Capítulo 4

ZAHARA

Pela manhã quando acordei, de imediato não reconheci o lugar onde estava. Me sentei na cama e, por um momento, fiquei preocupada. Não conseguia me lembrar de nada da noite anterior, mas quando Theo entrou no quarto, me senti mais aliviada.

— Bom dia, dorminhoca.

— Bom dia.

— Está melhor?

— Só com um pouco de dor de cabeça.

— Foi por isso que te trouxe um copo de água e uma aspirina. — Ele colocou ambos na mesinha de cabeceira ao lado da cama.

— Obrigada, Theo.

— Não é nada.

— Ei! — chamei-o antes que saísse do quarto. — Pode me contar o que aconteceu ontem?

— Não consegue se lembrar de nada?

— Nadinha.

— E o que acha de tomarmos café enquanto refresco sua memória?

— Uma ótima ideia.

Me levantei da cama num pulo e acompanhei ele até a cozinha, o balcão estava repleto de opções para um café da manhã bem farto. Tnha muito mais comida do que duas pessoas conseguem comer, mas era o suficiente para alimentar um batalhão.

— Bom dia, dona Ana. — Theo cumprimentou a mulher que terminava de passar o café.

— Bom dia, filho. — Ela olhou em nossa direção. — Quem é a moça?

— Zahara Milani, minha melhor amiga de infância.

— Aquela atriz famosa?

— Eu mesmo. — Me apressei em responder e estender a mão para cumprimentá-la. — É um prazer conhecê-la dona Ana.

— O prazer é todo meu, senhorita.

Depois que dona Ana se retirou da cozinha, nos deixando a sós para tomar o café da manhã, sentei-me num banco ao lado de Theo e ele me passou uma enorme tigela de leite com cereal.

— Se ainda me lembro bem, essa era a única coisa que você comia pela manhã.

— Até que você não está com a memória tão ruim, Theo.

— Eu sempre prestei atenção aos pequenos detalhes e seria capaz de escrever um livro com a sua biografia.

— Então pode começar a me contar sobre ontem a noite depois que saímos do Lucky’s?

— A versão resumida?

— Por favor.

— Basicamente você ficou bêbada, tentei te levar para o hotel, mas tinha um bando de paparazzis na porta, pensei em te levar para a casa dos seus pais, mas desisti e então te trouxe para minha casa.

— E como eu amanheci com uma blusa sua?

— Você passou um pouco de mal ontem e achei que uma blusa minha seria mais confortável do que aquele vestido.

— Ai meu Deus. Que vergonha.

— Zah — alcancei sua mão por cima do balcão. — Já te vi em estado pior até porque éramos dois adolescentes bem encrenqueiros.

Continuamos a tomar o café e assim que terminei minha tigela de leite com cereal, voltei ao quarto de hóspedes e troquei a camisa dele pelo meu vestido vermelho, peguei os brincos sobre a mesinha de cabeceira e os sapatos ao lado da cama.

— Aonde você vai com a roupa de ontem?

Theodoro perguntou recostado no batente da porta e acabei tomando um susto, pois não estava esperando que ele aparecesse de repente. Quando olhei em sua direção, percebi que ele já havia se trocado, agora usava uma calça jeans e uma camisa branca, que evidenciava os músculos rijos de seu braço. Bem diferente do tempo que ficamos afastados, quando ele mais parecia um graveto.

— Para casa. — Tratei de desviar os olhos do corpo dele. — Tenho um almoço marcado com meus pais hoje.

— Se quiser posso te levar.

— Não vai te atrapalhar?

— Eu já vou para aquele lado da cidade, posso te deixar no hotel.

— Sem querer abusar da sua boa vontade, mas vou aceitar a carona.

Era bom estar de volta a essa cidade, eu podia ser a Zahara de antes da fama, sair com amigos, ficar bêbada e ninguém se importaria, mas infelizmente os sanguessugas descobriram meu refúgio. A prova disso foi quando chegamos em frente ao hotel e nos deparamos com um grupo de paparazzis acampados na calçada em frente a entrada do hotel.

— Acho melhor eu entrar pelo fundos.

— Zah, você já pensou em contratar seguranças particulares?

— Eu tenho seguranças, mas é que aqui, eu nunca precisei deles.

— Mas alguma coisa mudou e é melhor que esteja protegida, Zah. Não se pode brincar com a sua segurança.

— Eu sei.

— Se quiser posso ligar para a agência e escolher dois seguranças para você enquanto estiver aqui.

— Você faria isso por mim?

— Claro.

— Obrigada. — Ia depositar um beijo em sua bochecha, mas ele acabou virando o rosto e o beijo foi no canto da boca.

— Vai confiar sua segurança a mim?

— Sei que você nunca me faria mal.

— Não saia do hotel antes que eu consiga os seguranças, ok?

— Tudo bem, mas como vou saber?

— Eu te ligo.

— Mas você nem tem o número do meu telefone.

— É por isso que você vai passar agora.

Theo me passou o seu celular e então digitei o meu número, dei uma piscada de olho para ele e em seguida saí do carro correndo para a porta dos fundos do hotel. Eu sabia que não deveria me envolver com ele por conta do pouco tempo que ficaria na cidade, mas a minha atração por ele ainda falava mais forte. Uma coisa estranha de se explicar, mas desde a brincadeira do casamento falso, sinto que ele sempre foi o homem da minha vida.

