NatashaO lindo André sai do meu quarto.Quando ele fecha a porta, solto um longo suspiro e me deixo cair na cama. Meu coração ainda bate acelerado, como se precisasse processar tudo que aconteceu. Fecho os olhos e, por um instante, comparo a minha realidade de agora com a minha vida de antes.Eu morava num lugar horrível. Duvidoso.Vivia ouvindo bêbados brigando ou resmungando na rua. Prostitutas iam e vinham do meu prédio como se fosse um ponto fixo. Homens e mulheres se drogavam pelos cantos, jogados, esquecidos.Agora estou aqui. Em um ambiente limpo, sem precisar me preocupar com contas, sem precisar racionar comida, sem temer a noite. E, acima de tudo, sendo alvo da preocupação de um homem lindo, intenso... perigoso.A vida foi cruel comigo. Uma estrada cheia de espinhos que precisei cruzar sozinha. Meu pai nos abandonou antes mesmo de eu nascer, deixando minha mãe para enfrentar tudo sem apoio. Ela trabalhou incansavelmente como faxineira em dois empregos, mas sua saúde frágil
Fico decepcionada com suas palavras, seus conselhos, embora esperasse que ela me dissesse isso. Lola parece uma pessoa sensata, ela não falaria isso sem ter algum embasamento.—Tudo bem.—Então atentará para o meu conselho?Aceno com a cabeça para ela.—Sim. Mas não entendo o porquê de tudo isso. O senhor Nicolo sempre me respeitou e nunca tentou nada comigo.—Ele está ganhando sua confiança. Ele começará te fazendo se sentir especial, mas não se engane com ele. Se ceder ele ficará com você até enjoar e só. É triste o que vou te dizer, mas André se tornou um homem frio, cínico, duro e egoísta. Nos negócios e na vida sentimental. Ele é implacável, chega a ser cru.el.Eu tento não parecer muito chocada, mas do jeito que ela me contou sobre ele, sinto um espasmo de angústia.—O que exatamente o senhor Nicolo faz?—Ele é um investidor anjo minha cara, mas que de anjo não tem nada. Só se for o caído. Só os desavisados aceitam suas condições. O tubarão dos negócios tem engolido os peixes qu
—É para isso que te trouxe aqui, bambina(criança) —digo com um sorriso torto, jogando todo o meu charme e observo com prazer como ela engole em seco enquanto olha para mim. —Que hora costuma jantar?—Umas seis e meia, sete horas. —ela diz num sussurro, a voz fraca.Sorrio para ela:—Nos encontramos na cozinha sete horas. Vou descansar agora. Sinta-se à vontade. Caso deseje fazer um café à tarde, tem pães e bolacha na dispensa. Frios na geladeira.—Obrigada senhor Nicolo.—André —digo calmamente.—Melhor senhor Nicolo — ela diz, as esferas verdes brilham com desafio para mim.Levo tudo isso com uma leveza que não estou sentindo, assinto sem nada dizer. Eu me afasto em direção ao meu quarto, a raiva explodindo dentro de mim.Lola conseguiu arrebentar com tudo!Maledetta!Depois de retirar minhas roupas. Tomo um banho demorado. Visto roupas confortáveis e deito-me na cama pensativo.Depois de tantas coisas que vivi, construí um muro em torno de mim e me isolei por completo. Achei mais fá
Quando ele vem trazendo os dois copos para a mesa, desvio o meu olhar de seu corpo escultural e procuro seus olhos.—Obrigada. —digo depois que ele coloca os copos na mesa.—Não tem de que, meu anjo.Ele continua cheio de intimidades...Esse homem é impossível!Assinto e desvio meus olhos para longe dele enquanto ele se senta à minha frente. Tomo a iniciativa de pegar a espátula e cortar a torta.Ergo meus olhos para André à espera do seu prato. Com um sorriso de canto de lábios ele o estende para mim.Tudo está sempre muito esquisito. Não será fácil conviver com ele. Será uma batalha sem fim. Uma luta com aquilo que desejo e a razão me dizendo que não posso ter.Com cuidado, tentando ignorar seu jeito malditamente sexy, coloco o pedaço em seu prato e foco o meu lutando para ser imune ao seu magnetismo.Difícil conseguir essa façanha. Para não dizer impossível. Esse homem é absurdamente lindo e cheira muito bem. Complicado tê-lo sentado à minha frente, observando todos os meus movimen
