Não era o seu distintivo que Lenna desejava pegar no carro, mas sua arma. Acreditar em um detetive recém rechegado a cidade estava dependendo bem mais do que um nome desconhecido."Me fale sobre a garota que está procurando, Max." Pediu. "O departamento costuma colaborar no que puder, posso ajudá-lo com isso.""Eu agradeceria, mas sinto que não está sendo sincera comigo, Investigadora Milton."E nem você, pensou Lenna, abrindo a porta do carro. Ela havia estacionado do outro lado da rua.Pelo reflexo no vidro da janela, ela viu Max mover a mão até o casaco, virou-se pronta para acerta-lo, mas ele defendeu o golpe com rapidez, sua mão sendo bem mais delicada do que a de Lenna, se ela tivesse o acertado. Na outra mão dele estava uma carteira, ele a abriu usando os dedos para desabotoar o feixe, na primeira guia estava sua carteira de motorista, na segunda sua identificação como detetive."Sinto muito se a assustei, pensei que estava tensa, por isso peguei minha carteira." Disse ele com
"Vi você na TV." Disse Jean, o gêmeo e por cinco minutos, o irmão mais velho de Lenna. Ele ergueu sua taça de champanhe para que o garçom a enchesse.Todos os sábados, às vinte horas, na mesa oito do segundo andar no Pallatine, um conceituado restaurante de comida italiana, os Milton se reuniam para jantar. A tradição era mais velha do que Lenna conseguia se lembrar e vinha do fato de que nenhum deles, com exceção de Pamela, sabia cozinhar, a última tentativa envolvendo Lenna e Jean terminou com uma cozinha parcialmente incendiada e um pedido de cinco caixas de pizza a meia-noite."Você apareceu na TV, por quê?" Perguntou Rosalind, não escondendo a surpresa em sua voz."Era uma coletiva da imprensa sobre um caso que estou trabalhando, não é nada de mais." Respondeu Lenna, espetando o ravioli em seu prato.Ela havia contado a Travis, seu superior, sobre a invasão em sua casa e a suspeita de que alguém do departamento havia vazado informações. Não era impossível e nem novidade que algum
M*****a boca, pensou Lenna, deixando o restaurante com passos apressados. Dissera o primeiro nome que veio a mente, a do detetive particular que havia encontrado uma única vez, ela pensara em ligar para ele no dia seguinte, mas se conteve e pediu para que Bernard o fizesse e checasse com ele se o caso da sua garota desaparecida era o mesmo da última vítima do assassino em série. A nova informação foi a única coisa que permitiu a Lenna não sair totalmente envergonhada da coletiva de impressa, que a anunciou como a nova encarregada do caso. Ter câmeras viradas para si, meia duzia de microfones e reportes ávidos em fazer perguntas haviam esgotado sua energia nos primeiros vinte segundos. Ela procurou as chaves do carro na bolsa enquanto andava e acabou esbarrando em alguém no processo. Um homem alto com olhos que pareciam olhar a alma dela, cabelo loiro e curto, lábios finos e traços esculpidos. Ela teria dito: uau, se tivesse dezesseis anos ou se fosse a primeira vez que tivesse o vis
"Deveríamos agir agora." Disse a tenente Phelton operando o sistema de câmeras, ampliando a imagem de Lenna e Max conversando. "Ela tá distraidinha com o bonitão na mesa e o restaurante está quase vazio."Sendo uma especialista em tecnologia, tinha sido fácil, quase enfadonho, para ela invadir o sistema primitivo de segurança do restaurante. As imagens em tempo real eram transmitidas pelos cinco painéis espalhados no interior da van.Vincent Carter, o capitão designado pelo Doutor Glautes, pesquisador e cientista chefe da Força Especial contra Ações Sobrenaturais, estava parado em frente a um dos painéis observando a tela.Sua missão principal era capturar número dezenove, um espécime fugitivo do laboratório principal da FEAS.Com sua equipe reduzida para apenas três integrantes, eles haviam chegado perto duas vezes. Em uma Raphael, seu melhor atirador, acertara uma bala no ombro de número dezenove. Mas então, eles haviam esbarrado em um colateral, uma denominação interna para civil c
