— A senhora tá brava? — Pergunto fungando. — Não, Jules, eu não estou brava, estou preocupada. — Me encara com olhos tristes — eu fico mal por ver você sofrer assim e não por correr o risco de perder dinheiro. Eu não quero te ver cair novamente, Jules, e se o preço de continuar aqui nessa casa e nessa vida for sua saúde, eu desejo ser pobre o resto da vida — sua voz embarga — chega de sofrer, minha filha. — Mas é tudo que o papai deixou, mãe? Essa empresa era o sonho dele, a vida dele e eu não posso perder assim, mãe! Eu devo isso a ele! — Digo com a voz levemente alterada. A lembrança do meu pai e de tudo que passamos faz meu peito contrair. — Jules, você não precisa morrer por isso — diz com tristeza. — Eu não vou aguentar perder você também, não depois de tudo que passamos e tudo que você superou. Olha pra mim — segura meu rosto entre as mãos — eu não vou aguentar passar por tudo aquilo de novo, Jules, você precisa seguir em frente e se tiver que entregar a presidência da empr
SAMUEL ADAMS — Você acha que ela vai fazer algo para se manter como presidente da Construtora? — Daniel pergunta assim que voltamos para o grupo Miller. A Verônica queria vir conosco, mas eu insisti que ela ficasse na casa dela, a participação dela já foi concluída por hoje. — Provavelmente, mas não vai adiantar muita coisa, ela não tem saída. — A reação dela não foi nada mal — diz pensativo. — É. Aquela ali não perde a pose, é muito arrogante até quando está na lama — digo com raiva. — Mas… e se ela conseguir um investidor, o que você vai fazer? — Ela não vai conseguir. Daniel, você sabe que um investimento numa construtora como a dela é muito alto, e a empresa não está com bons números no momento, não é fácil achar alguém disposto a arriscar. — Isso é verdade, mas ela pareceu muito disposta a lutar, alguma coisa ela vai fazer. — Não importa o que ela fizer, nada vai mudar a situação dela.— Ela soube se sair muito bem diante da situação, não mostrou fraqueza. Fiquei realmen
— Samuel! — Ouço meu nome, viro-me e vejo o homem com quem marquei o jantar. — Oi, Clóvis. Boa noite! — Aperto sua mão. — Eu estava muito ansioso para o nosso encontro — Ele diz animado. — Bom. — Digo, forçando um sorriso. — Pode ter certeza que nossa cooperação será muito produtiva… — o homem continua falando, enquanto eu olho na direção contrária pelo canto dos olhos. A Jules continua totalmente envolvida na conversa, tanto que nem me viu aqui. Eu acompanho o Clóvis até a mesa e nos sentamos para fazer os pedidos. Pego o cardápio e peço o primeiro prato que vejo. Por mais que eu finja prestar atenção na nossa conversa e responda às perguntas e elogios do homem na minha frente, em nenhum momento eu deixo de acompanhar os movimentos da Jules na outra mesa. Ela sorri algumas vezes e parece bastante à vontade, o papo dos dois é bem animado. Ela está vestida para chamar a atenção, veste um vestido azul justo, mas elegante, maquiagem delicada, um batom vermelho e os cabelos estão so
Nos próximos minutos eu e o homem conversamos sobre negócios e a Jules se mantém o tempo todo calada, ela está bastante desconfortável, isso é nítido nos movimentos das suas mãos. — Então, Jules, como está a tia Janete? — Ele pergunta, mudando o assunto e puxando-a para a conversa.— Bem, ela está bem — suspira.— Você já disse a ela que nos reencontramos? — Disse e ela quer ver você, ela ficou feliz em saber que conversamos — sorri com ternura. Ternura? O que significa essa porra?! Sem conseguir me conter mais, eu envolvi meu braço em sua cintura e dei-lhe um beliscão. Ela me encara com olhos confusos e irritados ao mesmo tempo. — Bom, eu preciso ir — ele diz depois de olhar o telefone, que acabou de apitar uma mensagem. — Depois vou visitar a tia Janete, diga a ela que fiquei feliz em saber que estão bem — diz, preparando-se para pedir a conta. — Não precisa se preocupar, eu acerto para vocês — digo, impedindo-o. Ele tenta negar e eu continuo: — Por favor, eu só estou fazendo u
