ZAHARA
Chiara me atentou o juízo desde o momento que soube que estava na cidade, ela queria que eu a acompanhasse numa festa, que acabei cedendo. Ela não me deu muito detalhes, mas eu sabia que seria uma festa para pessoas ricas e influentes e tinha cara de que seria muito chata.
Quando meu celular começou a tocar em cima da cama, já sabia que era minha melhor amiga, mas dei uma espiada só para confirmar e acabei atendendo.
— Oi, Chiara.
— Estou aqui parada na frente do seu hotel tem uns cinco minutos.
— Já estou saindo — respondi enquanto trancava a porta e me dirigia ao elevador.
Assim que o motorista dela abriu a porta do carro, pude perceber o olhar de surpresa de Chiara. Não sei se por causa do tempo que não nos víamos ou se era por conta do vestido vermelho ou os brincos de diamantes que balançavam a cada passo que eu dava.
— Chiara, você está tão linda.
— Não tanto quanto você, Zah.
— Mas ainda assim, muito bonita.
Como já era de se esperar, assim que a porta traseira foi aberta, uma chuva de flashes disparados quase me cegou. Passei o braço pelo de Chiara, passamos pelo tapete vermelho e entramos juntas no local. Como já era de se esperar, o salão estava lotado de homens e mulheres, acabamos atraindo muitos olhares.
Enquanto andávamos pela multidão, pelo canto do olho notei dois homens nos observando, pensei em comentar com Chiara, mas deixei de lado quando fui apresentada a algumas pessoas importantes da cidade.
Depois que minha melhor amiga encontrou o namorado, me vi vagando sozinha pelo salão, por ter ficado tanto tempo longe de casa, aquelas pessoas eram completas estranhas para mim. Até avistei alguém conhecido. Era Theo, o irmão de Chiara.
— Theodoro! — Chamei-o.
Quando se virou em minha direção, pude perceber a surpresa estampada em seu rosto, talvez não esperasse me reencontrar, ainda mais numa festa.
— Zah, que surpresa vê-la por aqui. — Lá estava o apelido carinhoso que ele tinha me dado quando éramos crianças.
— É bom vê-lo também, Theo.
— Quando chegou?
— Desembarquei hoje pela manhã.
— E pretende ficar até quando na cidade dessa vez?
— Uma ou duas semanas porque depois tenho um desfile em Nova York.
— Veio sozinha?
— Chiara me arrastou para cá. Você sabe que ela não sossega enquanto não consegue o que quer.
— Minha irmã é mesmo impossível, nem parece minha gêmea.
— Exatamente.
— Você está deslumbrante — Ele me elogiou enquanto me fez dar uma voltinha.
Nossa conversa foi interrompida quando o aniversariante se aproximou de nós, com um sorriso presunçoso estampado no rosto. Ele parecia ter envelhecido, não sei se por conta da bebedeira ou se por conta do cigarro.
— Parabéns pelo seu aniversário. — O felicitei, mas logo me afastei por conta do cheiro de cigarro, que eu odeio.
— Obrigado, gatinha.
— Você me daria a honra de uma dança?
Pensei em recusar, mas seria uma desfeita muito grande recusar uma dança ao aniversariante, então acabei aceitando. Enquanto ia com Gabriel para o meio da pista, pude perceber o a raiva nos olhos de Luca. Foi então que me surpreendi quando senti alguém segurar minha outra mão e assim que me virei, vi Luca.
— Theo, meu migo, por acaso está querendo roubá-la de mim? — Gabriel perguntou ao amigo.
— Não, só que eu te conheço e não acho uma boa ideia você ficar perto dela.
— Ela já é maior de idade e pode decidir se ela aceita ou não dançar comigo.
— Você quer mesmo dançar com ele, Zah?
Algumas mulheres poderiam achar atraente dois homens disputando sua atenção, mas eu não estava gostando nada daquela confusão. A minha vontade era sair correndo dali, mas decidi ir com Gabriel para a pista de dança. Quando a música terminou, me desvencilhei dos braços de Gabriel e saí a procura de Theo. Acabei encontrando-o sentado no bar, com uma garrafa de água com gás nas mãos.
A festa estava muito chata. Eu já participei de muitas festas e soirée, mas essa estava mais parecendo um enterro. Era notório que Gabriel não sabia organizar uma boa festa de aniversário. A música que tocava era lenta e instrumental, que juntamente com as conversas entediantes estavam me deixando com sono.
— Pretende ficar na festa por muito tempo? — Perguntei, torcendo para que ele dissesse que não e me levasse para longe dali.
— Na verdade, eu só passei para cumprimentar o Gabriel.
— O que acha de sairmos para tomar um drinque? — sugeri.
— Pode ser. Com certeza lá deve estar mais animado do que aqui.
— Você veio de carro? — perguntei assim que cruzamos as portas.
— Sim.
— Ótimo. Porque eu vim com a doida da sua irmã e ela simplesmente sumiu.
