THEODORO
Quando Zahara me chamou para sair daquela festa, não pensei duas vezes e aceitei. Primeiro porque já estava querendo ir embora dali mesmo e segundo porque não perderia a chance de ficar a sós com ela. Tínhamos muito o que conversar, precisava saber mais da vida dela, se estava realmente com aquele ator.
Depois que o manobrista trouxe o meu carro, abri a porta para que ela entrasse e rapidamente dei a volta, entrando no lado do motorista. Acabamos decidindo ir para o Lucky's, um bar que costumávamos frequentar quando éramos adolescentes, que mais parecia uma taverna viking e Bjorn, o dono, tinha muito orgulho. Logo que passamos pela porta, um recepcionista colocou sobre nossas cabeça chapéus vikings.
— O que você vai querer beber? — perguntei, mas já sabia que o que ela pediria.
— Não posso voltar para casa e deixar de tomar o chopp local.
Depois de fazer sinal, um barman anotou nossos pedidos e em seguida deslizou por cima do balcão duas enormes canecas de chopp. Depois de um brinde, tomamos um gole do líquido gelado, que foi um bálsamo para o calor que estava fazendo ali dentro.
— E como anda a vida amorosa? Da última vez que li em alguma revista, você estava saindo com um ator.
— Essas revistas inventam muitas mentiras, ultimamente eu ando é fugindo dos homens.
— Zah, ser uma mulher amarga não combina nadinha com você.
— Sim, mas é que depois de ser magoada e usada tantas vezes, a gente cansa.
— Não desista, pode não parecer agora, mas ainda existem homens bons por aí, querida — Ele apoiou a mão sobre a minha em cima do balcão.
— Tipo você?
— Eu não sei se me encaixo nesse quesito.
— Mas com você é diferente, sei que posso confiar que não vai me machucar meu coração.
— Porque sou seu melhor amigo.
— Verdade, mas eu sempre o considerei mais do que um melhor amigo.
— Está falando sério? — perguntei surpreso.
— Sim, até porque eu nunca esqueci do primeiro beijo que a gente deu no nosso falso casamento.
— Realmente, eu também nunca esqueci.
— Eu ainda guardo a aliança de mentira que me deu.
— Aquele anelzinho de plástico cor de rosa?
— Sim, está guardado dentro da minha caixa de jóias. — respondeu enquanto dava mais um gole em sua cerveja. — E como anda a sua vida amorosa?
— É... estagnada.
— Não brinca comigo, Theodoro Castro, o grande playboy não está com a vida amorosa agitada?
— Eu saí com algumas mulheres durante toda a minha vida, mas elas tinham um problema.
— Que problema?
— Nenhuma delas era você, Zah.
Pude perceber seus olhos arregalados de surpresa e foi então que tomei a iniciativa e uni meus lábios aos dela. Diferente do nosso primeiro beijo, durante um casamento de mentira, agora eu sabia o que estava fazendo. Segurando-a pela nuca, a beijei com avidez, um beijo necessitado, repleto de saudades e ela retribuiu. Retomando a consciência, me afastei um pouco dela e pude ouvir um resmungo.
— Theo?
— Me desculpe, Zah. Eu não queria ter feito isso.
— E se eu quiser fazer isso de novo? — perguntou maliciosamente.
— Se é isso o que você quer, não irei impedi-la.
Minhas palavras devem ter soado de forma encorajadora porque Zahara logo voltou a me beijar, sua língua abrindo caminho em minha boca e enterrou as unhas em meus ombros e usou do pequeno deslize no banco para colar seu corpo ao meu. Já não dava para controlar minha ereção e ela pareceu notar.
— Acho que temos um problemão aqui — sussurrou enquanto pegava meu pênis por cima da calça. — Se quiser posso resolver para você.
— É melhor irmos para casa.
Por mais que fosse o meu sonho de consumo levar aquela bela mulher para a minha cama, jamais faria algo com ela naquele estado de embriaguez. Paguei nossas bebidas e a levei para o meu carro.
Quando estava quase chegando em frente ao prédio do hotel que Zahara estava ficando, notei um grupo de paparazzis, talvez estivessem esperando pela volta dela, mas como bom amigo, não daria o gostinho deles a verem neste estado, fiz a curva e comecei a dirigir na direção do meu condomínio.
Eu poderia deixá-la na casa dos pais sob os cuidados da governanta, mas já era tão tarde e eu não queria correr o risco de acordar os Milani e entregar a filha bêbada, para eles seria um desgosto, sem contar que eu nem tinha certeza de que eles estavam sabendo que Zah estava na cidade.
Assim que guardei o carro na garagem, passei um dos braços de Zahara por trás do meu pescoço e a peguei no colo, não queria que ela corresse o risco de se machucar. Levei-a para o quarto de hóspedes e a coloquei deitada na cama, mas ela logo se levantou e foi para o banheiro. Me apressei em segurar seus cabelos enquanto ela se curvava sobre o vaso sanitário e vomitava.
