Clair nunca teve uma vida fácil. Desde que perdeu os pais, viveu com sua tia Denise e trabalhou duro como garçonete para pagar seus estudos. A formatura em Administração foi uma conquista suada, e conseguir um emprego na renomada indústria farmacêutica Lorenzze parecia um sonho se tornando realidade. Ela começaria como assistente pessoal do CEO, mas ainda não sabia que seu chefe era um homem tão implacável quanto irresistível.
Na manhã do primeiro dia, Clair vestiu seu melhor conjunto social – simples, mas elegante – e entrou no imponente edifício da empresa. O coração batia acelerado. Ser assistente do CEO era uma grande responsabilidade, e ela estava determinada a dar o seu melhor. Quando a secretária a conduziu até a sala de Cedrick Lorenzze, ela respirou fundo antes de entrar. Mas nada a preparou para o homem que a aguardava. Ele estava de pé, de costas, observando a cidade pela enorme janela de vidro. Alto, de ombros largos, um terno impecável moldando seu corpo atlético. Quando ele se virou para encará-la, Clair prendeu a respiração. Cedrick Lorenzze era lindo de uma forma quase intimidadora. Traços fortes, olhar azul penetrante e uma expressão de puro desdém. Seu olhar analisou Clair dos pés à cabeça, sem qualquer traço de simpatia. — Você é a nova assistente? — sua voz era grave e controlada. — Sim, senhor — ela respondeu com firmeza, mesmo sentindo o impacto daquela presença. Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo medir sua coragem. — Espero que seja competente. Eu exijo perfeição e não tenho paciência para erros. A frieza em seu tom fez um arrepio percorrer a espinha de Clair, mas ela ergueu o queixo, decidida a não se deixar intimidar. — Não sou de cometer erros, senhor Lorenzze. Por um breve instante, algo brilhou nos olhos de Cedrick – surpresa ou diversão? Mas logo desapareceu, substituído por sua máscara de indiferença. — Veremos — ele disse, voltando-se para sua mesa. — Agora sente-se. Temos muito trabalho a fazer. O que Clair ainda não sabia era que aquele homem difícil e arrogante iria virar sua vida de cabeça para baixo. E que, por trás da frieza, Cedrick Lorenzze escondia segredos capazes de incendiar qualquer coração. Clair estava concentrada em sua mesa, analisando documentos, quando Cedrick apareceu repentinamente, informando que ela deveria acompanhá-lo em uma reunião dentro de dois minutos. Surpresa com a urgência, ela rapidamente pegou um bloco de notas e uma caneta, seguindo-o pelos corredores da empresa. Ao entrar na sala de reuniões, Clair percebeu que vários executivos já estavam presentes, aguardando o início. Cedrick indicou um assento ao lado dele, e ela se acomodou, tentando disfarçar o nervosismo. Durante a reunião, diversos tópicos complexos foram discutidos, desde estratégias de mercado até análises financeiras detalhadas. Clair esforçou-se para acompanhar, tomando notas diligentemente e observando as interações entre os participantes. Em determinado momento, Cedrick voltou-se para ela e perguntou: — Clair, qual é a sua opinião sobre a proposta apresentada? Pegando-a de surpresa, todos os olhares se voltaram para ela. Respirando fundo, Clair organizou rapidamente seus pensamentos e respondeu: — Embora a proposta apresente pontos positivos, acredito que seria prudente realizar uma análise de viabilidade mais detalhada para identificar possíveis riscos e garantir que estamos alinhados com os objetivos estratégicos da empresa. Houve um breve silêncio na sala, seguido por acenos de concordância dos executivos. Cedrick manteve o olhar fixo nela por um instante, antes de afirmar: — Concordo. Vamos proceder dessa forma. Após a reunião, enquanto os participantes se dispersavam, Cedrick aproximou-se de Clair. — Você se saiu bem. Continue assim. Clair sentiu um misto de alívio e satisfação. Aquele breve elogio significava muito, especialmente vindo de alguém como Cedrick. Ela estava determinada a provar seu valor e mostrar que merecia estar ali, ao lado dele, enfrentando os desafios da empresa.Clair ainda estava processando a mudança repentina na atitude de Cedrick. Mais cedo, ele havia sido frio e arrogante, mas, durante a reunião, pareceu respeitar sua opinião. Será que ele era assim com todos? Ou havia algo mais por trás daquela fachada implacável?Sacudindo os pensamentos, decidiu se concentrar em algo mais simples: o almoço. Ela se levantou, pegou sua bolsa e saiu da sala. Mas, assim que deu alguns passos pelos corredores modernos da empresa, percebeu que não fazia ideia de onde ficava o refeitório.