—É para isso que te trouxe aqui, bambina(criança) —digo com um sorriso torto, jogando todo o meu charme e observo com prazer como ela engole em seco enquanto olha para mim. —Que hora costuma jantar?—Umas seis e meia, sete horas. —ela diz num sussurro, a voz fraca.Sorrio para ela:—Nos encontramos na cozinha sete horas. Vou descansar agora. Sinta-se à vontade. Caso deseje fazer um café à tarde, tem pães e bolacha na dispensa. Frios na geladeira.—Obrigada senhor Nicolo.—André —digo calmamente.—Melhor senhor Nicolo — ela diz, as esferas verdes brilham com desafio para mim.Levo tudo isso com uma leveza que não estou sentindo, assinto sem nada dizer. Eu me afasto em direção ao meu quarto, a raiva explodindo dentro de mim.Lola conseguiu arrebentar com tudo!Maledetta!Depois de retirar minhas roupas. Tomo um banho demorado. Visto roupas confortáveis e deito-me na cama pensativo.Depois de tantas coisas que vivi, construí um muro em torno de mim e me isolei por completo. Achei mais fá
Quando ele vem trazendo os dois copos para a mesa, desvio o meu olhar de seu corpo escultural e procuro seus olhos.—Obrigada. —digo depois que ele coloca os copos na mesa.—Não tem de que, meu anjo.Ele continua cheio de intimidades...Esse homem é impossível!Assinto e desvio meus olhos para longe dele enquanto ele se senta à minha frente. Tomo a iniciativa de pegar a espátula e cortar a torta.Ergo meus olhos para André à espera do seu prato. Com um sorriso de canto de lábios ele o estende para mim.Tudo está sempre muito esquisito. Não será fácil conviver com ele. Será uma batalha sem fim. Uma luta com aquilo que desejo e a razão me dizendo que não posso ter.Com cuidado, tentando ignorar seu jeito malditamente sexy, coloco o pedaço em seu prato e foco o meu lutando para ser imune ao seu magnetismo.Difícil conseguir essa façanha. Para não dizer impossível. Esse homem é absurdamente lindo e cheira muito bem. Complicado tê-lo sentado à minha frente, observando todos os meus movimen
Dio!Algo maior que a atração se acende dentro de mim, algo que eu pensava estar morto e isso me faz perder as rédeas. Das minhas profundezas sai um gemido comovido pela intensidade dos meus sentimentos e eu aprofundo o beijo enquanto a trago ainda mais para mim.Dio. Sinto que ela é a luz que pode afastar minhas trevas, o oxigênio puro para os meus pulmões cansados de respirar tanta podridão.Como um beijo pode ser tão magnífico?Nem com Rebecca, a mulher que amei tanto eu me senti assim....Agora nossos corpos estão bem colados, tanto que ela pode sentir minha dureza em sua barriga. Meu membro duro como uma rocha, reage a ela, latejando, babando.Inclino-a mais para mim, meus lábios querendo mais, numa fome incontrolável, como se não fosse o suficiente o que tenho dela.Então, o inesperado acontece quando seus lábios se desviam dos meus e seu rosto se abaixa.Ela está me evitando?Agora ela está dura. Seu rosto enfiado na minha camiseta.Então acontece o pior. Suas mãos começam a me
André avança na minha direção e para bem perto. Tão perto que sinto o calor do seu corpo. Meu coração, o pobre coitado, dispara como se estivesse fugindo de um predador. Seguro a respiração.—Eu me viro — diz ele, um sorriso preguiçoso e perigosamente sexy brincando em seus lábios. Apoia os quadris na pia, cruza as pernas e me observa enquanto toma um gole de suco.Um arrepio sobe pela minha espinha. Tento manter a compostura, mas minha voz sai mais áspera do que eu pretendia:—Então só me preocuparei com o almoço?A culpa me atinge de imediato. Ele tem sido gentil comigo, e eu, uma grossa. Uma tristeza discreta aperta meu peito.André ergue uma sobrancelha, como se ponderasse minha atitude, mas não se abala. Em vez disso, sorri de novo, um sorriso fácil, charmoso.—Sim. Faremos o almoço juntos.Balanço a cabeça em negação, o rosto fechado. Melhor assim. Não ceda, Natasha. Não se culpe.—Ontem pesquisei na internet como se faz um belo molho à bolonhesa. Eu dou conta.—Faremos juntos.