Já na segurança do meu quarto, peguei meu celular dentro da bolsa e dei uma olhada nas mensagens, mas desisti e fui ao banheiro, decidindo encher a banheira com água morna e colocar alguns sais de banho. Precisava relaxar. A aspirina já começava a fazer efeito e a dor de cabeça começava a sumir e em vários momentos me peguei pensando em Luca, em como seria fazer sexo com ele.

De repente meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do meu celular, praguejei e estiquei o braço para tentar alcançar o aparelho. Pensei que fosse Theo e corri para atender, mas para a minha decepção, era só minha mãe.

— Oi, mãe.

— Filha! Onde você está? Já chegou na cidade?

— Sim, estou no hotel.

— Você não vai ficar aqui em casa?

— Não quero incomodá-los e ficarei por poucos dias.

— Mas você não incomoda, filha.

— Os malditos paparazzis estão atrás de mim e não quero que eles descubram a casa de vocês para não incomodar o pessoal do condomínio.

— Tudo bem, eu entendo. Você virá para o almoço?

— Sim, eu vou.

— Convidamos os Castro. Tem algum problema?

— Claro que não, será um prazer revê-los.

Mal sabia minha mãe que eu já tinha reencontrado Chiara e até mesmo dormido na casa de Luca na noite anterior. Francesca ficaria louca se soubesse da última informação, afinal sempre torcera secretamente para que eu e Luca ficássemos juntos, afinal, temos muito em comum. Além de melhores amigos, ambos viemos de famílias italianas e nossos pais eram muito amigos.

Saí da banheira e vesti o roupão que estava cuidadosamente dobrado num canto. Caminhando até as minhas malas, escolhi vestir algo um pouco mais simples, afinal era só um almoço em família. Estava me vestindo quando meu celular começou a tocar novamente. O número era desconhecido então hesitei em atender, mas depois de alguns segundos, me lembrei que não tinha salvado o número de Theo e poderia ser ele.

— Alô?

— Oi, boneca. — Eu congelei no lugar, só existia uma pessoa que me chamava assim e eu só queria distância dela.

— O que você quer, Giovanni?

— Você, é claro.

— Eu já mandei você ficar longe de mim e não me ligar nunca mais.

— Até mandou, mas não obedeço as suas ordens.

— Me deixe em paz.

— Tenho algo em minha posse que você gostaria de saber.

— Me deixe em paz.

— Tenho algo sob minha posso que você não gostaria que vazasse para a mídia.

— Não me interessa — falei ríspida.

— Tem certeza? Acho que a imprensa adoraria saber que você é uma puta na cama.

— Do que está falando?

— Eu tenho um vídeo nosso fazendo sexo.

— É mentira.

— Se eu fosse você não teria tanta certeza. Vou te enviar um pequeno trecho.

Logo que a ligação foi encerrada, meu celular vibrou indicando o recebimento de uma mensagem, cliquei para abrir e constatei que o filho da puta tinha gravado um vídeo sem a minha autorização e agora estava me ameaçando. Eu precisava fazer alguma coisa, agir rápido para não correr o risco desse vídeo vazar.

Terminei de me arrumar para o almoço com meus pais e quando o celular tocou novamente, dei um sobressalto, mas ao olhar a tela, vi que era um número diferente e resolvi atender.

— Alô?

— Zah, é o Theo.

— Ah, ainda bem.

— Está tudo bem com você? Tem algo diferente em sua voz.

— Sim, estou bem — menti.

— Consegui os seguranças para você e eles já devem estar chegando aí no hotel.

— Obrigada, Theo.

— Não foi nada.

— A propósito te vejo no almoço na casa dos meus pais.

— Sim, parece que você terá que me aturar por mais um pouco de tempo.

— Como se fosse um grande sacrifício.

— Te vejo daqui a pouco então, Zah.

Encerrei a ligação e me aproximei do espelho do banheiro para passar um pouco de maquiagem no rosto, eu nunca saía de casa sem passar um pouco de maquiagem, afinal, já tinha entendido que em todo lugar poderia haver um paparazzi pronto para pegar qualquer flagra e eu não queria correr o risco de aparecer feia.

Uma batida firme na porta do quarto chamou minha atenção, provavelmente eram os seguranças que Luca tinha selecionado para mim. Assim que abri a porta, me deparei com um casal de armários, ambos vestindo terno preto, de óculos escuros e um ponto no ouvido.

— Bom dia, senhorita Milani. Meu nome é Conrad e esta é minha esposa Lucila, fomos contratados para cuidar da sua segurança.

— Prazer em conhecê-los.

— O prazer é nosso em cuidar da sua segurança. — A mulher finalmente falou e pude notar como sua voz era grossa.

— Já que vocês já chegaram, viram aqueles sanguessugas lá na porta de entrada?

— Sim, senhorita.

— Preciso sair para um almoço na casa dos meus pais e gostaria de sair sem que eles me vissem então se puderem me esperar com o carro na porta dos funcionários nos fundos.

— Cuidarei disso. — Conrad falou enquanto pegava a chave do carro que eu tinha alugado. — Lucila te acompanhará até a saída para garantir que nada aconteça no caminho.

— Muito obrigada.

Depois que Conrad se afastou, convidei Lucila para entrar, mas a mulher preferiu esperar do lado de fora para não atrapalhar e não invadir minha privacidade. Salvei o número de Luca na agenda e em seguida lhe enviei uma mensagem, só para informar que os dois seguranças já tinham chegado. Uma batida na porta e em seguida Lucila colocou a cabeça para dentro do quarto, informando que Conrad já estava nos esperando nos fundos do hotel. Consegui sair dali sem levantar muitas suspeitas.

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