Durante séculos, lycans e vampiros viveram em trégua precária, um equilíbrio sempre à beira do colapso. Ragnar, o rei dos lycans, feroz e determinado, não apenas odiava os vampiros, mas acreditava que eles representavam uma ameaça à própria natureza.
Por outro lado, Vladmir, um imortal e implacável vampiro, liderava sua raça. Ele tentou uma aproximação com os lycans, mas essa falhou miseravelmente, porque Ragnar acreditava que eles eram seres muito inferiores que deveriam ser extintos.
O estopim para a guerra veio em uma noite, quando um grupo de vampiros invadiu a floresta dos lycans em busca de uma vampira, a única filha de Vladmir, acreditando que a mesma havia sido levada como refém.
Essa violação ao território dos lobos despertou a ira de Ragnar, que decidiu ser hora de acabar com o domínio dos vampiros de uma vez por todas.
A guerra eclodiu brutalmente. Durante meses, os dois lados se destruíram em confrontos sangrentos, florestas se tornaram cinzas e vilas humanas foram reduzidas a escombros.
Em meio ao caos da guerra, Maximus, o segundo filho de Ragnar, lutava com uma carga ainda mais pesada: o amor proibido por Diana, a filha de seu maior inimigo. Cada encontro clandestino deles era uma faísca de esperança em meio à destruição, mas nenhum dos dois sabia que essa paixão proibida estava prestes a gerar uma nova vida — uma criança que mudaria o destino de ambas as raças.
O nascimento da criança ocorreu em uma noite de eclipse lunar, quando os lobos sentiam suas forças em conflito. Diana estava escondida nas profundezas de uma caverna, protegida por Maximus, que a observava com um misto de amor e preocupação.
A caverna, cercada por montanhas e floresta densa, era o lugar mais seguro que Maximus havia encontrado, longe dos olhos vigilantes de seu povo.
Diana sentia dores intensas, mas também algo diferente, quase místico. Havia uma energia no ar, como se o próprio universo reconhecesse a chegada de algo extraordinário. Quando a bebê nasceu, um silêncio absoluto tomou conta da caverna, como se até mesmo o universo estivesse aguardando aquele momento.
A pequena híbrida, de olhos verdes como a floresta e com seus cabelos ruivos como fogo, era uma fusão perfeita de suas duas origens. Sua pele tinha uma tonalidade pálida, herança de sua mãe vampira, mas seus olhos tinham um brilho feroz, que lembrava o olhar do lycan de seu pai.
Maximus segurou sua filha nos braços e sentiu uma onda de amor e proteção que jamais havia imaginado. Ele olhou para Diana, que chorava de alegria, e ambos souberam naquele momento que precisavam dar àquela criança uma chance de viver longe de todo o ódio e preconceito que permeavam seus mundos.
Ela era única, a personificação da união improvável entre duas raças inimigas, e eles sabiam que, se fossem descobertos, ela jamais teria a oportunidade de viver. Maximus e Diana planejaram fugir. Iriam para um lugar distante, onde ninguém conhecesse seus nomes ou suas origens.
Sabiam que a tarefa não seria fácil, mas a esperança de um futuro melhor para sua pequena filha era mais forte do que qualquer medo. No entanto, o tempo estava contra eles. Os lycans haviam sentido a ausência de Maximus e suspeitavam de algo muito errado.
Os cheiros dos lycans se aproximando ficaram evidentes para ele que se viram cercados, e Maximus sabia que só havia uma coisa a fazer… Ele olhou para sua filha nos braços de Diana, sentindo o peso do sacrifício que estava prestes a fazer. Ele sabia que não haveria retorno, mas, por elas, enfrentaria a morte.
— Você precisa partir, Diana. Eu sempre estarei com vocês. — Ele sussurrou, sabendo que essas palavras poderiam ser suas últimas.
Maximus olhou para Diana, seu olhar transmitindo uma mistura de amor e despedida.
— Leve-a para longe daqui. — Disse ele, beijando a testa de sua filha recém-nascida. — Você precisa viver… ambas precisam.
