Dib e Gustavo acompanharam com os olhos a partida do carro. O primeiro estava carrancudo. Nervoso. Mari estava naquele carro. Com Esteves e o maldito Henrique Castelo.
Que filho da puta! Tinha enganado todo mundo. Tinha forjado a própria morte. E eles tinham caído que nem patinhos!
— Eu mato aquele filho da puta de verdade! E o chefe do laboratório. Ele tem que estar metido nisso. Foi ele quem confirmou a morte de Castelo!
— Calma Dib. Vamos atrás dele. Com aquela maleta na mão da federal, seria um risco grande atacar agora.
— Eu sei! — Ele berrou — mas, que merda! Não me conformo em apenas deixar ele ir embora daqui com ela.
Gustavo estranhou.
— Fica frio. Você nunca foi assim. O que aconteceu contigo?
Dib deu uma risada amarga. Encarou Gustavo, o cara mais gelado que já tinha conhecido. Depois dele.
— Se eu te disser que me apaixo
Recreio dos Bandeirantes, 11:50pm— Lucas? Como... — Suzana segurou o lençol na frente do corpo — como entrou?Ele rodeou a cama. Sentou-se na beirada. Sem cerimônia. Colocou a arma em cima da mesinha. Só as luzes da rua entravam pela cortina. Ele ainda era uma sombra. Enorme. Aterrorizante. Na frente dela. Suzana sentiu a raiva dele. E também a sua.— O que quer aqui? Vai me sequestrar de novo?— Se for preciso, vou.Ela esqueceu o lençol. Esqueceu que estava nua. Ergueu a mão.— Cretino.Ele foi rápido. Segurou-a antes de acertá-lo. Falou com frieza.— Disse para nunca mais fazer isso.Suzana se debateu. E explodiu, aos gritos.— Canalha mentiroso! É casado com Teresa! Como pode ser tão cínico?— Não sou cínico e não menti. Sou casado com ela, si
Ilha Castilla, Caribe— Volte o vídeo.A imagem retrocedeu. Depois, foi reproduzida normalmente.— Ali! Volte.O vídeo voltou ao início.— Passe agora, devagar.Uma mulher loura e de baixa estatura. Estava agarrada à grade caída. Outro homem segurava-se em sua perna. O piloto militar apareceu na cena. Agarrou a mulher. Outro homem também surgiu. Seguraram a mulher. Içaram ambos. A câmera fechou bem nos rostos dos três.— Pare. Amplie.Vitorio Tramonte levantou da poltrona. Andou até a frente da TV.— É ela?Sua mão tocou a imagem exageradamente ampliada. Setenta e cinco polegadas de ostentação. Deslizou os dedos pelo rosto da mulher.— Madre de Diós... Ivette! — O espanto deu lugar à raiva — prepare meu jato. Vamos para o Rio. Tenho
2008. Centro do Rio de Janeiro, 09:30AMO Rio de Janeiro estava intragável naquele verão. Como sempre. Quente como uma estufa. Um inferno!Mari entrou com a moto no meio de dois carros. Tirou um fino. Cruzou o semáforo uma fração de segundos antes que ele se fechasse. Veículos que vinham na transversal buzinaram.— Maluco!Ela ergueu a mão. E um dedo.A figura pequena, de capacete coco e óculos, montada num monstro de metal, chamava a atenção em todo o canto.Acelerou a Fat Boy. Uma pérola resgatada de um leilão. Sentiu a vibração entre as pernas. Sorriu. Tesão. Mil, quatrocentas e cinquenta cilindradas. Segundo as amigas, um vibrador com sessenta cavalos.Deliciou-se com a potência da máquina. Dominá-la era quase um orgasmo. A excitação da velocidade era maior do que qual
Três dias depois. Tijuca, 11:30AM.Mari jogou a chave da moto em cima da mesa, junto com o capacete. Fechou a porta com o pé. Os óculos escuros ficaram em cima do micro-ondas. As luvas, sobre o telefone. A jaqueta de couro, na cadeira da sala. O coldre com a pistola ficou com ela.Olhou a foto sobre o aparador. Ela e Rique na praia. Sorrindo. Jurerê. Foi um verão divertido. Os dois, de férias. Foram para o Sul, de moto. Ele ainda não namorava Julia. O primeiro ano como agentes.Foi para a cozinha. Abriu a geladeira. Ficou parada, olhando lá para dentro. Três dias. Fazia três dias que ele tinha morrido.Uma sombra se moveu na sala. Sacou a pistola e apontou naquela direção. Relaxou.— Como é que tu entrou aqui, Vivico?A pistola voltou ao coldre.— Por trás. Pela área de serviço.Mari caiu sentada no
