"Quer bancar a porra do herói, Carter? Então lida com isso!"Vincent mal tinha se recuperado do primeiro soco quando Pit bateu de novo, o socando na barriga, fazendo o ar sumir, Vincent caiu de joelhos."Fracote." Disse Pit, cuspindo no chão, ele iria chutar Vincent, descontando toda sua ira nele, se o último garoto do grupo, o que ainda estava sentado em das cadeiras da mesa, não tivesse o impedido."Cara já tá bom, vamos sair daqui." Falou, puxando Pit. "Se o treinador descobrir, o problema vai ser nosso.""Teve sorte, babaca." Disse Pit, indo embora com os amigos. Ele parou no sopé da porta e fez um gesto obsceno para Lisa. "Ainda vou te pegar, piranha."Quando eles saíram, Vincent esticou o braço para pegar o diário no chão, era um caderno simples com capa de couro. Lisa o recuperou antes dele, as mãos dela tremiam levemente, ela juntou as folhas que Pit havia arrancado com rapidez, depois se levantou segurando o diário perto do peito, como se fosse uma tabua de salvação em meio a
"Os seus olhos... " Disse Vincent ofegante.Lisa piscou e o efeito desapareceu, eram apenas olhos comuns de um azul claro, acinzentado e tempestuoso. Vincent pensou que o cansaço, após percorrer quase toda a escola, deveria ter feito com que ele visse coisas que não existiam. E aquilo não era tão importante no momento, sua prioridade era avisar Lisa sobre Pit."Lisa, você tem que sair da escola. Pit está aqui, ele parece pronto para arranjar confusão e eu acho...acho que ele está procurando você." Falou de forma urgente, era a maior frase que já havia trocado com Lisa e só depois de dizê-la, Vincent se deu conta de como deveria ter parecido tolo, preocupado.Ela esboçou o início de um sorriso. Uma corrente de ar passou por ele, zunindo em seus ouvidos, agitando as folhas das árvores lá embaixo. Vincent pode escutar alguém subindo ás escadas até o terraço."Ah, eu deveria ter matado ele." Disse Lisa com um suspiro, se levantando do chão. Pit abriu a porta para o terraço, parecendo ma
Vincent nunca conseguiu ser o mesmo após acordar no hospital, um dia após Pit morrer e Lisa desaparecer para sempre, deixando-lhe uma acusação de homicídio. Desqualificada para legítima defesa, graças ao padastro de Vincent, o dinheiro dele e o acordo que fizeram entre si.Vincent deveria permanecer e manter seu pai fracassado longe da irmã e da mãe dele. Ele aceitou a condição, assim como o dinheiro pelo silêncio. Dinheiro o suficiente para que ele fosse embora quando completasse dezoito anos.Ele fez isso quando se alistou ao exército, distanciando-se de tudo como desejara. Se dedicando exclusivamente a fazer algo que fosse maior que ele, que perduraria além dele. Ele não se importava com o cansaço dos treinamentos ou com as dores musculares dos exercícios, a dor era bem-vinda, porque ás vezes, durante a madrugada ele acordava sentindo os dedos de Lisa em seu pescoço e somente a dor o fazia despertar completamente, o lembrava que ele estava vivo. Vincent destruíra o desenho dela qua
Os próximos minutos foram seguidos por uma tentativa falha de luta que Vincent perdeu facilmente, ele foi arrastado pelo chão, exausto e derrotado, escutando o restante do grupo ser completamente dizimado pelo seu erro, por seu ato de heroísmo fracassado.Ele foi jogado em um buraco, guardado para a próxima refeição das criaturas. Paredes sem aderência e um cheiro terrível de carne podre empesteavam o lugar. A luz não se infiltrava ali, nem mesmo quando o amanhecer, por suas contas, deveria ter chegado.Ele pensou em aguardar a morte, a ceder novamente para os dedos esguios e delicados em seu pescoço. Era apenas um humano com o azar de ser pego pelos monstros que viviam as sombras da sociedade moderna. Ele escolheu em sua juventude esquecer de tudo, nunca contara sobre o que viu Lisa fazer com Pit, fora tão estúpido.Quando o mal o encontra pela primeira vez, ele vai continuar se aproximando até levá-lo com ele, deduziu Vincent. Mas, eu não vou render, não sem lutar.Ele tateou o chão