Diana, com lágrimas nos olhos, tentou argumentar, mas Maximus já estava decidido. Ele a beijou suavemente, sua testa encostando na dela por um instante, antes de se virar e sair da caverna.
Enquanto Diana corria pela floresta, segurando a filha contra o peito, cada som de galho quebrando, cada uivo na distância fazia seu coração disparar. Ela sabia que, a cada momento, os seus caçadores poderiam alcançá-las. A existência deles era como uma sombra sobre seus ombros, implacável e fatal.
A luta entre Maximus e alguns lycans foi brutal. Ele lutou com uma coragem desesperada, usando todas as forças que tinha para manter os lycans afastados da direção que Diana seguiu. Ele foi golpeado, mordido, mas continuou lutando, cada movimento impulsionado pelo amor que sentia por Diana e pela filha.
Diana podia escutar ao longe os sons de vários rugidos, cada som fazia seu coração se apertar, mas Diana sabia que não podia parar. Maximus estava lá fora, lutando para lhes dar uma chance. Ela nunca esqueceria o eco de seu último rugido, um grito que reverberaria para sempre em sua alma.
As lágrimas desciam por seu rosto, mas ela não parou. Ele havia lhe dado uma missão, e ela faria de tudo para cumpri-la. Diana fugiu para um lugar onde os lycans jamais a encontrariam, jurando proteger a filha e contar a história do pai que deu sua vida para que elas pudessem viver.
O que Diana não imaginava era que os lycans nunca desistiriam de encontrá-la. Ragnar, pai de Maximus, não se contentaria até recuperar a honra perdida de seu clã e vingar a suposta traição de seu filho.
Diana sabia que, enquanto permanecesse com sua pequena bebê, não conseguiria mantê-la em segurança. A cada semana que passava, os lycans se aproximavam e o medo de perder sua filha aumentava.
Ela precisava encontrar uma maneira de proteger sua filha de uma ameaça que nunca desistiria, e a única opção que lhe restava era deixá-la aos cuidados de alguém que os lycans jamais suspeitassem. Foi então que Diana tomou uma decisão dolorosa…
Quando Diana chegou a uma alcateia distante, na vasta floresta de Aravelle, a realidade do que estava prestes a fazer finalmente a atingiu. Deixar sua bebê seria como deixar uma parte de sua alma.
Ela acariciou os cabelos flamejantes da filha, lágrimas queimando seus olhos, enquanto a pequena bebê estava enrolada em um pequeno cobertor. Ela sabia que era o único caminho.
— Perdoe-me, meu amor. — Diana sussurrou, sua voz falhando. — Um dia você entenderá… entenderá que foi por amor que te deixei. Eu voltarei para você se puder e, quando for a hora certa, você conhecerá sua verdadeira história. — Diana disse.
Cada passo que dava para se afastar daquela inocente criança doía como mil lâminas atravessando seu peito, mas ela sabia que precisava manter os caçadores longe. Precisava proteger sua filha — a todo custo.
Ela usou todos os recursos que tinha, criando uma trilha falsa e levando os lycans a lugares onde eles jamais encontrariam sua bebê. Ragnar não descansaria enquanto não destruísse o que restava da traição de seu filho.
Para ele, Maximus havia desonrado o clã e os laços de sangue ao se envolver com a filha de Vladmir. Agora, ele caçava Diana como uma fera impiedosa, decidido a arrancar o fruto daquela traição da face da terra.
— Não há lugar no mundo onde possa se esconder. — Ele jurava a si mesmo. — Eu a encontrarei e, quando o fizer, ela pagará pelo que fez.
