Capítulo 5

Assim que Danilo terminou de falar sobre os contratos, Cedrick se recostou na cadeira e cruzou os braços, os olhos frios fixos no farmacêutico.

— Se precisar de algo, fale com o departamento jurídico. Agora pode sair.

O tom não deixava espaço para discussão. Danilo hesitou por um segundo, claramente não satisfeito em ser dispensado tão rápido, mas sabia que não podia desafiar Cedrick. Com um último olhar — é claro, direcionado a Clair — ele finalmente saiu.

Assim que a porta se fechou, Clair soltou um suspiro discreto e voltou sua atenção para a agenda, tentando ignorar a tensão que ainda pairava no ar.

— Detesto esse cara — Cedrick disse de repente, sua voz mais baixa, mas carregada de desdém.

Clair ergueu os olhos, surpresa. Cedrick nunca fazia comentários pessoais sobre ninguém.

— Percebi — ela respondeu, tentando esconder um sorrisinho.

Cedrick bufou, massageando as têmporas.

— Tenho um almoço de negócios com investidores daqui a pouco. Você vai comigo.

Clair piscou, atordoada com a ordem repentina.

— O quê?

— Você ouviu. — Ele se levantou, ajeitando o terno. — Como minha assistente pessoal, precisa estar presente para tomar notas e garantir que nenhum detalhe passe despercebido.

Clair o encarou por um momento.

Era impressionante como ele simplesmente decidia as coisas, sem sequer perguntar se ela tinha outros compromissos ou se queria ir. Mas, antes que pudesse protestar, ele já pegava o celular e verificava o relógio.

— Esteja pronta em cinco minutos.

E, com isso, ele pegou sua pasta e saiu da sala, deixando Clair sem escolha a não ser segui- lo.

Clair desceu do carro e olhou ao redor, discretamente impressionada com o restaurante luxuoso onde Cedrick a havia levado. A fachada imponente, os detalhes refinados e o aroma delicioso que vinha do interior deixavam claro que aquele era um dos lugares mais caros da cidade.

Mas ela não deixaria Cedrick perceber seu deslumbramento.

Respirou fundo, ajustou a postura e seguiu ao lado dele com a expressão neutra e profissional. Cedrick, como sempre, estava impecável e inabalável, caminhando com a confiança de quem dominava qualquer ambiente.

Assim que entraram, ele já avistou os investidores. Caminhou diretamente até uma mesa reservada, onde três homens já estavam sentados. Um deles, mais velho, de cabelos grisalhos bem alinhados e um sorriso simpático, se destacou imediatamente para Clair.

Senhor Bittencourt.

Ela já havia lido sobre ele nos relatórios que revisou pela manhã. Um empresário experiente e muito respeitado no setor farmacêutico, conhecido por sua inteligência afiada e sua cordialidade.

— Cedrick! — Bittencourt se levantou com um sorriso caloroso, apertando a mão de Cedrick com familiaridade. — Sempre pontual.

— Claro. Pontualidade é essencial nos negócios — Cedrick respondeu com um leve aceno, antes de virar-se para Clair. — Esta é minha assistente pessoal, Clair.

Os olhos gentis do senhor Bittencourt pousaram nela, e ele sorriu.

— Muito prazer, minha jovem. Cedrick finalmente arrumou alguém para organizar a bagunça da agenda dele?

Clair sorriu educadamente.

— Tento fazer o possível, senhor Bittencourt.

Os outros dois investidores riram da resposta, claramente já acostumados com a fama de Cedrick como um empresário exigente.

Eles se sentaram, e Clair pegou seu bloco de notas, pronta para acompanhar a reunião. Mas, enquanto Cedrick começava a falar sobre os números e projeções da empresa, ela percebeu algo curioso.

O senhor Bittencourt a observava com interesse, como se estivesse analisando algo além do óbvio.

E, por alguma razão, Clair sentiu que aquele homem enxergava mais do que apenas uma assistente ao lado de Cedrick. Clair percebeu o olhar atento do senhor Bittencourt e, sem querer parecer desconfortável, sorriu educadamente. O empresário retribuiu com um brilho curioso nos olhos, como se tivesse acabado de perceber algo interessante.

— Você tem uma energia diferente, senhorita Clair — ele comentou, pegando sua taça de vinho com tranquilidade. — Não parece apenas mais uma assistente qualquer.

Clair piscou, surpresa com a observação.

— Bom, eu só estou aqui para fazer o meu trabalho da melhor forma possível — respondeu, mantendo a postura profissional.

O senhor Bittencourt soltou uma risada leve.

— Claro, claro. Mas algo me diz que sua presença ao lado do Cedrick vai ser mais marcante do que imagina.

Clair não soube como responder. Antes que pudesse pensar em algo, Cedrick pigarreou, cortando o assunto com um olhar sério para o investidor.

— Senhor Bittencourt, vamos focar nos números. Trouxe relatórios detalhados sobre as projeções do próximo trimestre.

O empresário sorriu de canto, como se se divertisse com a reação de Cedrick, mas assentiu.

— Claro, Cedrick. Vamos ao que interessa.

Clair abaixou os olhos para seus documentos, mas não conseguiu ignorar a sensação estranha que tomou conta dela.

Por que sentiu que aquele homem sabia de algo que nem ela mesma compreendia ainda?

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