JULES MONTEZ Separei quatro nomes da lista que o Fernando preparou. O Edu é o primeiro empresário que vou tentar conseguir trazer para a empresa como investidor, se eu estou animada com esse encontro? Não é essa a palavra que eu usaria para explicar o frio na barriga que estou sentindo, é mais para tensão, apreensão, nervosismo… enfim, vamos ver o que acontece. Os outros três empresários são: Arnaldo Pompeo, ele é o dono de uma seguradora, a Pompeo finanças, é muito conceituada no mercado e o Arnaldo é muito versátil no mundo dos negócios, ele aplica seus rendimentos em vários ramos de investimento. Esse é um que provavelmente vai aceitar minha proposta. Leonora Abreu, essa é uma empresária muito famosa por ter a rede de hotéis e pousadas mais premiadas do país, o palaces br, eu a conheço, nós já nos encontramos em alguns eventos. Ela também pode me dar uma resposta positiva. Agora esse Sérgio Sanches eu nunca ouvi falar dele, nem da empresa dele, a transportadora brilhante, mas
Eu não entendo o Samuel, o que ele realmente sente. Sabe, eu já pensei em vários possíveis motivos para esse comportamento estranho dele, mas nenhum se encaixa nessa situação. Ele é uma pessoa fria e distante, mas quando estamos na cama eu sinto que ele gosta de mim também, ele demonstra que sente o mesmo que eu em alguns momentos… Eu não sei o que pensar mais, esse homem me deixa muito confusa. Quando termino meu horário de trabalho, eu fico um pouco mais no escritório. Se eu não conseguir reverter o meu problema, amanhã será meu último dia como CEO da Construtora Montez. Passo os olhos por todo o ambiente e inspiro o ar bem fundo sentindo o cheiro desse lugar, agora é o meu cheiro, mas antes, três anos atrás era o cheiro do meu pai. Eu não mudei nada aqui, está tudo do jeitinho que ele deixou, os quadros nas paredes, os livros favoritos dele continuam na estante no canto do escritório, o cacto. Meu pai gostava muito do deserto e sempre disse que os cactos o fazia se sentir lá, traz
Eu respirei fundo e abri a porta para descer até lá e mandá-lo embora. Se ele acha que vai me afrontar invadindo o meu jantar, me ofender e depois eu ainda vou conversar com ele, ele está muito enganado. Assim que alcanço a escada ouço as vozes dele e da minha mãe, conversando naturalmente lá embaixo. Ela está sentada no sofá com uma xícara na mão, enquanto ele está de pé na outra ponta, ele gira as chaves do carro entre os dedos e parece impaciente. — Finalmente você desceu, minha querida — minha mãe diz assim que me vê descendo os degraus. — Eu disse a Samuel para subir, mas ele quis esperar você aqui — sorri com uma certa diversão, enquanto arqueia sobrancelha insinuando algo. — A senhora não ia sair? — questiono. — Eu ia sim, mas a minha amiga desmarcou. Disse que estava muito tarde — revira os olhos com desgosto — bom, vou deixar vocês conversarem. Sente-se, Samuel, pode ficar à vontade, meu querido genro.— Obrigado. — Respondeu, encarando-me. Apesar de forçar simpatia na f
Eu sinto um arrepio percorrer meu corpo, ele está claramente me ameaçando e, pela sua atitude lá no restaurante, eu acho que ele é bem capaz de cumprir as ameaças. Ouço sua risada e volto aos meus sentidos. — Você está me ameaçando? — Pense como quiser. — O que você pretende com isso, Samuel? Você me oferece ajuda, me faz acreditar que você me ama, se casa comigo, e aí no final você arruma uma amante e tenta me tirar da minha empresa. Qual é a sua? — sorrio, com ironia — eu só quero entender. — Você quer mesmo continuar conversando aqui? — questiona, olhando na direção da sala de jantar. — Nós podemos conversar no meu quarto, lá…— Não! Nós vamos para nossa casa. Estou te esperando na garagem. — Diz e sai sem deixar espaço para discussão. Eu olho a porta que acabou de ser batida e meu coração parece que vai ter um colapso, é uma mistura de raiva, ansiedade, excitação… O cheiro dele ainda continua aqui e meu corpo inteiro está reagindo à presença dele. Se eu disser que não estou