Depois que o manobrista trouxe o carro de Theodoro, decidimos ir para o Lucky's, um bar que costumávamos frequentar quando éramos adolescentes. Onde tudo fazia lembrar uma taverna viking e o dono tinha muito orgulho. Logo que passamos pela porta, um recepcionista colocou sobre nossas cabeça um chapéu viking, daqueles com chifres saindo de cada lado.
— O que você vai querer beber? — Theo perguntou.
— Não posso voltar para casa e deixar de tomar o chopp local.
Theo fez sinal para um barman que anotou nossos pedidos e em seguida deslizou por cima do balcão duas enormes canecas de chopp. Depois de um brinde, tomamos um gole do líquido gelado, que foi um refresco para o calor que estava fazendo ali dentro. O lugar fedia a cigarro e suor, trazendo boas lembranças. Tinha sido bem ali que eu tinha dado o primeiro beijo e não poderia ter sido com outra pessoa senão Theodoro.
— E como anda a vida amorosa? Da última vez que li em alguma revista, você estava saindo com um ator.
— Essas revistas inventam muitas mentiras, ultimamente eu ando é fugindo dos homens.
— Zah, ser uma mulher amarga não combina nadinha com você.
— Sim, mas é que depois de ser magoada e usada tantas vezes, a gente acaba cansando.
— Não desista, pode não parecer agora, mas ainda existem homens bons por aí, querida — Ele apoiou a mão sobre a minha em cima do balcão.
— Tipo você?
— Eu não sei se me encaixo nesse quesito.
— Mas você é diferente, posso confiar que não vai me machucar meu coração.
— Porque sou seu amigo.
THEODOROQuando Zahara me chamou para sair daquela festa, não pensei duas vezes e aceitei. Primeiro porque já estava querendo ir embora dali mesmo e segundo porque não perderia a chance de ficar a sós com ela. Tínhamos muito o que conversar, precisava saber mais da vida dela, se estava realmente com aquele ator.Depois que o manobrista trouxe o meu carro, abri a porta para que ela entrasse e rapidamente dei a volta, entrando no lado do motorista. Acabamos decidindo ir para o Lucky's, um bar que costumávamos frequentar quando éramos adolescentes, que mais parecia uma taverna viking e Bjorn, o dono, tinha muito orgulho. Logo que passamos pela porta, um recepcionista colocou sobre nossas cabeça chapéus vikings.— O que você vai querer beber? — perguntei, mas já sabia que o que ela pediria.— Não posso voltar para casa e deixar de tomar o chopp local.Depois de fazer sinal, um barman anotou nossos pedidos e em seguida deslizou por cima do balcão duas enormes canecas de chopp. Depois de um
ZAHARAPela manhã quando acordei, de imediato não reconheci o lugar onde estava. Me sentei na cama e, por um momento, fiquei preocupada. Não conseguia me lembrar de nada da noite anterior, mas quando Theo entrou no quarto, me senti mais aliviada.— Bom dia, dorminhoca.— Bom dia.— Está melhor?— Só com um pouco de dor de cabeça.— Foi por isso que te trouxe um copo de água e uma aspirina. — Ele colocou ambos na mesinha de cabeceira ao lado da cama.— Obrigada, Theo.— Não é nada.— Ei! — chamei-o antes que saísse do quarto. — Pode me contar o que aconteceu ontem?— Não consegue se lembrar de nada?— Nadinha.— E o que acha de tomarmos café enquanto refresco sua memória?— Uma ótima ideia.Me levantei da cama num pulo e acompanhei ele até a cozinha, o balcão estava repleto de opções para um café da manhã bem farto. Tnha muito mais comida do que duas pessoas conseguem comer, mas era o suficiente para alimentar um batalhão.— Bom dia, dona Ana. — Theo cumprimentou a mulher que terminava
THEODOROConfesso que, quando liguei para Zahara, uma centelha de preocupação surgiu quando notei o seu tom de voz, mas tentei deixar de lado, afinal, poderia ser só algum aborrecimento do trabalho dela. Depois de me certificar de que tinha escolhido os melhores seguranças para Zahara, passei no escritório e peguei alguns papéis que tinha esquecido na noite anterior.Quando estava saindo do meu escritório, ouvi meu celular começar a tocar e então resgatei o aparelho do bolso da calça e vi que era uma ligação de minha mãe. Eu precisava atender, pois poderia ser algo importante.— Oi, mãe!— Theo, você vai no almoço na casa dos Milani?— Sim.— Já está sabendo que Zahara está na cidade?— Fiquei sabendo.— Ansioso para reencontrar sua melhor amiga de infância depois de tantos anos?— Sim, mãe — menti, porque já tinha me reencontrado com Zah, mas ninguém sabia ainda.— O que você está fazendo, filho?— Passei aqui na empresa, mas já estou a caminho de casa.— Vou te deixar prestar atençã