Joatinga, Rio de JaneiroDib jogou a chave sobre mesa. Esfregou os olhos, abriu a cortina. Daria tudo para estar lá embaixo, no mar, surfando...Tinha que dormir. Não fazia isso há quarenta e oito horas. Agora que Lucas estava na cola de Mari Esteves, talvez pregasse o olho por umas duas horas. Seu corpo reagiu de imediato.Mari.Tinha ficado louco para atacar uma agente federal daquele jeito! Lembrou de como tudo aquilo tinha acabado. De como tinha sido posto para fora do apartamento dela. Droga de mulher!Depois que as coisas se acalmaram, ela o empurrou. Olhou para ele de um jeito... como se estivesse acordando. Meio apavorada.— O quê...?Ela pegou a toalha caída no chão, se enrolou nela correndo. Fugiu dele. Parou do outro lado da sala. Numa hora, parecia estar louca por ele. De repente, ficava uma fera.— Saia daqui.— Mari...Ele ajeitou
Joatinga, 15:30PM— Entre.Mari espiou dentro da casa. Passou pelo hall e saiu na sala. Vista para o mar. Luz do sol. Grande. E impessoal.O celular de Dib tocou. Assustou-a. Ele pediu licença para atender. Ela foi olhar a sala.— Fale.— Que porra foi aquela? Você está bem?— Tá tudo certo, Lucas. E a moça, a amiga da Mari?— Aqui do meu lado. Ficou nervosa com a confusão. Quer saber da amiga.— Tá aqui comigo. Diz que tá tudo bem — virou de costas para Mari. Falou mais baixo. — Lucas, fica na cola dessa mulher. Consiga a colaboração dela.— Ok. E quanto à federal encrenqueira? Vai fazer o que com ela?— Levá-la pra cama. — Falou sem pensar.Mari estacou. Ele se voltou para ela e riu. Tampou o fine com a mão.&md
Barra de Guaratiba, 03:00AMA primeira coisa que Suzana percebeu foi que estava deitada. Depois, que estava sem sapatos, mas vestida. Será que...?A mão tocou a saia, e a perna. As meias ainda estavam lá. E não sentia dor entre as coxas. Nem abriu os olhos. Apenas suspirou aliviada.— Não a estuprei, se é isso o que quer saber.A voz de Lucas. Abriu os olhos. Muito rápido.A tontura e a náusea foram repentinas. Colocou a mão no estômago. Num segundo ele estava do lado dela. Amparou-a, enquanto seu corpo colocava para fora aquela porcaria que a fez dormir.Ele saiu e a deixou deitada. Suzana respirou fundo. Tentou acalmar o coração. Tremia de medo.Ouviu Lucas voltando. Escutou-o sentar ao seu lado. Olhou para ele. Parecia meio embaçado ainda. Ele estendeu uma toalha úmida. Suzana limpou o rosto. Depois, sentou devagar. Enc
Dib não soube o quanto ficaram ali. Ele em cima dela. Mari olhando o céu. Estática. Que loucura era aquela? Puxou-a e colocou-a sentada. Ajeitou sua roupa e a dela.— Mari... — Muda. Olhando para ele. Respirava rápido e segurava com força sua camiseta. Dib suspirou. Passou a mão pelo rosto dela e beijou seus cabelos. Abraçou-a. — Mari, fale comigo.Ela não falou. Soluçou. O primeiro de muitos soluços. As mãos soltaram a camiseta. Começaram a esmurrar seu peito. Ele deixou. Só a abraçou, com força.— Shh, tudo bem, tudo bem, querida...Olhou-o com o rosto molhado. Estava descontrolada.— Não está tudo bem! Nada está bem! Meu melhor amigo morreu, fui suspensa, atacada... fui sequestrada por um louco, do qual não posso chegar perto sem ir pra cama com ele! Todos pensam que estou morta! E voc