Mari Esteves e William Dib. Dois profissionais jogando um jogo perigoso. No calor do Rio de Janeiro, uma trama que envolve dinheiro, sexo, drogas, poder e uma arma capaz de causar destruição em massa. Uma corrida contra o tempo. Um jogo de gato e rato. Uma história onde nada é o que parece. Uma atração explosiva entre inimigos declarados. O primeiro contato de Mari com o sujeito conhecido como Dib foi o pior possível. Com a carreira e a reputação colocadas em jogo, ela se vê no meio de uma trama surreal e precisa confiar exatamente no homem que foi responsável pela morte de seu parceiro. Sequestros, queima de arquivos, pistas forjadas, agentes duplos... Dib já havia encarado de tudo em sua vida, menos uma química tão intensa quanto a que aconteceu quando seu caminho cruzou com o da agente Mari Esteves. Seu maior desafio agora é convencer a obstinada Mari de que deve confiar nele, apesar do que aconteceu com seu parceiro.
Ler maisIlha Castilla, Caribe— Volte o vídeo.A imagem retrocedeu. Depois, foi reproduzida normalmente.— Ali! Volte.O vídeo voltou ao início.— Passe agora, devagar.Uma mulher loura e de baixa estatura. Estava agarrada à grade caída. Outro homem segurava-se em sua perna. O piloto militar apareceu na cena. Agarrou a mulher. Outro homem também surgiu. Seguraram a mulher. Içaram ambos. A câmera fechou bem nos rostos dos três.— Pare. Amplie.Vitorio Tramonte levantou da poltrona. Andou até a frente da TV.— É ela?Sua mão tocou a imagem exageradamente ampliada. Setenta e cinco polegadas de ostentação. Deslizou os dedos pelo rosto da mulher.— Madre de Diós... Ivette! — O espanto deu lugar à raiva — prepare meu jato. Vamos para o Rio. Tenho
Recreio dos Bandeirantes, 11:50pm— Lucas? Como... — Suzana segurou o lençol na frente do corpo — como entrou?Ele rodeou a cama. Sentou-se na beirada. Sem cerimônia. Colocou a arma em cima da mesinha. Só as luzes da rua entravam pela cortina. Ele ainda era uma sombra. Enorme. Aterrorizante. Na frente dela. Suzana sentiu a raiva dele. E também a sua.— O que quer aqui? Vai me sequestrar de novo?— Se for preciso, vou.Ela esqueceu o lençol. Esqueceu que estava nua. Ergueu a mão.— Cretino.Ele foi rápido. Segurou-a antes de acertá-lo. Falou com frieza.— Disse para nunca mais fazer isso.Suzana se debateu. E explodiu, aos gritos.— Canalha mentiroso! É casado com Teresa! Como pode ser tão cínico?— Não sou cínico e não menti. Sou casado com ela, si
Dib e Gustavo acompanharam com os olhos a partida do carro. O primeiro estava carrancudo. Nervoso. Mari estava naquele carro. Com Esteves e o maldito Henrique Castelo.Que filho da puta! Tinha enganado todo mundo. Tinha forjado a própria morte. E eles tinham caído que nem patinhos!— Eu mato aquele filho da puta de verdade! E o chefe do laboratório. Ele tem que estar metido nisso. Foi ele quem confirmou a morte de Castelo!— Calma Dib. Vamos atrás dele. Com aquela maleta na mão da federal, seria um risco grande atacar agora.— Eu sei! — Ele berrou — mas, que merda! Não me conformo em apenas deixar ele ir embora daqui com ela.Gustavo estranhou.— Fica frio. Você nunca foi assim. O que aconteceu contigo?Dib deu uma risada amarga. Encarou Gustavo, o cara mais gelado que já tinha conhecido. Depois dele.— Se eu te disser que me apaixo
O Ninho, 2:30PMLucas trincou os dentes. Mesmo com a anestesia, a dor era forte. Precisava de anestesia geral. Mas não podia se dar ao luxo. Não com tudo tendo dado tão errado.Dib estava encrencado. Ele era o segundo na cadeia de comando do grupo. Outro ponto. Ele gemeu. O suor encharcou sua testa. Estava medicado. E mesmo assim, sabia que estava com febre.— Dá pra acabar logo com isso, doutor?— Relaxa, cara — resmungou Sandro — tem que ficar bem feito, — olhou para o homem deitado na maca — sei que não vai poder repousar.Teresa entrou na sala. Sua cara não era boa. Entregou-lhe o celular. Lucas pegou com a mão livre.— É o Gus.Ele assentiu.— Lucas.— Dib tá vivo.— Graças a Deus. Tem acesso a ele?— Sim. Eu o vigio. Mas não estou só.&