"O sangue não é meu, não preciso de atendimento." Disse Lenna, assim que ouviu os passos e depois viu os sapatos brancos do médico entrarem em seu campo de visão. Ela falara a mesma coisa para o socorrista da ambulância e para a enfermeira que a levou até a sala do pronto socorro.Ela tentou levantar para ir embora assim que chegou, mas decidiu ficar sentar na maca quando sentiu que o mundo ainda dava voltas ao seu redor. Havia sido encaminhada para o hospital mais próximo, o restaurante fechado para a apuração do ocorrido.Não houvera nenhum sinal de Max, Lenna insistiu que a equipe de socorristas buscasse por ele nas proximidades do restaurante. Ela vira o ferimento em seu peito e o sangue caindo dele.Vergonhosamente ficou alguns segundos em choque quando Max lançara-se sobre ela, demorando para perceber o que havia acontecido.Ela respirou fundo tentando manter a mente calma."Você sempre tem que parecer durona?" Falou uma voz conhecida, Lenna levantou o rosto e viu a última pesso
Raphael pensou por um momento que era um desperdício matar uma mulher tão bonita, mas eram os ossos do ofício e ele apertou o gatilho da sniper sem hesitações, quando a ordem do capitão Carter soou no comunicador em seu ouvido.Aguardou o trajeto da bala acertar o alvo, de onde estava posicionado demoraria menos de dez segundos.Ele contou, costumava fazer isso para ter a satisfação de provar que estava certo. Quando a bala rompeu o vidro do restaurante, sua contagem estava em sete, três miseros segundos para a bala acertar o alvo e Raphael viu através da mira amplificada a mesa ser virada e o seu alvo ser derrubado no chão, mas não pelo seu tiro.Ele xingou, perdera seu recorde ao errar a bala. A rapidez do movimento que o homem sentado em frente ao alvo fez lembrou a Raphael de quando atirou em número dezenove, o espécime fugitivo que deveriam capturar, ele precisou prever o movimento para acerta-lo. Era rápido como um leopardo."Capitão Carter, o alvo não foi atingido. Irei me repo
Lenna tirou a blusa ensanguentada e a jogou na lavadora, continuara tentando ligar para Max quando pegou um táxi de volta ao restaurante. Falara com os polícias, discutira com Travis que foi pessoalmente até o local, depois pegou seu carro e dirigiu, dispensando os policiais que tinha a escoltado até em casa.O relógio na cozinha marcava uma da manhã, ela estava cansada e confusa. Pegou o celular uma última vez e viu que estava descarregado. Ela o conectou no carregador em seu quarto e foi em direção ao banheiro, tomar uma ducha quente para clarear a cabeça."Será que estou fazendo a coisa certa?" Perguntou-se vendo seu reflexo abatido no espelho do banheiro. Ela recolocou o medalhão que sempre levava no pescoço e segurou a medalha de Santa Barbara entre os dedos.Era o último presente da sua mãe, que possuía uma igual, mas que não fora capaz de protegê-la da morte. Lenna não acreditava em santas ou anjos, mas acreditava no todo-poderoso impiedoso. E que se ele apenas podia aplicar a
Max havia experimentado um verdadeiro bombardeio de emoções em uma única noite. A preocupação de Lenna ao vê-lo fez com que a verdade brotasse de seus lábios, ele não mentiria para ela, não ocultaria suas intenções com medo da rejeição.Ao vê-la semi nua com os cabelos escuros umedecidos e o rosto deliciosamente corado, Max vencera facilmente a batalha interna que vinha travado contra a fera.Ainda assim, o homem amaldiçoado com mais vidas do que qualquer outro, antigo e bárbaro despertou em seu interior. Uma mulher esplendorosa estava diante dele, seu corpo respondeu imaginando como seria fácil tirá-la daquela maldita toalha.Com uma vontade de ferro Max se controlou, ainda que puxando-a para perto, apenas um beijo, desejou, ele não iria além."Quero a sua permissão."Sua voz soou crua, faminta, Lenna era sua companheira e o seu corpo implorava por ela. Max a observou engolir em seco, a respiração presa na garganta dela."Sim." Ela respondeu, molhando os lábios. Oferecendo um convite