"Deveríamos agir agora." Disse a tenente Phelton operando o sistema de câmeras, ampliando a imagem de Lenna e Max conversando. "Ela tá distraidinha com o bonitão na mesa e o restaurante está quase vazio."Sendo uma especialista em tecnologia, tinha sido fácil, quase enfadonho, para ela invadir o sistema primitivo de segurança do restaurante. As imagens em tempo real eram transmitidas pelos cinco painéis espalhados no interior da van.Vincent Carter, o capitão designado pelo Doutor Glautes, pesquisador e cientista chefe da Força Especial contra Ações Sobrenaturais, estava parado em frente a um dos painéis observando a tela.Sua missão principal era capturar número dezenove, um espécime fugitivo do laboratório principal da FEAS.Com sua equipe reduzida para apenas três integrantes, eles haviam chegado perto duas vezes. Em uma Raphael, seu melhor atirador, acertara uma bala no ombro de número dezenove. Mas então, eles haviam esbarrado em um colateral, uma denominação interna para civil c
"O sangue não é meu, não preciso de atendimento." Disse Lenna, assim que ouviu os passos e depois viu os sapatos brancos do médico entrarem em seu campo de visão. Ela falara a mesma coisa para o socorrista da ambulância e para a enfermeira que a levou até a sala do pronto socorro.Ela tentou levantar para ir embora assim que chegou, mas decidiu ficar sentar na maca quando sentiu que o mundo ainda dava voltas ao seu redor. Havia sido encaminhada para o hospital mais próximo, o restaurante fechado para a apuração do ocorrido.Não houvera nenhum sinal de Max, Lenna insistiu que a equipe de socorristas buscasse por ele nas proximidades do restaurante. Ela vira o ferimento em seu peito e o sangue caindo dele.Vergonhosamente ficou alguns segundos em choque quando Max lançara-se sobre ela, demorando para perceber o que havia acontecido.Ela respirou fundo tentando manter a mente calma."Você sempre tem que parecer durona?" Falou uma voz conhecida, Lenna levantou o rosto e viu a última pesso
Raphael pensou por um momento que era um desperdício matar uma mulher tão bonita, mas eram os ossos do ofício e ele apertou o gatilho da sniper sem hesitações, quando a ordem do capitão Carter soou no comunicador em seu ouvido.Aguardou o trajeto da bala acertar o alvo, de onde estava posicionado demoraria menos de dez segundos.Ele contou, costumava fazer isso para ter a satisfação de provar que estava certo. Quando a bala rompeu o vidro do restaurante, sua contagem estava em sete, três miseros segundos para a bala acertar o alvo e Raphael viu através da mira amplificada a mesa ser virada e o seu alvo ser derrubado no chão, mas não pelo seu tiro.Ele xingou, perdera seu recorde ao errar a bala. A rapidez do movimento que o homem sentado em frente ao alvo fez lembrou a Raphael de quando atirou em número dezenove, o espécime fugitivo que deveriam capturar, ele precisou prever o movimento para acerta-lo. Era rápido como um leopardo."Capitão Carter, o alvo não foi atingido. Irei me repo
Lenna tirou a blusa ensanguentada e a jogou na lavadora, continuara tentando ligar para Max quando pegou um táxi de volta ao restaurante. Falara com os polícias, discutira com Travis que foi pessoalmente até o local, depois pegou seu carro e dirigiu, dispensando os policiais que tinha a escoltado até em casa.O relógio na cozinha marcava uma da manhã, ela estava cansada e confusa. Pegou o celular uma última vez e viu que estava descarregado. Ela o conectou no carregador em seu quarto e foi em direção ao banheiro, tomar uma ducha quente para clarear a cabeça."Será que estou fazendo a coisa certa?" Perguntou-se vendo seu reflexo abatido no espelho do banheiro. Ela recolocou o medalhão que sempre levava no pescoço e segurou a medalha de Santa Barbara entre os dedos.Era o último presente da sua mãe, que possuía uma igual, mas que não fora capaz de protegê-la da morte. Lenna não acreditava em santas ou anjos, mas acreditava no todo-poderoso impiedoso. E que se ele apenas podia aplicar a