— Perdida? — uma voz feminina e amigável soou ao seu lado.Clair se virou e encontrou uma mulher de sorriso caloroso e olhar acolhedor.— Um pouco — ela admitiu, envergonhada.— Primeiro dia? — a mulher perguntou, e Clair assentiu. — Vem comigo, estou indo almoçar também. Sou Lorena, do setor de marketing.— Clair. Comecei hoje como assistente do CEO.— Uau — Lorena ergueu as sobrancelhas, impressionada. — Trabalhar com Cedrick Lorenzze deve ser… intenso.Clair riu, meio se
O primeiro dia de trabalho de Clair tinha sido mais intenso do que esperava. Entre reuniões inesperadas, a arrogância desconcertante de Cedrick e a tensão que sentia sempre que estava perto dele, ela mal teve tempo de respirar. Mas, no fim do dia, sentiu uma pontada de satisfação. Tinha conseguido se sair bem, e isso era o mais importante.Às 18h, ela pegou sua bolsa e saiu do prédio, caminhando em direção ao ponto de ônibus. O céu já estava tingido por tons alaranjados, e uma brisa fresca aliviava o calor do dia.— Clair! — Uma voz animada chamou por ela.Era Lorena, sua nova amiga do marketing, que vinha com um sorriso largo.— Como foi o resto do seu dia? Sobreviveu ao Cedrick?Clair soltou uma risada curta.— Sobrevivi, mas não foi fácil. Ele muda de humor como quem troca de roupa.— Normal — Lorena disse, rindo. — Olha, eu e algumas pessoas do escritório estamos indo a um barzinho para relaxar. Você tem que vir! Nada melhor do que comemorar seu primeiro dia.Clair hesitou por um
Clair caminhava apressada em direção ao escritório de Cedrick quando notou uma mulher parada próxima à porta. Ela era loira, alta, e tinha um corpo escultural. Mas o que mais chamava atenção era a expressão fechada e o olhar de desdém que lançou a Clair assim que a viu se aproximar.— Quem é você? — a mulher perguntou, cruzando os braços e analisando Clair dos pés à cabeça, como se ela fosse uma intrusa.Clair, surpresa com a hostilidade, respirou fundo, mantendo a calma.— Sou Clair, assistente pessoal do senhor Lorenzze — respondeu educadamente.Mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta do escritório se abriu, e Cedrick apareceu. Seu olhar frio e calculista pousou primeiro em Andressa, e imediatamente ficou evidente que ele não gostou nada da abordagem.— Algum problema aqui? — sua voz saiu baixa, mas carregada de autoridade.Andressa se virou rapidamente, mudando ligeiramente a postura.— Eu só estava perguntando quem ela era, senhor. Achei que deveria anunciá-la antes
Assim que Danilo terminou de falar sobre os contratos, Cedrick se recostou na cadeira e cruzou os braços, os olhos frios fixos no farmacêutico.— Se precisar de algo, fale com o departamento jurídico. Agora pode sair.O tom não deixava espaço para discussão. Danilo hesitou por um segundo, claramente não satisfeito em ser dispensado tão rápido, mas sabia que não podia desafiar Cedrick. Com um último olhar — é claro, direcionado a Clair — ele finalmente saiu.Assim que a porta se fechou, Clair soltou um suspiro discreto e voltou sua atenção para a agenda, tentando ignorar a tensão que ainda pairava no ar.— Detesto esse cara — Cedrick disse de repente, sua voz mais baixa, mas carregada de desdém.Clair ergueu os olhos, surpresa. Cedrick nunca fazia comentários pessoais sobre ninguém.— Percebi — ela respondeu, tentando esconder um sorrisinho.Cedrick bufou, massageando as têmporas.— Tenho um almoço de negócios com investidores daqui a pouco. Você vai comigo.Clair piscou, atordoada com
