Clair ainda estava processando a mudança repentina na atitude de Cedrick. Mais cedo, ele havia sido frio e arrogante, mas, durante a reunião, pareceu respeitar sua opinião. Será que ele era assim com todos? Ou havia algo mais por trás daquela fachada implacável?
Sacudindo os pensamentos, decidiu se concentrar em algo mais simples: o almoço. Ela se levantou, pegou sua bolsa e saiu da sala. Mas, assim que deu alguns passos pelos corredores modernos da empresa, percebeu que não fazia ideia de onde ficava o refeitório. — Perdida? — uma voz feminina e amigável soou ao seu lado. Clair se virou e encontrou uma mulher de sorriso caloroso e olhar acolhedor. — Um pouco — ela admitiu, envergonhada. — Primeiro dia? — a mulher perguntou, e Clair assentiu. — Vem comigo, estou indo almoçar também. Sou Lorena, do setor de marketing. — Clair. Comecei hoje como assistente do CEO. — Uau — Lorena ergueu as sobrancelhas, impressionada. — Trabalhar com Cedrick Lorenzze deve ser… intenso. Clair riu, meio sem jeito. — Você não faz ideia. As duas caminharam lado a lado até o refeitório, onde o ambiente era bem mais descontraído do que o restante da empresa. Pegaram suas bandejas e se sentaram em uma mesa próxima à janela. — Então, como foi seu primeiro dia até agora? — Lorena perguntou enquanto mexia na salada. Clair suspirou. — Um misto de emoções. Cedrick é complicado. No começo, ele foi arrogante, quase insuportável. Mas, depois, na reunião, pareceu… diferente. Lorena soltou uma risada curta. — Cedrick Lorenzze tem essa fama. Frio, exigente, mas brilhante. Algumas pessoas dizem que ele tem um lado humano, só que poucos conseguem ver. — Bom, não sei se quero descobrir — Clair brincou, e as duas riram. O almoço seguiu agradável, e Clair sentiu-se aliviada por ter encontrado alguém amigável no meio de tanta formalidade. Talvez o trabalho na Lorenzze não fosse tão solitário quanto imaginava. Mas, no fundo, ela sabia que Cedrick continuaria sendo um mistério… um mistério perigoso e intrigante. Assim que voltou para sua sala, Clair colocou a bolsa no canto da mesa e suspirou, aproveitando aquele breve momento de descanso. Mas o telefone tocou antes que ela pudesse sequer se sentar. — Alô? — atendeu rapidamente. — Traga minha agenda agora. Precisamos organizar os compromissos da semana. — A voz grave e impaciente de Cedrick soou do outro lado da linha, sem rodeios. Clair crispou os lábios, irritada com o tom mandão dele. Nem um “por favor”? Mas respirou fundo, engolindo a resposta ácida que queria dar. Se Cedrick esperava que ela reagisse mal, teria que se decepcionar. — Estou a caminho, senhor Lorenzze — respondeu, com a calma forçada de quem tenta esconder o incômodo. Pegando a agenda e um bloco de anotações, caminhou pelo corredor com passos firmes, tentando ignorar a ansiedade crescente. Trabalhar diretamente com Cedrick significava encará-lo constantemente, e algo nele a desestabilizava – talvez a intensidade do olhar ou o jeito dominante com que falava. Ao entrar na sala dele, encontrou-o debruçado sobre a mesa, revisando alguns papéis com a expressão fechada. Ele sequer ergueu os olhos quando ela colocou a agenda sobre a mesa. — Sente-se — ordenou. Clair cerrou os dentes por um segundo, mas obedeceu. Cedrick abriu a agenda e começou a ditar os compromissos com rapidez, como se esperasse que ela já estivesse familiarizada com cada detalhe. Ela anotava tudo com eficiência, sem se deixar intimidar. — Quinta-feira, reunião com investidores às nove. À tarde, viagem para São Paulo para o evento corporativo. Reserve um voo e um hotel. Clair assentiu e anotou. — Alguma preferência de hotel, senhor? Ele finalmente ergueu o olhar para ela, estreitando os olhos. — Algum cinco estrelas com boa reputação. Acho que consegue lidar com isso, não? A ironia na voz dele fez o sangue de Clair ferver. — Obviamente — respondeu, encarando-o com firmeza. Por um segundo, um canto da boca dele pareceu ameaçar um sorriso, mas desapareceu tão rápido que Clair achou que tinha imaginado. Cedrick voltou para a agenda, e Clair continuou anotando, ciente de que trabalhar ao lado dele seria um verdadeiro teste de paciência. Mas, por algum motivo, não conseguia evitar o frio na barriga sempre que ele a olhava daquele jeito. Como se estivesse desafiando-a a se render à tensão que pairava entre eles. — Pode se retirar — Cedrick disse, fechando a agenda com um movimento decidido. Clair assentiu, pegou