AISHA DOIS ANOS ANTESNo dia que deveria ser o mais importante da minha vida, acordei sem a menor ideia de que tudo mudaria para sempre. Hoje era o dia que todo jovem membro da matilha ansiava que chegasse: o dia do seu décimo sexto aniversário, o dia da transformação.Como lobos, somos ensinados desde muito novos que este seria o dia mais especial de nossas vidas após o nascimento. Era o dia em que nosso lobo se revelaria em sua forma natural. Nosso corpo passaria pela tão esperada transformação. Nossa primeira transformação. Alguns conseguem sentir o seu lobo muito antes disso acontecer, mas eu não tive essa sorte.Meu pai me explicava constantemente que nosso animal habitaria nossa mente. Seriam dois seres, dividindo o mesmo corpo e compartilhando a mesma mente, e ambos viveriam em harmonia. Eu conseguiria sentir seus sentimentos, assim como minha loba também sentiria os meus.O dia que deveria ser o mais especial na minha vida se tornou meu tormento. Toda a alcateia estava reunid
DIAS ATUAISCom o coração apertado, eu contava os dias para o momento em que minha loba finalmente apareceria e me levaria ao meu companheiro, aquele destinado pela Deusa. Mas dois anos de espera e silêncio me fizeram duvidar.Coincidentemente, a coroação do novo alfa seria no mesmo dia em que eu completaria aniversário. Meu décimo oitavo aniversário. A idade em que normalmente nosso lobo ouviria o chamado de nosso companheiro. Aquele destinado pela Deusa da Lua a completar nossa alma. No entanto, todos afirmavam que para isso acontecer, eu precisava ter uma loba, afinal, o evento era exatamente uma caçada pelo seu companheiro, com todos transformados em seus lobos. Se seu companheiro pertencesse àquela alcateia, algo que não possuía garantias, seu lobo levaria você até ele, através da linha invisível que existia entre vocês, e dessa forma ambos se conectariam.Desde aquele fatídico dia, dois anos atrás, a dúvida me corroía. E se eu nunca encontrasse meu companheiro? E se minha loba
Sabia que eu não tinha como ajudá-los, pois não possuía uma loba. Então, naquele momento, algo despertou em minha mente e fiz exatamente o que me orientaram a fazer. Corri como se minha vida dependesse disso e pediria ajuda assim que chegasse na alcateia.Sentia os músculos das pernas chegando ao seu limite, mas não diminuí meu ritmo. Graças ao bullying que sofria de um grupo restrito de lobos, havia desenvolvido uma resistência maior para correr. Meu desespero era pensar que talvez fosse tarde demais para minha família, mas eu não desistiria de tentar.Sentia raiva por não ter uma loba. Tinha certeza de que, se a tivesse, conseguiria chegar mais rápido até nossos guerreiros.Assim que entrei em nossos limites, comecei a gritar. Rapidamente, alguns guerreiros se aproximaram para verificar o que estava acontecendo. Ainda recuperando o fôlego, tentei explicar rapidamente o que houve. Eles soaram o alerta e saíram em disparada para o local que indiquei.Eu estava tremendo devido a todo o
Os dias que se seguiram foram um borrão de dor e silêncio. Eu não comia, não falava... apenas sobrevivia. As risadas e o barulho da alcateia ao redor pareciam de outro mundo, um mundo que eu não conseguia mais alcançar. Não havia mais nada em mim. Apenas o vazio.Nesses dois últimos anos, desde os meus dezesseis, havia sido a piada para a grande maioria de minha matilha. No começo, eu me incomodava com os comentários e me sentia envergonhada. Depois, quando eles perceberam que eu não ligava mais, começaram a fazer maldades, e quando percebi, era humilhada constantemente.Me perguntava o que aconteceria agora, após enterrar as únicas pessoas que realmente se preocupavam comigo. No entanto, não tinha resposta para isso.Imaginei que, após toda a tragédia que aconteceu com minha família, a caçada e a festa em celebração ao novo alfa, que estava programada para o dia de meu aniversário, pelo menos iria ser adiada. Ninguém sabia ao certo o que matou meus pais e meu irmão.Se comentava que
