"Você vai mesmo fazer esse joguinho de difícil, Jules? Ótimo, depois não reclama!"Uma ameaça, será que devo me preocupar? Balanço minha cabeça e minha vontade é mandá-lo à merda. "Jules, cadê você?" Essa pareceu uma mensagem de alguém que se preocupa. Não. Isso foi somente uma ilusão, pois a próxima demonstrou o oposto. "Caralho! Por que você não atende a porra do telefone?!"Por que eu não atendo? É simples, porque eu não quero mais motivos para sofrer. Essa é a resposta que gostaria de enviar, mas eu simplesmente fecho o aplicativo e desligo o telefone quando ele começa a tocar novamente. Ligo o som do carro bem alto e volto para a estrada. Dirijo por mais quarenta minutos e o carro apita avisando sobre o combustível, olho as rotas no GPS e vou para o posto de gasolina mais próximo. Duas horas depois eu estaciono na frente do cemitério memorial do Rio. Faz muito tempo que não venho aqui, três anos para ser mais exata. Entro e vou até a portaria, dou o número de identificação do
— Eu não acho nada — dou de ombros. — Como você me achou aqui? Está me vigiando, Samuel? — Pergunto. Tenho vontade de rir quando lembro que ele me fez a mesma pergunta mais cedo. — O que você está fazendo aqui? — questiona sem responder a minha pergunta. — Por que você não atendeu a minha ligação e ainda desligou o telefone? — Me encara enquanto continua na mesma posição. — É sério que te interessa o que eu faço ou deixo de fazer? — Paro na sua frente e cruzo meus braços imitando-o. — Samuel, vamos parar com esse joguinho? Eu sei muito bem que você não está nem aí pra mim. Por que você está aqui ao invés de ir se divertir com sua amiguinha? — Então você vai continuar com sua pirraça? — Pergunta entre os dentes. Seu maxilar trincado mostra que ele está ainda mais furioso que antes. — Eu não estou pirraçando, não sou criança para fazer isso — digo fazendo um biquinho de desgosto. — Tô vendo. O que você veio fazer aqui? — Repete a pergunta apontando para o cemitério. — Estava passe
SAMUEL ADAMS Desde a hora que aquela porra saiu do meu escritório daquele jeito, eu não consegui me concentrar em nada mais. Se eu fiquei preocupado? Não, definitivamente não. Eu fiquei com raiva, muita raiva. Ela acha mesmo que pode agir como se estivesse sendo intimidada, enganada, quando foi ela quem fez e faz isso? Não, não pode. Eu passei o resto do dia tentando falar com a maldita, mas ela simplesmente não atendeu nenhuma das minhas ligações e nem mesmo olhou as mensagens que mandei. A minha vontade é deixá-la se foder de vez, tomar a empresa dela e deixar ela e a mãe na miséria, seria tão mais fácil assim… mas isso não é suficiente, não para tudo que ela já fez, além do mais, com todas as amizades e conexões que ela já fez, eu duvido muito que ela viva mal. Com certeza o Leonardo Santorini e aquela amiga enxerida dela dariam um jeito de ajudá-la a se reerguer e se isso acontecer todo o meu trabalho e empenho nisso terá sido em vão. — O que aconteceu? — Daniel pergunta ao ver
— Pode ficar tranquilo, eu estou sempre alerta — digo, encerrando o assunto. Depois que o Daniel saiu, eu fiquei olhando a tela do telefone com a localização por um longo tempo. Não segui para lá imediatamente, na verdade eu dei um tempo para ver até onde ela iria com esse joguinho de fuga. Enquanto espero, fico pensando nos últimos acontecimentos e a minha mente está uma completa bagunça, essa porra não deveria ser tão complicado e eu não deveria ficar tão estressado com o sumiço dela, ou ficar com raiva quando ela não dorme em casa. O plano é fazê-la sofrer, só ela, e não ser afetado no processo. Às dezenove horas, eu ainda estou aqui no escritório da empresa. Na tela do telefone a localização continua a mesma, aquela mulher ainda continua parada no mesmo lugar, pelo menos, o carro continua estacionado lá. Fiz umas pesquisas e, como eu imaginei, o pai dela foi enterrado lá. Pego o telefone e as chaves do carro, mas quando cheguei ao estacionamento decidi ir com o motorista no ca
