Capítulo 3

THEODORO

Quando Zahara me chamou para sair daquela festa, não pensei duas vezes e aceitei. Primeiro porque já estava querendo ir embora dali mesmo e segundo porque não perderia a chance de ficar a sós com ela. Tínhamos muito o que conversar, precisava saber mais da vida dela, se estava realmente com aquele ator.

Depois que o manobrista trouxe o meu carro, abri a porta para que ela entrasse e rapidamente dei a volta, entrando no lado do motorista. Acabamos decidindo ir para o Lucky's, um bar que costumávamos frequentar quando éramos adolescentes, que mais parecia uma taverna viking e Bjorn, o dono, tinha muito orgulho. Logo que passamos pela porta, um recepcionista colocou sobre nossas cabeça chapéus vikings.

— O que você vai querer beber? — perguntei, mas já sabia que o que ela pediria.

— Não posso voltar para casa e deixar de tomar o chopp local.

Depois de fazer sinal, um barman anotou nossos pedidos e em seguida deslizou por cima do balcão duas enormes canecas de chopp. Depois de um brinde, tomamos um gole do líquido gelado, que foi um bálsamo para o calor que estava fazendo ali dentro.

— E como anda a vida amorosa? Da última vez que li em alguma revista, você estava saindo com um ator.

— Essas revistas inventam muitas mentiras, ultimamente eu ando é fugindo dos homens.

— Zah, ser uma mulher amarga não combina nadinha com você.

— Sim, mas é que depois de ser magoada e usada tantas vezes, a gente cansa.

— Não desista, pode não parecer agora, mas ainda existem homens bons por aí, querida — Ele apoiou a mão sobre a minha em cima do balcão.

— Tipo você?

— Eu não sei se me encaixo nesse quesito.

— Mas com você é diferente, sei que posso confiar que não vai me machucar meu coração.

— Porque sou seu melhor amigo.

— Verdade, mas eu sempre o considerei mais do que um melhor amigo.

— Está falando sério? — perguntei surpreso.

— Sim, até porque eu nunca esqueci do primeiro beijo que a gente deu no nosso falso casamento.

— Realmente, eu também nunca esqueci.

— Eu ainda guardo a aliança de mentira que me deu.

— Aquele anelzinho de plástico cor de rosa?

— Sim, está guardado dentro da minha caixa de jóias. — respondeu enquanto dava mais um gole em sua cerveja. — E como anda a sua vida amorosa?

— É... estagnada.

— Não brinca comigo, Theodoro Castro, o grande playboy não está com a vida amorosa agitada?

— Eu saí com algumas mulheres durante toda a minha vida, mas elas tinham um problema.

— Que problema?

— Nenhuma delas era você, Zah.

Pude perceber seus olhos arregalados de surpresa e foi então que tomei a iniciativa e uni meus lábios aos dela. Diferente do nosso primeiro beijo, durante um casamento de mentira, agora eu sabia o que estava fazendo. Segurando-a pela nuca, a beijei com avidez, um beijo necessitado, repleto de saudades e ela retribuiu. Retomando a consciência, me afastei um pouco dela e pude ouvir um resmungo.

— Theo?

— Me desculpe, Zah. Eu não queria ter feito isso.

— E se eu quiser fazer isso de novo? — perguntou maliciosamente.

— Se é isso o que você quer, não irei impedi-la.

Minhas palavras devem ter soado de forma encorajadora porque Zahara logo voltou a me beijar, sua língua abrindo caminho em minha boca e enterrou as unhas em meus ombros e usou do pequeno deslize no banco para colar seu corpo ao meu. Já não dava para controlar minha ereção e ela pareceu notar.

— Acho que temos um problemão aqui — sussurrou enquanto pegava meu pênis por cima da calça. — Se quiser posso resolver para você.

— É melhor irmos para casa.

Por mais que fosse o meu sonho de consumo levar aquela bela mulher para a minha cama, jamais faria algo com ela naquele estado de embriaguez. Paguei nossas bebidas e a levei para o meu carro.

Quando estava quase chegando em frente ao prédio do hotel que Zahara estava ficando, notei um grupo de paparazzis, talvez estivessem esperando pela volta dela, mas como bom amigo, não daria o gostinho deles a verem neste estado, fiz a curva e comecei a dirigir na direção do meu condomínio.

 Eu poderia deixá-la na casa dos pais sob os cuidados da governanta, mas já era tão tarde e eu não queria correr o risco de acordar os Milani e entregar a filha bêbada, para eles seria um desgosto, sem contar que eu nem tinha certeza de que eles estavam sabendo que Zah estava na cidade.

Assim que guardei o carro na garagem, passei um dos braços de Zahara por trás do meu pescoço e a peguei no colo, não queria que ela corresse o risco de se machucar. Levei-a para o quarto de hóspedes e a coloquei deitada na cama, mas ela logo se levantou e foi para o banheiro. Me apressei em segurar seus cabelos enquanto ela se curvava sobre o vaso sanitário e vomitava.

Dei um pulo no meu quarto e peguei uma camisa limpa no closet, com certeza ficaria grande nela, mas era melhor dormir confortável do que com aquela roupa de festa apertada. Quando voltei ao quarto, encontrei Zahara lavando o rosto na pia do banheiro, entreguei-lhe a blusa e ela, simplesmente, se despiu na minha frente, permanecendo apenas com a lingerie. Uma bela visão do corpo dela. Tive que pensar em outras coisas para que minha ereção diminuísse.

Quando Zah se deitou, apaguei a luz e acendi a luz do abajur e deixei o quarto a meia luz, para que ficasse confortável para ela. Já estava saindo quando ela me chamou e quando olhei para trás, ela me jogou um beijo.

— Não quer dormir comigo? — Ela fez carinha de cachorro que caiu da mudança.

O inimigo às vezes gosta de nos tentar das mais variadas maneiras, mas eu tenho que ser forte e resistir por nós dois.

— Não, Zah. Vou dormir no meu quarto.

— Tem certeza disso?

— Sim.

bom então.

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