Mais um mês se passou sem que eu sequer cruzasse com Martín. Se já não bastasse perder minha família, agora também perdi o companheiro que Selene me enviou. A dor só não era mais profunda pelo fato de não possuir uma loba, mas a raiva que sentia pela insensibilidade dele era maior que a dor.Martín nunca fez nada diretamente contra mim, mas sempre estava ao lado dos amigos nas vezes que me maltrataram, me amedrontaram e me fizeram correr desesperada pela floresta. Ele não proferia uma única palavra diante do bullying que seu grupo fazia comigo.E por ele ser conivente com os amigos, eu acreditava que ele era tão culpado quanto os outros. Tantos lobos na face da Terra e a Deusa tinha que entrelaçar meu destino justo com esse? Eu não podia acreditar nisso. Durante esse tempo, nenhuma explicação me foi dada sobre o que havia matado minha família. Parecia que, para todos, nada tinha acontecido. Após o enterro, era como se minha família não tivesse existido, e a única pessoa que ainda sen
Assim que cheguei lá, Maitê já me esperava ansiosa em frente à boate. Peguei um band-aid em minha bolsa e coloquei naqueles dois ferimentos em meu braço. Quando minha amiga me viu descer do carro, correu para me abraçar e, mesmo eu tentando disfarçar, ela percebeu que eu havia chorado.— Não fica assim, amiga. Tenho certeza de que o maior desejo da sua família era que você fosse feliz. Eles não gostariam de te ver triste. — Ela disse, consolando-me, acreditando que eu estava assim devido à minha família.— Sei disso, Maitê.Não podia contar a verdade a ela sem ter que explicar o que significava o laço de companheiros, sem mencionar o que eu era, mesmo sendo uma loba defeituosa. Então, apenas a deixei acreditar no que ela pensava ser o motivo. Adentrei a boate com determinação, disfarçando a tristeza que ainda pesava no peito.A música alta e pulsante, as luzes coloridas dançando ao ritmo da batida, tudo isso me surpreendeu pelo fato de nunca ter estado em uma boate antes e acabou me e
Enquanto conversávamos na mesa de Kiron, a atmosfera ao redor parecia mais leve e vibrante. Os olhares curiosos dos amigos dele logo se transformaram em sorrisos acolhedores quando começamos a interagir.Maitê, sempre extrovertida, logo se juntou à conversa, fazendo todos rirem com suas histórias engraçadas sobre algumas de nossas aventuras juntas.Eu me sentia estranhamente à vontade ao lado de Kiron, como se o conhecesse há muito mais tempo do que apenas algumas músicas de boate. Seu jeito confiante e atencioso era cativante, e eu me pegava cada vez mais interessada em conhecê-lo melhor.Conversamos sobre tudo e sobre nada ao mesmo tempo. Ele se aproximou mais e, por um momento, nossas conversas eram trocadas ao pé do ouvido, aproveitando a companhia um do outro e o clima descontraído da noite.Kiron mostrou-se genuinamente interessado em minha vida, fazendo perguntas que iam além da superficialidade das conversas de boate. No entanto, eu evitava as perguntas mais pessoais que não p
Ele afastou meus cabelos e beijou a lateral do meu pescoço, repetindo o gesto do lado oposto. Fechei meus olhos e suspirei com aquele contato, era muito bom. Ele tirou a taça da minha mão e a colocou no centro ali próximo, fazendo-me virar para ele. Voltamos a nos encarar e, em seguida, seus lábios envolveram os meus.Achei que ele tinha entendido meu recado quando me mantive em silêncio, eu não desejava falar sobre o futuro, eu queria viver apenas o momento.Seus beijos, que começaram lentos, agora estavam mais profundos, até mesmo necessitados. Ele colou seu corpo ao meu e logo estava pressionada contra aquela parede de vidro.Seu beijo desceu novamente pelo meu pescoço, enquanto sua mão subia até meus seios, fazendo-me gemer involuntariamente. Sua outra mão segurou minha bunda, puxando-me mais para ele, enquanto eu me entregava totalmente ao momento.— Você é irresistível para mim. Tenho que confessar que não aceitaria perder você para ninguém. — Kiron disse, suas mãos percorrendo