Capítulo 3

O primeiro dia de trabalho de Clair tinha sido mais intenso do que esperava. Entre reuniões inesperadas, a arrogância desconcertante de Cedrick e a tensão que sentia sempre que estava perto dele, ela mal teve tempo de respirar. Mas, no fim do dia, sentiu uma pontada de satisfação. Tinha conseguido se sair bem, e isso era o mais importante.

Às 18h, ela pegou sua bolsa e saiu do prédio, caminhando em direção ao ponto de ônibus. O céu já estava tingido por tons alaranjados, e uma brisa fresca aliviava o calor do dia.

— Clair! — Uma voz animada chamou por ela.

Era Lorena, sua nova amiga do marketing, que vinha com um sorriso largo.

— Como foi o resto do seu dia? Sobreviveu ao Cedrick?

Clair soltou uma risada curta.

— Sobrevivi, mas não foi fácil. Ele muda de humor como quem troca de roupa.

— Normal — Lorena disse, rindo. — Olha, eu e algumas pessoas do escritório estamos indo a um barzinho para relaxar. Você tem que vir! Nada melhor do que comemorar seu primeiro dia.

Clair hesitou por um segundo. Não era de sair muito, sempre focada no trabalho e nos estudos. Mas, depois de um dia tão intenso, talvez um pouco de descontração fosse bem-vindo.

— Quer saber? Vou sim! Só vou avisar minha tia.

Ela pegou o celular e mandou uma mensagem rápida para Denise, dizendo que demoraria um pouco mais para chegar em casa. Sua tia, como sempre, respondeu com um emoji de coração e um “aproveite”.

— Ótimo! — Lorena disse, empolgada. — Vamos então, antes que o pessoal beba tudo sem a gente!

Clair riu e seguiu ao lado da amiga, sentindo-se mais leve. Talvez, afinal, sua nova vida na Lorenzze não fosse apenas estresse e tensão. Talvez houvesse espaço para momentos bons também.

Clair entrou em casa silenciosamente. Já era tarde da noite, e sua tia Denise já dormia. Tirou os sapatos e caminhou na ponta dos pés até o quarto, trocando de roupa rapidamente antes de se jogar na cama. Estava exausta, mas, apesar disso, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. A noite tinha sido divertida, e ela se sentia mais leve depois do longo dia.

No entanto, essa leveza durou pouco.

Quando o despertador tocou na manhã seguinte, Clair abriu os olhos e sentiu o coração disparar ao ver o horário.

Faltavam 20 minutos para chegar à Lorenzze!

— Droga! — exclamou, pulando da cama.

Vestiu-se em cinco minutos, nem teve tempo de tomar café e saiu de casa correndo, conseguindo pegar o ônibus por um triz. Durante o trajeto, torcia para que Cedrick não percebesse seu atraso… ou que estivesse ocupado demais para implicar com ela.

Mas a sorte não estava do seu lado.

Assim que entrou na empresa e correu para o elevador, a porta se abriu… e lá estava ele.

Cedrick Lorenzze.

Alto, impecável em seu terno escuro, com aquela postura autoritária e o olhar afiado como lâmina. Assim que seus olhos pousaram nela, sua expressão se fechou instantaneamente.

— Você está atrasada — disse, sem rodeios.

Clair engoliu em seco, entrando no elevador e apertando os lábios.

— Eu sei, senhor. Foi um imprevisto.

Ele ergueu uma sobrancelha, claramente insatisfeito com a resposta.

— Espero que não aconteça novamente. Detesto falta de pontualidade.

Clair respirou fundo, contando mentalmente até três. O que ela mais queria era responder à altura, mas sabia que não era o momento.

— Não vai acontecer de novo — disse com firmeza.

Cedrick permaneceu em silêncio, observando-a de lado. Ele não queria admitir, mas, por um segundo, ficou distraído com a aparência dela. Mesmo ligeiramente ofegante e com um leve rubor no rosto pelo esforço de chegar a tempo, Clair estava linda.

O elevador chegou ao andar deles, e ele se afastou, retomando a expressão fria.

— No meu escritório em cinco minutos. Precisamos revisar alguns contratos.

E saiu sem esperar resposta.

Clair fechou os olhos por um instante, respirando fundo. Definitivamente, Cedrick Lorenzze seria o maior teste de paciência da sua vida.

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