Max havia experimentado um verdadeiro bombardeio de emoções em uma única noite. A preocupação de Lenna ao vê-lo fez com que a verdade brotasse de seus lábios, ele não mentiria para ela, não ocultaria suas intenções com medo da rejeição.Ao vê-la semi nua com os cabelos escuros umedecidos e o rosto deliciosamente corado, Max vencera facilmente a batalha interna que vinha travado contra a fera.Ainda assim, o homem amaldiçoado com mais vidas do que qualquer outro, antigo e bárbaro despertou em seu interior. Uma mulher esplendorosa estava diante dele, seu corpo respondeu imaginando como seria fácil tirá-la daquela maldita toalha.Com uma vontade de ferro Max se controlou, ainda que puxando-a para perto, apenas um beijo, desejou, ele não iria além."Quero a sua permissão."Sua voz soou crua, faminta, Lenna era sua companheira e o seu corpo implorava por ela. Max a observou engolir em seco, a respiração presa na garganta dela."Sim." Ela respondeu, molhando os lábios. Oferecendo um convite
Andando na ponta dos pés como um ladão de desenho animado, Lenna foi até a porta, pegou a arma no aparador e a escondeu no cós da calça do pijama."Quem é?" Perguntou, encostada a parede, caso um atirador estivesse pensando em pega-la através da madeira."Bernard." Respondeu seu único amigo dentro do departamento policial, haviam frequentado a mesma escola preparatória e por coincidência designados ao mesmo departamento. Bernard também esteve presente no caso que ela havia trocado com Walt, o do posto de gasolina com o banheiro vandalizado.
Um clima sombrio empestava o ar do quinto departamento de polícia.Lenna que havia acordado horas depois do seu despertador tocar, estava vinte minutos atrasada. Era a primeira vez que isso acontecia, bem como a primeira vez desde que se tornaram investigadora de que ela dormira bem sem as preocupações dos seus casos corroendo a mente. Ao acordar, ela procurou Max no sofá da sala, onde ele deveria ter dormido, já que Lenna desistira de expulsá-lo. O sofá estava vazio, mas ela achou um bilhete nele: A encontrarei mais tarde. Uma única frase que a deixara com uma estranha sensação de ansiedade.Lenna passou pela recepção cumprimentando os atendentes e entrou no escritorio geral, notando assim que passou pelas portas de vidro uma comoção envolta da sua mesa. Travis, Walt e outros investigadores estavam discutindo sobre o que deveriam fazer."O que está acontecendo?" Perguntou Lenna, atraindo a atenção dos homens que não haviam a visto até então."Milton, está atrasada." Disse Travis, a
Lenna nunca gostara de suspense. Fugia dos filmes do gênero, lia as duas últimas páginas de um livro antes de iniciá-lo e nunca reclamava de receber spoilers. O suspense era como uma unha encravada, incomodava e sempre machucava mais segundos antes de ser retirada, o alívio vinha depois, é claro. Enquanto segurava o telefone esperando a voz misteriosa do outro lado da linha expor seus motivos, ela controlava a respiração, sabendo que se demonstrasse que estava interessada demais, podia ficar muito exposta e suscetível aos caprichos do criminoso.O departamento que nunca parava estava tão silencioso quanto, apenas ela e um técnico enviado para conectar o celular em um aparelho feito para rastrear o sinal estavam no prédio."Quero ajudar você." Disse a voz, finalmente."Pode me ajudar começando pelo seu nome e o motivo de estar fazendo isso." Disse Lenna."Não tenho um nome.""Como seus pais o chamam?""Não tive pais.""E amigos?""Nenhum verdadeiro.""Certo, do que quer ser chamado? D