nada a reclamar — dou de ombros. — Sabe, Jules, eu também tinha minhas expectativas com esse casamento, mas mesmo que não tenha suprido nenhuma delas, não fico choramingando por aí — digo sem nenhuma emoção. Ela não responde, apenas me olha, e pela confusão nos seus olhos, parece não acreditar no que acabou de ouvir. Ela morde o lábio inferior com força e balança a cabeça de um lado para o outro. — Isso não vai dar certo — diz mais para si mesma, que para mim. — Eu a
JULES MONTEZ Por que de repente tudo começou a dar errado? Por que?... Por que justo agora que eu acreditei que seria feliz? Por quê? Esses questionamentos estão gritando cada vez mais alto na minha cabeça. E sabe qual é a pior parte disso? Eu sei a resposta. Eu olho para o homem parado a alguns centímetros a frente e ele me olha de volta, mas ao contrário de mim, o seu olhar não tem nenhuma emoção, também não tem emoção nos gestos, nas palavras… em nada. Eu não sei o que pensar, nem de onde tirar uma explicação para essas atitudes dele. A impressão que eu tenho é que eu nunca conheci o Samuel de verdade, eu não conheço o homem para quem eu me entreguei de corpo e alma. Hoje quando o tal Thomas apareceu na empresa, eu fiquei feliz, eu me senti protegida porque o meu marido novamente me estendeu a mão, mas agora tudo que eu recebo é um belo balde de água fria na cara. Esse homem aqui não demonstra nenhuma proteção, age como se isso tudo fosse um jogo e eu sou apenas um brinquedo, u
"Você vai mesmo fazer esse joguinho de difícil, Jules? Ótimo, depois não reclama!"Uma ameaça, será que devo me preocupar? Balanço minha cabeça e minha vontade é mandá-lo à merda. "Jules, cadê você?" Essa pareceu uma mensagem de alguém que se preocupa. Não. Isso foi somente uma ilusão, pois a próxima demonstrou o oposto. "Caralho! Por que você não atende a porra do telefone?!"Por que eu não atendo? É simples, porque eu não quero mais motivos para sofrer. Essa é a resposta que gostaria de enviar, mas eu simplesmente fecho o aplicativo e desligo o telefone quando ele começa a tocar novamente. Ligo o som do carro bem alto e volto para a estrada. Dirijo por mais quarenta minutos e o carro apita avisando sobre o combustível, olho as rotas no GPS e vou para o posto de gasolina mais próximo. Duas horas depois eu estaciono na frente do cemitério memorial do Rio. Faz muito tempo que não venho aqui, três anos para ser mais exata. Entro e vou até a portaria, dou o número de identificação do
— Eu não acho nada — dou de ombros. — Como você me achou aqui? Está me vigiando, Samuel? — Pergunto. Tenho vontade de rir quando lembro que ele me fez a mesma pergunta mais cedo. — O que você está fazendo aqui? — questiona sem responder a minha pergunta. — Por que você não atendeu a minha ligação e ainda desligou o telefone? — Me encara enquanto continua na mesma posição. — É sério que te interessa o que eu faço ou deixo de fazer? — Paro na sua frente e cruzo meus braços imitando-o. — Samuel, vamos parar com esse joguinho? Eu sei muito bem que você não está nem aí pra mim. Por que você está aqui ao invés de ir se divertir com sua amiguinha? — Então você vai continuar com sua pirraça? — Pergunta entre os dentes. Seu maxilar trincado mostra que ele está ainda mais furioso que antes. — Eu não estou pirraçando, não sou criança para fazer isso — digo fazendo um biquinho de desgosto. — Tô vendo. O que você veio fazer aqui? — Repete a pergunta apontando para o cemitério. — Estava passe