Lenna lembrava-se perfeitamente do dia em que sua mãe foi enterrada.Desde o modelo do caixão a como a babá havia escolhido sua roupa, ignorando o fato de que ela odiava meia-calça, porque fazia suas pernas coçarem. De como o clima estava ensolarado e radiante e de como sua tia Melinda não parava de tocar no cabelo, ela tinha uma compulsão de puxar os fios quando estava inquieta.Todas as pessoas que traziam flores paravam para cumprimentar Lenna e Jean, diziam palavras de apoio, de como eles estavam sendo fortes naquele momento, Jean não soltava a mão de Lenna e ele sempre apertava mais quando alguém dizia aquilo, para poder segurar as lágrimas.Seu pai não fez um discurso, ficou todo o tempo sentado em uma cadeira próxima ao caixão, quando alguém se aproximava, um segurança falava que ele não queria ser incomodado no momento e a pessoa em questão vinha até Lenna e Jean, pedir para que eles com seus cinco anos de idade e sua própria dor, lembrassem de transmitir pêsames com os cumpri
Eles chegaram até o endereço dado pela central, rastreado graças a ligação e o celular que o suspeito de ser o assassino em série havia mandado para Lenna. Era um armazém de materiais de construção, uma patrulha havia ficado de paisana no lugar, aguardando qualquer movimentação, quando obtiveram a confirmação, eles avisaram a central, que por sua vez ligou para Lenna.E lá estava ela e Max, saindo do carro como se fossem uma equipe. O pensamento era engraçado para Lenna, não se conheciam a mais de uma semana, mas fora as investidas de Max, ela apreciava a companhia dele como nunca tinha apreciado de mais ninguém.Ainda que eles precisassem conversar mais sobre o passado, bruxas e maldições. Lenna estava disposta a acredita nele, Max a fazia ter sentimentos e desejos que ela nunca sentira, o que era novo, inexplorado e excitante. Ela queria acreditar nele, porque sentia que precisava dele em sua vida."Quem é esse?" Perguntou um dos polícias, com desconfiança ao encontrar com Lenna em
“Você poderia ao menos fingir estar feliz por mim?”As palavras duras que romperam os mexericos das mulheres reunidas no interior da Adefild, uma loja de vestidos de luxo para casamentos, vinham de Rosalind Milton, a noiva pela qual toda a loja fora reservada. Rosalind era alta, magra e tingia os cabelos castanhos de loiro a cada três meses, tinha um sorriso perfeito e olhos verdes tais como o da irmã mais velha, Lenna Milton, para quem ela impiedosamente dirigiu a frase.Lenna que estava sentada em um dos cantos do sofá perolado com a cabeça apoiada em uma das mãos, não conseguiu evitar de bocejar diante da irmã que a fuzilava com o olhar. Não era tão alta ou magra quanto Rosalind, mas tinha o porte atlético e cabelos pretos com cílios igualmente escuros que ornamentavam seus olhos, no momento, cercados por olheiras profundas.“Me desculpe, eu não dormi bem essa noite. Estou cansada, Rosalind, e esse é o sétimo vestido que você experimenta” Respondeu Lenna de forma direta.Desde que
Já era o fim da tarde quando Lenna chegou em Road Villagi, 62, estacionando seu carro atrás das faixas amarelas de proteção da polícia. Um carro da patrulha e um caminhão do corpo de bombeiros estavam parados em frente ao posto de gasolina interditado. Sem sinais de uma ambulância ou da perícia, sem indicativos de que haviam vítimas ou, na pior hipóteses, indicando que Travis havia segurado o chamado para dificultar ás coisas para Lenna.Bernard Kingley, policial veterano e amigo de Lenna, estava conversando com um dos bombeiros, ele viu Lenna sair do carro e acenou para ela.“Qual a situação, Bernard?” Perguntou Lenna, passando por baixo da faixa para ir em direção dos dois homens.“Investigadora Milton, esse é o Tenente Cortez. O corpo de bombeiros foi o primeiro a chegar.” Respondeu.Lenna trocou um aperto de mãos rápido com o Tenente Cortez, que tinha estatura mediana, cabelos e olhos escuros.“Recebemos um telefonema do frentista preocupado que um animal selvagem estivesse preso