Dei um pulo no meu quarto e peguei uma camisa limpa no closet, com certeza ficaria grande nela, mas era melhor dormir confortável do que com aquela roupa de festa apertada. Quando voltei ao quarto, encontrei Zahara lavando o rosto na pia do banheiro, entreguei-lhe a blusa e ela, simplesmente, se despiu na minha frente, permanecendo apenas com a lingerie. Uma bela visão do corpo dela. Tive que pensar em outras coisas para que minha ereção diminuísse.
Quando Zah se deitou, apaguei a luz e acendi a luz do abajur e deixei o quarto a meia luz, para que ficasse confortável para ela. Já estava saindo quando ela me chamou e quando olhei para trás, ela me jogou um beijo.
— Não quer dormir comigo? — Ela fez carinha de cachorro que caiu da mudança.
O inimigo às vezes gosta de nos tentar das mais variadas maneiras, mas eu tenho que ser forte e resistir por nós dois.
— Não, Zah. Vou dormir no meu quarto.
— Tem certeza disso?
— Sim.
— Tá bom então.
ZAHARAPela manhã quando acordei, de imediato não reconheci o lugar onde estava. Me sentei na cama e, por um momento, fiquei preocupada. Não conseguia me lembrar de nada da noite anterior, mas quando Theo entrou no quarto, me senti mais aliviada.— Bom dia, dorminhoca.— Bom dia.— Está melhor?— Só com um pouco de dor de cabeça.— Foi por isso que te trouxe um copo de água e uma aspirina. — Ele colocou ambos na mesinha de cabeceira ao lado da cama.— Obrigada, Theo.— Não é nada.— Ei! — chamei-o antes que saísse do quarto. — Pode me contar o que aconteceu ontem?— Não consegue se lembrar de nada?— Nadinha.— E o que acha de tomarmos café enquanto refresco sua memória?— Uma ótima ideia.Me levantei da cama num pulo e acompanhei ele até a cozinha, o balcão estava repleto de opções para um café da manhã bem farto. Tnha muito mais comida do que duas pessoas conseguem comer, mas era o suficiente para alimentar um batalhão.— Bom dia, dona Ana. — Theo cumprimentou a mulher que terminava
THEODOROConfesso que, quando liguei para Zahara, uma centelha de preocupação surgiu quando notei o seu tom de voz, mas tentei deixar de lado, afinal, poderia ser só algum aborrecimento do trabalho dela. Depois de me certificar de que tinha escolhido os melhores seguranças para Zahara, passei no escritório e peguei alguns papéis que tinha esquecido na noite anterior.Quando estava saindo do meu escritório, ouvi meu celular começar a tocar e então resgatei o aparelho do bolso da calça e vi que era uma ligação de minha mãe. Eu precisava atender, pois poderia ser algo importante.— Oi, mãe!— Theo, você vai no almoço na casa dos Milani?— Sim.— Já está sabendo que Zahara está na cidade?— Fiquei sabendo.— Ansioso para reencontrar sua melhor amiga de infância depois de tantos anos?— Sim, mãe — menti, porque já tinha me reencontrado com Zah, mas ninguém sabia ainda.— O que você está fazendo, filho?— Passei aqui na empresa, mas já estou a caminho de casa.— Vou te deixar prestar atençã
ZAHARADepois que terminamos de almoçar, nossos pais foram para dentro de casa e convidei Theodoro para sentar na beira da piscina. Por causa do calor, coloquei os pés para dentro da água, quando na verdade eu queria mesmo era dar um mergulho. A temperatura da água estava extremamente convidativa.— Aquilo que você falou no almoço é verdade? — perguntei despretenciosamente.— Sobre o quê?— Sobre estar esperando a pessoa certa para se casar?— Digamos que foi a coisa certa a se dizer naquele momento para que não continuassem a me importunar.— Então você estava mentindo descaradamente para todos nós, Theo?— Mentir é uma palavra muito pesada, digamos só que enganei. E você falou sério?— Falei.— Então Zahara Milani, a grande atriz, está à procura de um marido?— Pode-se dizer que sim.— E já tem alguém em vista?— Mais ou menos.— E o sortudo já sabe?— Na verdade, ainda não falei com ele.— E por que não fala?— Porque ele está bem na minha frente, mas é um tremendo de um playboy pe
THEODOROCheguei ao restaurante um pouco antes do horário combinado com Zahara, eu precisava me certificar com o dono de que nada e nem ninguém incomodaria a minha acompanhante só porque ela era uma atriz muito famosa.— Não se preocupe senhor Castro, vocês não serão incomodados. — O dono me garantiu.— Obrigado.Depois de me garantirem que Zah teria uma noite como qualquer pessoa normal, dei uma olhada no relógio e estava na hora dela chegar. Me sentei à mesa e fiquei aguardando a minha companhia. Sair com Zahara pela segunda vez em dois dias seguidos estava superando qualquer limite que impus a mim mesmo, mas ela era minha amiga e não as vagabundas que eu costumo pegar por uma noite só.Quando ergui os olhos da tela do celular, vi Zah caminhando em direção a nossa mesa, rapidamente fiquei de pé e a cumprimentei com um abraço e depositei, gentilmente, um beijo em sua bochecha direita.— Você está linda, Zah.— Obrigada! — Aproveitei para puxar a cadeira para que ela se sentasse. — Vo