AndréDepois do banho, visto apenas uma cueca, mas, antes de me vestir por completo, me jogo na cama. Meu corpo se estica num espreguiçar preguiçoso, enquanto um cansaço pesado me domina.Agora há pouco, depois da corrida, quase desabei no chão. Um mal-estar forte me atingiu de repente. Talvez seja apenas o desgaste. Meu trabalho me consome. Cuidar de várias empresas que levam o meu nome não é apenas uma questão de injetar dinheiro—isso é fácil. O difícil é fazer o negócio acontecer, impulsionar cada projeto com minha experiência e meu networking.Passo horas analisando gráficos, avaliando riscos, estudando projeções. Vivo em reuniões intermináveis, preso em decisões que moldam mercados. Sei que preciso delegar mais, contratar executivos que carreguem esse peso comigo. Mas a vida foi dura. E, para não encarar certos fantasmas, abracei tudo. Tudo. Como um polvo que se agarra ao que pode, temendo perder o controle.Agora sou refém do trabalho.Solto um suspiro, esfregando o rosto antes
AndréMinutos depois, estamos desfrutando do macarrão com queijo parmesão e um bom vinho. Ela hesitou no início, mas com um pouco de persuasão, consegui convencê-la a aceitá-lo. A visão de seus lábios ainda com vestígios de molho me deixa sem fôlego. Um calor crescente invade meu corpo, e o desejo que estou tentando controlar parece se tornar mais forte a cada segundo.Esforço-me para não desviar o olhar e, com um último suspiro de autocontrole, coloco a última garfada do macarrão na boca.— Deus! Estava maravilhoso — falo, a voz ainda carregada de prazer.Levanto os olhos para ela enquanto mastigo, e percebo que ela se serve mais vinho, num gesto que parece ser um pequeno refúgio para o que está por vir.— Sim, esse molho é único — respondo com um sorriso que mistura carinho e uma intensidade que mal consigo esconder. Quero que ela me deseje, e a vejo se desconcertar ao desviar os olhos.Ela toma um gole do vinho, e logo olha para mim com um sorriso tímido.— A comida estava realment
Acordo com um gosto amargo na boca e uma pressão incômoda no ventre. A urgência de fazer xixi me obriga a sair da cama, mas, antes mesmo de alcançar o banheiro, a lembrança do que aconteceu me atinge como um soco no estômago.O vaso.Meu Deus! Eu quebrei o vaso!Meu coração dispara e sinto um nó apertando minha garganta. Foi uma peça cara, eu sei. Provavelmente valia mais do que tudo o que possuo. A sensação de culpa pesa sobre meus ombros, e solto um suspiro frustrado enquanto lavo as mãos, evitando encarar minha própria imagem no espelho. Mas a vergonha me obriga a fazê-lo.O reflexo me devolve olhos um pouco inchados, a pele levemente pálida e um ar derrotado. Meu cabelo está bagunçado, um emaranhado de fios rebeldes que refletem a confusão na minha mente. Meu estômago revira e a vontade de sumir cresce dentro de mim.Saio do banheiro sentindo-me desolada, e quando ergo a cabeça, dou de cara com André, parado no meio do quarto. As luzes estão acesas, lançando uma aura dourada sobre
NatashaA escuridão do quarto parece engolir tudo ao meu redor, mas não consigo me desligar das palavras, dos gestos, da presença de André. Ele está em minha mente de uma forma implacável, como uma sombra que me segue, mesmo quando tento me esconder. O filme na TV é uma distração que não me ajuda, e logo eu sou consumida pelas lembranças de nós dois.Minha mente se torna um campo de batalhas internas. Eu o afastei, eu o afastei para proteger a mim mesma, para evitar o que sei que seria um tormento ainda maior. Mas o que fazer quando o coração bate forte, quando a alma ainda anseia por algo que não deveria desejar? O fato de ele buscar companhia em outros é como uma faca cravada no meu peito. Eu sabia que isso aconteceria, mas, ao mesmo tempo, não estava preparada para a dor.O que mais me incomoda é a fragilidade da situação. Como posso explicar o que ele fez por mim? Como posso racionalizar o fato de ele ter me trazido para este lugar, me ajudado de tantas formas, sem esperar nada em