Capítulo 2

Clair ainda estava processando a mudança repentina na atitude de Cedrick. Mais cedo, ele havia sido frio e arrogante, mas, durante a reunião, pareceu respeitar sua opinião. Será que ele era assim com todos? Ou havia algo mais por trás daquela fachada implacável?

Sacudindo os pensamentos, decidiu se concentrar em algo mais simples: o almoço. Ela se levantou, pegou sua bolsa e saiu da sala. Mas, assim que deu alguns passos pelos corredores modernos da empresa, percebeu que não fazia ideia de onde ficava o refeitório.

— Perdida? — uma voz feminina e amigável soou ao seu lado.

Clair se virou e encontrou uma mulher de sorriso caloroso e olhar acolhedor.

— Um pouco — ela admitiu, envergonhada.

— Primeiro dia? — a mulher perguntou, e Clair assentiu. — Vem comigo, estou indo almoçar também. Sou Lorena, do setor de marketing.

— Clair. Comecei hoje como assistente do CEO.

— Uau — Lorena ergueu as sobrancelhas, impressionada. — Trabalhar com Cedrick Lorenzze deve ser… intenso.

Clair riu, meio sem jeito.

— Você não faz ideia.

As duas caminharam lado a lado até o refeitório, onde o ambiente era bem mais descontraído do que o restante da empresa. Pegaram suas bandejas e se sentaram em uma mesa próxima à janela.

— Então, como foi seu primeiro dia até agora? — Lorena perguntou enquanto mexia na salada.

Clair suspirou.

— Um misto de emoções. Cedrick é complicado. No começo, ele foi arrogante, quase insuportável. Mas, depois, na reunião, pareceu… diferente.

Lorena soltou uma risada curta.

— Cedrick Lorenzze tem essa fama. Frio, exigente, mas brilhante. Algumas pessoas dizem que ele tem um lado humano, só que poucos conseguem ver.

— Bom, não sei se quero descobrir — Clair brincou, e as duas riram.

O almoço seguiu agradável, e Clair sentiu-se aliviada por ter encontrado alguém amigável no meio de tanta formalidade. Talvez o trabalho na Lorenzze não fosse tão solitário quanto imaginava.

Mas, no fundo, ela sabia que Cedrick continuaria sendo um mistério… um mistério perigoso e intrigante.

Assim que voltou para sua sala, Clair colocou a bolsa no canto da mesa e suspirou, aproveitando aquele breve momento de descanso. Mas o telefone tocou antes que ela pudesse sequer se sentar.

— Alô? — atendeu rapidamente.

— Traga minha agenda agora. Precisamos organizar os compromissos da semana. — A voz grave e impaciente de Cedrick soou do outro lado da linha, sem rodeios.

Clair crispou os lábios, irritada com o tom mandão dele. Nem um “por favor”? Mas respirou fundo, engolindo a resposta ácida que queria dar. Se Cedrick esperava que ela reagisse mal, teria que se decepcionar.

— Estou a caminho, senhor Lorenzze — respondeu, com a calma forçada de quem tenta esconder o incômodo.

Pegando a agenda e um bloco de anotações, caminhou pelo corredor com passos firmes, tentando ignorar a ansiedade crescente. Trabalhar diretamente com Cedrick significava encará-lo constantemente, e algo nele a desestabilizava – talvez a intensidade do olhar ou o jeito dominante com que falava.

Ao entrar na sala dele, encontrou-o debruçado sobre a mesa, revisando alguns papéis com a expressão fechada. Ele sequer ergueu os olhos quando ela colocou a agenda sobre a mesa.

— Sente-se — ordenou.

Clair cerrou os dentes por um segundo, mas obedeceu.

Cedrick abriu a agenda e começou a ditar os compromissos com rapidez, como se esperasse que ela já estivesse familiarizada com cada detalhe. Ela anotava tudo com eficiência, sem se deixar intimidar.

— Quinta-feira, reunião com investidores às nove. À tarde, viagem para São Paulo para o evento corporativo. Reserve um voo e um hotel.

Clair assentiu e anotou.

— Alguma preferência de hotel, senhor?

Ele finalmente ergueu o olhar para ela, estreitando os olhos.

— Algum cinco estrelas com boa reputação. Acho que consegue lidar com isso, não?

A ironia na voz dele fez o sangue de Clair ferver.

— Obviamente — respondeu, encarando-o com firmeza.

Por um segundo, um canto da boca dele pareceu ameaçar um sorriso, mas desapareceu tão rápido que Clair achou que tinha imaginado.

Cedrick voltou para a agenda, e Clair continuou anotando, ciente de que trabalhar ao lado dele seria um verdadeiro teste de paciência. Mas, por algum motivo, não conseguia evitar o frio na barriga sempre que ele a olhava daquele jeito. Como se estivesse desafiando-a a se render à tensão que pairava entre eles. — Pode se retirar — Cedrick disse, fechando a agenda com um movimento decidido.

Clair assentiu, pegou seu bloco de notas e se levantou com postura impecável. Não daria o gosto a ele de parecer afetada por sua arrogância.

Cedrick observou em silêncio enquanto ela saía da sala, os saltos ecoando suavemente pelo chão de mármore. Havia algo intrigante naquela garota. Ela era doce, educada, mas ao mesmo tempo firme e determinada. Diferente de qualquer assistente que ele já tivera.

Ele se recostou na cadeira, cruzando os dedos diante do rosto. Mulheres normalmente se intimidavam com sua presença. Algumas tentavam agradá-lo excessivamente, outras temiam seu temperamento impaciente. Mas Clair… Clair o enfrentava.

Seu olhar a acompanhou até a porta, e, quando ela saiu, Cedrick percebeu que um leve sorriso havia escapado de seus lábios.

Que droga era aquela?

Balançou a cabeça, afastando os pensamentos. Precisava se concentrar no trabalho, e não em como a nova assistente era linda e irresistivelmente provocante.

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