seu bloco de notas e se levantou com postura impecável. Não daria o gosto a ele de parecer afetada por sua arrogância. Cedrick observou em silêncio enquanto ela saía da sala, os saltos ecoando suavemente pelo chão de mármore. Havia algo intrigante naquela garota. Ela era doce, educada, mas ao mesmo tempo firme e determinada. Diferente de qualquer assistente que ele já tivera. Ele se recostou na cadeira, cruzando os dedos diante do rosto. Mulheres normalmente se intimidavam com sua presença. Algumas tentavam agradá-lo excessivamente, outras temiam seu temperamento impaciente. Mas Clair… Clair o enfrentava. Seu olhar a acompanhou até a porta, e, quando ela saiu, Cedrick percebeu que um leve sorriso havia escapado de seus lábios. Que droga era aquela? Balançou a cabeça, afastando os pensamentos. Precisava se concentrar no trabalho, e não em como a nova assistente era linda e irresistivelmente provocante.O primeiro dia de trabalho de Clair tinha sido mais intenso do que esperava. Entre reuniões inesperadas, a arrogância desconcertante de Cedrick e a tensão que sentia sempre que estava perto dele, ela mal teve tempo de respirar. Mas, no fim do dia, sentiu uma pontada de satisfação. Tinha conseguido se sair bem, e isso era o mais importante.Às 18h, ela pegou sua bolsa e saiu do prédio, caminhando em direção ao ponto de ônibus. O céu já estava tingido por tons alaranjados, e uma brisa fresca aliviava o calor do dia.— Clair! — Uma voz animada chamou por ela.Era Lorena, sua nova amiga do marketing, que vinha com um sorriso largo.— Como foi o resto do seu dia? Sobreviveu ao Cedrick?Clair soltou uma risada curta.— Sobrevivi, mas não foi fácil. Ele muda de humor como quem troca de roupa.— Normal — Lorena disse, rindo. — Olha, eu e algumas pessoas do escritório estamos indo a um barzinho para relaxar. Você tem que vir! Nada melhor do que comemorar seu primeiro dia.Clair hesitou por um
Clair caminhava apressada em direção ao escritório de Cedrick quando notou uma mulher parada próxima à porta. Ela era loira, alta, e tinha um corpo escultural. Mas o que mais chamava atenção era a expressão fechada e o olhar de desdém que lançou a Clair assim que a viu se aproximar.— Quem é você? — a mulher perguntou, cruzando os braços e analisando Clair dos pés à cabeça, como se ela fosse uma intrusa.Clair, surpresa com a hostilidade, respirou fundo, mantendo a calma.— Sou Clair, assistente pessoal do senhor Lorenzze — respondeu educadamente.Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta do escritório se abriu, e Cedrick apareceu. Seu olhar frio e calculista pousou primeiro em Andressa, e imediatamente ficou evidente que ele não gostou nada da abordagem.— Algum problema aqui? — sua voz saiu baixa, mas carregada de autoridade.Andressa se virou rapidamente, mudando ligeiramente a postura.— Eu só estava perguntando quem ela era, senhor. Achei que deveria anunciá-la antes
Assim que Danilo terminou de falar sobre os contratos, Cedrick se recostou na cadeira e cruzou os braços, os olhos frios fixos no farmacêutico.— Se precisar de algo, fale com o departamento jurídico. Agora pode sair.O tom não deixava espaço para discussão. Danilo hesitou por um segundo, claramente não satisfeito em ser dispensado tão rápido, mas sabia que não podia desafiar Cedrick. Com um último olhar — é claro, direcionado a Clair — ele finalmente saiu.Assim que a porta se fechou, Clair soltou um suspiro discreto e voltou sua atenção para a agenda, tentando ignorar a tensão que ainda pairava no ar.— Detesto esse cara — Cedrick disse de repente, sua voz mais baixa, mas carregada de desdém.Clair ergueu os olhos, surpresa. Cedrick nunca fazia comentários pessoais sobre ninguém.— Percebi — ela respondeu, tentando esconder um sorrisinho.Cedrick bufou, massageando as têmporas.— Tenho um almoço de negócios com investidores daqui a pouco. Você vai comigo.Clair piscou, atordoada com
Enquanto degustava um pouco do vinho, o senhor Bittencourt voltou seu olhar gentil para Clair e, com um sorriso interessado, perguntou:— E então, senhorita Clair, qual é sua formação? O que a trouxe até a Lorenzze?Cedrick, que até então estava focado na conversa sobre investimentos, desviou o olhar para ela, curioso para ouvir sua resposta.Clair colocou seu copo de suco na mesa e respondeu com naturalidade:— Sou formada em Administração. Trabalhei como garçonete enquanto estudava, e quando me formei, procurei oportunidades na área. Foi assim que consegui a vaga na Lorenzze.Bittencourt assentiu, como se analisasse cada palavra.— Trabalhar e estudar ao mesmo tempo… Isso exige muito esforço e dedicação. — Ele sorriu de canto. — E como está sendo a experiência de trabalhar com Cedrick?Clair sentiu Cedrick endurecer ao seu lado, como se estivesse atento à resposta.Ela manteve a postura profissional, mas um leve brilho de divertimento passou por seus olhos.— Bem… intenso. Mas estou