Ela olha na minha direção, fazendo uma pequena avaliação no meu corpo quase nu, estou apenas de cueca; ela sorri de lado após ver a minha raiva. — Não disse nada demais — dá de ombros.— Nada demais? — Dou mais um passo ficando a centímetros dela — tem certeza disso, Jules? — Sim, eu tenho — ela confirma encarando-me com um sorriso debochado. — Te incomodou? Ela apoia os braços no colchão, inclinando o corpo levemente para trás e cruza as pernas fazendo a camisola, que já é minúscula, subir. Mesmo sem querer, esse movimento acaba me deixando duro e a maldita alarga ainda mais o sorriso. Se eu já estava com raiva antes, agora ficou pior. — Você está se divertindo, Jules? — Pergunto com os dentes cerrados. Ela novamente dá de ombros, parecendo despreocupada. — Digamos que agora eu estou bem — ela descruza as pernas e cruza novamente invertendo a posição das mesmas; esse movimento fez a camisola subir ainda mais, mostrando a calcinha. Meu pau chega a latejar dentro da cueca. Eu bal
— Bom dia! — O Daniel diz, jogando os contratos na minha mesa. — Só se for para você — respondi, pegando as pastas. — Nossa, que mau humor é esse? Não dormiu bem não? — Me encara, divertido. — Não.— O que aconteceu dessa vez? Achei que você fosse ficar melhor depois de encontrar sua esposa…— Nem me fala dessa maldita — interrompi-o, irritado. Só de ouvir falar na mulher já sinto meu sangue ferver. — É, pelo visto não foi bem isso — ele diz, rindo. — Você vai mesmo ficar aqui curtindo com a minha cara?! — Jogo os contratos na mesa, sem conseguir controlar minha raiva. — Nossa, não está mais aqui quem falou — ergue as mãos em sinal de rendição. — Bem que a Rafaella disse que você está terrível hoje. Esses contratos — aponta para a pilha de papéis — são os relatórios da Construtora Montez, a Verônica já foi incluída como nova presidente nos próximos contratos que irão assinar; agora é só você avisar a Jules e pronto, fogo no parquinho — diz, com um sorriso.— Certo, vou fazer is
JULES MONTEZ A minha noite foi péssima. Na verdade não está nada bem ultimamente e a noite passada só fechou com chave de ouro a enxurrada de merdas que virou a minha vida. Vê o Samuel esperando-me na porta do carro me deixou um pouquinho esperançosa, sou mesmo uma grande idiota, eu achei mesmo que ele tivesse vindo atrás de mim porque estava preocupado, ou para se desculpar pelo jeito que me tratou, mas não, ele só veio para cobrar por eu não tê-lo atendido. Homens com ego ferido é foda. Me olho no espelho e as bolas escuras em volta dos meus olhos estão horríveis, nem o remédio para dormir me fez ter uma noite de sono decente. Fecho os olhos e as imagens do Samuel só de cueca vem à minha mente, só de lembrar dele parado na minha frente meu corpo reage automaticamente. Aquele infeliz teve a coragem de me provocar e depois sair para ficar com aquela amiguinha dele, sim, eu tenho certeza que ele foi para a casa dela . Limpo as lágrimas que começam a descer pelas minhas bochechas e
— Esses são os novos contratos redigidos por mim, está tudo muito bem explicado nos pontos marcados, mas qualquer dúvida você pode perguntar ao Daniel — Samuel responde, frio como sempre. Eu leio o título escrito em negrito e sinto meu corpo reagir. "TRANSFERÊNCIA DE CARGO" continuo lendo enquanto ele explica: — A nova presidente da Construtora Montez irá assumir o cargo dentro de dois dias, assim você terá tempo para se organizar e liberar o escritório. — Isso é alguma piada? — Pergunto, ainda olhando o documento nas minhas mãos, que neste momento estão tremendo levemente. Segundo o documento que está aqui na frente dos meus olhos, eu vou ter que entregar o meu cargo de presidente para a Verônica. — Não. — Ele responde firme — isso não é uma piada. Jules, eu decidi que o melhor para os investimentos da empresa é ter uma presidente capacitada. — Você decidiu? — Pergunto, encarando-o. Ele balança a cabeça, confirmando — Essa é a minha empresa e eu não vou passar o meu cargo — digo,