Base Aérea do Galeão, 11:50AMGabriel Esteves olhou para o comandante. Abriu a boca. Fechou de novo. Passou a mão pelos cabelos escuros. Abriu a boca de novo.— Sente-se, filho.O coronel apontou a cadeira. Ele sentou. Respirou fundo. Encarou o superior.— Minha irmã...— Recebi agora o telefonema, capitão — o coronel reassumiu a postura marcial — Está viva. Não sei como. Metida numa confusão no meio da pista da Base de Santa Cruz.— Confusão? — Claro, típico de sua irmã...— Não tenho os detalhes. Mas quero seu grupo lá, agora. Só chamei você aqui para que não fosse surpreendido quando a visse.Gabriel levantou da cadeira. Rígido. Encarou o superior. Os olhos castanhos fixos nos do coronel.— O senhor sabia?— Não, filho
Lagoa, 5:15AMLuiz Esteves atendeu ao telefone antes do segundo toque. O coração disparado. Poderiam ser notícias. Algo sobre Mari. Ou sobre seu corpo. Stella, dopada, dormia. Ele passava as noites em claro, na varanda.— Alô.— Tio Esteves.— Otávio?!— Tio... levei um tiro.O coração do coronel disparou. Vivico era amigo de sua filha desde moleque. Estava no mau caminho. Mas era como um filho.— Onde está?— No apê da Mari... — a voz era chorosa, fraca — tio... eu tô morrendo...Zona da Mata, Minas Gerais, 6:00AMDib cobriu Mari com a manta. As olheiras dela estavam evidentes. Não tinham dormido. Haviam passado a noite ali, na varanda. Ele tocou violão até os dedos doerem. Ela tinha escutado. Quieta. Calada. A cabeça no seu ombro. Tinha
Zona da Mata, Minas Gerais 2:00AMMari acordou de madrugada, com o som da chuva, de um violão, e de uma voz grave. Ele cantava?! Aquilo era uma surpresa!A raiva sumiu. De repente. Curiosidade, espanto e uma emoção estranha tomaram seu lugar dentro dela. Andou até a porta do quarto, arrastando consigo a manta. Ele estava sentado na varanda, de costas para a porta da sala. Ficou em silêncio. Olhando as costas dele. Largas, bronzeadas. Com cicatrizes. Enrolou-se mais na manta. Foi até a porta da sala. Ele ainda não tinha notado que ela estava ali. Prestou atenção."Now I feel I'm growing older/And the songs that I have sung Echo in the distance Like the sound Of a windmill goin' round..."De quem era mesmo aquela música? Deep Purple? Sim era isso. Ele dedilhou o violão. O aço das cordas gemia. Quase um lamento.
Dib não soube o quanto ficaram ali. Ele em cima dela. Mari olhando o céu. Estática. Que loucura era aquela? Puxou-a e colocou-a sentada. Ajeitou sua roupa e a dela.— Mari... — Muda. Olhando para ele. Respirava rápido e segurava com força sua camiseta. Dib suspirou. Passou a mão pelo rosto dela e beijou seus cabelos. Abraçou-a. — Mari, fale comigo.Ela não falou. Soluçou. O primeiro de muitos soluços. As mãos soltaram a camiseta. Começaram a esmurrar seu peito. Ele deixou. Só a abraçou, com força.— Shh, tudo bem, tudo bem, querida...Olhou-o com o rosto molhado. Estava descontrolada.— Não está tudo bem! Nada está bem! Meu melhor amigo morreu, fui suspensa, atacada... fui sequestrada por um louco, do qual não posso chegar perto sem ir pra cama com ele! Todos pensam que estou morta! E voc
Barra de Guaratiba, 03:00AMA primeira coisa que Suzana percebeu foi que estava deitada. Depois, que estava sem sapatos, mas vestida. Será que...?A mão tocou a saia, e a perna. As meias ainda estavam lá. E não sentia dor entre as coxas. Nem abriu os olhos. Apenas suspirou aliviada.— Não a estuprei, se é isso o que quer saber.A voz de Lucas. Abriu os olhos. Muito rápido.A tontura e a náusea foram repentinas. Colocou a mão no estômago. Num segundo ele estava do lado dela. Amparou-a, enquanto seu corpo colocava para fora aquela porcaria que a fez dormir.Ele saiu e a deixou deitada. Suzana respirou fundo. Tentou acalmar o coração. Tremia de medo.Ouviu Lucas voltando. Escutou-o sentar ao seu lado. Olhou para ele. Parecia meio embaçado ainda. Ele estendeu uma toalha úmida. Suzana limpou o rosto. Depois, sentou devagar. Enc