Dio!Algo maior que a atração se acende dentro de mim, algo que eu pensava estar morto e isso me faz perder as rédeas. Das minhas profundezas sai um gemido comovido pela intensidade dos meus sentimentos e eu aprofundo o beijo enquanto a trago ainda mais para mim.Dio. Sinto que ela é a luz que pode afastar minhas trevas, o oxigênio puro para os meus pulmões cansados de respirar tanta podridão.Como um beijo pode ser tão magnífico?Nem com Rebecca, a mulher que amei tanto eu me senti assim....Agora nossos corpos estão bem colados, tanto que ela pode sentir minha dureza em sua barriga. Meu membro duro como uma rocha, reage a ela, latejando, babando.Inclino-a mais para mim, meus lábios querendo mais, numa fome incontrolável, como se não fosse o suficiente o que tenho dela.Então, o inesperado acontece quando seus lábios se desviam dos meus e seu rosto se abaixa.Ela está me evitando?Agora ela está dura. Seu rosto enfiado na minha camiseta.Então acontece o pior. Suas mãos começam a me
André avança na minha direção e para bem perto. Tão perto que sinto o calor do seu corpo. Meu coração, o pobre coitado, dispara como se estivesse fugindo de um predador. Seguro a respiração.—Eu me viro — diz ele, um sorriso preguiçoso e perigosamente sexy brincando em seus lábios. Apoia os quadris na pia, cruza as pernas e me observa enquanto toma um gole de suco.Um arrepio sobe pela minha espinha. Tento manter a compostura, mas minha voz sai mais áspera do que eu pretendia:—Então só me preocuparei com o almoço?A culpa me atinge de imediato. Ele tem sido gentil comigo, e eu, uma grossa. Uma tristeza discreta aperta meu peito.André ergue uma sobrancelha, como se ponderasse minha atitude, mas não se abala. Em vez disso, sorri de novo, um sorriso fácil, charmoso.—Sim. Faremos o almoço juntos.Balanço a cabeça em negação, o rosto fechado. Melhor assim. Não ceda, Natasha. Não se culpe.—Ontem pesquisei na internet como se faz um belo molho à bolonhesa. Eu dou conta.—Faremos juntos.
AndréDepois do banho, visto apenas uma cueca, mas, antes de me vestir por completo, me jogo na cama. Meu corpo se estica num espreguiçar preguiçoso, enquanto um cansaço pesado me domina.Agora há pouco, depois da corrida, quase desabei no chão. Um mal-estar forte me atingiu de repente. Talvez seja apenas o desgaste. Meu trabalho me consome. Cuidar de várias empresas que levam o meu nome não é apenas uma questão de injetar dinheiro—isso é fácil. O difícil é fazer o negócio acontecer, impulsionar cada projeto com minha experiência e meu networking.Passo horas analisando gráficos, avaliando riscos, estudando projeções. Vivo em reuniões intermináveis, preso em decisões que moldam mercados. Sei que preciso delegar mais, contratar executivos que carreguem esse peso comigo. Mas a vida foi dura. E, para não encarar certos fantasmas, abracei tudo. Tudo. Como um polvo que se agarra ao que pode, temendo perder o controle.Agora sou refém do trabalho.Solto um suspiro, esfregando o rosto antes
AndréMinutos depois, estamos desfrutando do macarrão com queijo parmesão e um bom vinho. Ela hesitou no início, mas com um pouco de persuasão, consegui convencê-la a aceitá-lo. A visão de seus lábios ainda com vestígios de molho me deixa sem fôlego. Um calor crescente invade meu corpo, e o desejo que estou tentando controlar parece se tornar mais forte a cada segundo.Esforço-me para não desviar o olhar e, com um último suspiro de autocontrole, coloco a última garfada do macarrão na boca.— Deus! Estava maravilhoso — falo, a voz ainda carregada de prazer.Levanto os olhos para ela enquanto mastigo, e percebo que ela se serve mais vinho, num gesto que parece ser um pequeno refúgio para o que está por vir.— Sim, esse molho é único — respondo com um sorriso que mistura carinho e uma intensidade que mal consigo esconder. Quero que ela me deseje, e a vejo se desconcertar ao desviar os olhos.Ela toma um gole do vinho, e logo olha para mim com um sorriso tímido.— A comida estava realment