ZAHARADepois que terminamos de almoçar, nossos pais foram para dentro de casa e convidei Theodoro para sentar na beira da piscina. Por causa do calor, coloquei os pés para dentro da água, quando na verdade eu queria mesmo era dar um mergulho. A temperatura da água estava extremamente convidativa.— Aquilo que você falou no almoço é verdade? — perguntei despretenciosamente.— Sobre o quê?— Sobre estar esperando a pessoa certa para se casar?— Digamos que foi a coisa certa a se dizer naquele momento para que não continuassem a me importunar.— Então você estava mentindo descaradamente para todos nós, Theo?— Mentir é uma palavra muito pesada, digamos só que enganei. E você falou sério?— Falei.— Então Zahara Milani, a grande atriz, está à procura de um marido?— Pode-se dizer que sim.— E já tem alguém em vista?— Mais ou menos.— E o sortudo já sabe?— Na verdade, ainda não falei com ele.— E por que não fala?— Porque ele está bem na minha frente, mas é um tremendo de um playboy pe
THEODOROCheguei ao restaurante um pouco antes do horário combinado com Zahara, eu precisava me certificar com o dono de que nada e nem ninguém incomodaria a minha acompanhante só porque ela era uma atriz muito famosa.— Não se preocupe senhor Castro, vocês não serão incomodados. — O dono me garantiu.— Obrigado.Depois de me garantirem que Zah teria uma noite como qualquer pessoa normal, dei uma olhada no relógio e estava na hora dela chegar. Me sentei à mesa e fiquei aguardando a minha companhia. Sair com Zahara pela segunda vez em dois dias seguidos estava superando qualquer limite que impus a mim mesmo, mas ela era minha amiga e não as vagabundas que eu costumo pegar por uma noite só.Quando ergui os olhos da tela do celular, vi Zah caminhando em direção a nossa mesa, rapidamente fiquei de pé e a cumprimentei com um abraço e depositei, gentilmente, um beijo em sua bochecha direita.— Você está linda, Zah.— Obrigada! — Aproveitei para puxar a cadeira para que ela se sentasse. — Vo
ZAHARA Aqui estou eu, dentro do avião, a caminho de Nova York para gravar mais um filme quando, na verdade, eu queria era estar nos braços de Theo. Theodoro Castro. A simples menção ao seu nome me traz lembranças maravihosas da noite anterior. Eu confesso que tinha planejado toda aquela noite com ele, mas não esperava que meu melhor amigo fosse me surpreender com um sexo tão intenso.Nossa despedida pela manhã foi um pouco estranha, parecia que ele estava fazendo de tudo para que eu não fosse embora, mas infelizmente eu sabia que tinha que partir.No aeroporto, foi ainda mais estranho porque meus pais estavam presentes e não pude me despedir dele da maneira como eu queria, com um abraço apertado, um beijo desejoso e a promessa de que manteríamos contato.Tentei distrair a mente, mas nem o livro que trouxe na bolsa e nem os filmes disponíveis no catálogo da companhia aérea prenderam a minha atenção.Enquanto saía da área de desembarque privado com os meus guarda-costas, fui até a saíd
THEODOROOs lençóis já estavam frios quando acordei. Frios demais que nem parecia que havíamos feito sexo a noite toda. Estiquei o braço e só encontrei um espaço vazio, e meu coração se apertou. Achei que Zahara já tivesse ido embora, mas depois de apurar os ouvidos, respirei um pouco mais aliviado quando ouvi o barulho do chuveiro.Passamos a noite toda nos braços um do outro, nos esgotamos fazendo uma despedida quente. Metade do tempo foi ela que dominou. Fui feliz, mas posso ser ainda mais.Quando ela saiu do banheiro, veio nas pontas dos pés em minha direção, parou a poucos centímetros do meu rosto, consigo sentir sua respiração. Há um magnetismo nela que me faz perder a capacidade de controlar meus impulsos. Não sei o que dizer, estou completamente tomado pelo desejo de puxá-la para cama.— Você está com o cheiro do meu shampoo.— Era o único que tinha disponível no seu banheiro.— Bom que você fica com o meu cheiro.— É como se eu tivesse dono?— Pode se dizer que sim, mas depen
ZAHARAEu estava quase pegando no sono quando senti meu celular vibrar. Já era tarde, mas eu não precisava nem olhar para saber que era Theo, afinal, ele ficou de mandar mensagem quando retornasse da casa dos pais. Peguei o aparelho e abri a mensagem."Já está dormindo?""Ainda não. Estava esperando pela sua mensagem.""Desculpa pela demora. Minha mãe me prendeu mais do que o esperado.""Sei exatamente como é.""Fazendo o que de bom?""Estou deitada, sozinha nessa cama grande.""Não tem ninguém para te fazer companhia? Nenhuma amiga?""Ninguém. Essa é a parte ruim de ser uma pessoa famosa, não se tem muitos amigos verdadeiros.""Queria estar aí com você, não ia se sentir sozinha com todas as coisas que faria.""Ia ser maravilhoso.""Quando eu for te visitar, você vai se sentir a mulher mais bem acompanhada do mundo.""Não duvido."Estava tão cansada por conta da noite mal dormida e por não conseguir dormir no avião que nem percebi quando caí no sono e deixei Theo falando sozinho. Pela