Enquanto degustava um pouco do vinho, o senhor Bittencourt voltou seu olhar gentil para Clair e, com um sorriso interessado, perguntou:— E então, senhorita Clair, qual é sua formação? O que a trouxe até a Lorenzze?Cedrick, que até então estava focado na conversa sobre investimentos, desviou o olhar para ela, curioso para ouvir sua resposta.Clair colocou seu copo de suco na mesa e respondeu com naturalidade:— Sou formada em Administração. Trabalhei como garçonete enquanto estudava, e quando me formei, procurei oportunidades na área. Foi assim que consegui a vaga na Lorenzze.Bittencourt assentiu, como se analisasse cada palavra.— Trabalhar e estudar ao mesmo tempo… Isso exige muito esforço e dedicação. — Ele sorriu de canto. — E como está sendo a experiência de trabalhar com Cedrick?Clair sentiu Cedrick endurecer ao seu lado, como se estivesse atento à resposta.Ela manteve a postura profissional, mas um leve brilho de divertimento passou por seus olhos.— Bem… intenso. Mas estou
Assim que chegaram ao edifício Lorenzze, Cedrick caminhou a passos largos até sua sala, com Clair o acompanhando de perto. Assim que entrou, ele tirou o paletó e o pendurou no encosto da cadeira, passando as mãos pelos cabelos em um gesto típico de alguém que nunca realmente relaxava.— Chame o pessoal do marketing e do jurídico para uma reunião breve. Precisamos alinhar os detalhes do contrato com a empresa Bittencourt — ordenou, direto ao ponto.Clair assentiu e imediatamente começou a organizar os convites para a reunião. Assim que terminou, voltou-se para Cedrick.— Feito. Algo mais?Cedrick ajeitou as abotoaduras e pegou alguns documentos sobre a mesa.— Sim. Vamos ficar até mais tarde hoje. Há detalhes desse contrato que precisam ser finalizados ainda hoje.Clair prendeu a respiração por um segundo. Trabalhar até mais tarde? Não que fosse um problema — ela sabia que a posição exigia isso — mas teria que avisar sua tia Denise para que não se preocupasse.— Sem problemas. Só preci
Clair estava concentrada, anotando tudo o que Cedrick ditava, enquanto eles analisavam documentos e organizavam reuniões e viagens estratégicas. O tempo passou sem que ela percebesse, até que seu estômago começou a reclamar silenciosamente.Foi então que Cedrick olhou o relógio e, sem dizer nada para ela, pegou o telefone e ligou para a secretária.— Peça um jantar para minha assistente — ordenou, seco como sempre.Clair arregalou os olhos e abriu a boca para protestar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, ele desligou e voltou a revisar os contratos como se nada tivesse acontecido.Pouco tempo depois, uma bandeja chegou à sala do CEO com um super jantar de massas, acompanhado de um vinho refinado e pão artesanal. Clair olhou para a refeição luxuosa e depois para Cedrick, desconfiada.— Acho que um lanche simples já resolveria… — murmurou, sentindo-se um pouco sem jeito.Cedrick deu de ombros.— Você trabalhou o dia inteiro e ainda ficou até tarde. Precisa se alimentar direito.
Cedrick abriu a porta do luxuoso BMW X6 preto, e Clair entrou no carro, sentindo o estofado de couro macio sob suas mãos. O cheiro sofisticado de Cedrick preenchia o espaço, e por um momento, ela se sentiu desconfortavelmente consciente da proximidade dele.— Digite seu endereço no GPS — ele disse, sem tirar os olhos da estrada.Clair assentiu e fez o que ele pediu. O silêncio entre eles não era exatamente desconfortável, mas carregava uma tensão estranha. Talvez fosse o fato de que, em menos de 48 horas de trabalho, ela já tinha dividido jantares, reuniões estratégicas e agora estava dentro do carro de Cedrick Lorenzze sendo levada para casa.Quando chegaram ao seu destino, Clair desceu do carro e se virou para ele.— Obrigada pela carona, Cedrick.Ele apenas assentiu e desligou o motor.Para sua surpresa, ele saiu do carro e a acompanhou até a porta, as mãos nos bolsos da calça de alfaiataria. Parecia ligeiramente desconfortável, como se não soubesse exatamente por que estava fazend