Capítulo 4

Clair caminhava apressada em direção ao escritório de Cedrick quando notou uma mulher parada próxima à porta. Ela era loira, alta, e tinha um corpo escultural. Mas o que mais chamava atenção era a expressão fechada e o olhar de desdém que lançou a Clair assim que a viu se aproximar.

— Quem é você? — a mulher perguntou, cruzando os braços e analisando Clair dos pés à cabeça, como se ela fosse uma intrusa.

Clair, surpresa com a hostilidade, respirou fundo, mantendo a calma.

— Sou Clair, assistente pessoal do senhor Lorenzze — respondeu educadamente.

Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta do escritório se abriu, e Cedrick apareceu. Seu olhar frio e calculista pousou primeiro em Andressa, e imediatamente ficou evidente que ele não gostou nada da abordagem.

— Algum problema aqui? — sua voz saiu baixa, mas carregada de autoridade.

Andressa se virou rapidamente, mudando ligeiramente a postura.

— Eu só estava perguntando quem ela era, senhor. Achei que deveria anunciá-la antes de entrar.

Cedrick lançou um olhar afiado para sua secretária.

— Ela é minha assistente pessoal. Isso significa que não precisa ser anunciada para falar comigo.

O tom seco e direto deixou claro que ele não queria mais discutir o assunto. Andressa apertou os lábios, visivelmente contrariada, mas assentiu.

— Sim, senhor.

Cedrick desviou o olhar para Clair e, por um segundo, seus olhos brilharam com algo que ela não conseguiu decifrar.

— Entre, Clair. Temos trabalho a fazer.

Ela não precisou de mais incentivo. Passou por Andressa com postura firme, mas sem deixar transparecer a satisfação de ver a loira ser colocada em seu lugar.

Assim que entrou e a porta se fechou atrás dela, Clair soltou um suspiro interno. Estava ali há pouco mais de um dia e já percebia que teria que lidar não apenas com Cedrick, mas também com as pessoas ao seu redor.

Mas o que a deixou mais intrigada foi o fato de Cedrick ter tomado sua defesa sem hesitar.

E, por algum motivo, isso fez seu coração bater um pouco mais rápido.

Clair estava concentrada, revisando com Cedrick os detalhes das reuniões e viagens da semana, quando, de repente, a porta foi aberta sem cerimônia.

— Cedrick, preciso falar com você.

A voz arrogante fez Clair erguer os olhos, e seu estômago revirou instantaneamente. Um homem alto, de cabelos escuros e bem vestido entrou no escritório como se fosse o dono da empresa.

Danilo.

Clair já tinha ouvido comentários sobre ele. Era um dos farmacêuticos mais importantes da Lorenzze, mas também o mais insuportável. Tratava todos com desdém, sempre demonstrando um ar de superioridade. Porém, na frente de Cedrick, sua postura mudava – ficava mais contida, quase submissa.

Cedrick ergueu os olhos lentamente, cruzando os dedos sobre a mesa, sem esconder o incômodo pela interrupção.

— Eu espero que seja realmente importante, Danilo. Estou ocupado.

Danilo abriu um sorriso pretensioso, mas sua atenção logo se desviou. Seus olhos escuros pousaram em Clair, e ele demorou muito mais do que deveria analisando-a.

Ela sentiu o olhar dele percorrendo cada detalhe seu — dos cabelos castanhos caindo suavemente sobre os ombros, passando pelos olhos cor de mel até suas curvas marcantes na roupa social. O jeito descarado com que ele a avaliava fez sua pele arrepiar de irritação.

— Quem é você? — ele perguntou, inclinando a cabeça, claramente interessado.

Clair manteve a expressão neutra, mas por dentro já o detestava. Antes que pudesse responder, Cedrick pigarreou, atraindo a atenção de Danilo de volta para si.

— Ela é minha assistente pessoal, e você veio aqui para falar comigo — disse Cedrick, sua voz carregada de autoridade.

O tom não deixava espaço para discussão. O olhar dele se tornou mais afiado, e a forma como pronunciou “minha” fez um arrepio percorrer a espinha de Clair.

Danilo forçou um sorriso e ergueu as mãos em rendição.

— Claro, claro. Só fiquei surpreso. Nunca vi uma assistente tão… interessante.

Cedrick estreitou os olhos, e Clair sentiu a tensão crescer no ambiente.

— O que você quer, Danilo? — Cedrick cortou, impaciente.

O farmacêutico finalmente voltou sua atenção para ele, explicando que precisava revisar alguns contratos de produção. Mas, mesmo enquanto falava, não parava de lançar olhares discretos (ou nem tanto) para Clair.

Ela se manteve firme, ignorando o incômodo. Mas, a cada segundo, percebia que Cedrick ficava mais rígido, o maxilar travado e os olhos escurecendo sutilmente.

E, por algum motivo, a irritação dele fez um calor estranho subir pelo corpo de Clair.

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