ZAHARA Aqui estou eu, dentro do avião, a caminho de Nova York para gravar mais um filme quando, na verdade, eu queria era estar nos braços de Theo. Theodoro Castro. A simples menção ao seu nome me traz lembranças maravihosas da noite anterior. Eu confesso que tinha planejado toda aquela noite com ele, mas não esperava que meu melhor amigo fosse me surpreender com um sexo tão intenso.Nossa despedida pela manhã foi um pouco estranha, parecia que ele estava fazendo de tudo para que eu não fosse embora, mas infelizmente eu sabia que tinha que partir.No aeroporto, foi ainda mais estranho porque meus pais estavam presentes e não pude me despedir dele da maneira como eu queria, com um abraço apertado, um beijo desejoso e a promessa de que manteríamos contato.Tentei distrair a mente, mas nem o livro que trouxe na bolsa e nem os filmes disponíveis no catálogo da companhia aérea prenderam a minha atenção.Enquanto saía da área de desembarque privado com os meus guarda-costas, fui até a saíd
THEODOROOs lençóis já estavam frios quando acordei. Frios demais que nem parecia que havíamos feito sexo a noite toda. Estiquei o braço e só encontrei um espaço vazio, e meu coração se apertou. Achei que Zahara já tivesse ido embora, mas depois de apurar os ouvidos, respirei um pouco mais aliviado quando ouvi o barulho do chuveiro.Passamos a noite toda nos braços um do outro, nos esgotamos fazendo uma despedida quente. Metade do tempo foi ela que dominou. Fui feliz, mas posso ser ainda mais.Quando ela saiu do banheiro, veio nas pontas dos pés em minha direção, parou a poucos centímetros do meu rosto, consigo sentir sua respiração. Há um magnetismo nela que me faz perder a capacidade de controlar meus impulsos. Não sei o que dizer, estou completamente tomado pelo desejo de puxá-la para cama.— Você está com o cheiro do meu shampoo.— Era o único que tinha disponível no seu banheiro.— Bom que você fica com o meu cheiro.— É como se eu tivesse dono?— Pode se dizer que sim, mas depen
ZAHARAEu estava quase pegando no sono quando senti meu celular vibrar. Já era tarde, mas eu não precisava nem olhar para saber que era Theo, afinal, ele ficou de mandar mensagem quando retornasse da casa dos pais. Peguei o aparelho e abri a mensagem."Já está dormindo?""Ainda não. Estava esperando pela sua mensagem.""Desculpa pela demora. Minha mãe me prendeu mais do que o esperado.""Sei exatamente como é.""Fazendo o que de bom?""Estou deitada, sozinha nessa cama grande.""Não tem ninguém para te fazer companhia? Nenhuma amiga?""Ninguém. Essa é a parte ruim de ser uma pessoa famosa, não se tem muitos amigos verdadeiros.""Queria estar aí com você, não ia se sentir sozinha com todas as coisas que faria.""Ia ser maravilhoso.""Quando eu for te visitar, você vai se sentir a mulher mais bem acompanhada do mundo.""Não duvido."Estava tão cansada por conta da noite mal dormida e por não conseguir dormir no avião que nem percebi quando caí no sono e deixei Theo falando sozinho. Pela
THEODORONa segunda-feira de manhã, acordei com o despertador tocando, levantei e fui até a cozinha. Encontrei dona Ana já preparando o café da manhã, cumprimentei-a com um abraço, como sempre fazia e depois me servi de uma generosa xícara de café.— Está tudo bem, Theo?— Tô sim, dona Ana.— Mas não parece.— Por que está dizendo isso?— O senhor está parecendo que não dormiu direito.— Isso é verdade. Fiquei rolando na cama por um tempão.— Preocupação?— Sei lá. A cama parecia grande demais esta noite.— Desaprendeu a dormir sozinho, foi?Meu celular vibrou ao meu lado e quando olhei a tela, havia um lembrete. Tinha uma reunião dentro de dez minutos com um cliente muito importante. Deixei a mesa e segui para o quarto para começar a me arrumar. Depois de um banho gelado rápido, vesti uma calça cinza, a camisa social branca impecável e o terno também cinza.Quando cheguei à empresa, encontrei minha secretária em sua mesa e ela me acompanhou até a sala de reuniões, onde o cliente já e