Assim que chegaram ao edifício Lorenzze, Cedrick caminhou a passos largos até sua sala, com Clair o acompanhando de perto. Assim que entrou, ele tirou o paletó e o pendurou no encosto da cadeira, passando as mãos pelos cabelos em um gesto típico de alguém que nunca realmente relaxava.— Chame o pessoal do marketing e do jurídico para uma reunião breve. Precisamos alinhar os detalhes do contrato com a empresa Bittencourt — ordenou, direto ao ponto.Clair assentiu e imediatamente começou a organizar os convites para a reunião. Assim que terminou, voltou-se para Cedrick.— Feito. Algo mais?Cedrick ajeitou as abotoaduras e pegou alguns documentos sobre a mesa.— Sim. Vamos ficar até mais tarde hoje. Há detalhes desse contrato que precisam ser finalizados ainda hoje.Clair prendeu a respiração por um segundo. Trabalhar até mais tarde? Não que fosse um problema — ela sabia que a posição exigia isso — mas teria que avisar sua tia Denise para que não se preocupasse.— Sem problemas. Só preci
Clair estava concentrada, anotando tudo o que Cedrick ditava, enquanto eles analisavam documentos e organizavam reuniões e viagens estratégicas. O tempo passou sem que ela percebesse, até que seu estômago começou a reclamar silenciosamente.Foi então que Cedrick olhou o relógio e, sem dizer nada para ela, pegou o telefone e ligou para a secretária.— Peça um jantar para minha assistente — ordenou, seco como sempre.Clair arregalou os olhos e abriu a boca para protestar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele desligou e voltou a revisar os contratos como se nada tivesse acontecido.Pouco tempo depois, uma bandeja chegou à sala do CEO com um super jantar de massas, acompanhado de um vinho refinado e pão artesanal. Clair olhou para a refeição luxuosa e depois para Cedrick, desconfiada.— Acho que um lanche simples já resolveria… — murmurou, sentindo-se um pouco sem jeito.Cedrick deu de ombros.— Você trabalhou o dia inteiro e ainda ficou até tarde. Precisa se alimentar direito.
Cedrick abriu a porta do luxuoso BMW X6 preto, e Clair entrou no carro, sentindo o estofado de couro macio sob suas mãos. O cheiro sofisticado de Cedrick preenchia o espaço, e por um momento, ela se sentiu desconfortavelmente consciente da proximidade dele.— Digite seu endereço no GPS — ele disse, sem tirar os olhos da estrada.Clair assentiu e fez o que ele pediu. O silêncio entre eles não era exatamente desconfortável, mas carregava uma tensão estranha. Talvez fosse o fato de que, em menos de 48 horas de trabalho, ela já tinha dividido jantares, reuniões estratégicas e agora estava dentro do carro de Cedrick Lorenzze sendo levada para casa.Quando chegaram ao seu destino, Clair desceu do carro e se virou para ele.— Obrigada pela carona, Cedrick.Ele apenas assentiu e desligou o motor.Para sua surpresa, ele saiu do carro e a acompanhou até a porta, as mãos nos bolsos da calça de alfaiataria. Parecia ligeiramente desconfortável, como se não soubesse exatamente por que estava fazend
Clair chegou à empresa antes do horário, achando que teria um tempo para organizar o dia com calma, sem precisar encarar Cedrick Lorenzze tão cedo.Mas, para sua surpresa, ele já estava lá.Antes mesmo que pudesse se acomodar direito, a porta de sua sala se abriu e ele entrou sem cerimônia, impecável como sempre, a expressão séria e determinada.— Vamos tomar café — ele anunciou, como se fosse uma ordem.Clair piscou, surpresa.— O quê?— Café. Agora. E vamos resolver os detalhes da viagem.Ela franziu a testa, confusa.— Que viagem?Cedrick cruzou os braços, impaciente.— Para a Espanha. Essa semana.Clair arregalou os olhos.— Eu vou para a Espanha com você?!Ele a encarou como se fosse óbvio.— Você é minha assistente pessoal. Preciso de você lá.Clair abriu a boca para argumentar, mas ele já estava virando nos calcanhares e saindo da sala.— Vamos, Clair. O café não vai se servir sozinho.Ela ficou paralisada por um instante, tentando processar tudo. Uma viagem internacional. Com