Narrador
"— Quer me ajudar? Cave um buraco e me enterre.
— Olhe, eu sinto muito pelo que meu irmão fez. Ele não te merece."
***
"— Vou direto ao ponto. — Eu posso te ajudar a seduzir meu irmão."
&nb
Narrador— Grávida? — Christofer ficou um pouco descontente. Só então, Luciana entendeu o motivo de sua angústia.— Sim. Você vai ser pai de novo.Christofer finalmente suspirou aliviado. Por um momento, tinha achado que o filho poderia ser do infeliz com quem ela estava casada.Ele a abraçou, bem emotivo.— Eu não posso acreditar! — A voz dele estava embargada. — Eu fiquei tão mal quando me lembrei do filho que perdemos! E você vai me dar outro
NarradorGritos.Houve gritos de agitação e terror das pessoas com lençóis e colchões nas mãos. O corpo pareceu cair em câmera lenta, e foi amparado no susto.Luciana soltou um grito, e Christofer cobriu os olhos de sua esposa.Um fragmento da energia adquirida na queda foi absorvido pelos lençóis, permitindo que a garota sobrevivesse à queda. No emaranhado de cabelos, o rosto dela exibia uma expressão de choque. Ela ainda estava acordada quando o atendimento chegou, mas logo veio a desfalecer.***Luciana suspirou. Ela perdeu o apetite completamente depois daquela ocorrência, e vomitou duas vezes.Chri
— Não, espere aí. Não tem problema, eu te ensino. — Christofer falou e meteu a mão na porta sobre meu ombro. Bloqueou meu caminho. — Me ensina o quê? — Arregalei os olhos, virando-me de frente para ele. Foi insano. Christofer não estava falando o que eu pensava que ele estava falando. Meu rosto queimava de vergonha e ansiedade. O que aquele louco ia propor? — A beijar, ué. Não é esse o problema? — Ele deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Não é que eu nunca tivesse tido oportunidade de beijar. Eu tinha medo das expectativas dos outros. Quem tem 18 anos e não sabe beijar? Cada aniversário novo eu atualizava o pensamento. Daqui a dez anos seria: Quem tem 28 anos e não sabe beijar? E quanto mais o tempo passava, mais angustiada eu ficava. Não, era demais para mim. Eu só queria cavar um buraco e me enterrar, como sempre fazia em qualquer situação na vida. — Tudo bem. — Ele falou, segurando meu rosto. — Você est
— Você é muito engraçadinha, sabia? — Christofer riu um pouco. — É você que ri de tudo. Se eu falo "a" você rola no chão. — Falei. — Não exagere. — Ele me cercou com os braços e eu fiquei presa entre ele e o parapeito, sem saída. A garrafa de vinho ainda estava segura na mão dele. Nossos rostos ficaram a milímetros. Acho que ele estava tentando sacar qual era a minha, pois me analisava com perspicácia. A minha vergonha (ou burrice) não me deixou entender nada e nem dizer algo digno. Meu rosto queimava e eu só desviava o olhar. — Luci, você está bem? Parece que está com febre. — É que... — Murmurei. — Você meio que está me enquadrando aqui. Esclareci, caso ele não tenha percebido. Mas, algo me diz que essa era a intenção dele. — Está com vergonha? — Aqueles grandes olhos azuis me deixavam completamente sem ar. Ele sabia que deixava as pessoas sem graça com seu jeito sedutor e simplesmente fazia. Chegou a minha vez de ser currada, meu Deus. Dai-
LucianaMais um fim de tarde solitário saindo da minha aula na faculdade. O sol poente tem uma tonalidade alaranjada que só enfeita a visão mais perfeita do mundo: o homem que eu amo. Paro e sinto meu coração palpitar. Aquele homem lindo está caminhando em direção ao estacionamento do prédio onde dá aulas.Sim, ele é minha paixonite desde que o vi pela primeira vez, alguns meses atrás. Desde então, sempre venho aqui para vê-lo sair do trabalho em direção ao estacionamento depois da minha aula.Otávio.Esse homem é o meu número. Alto, viril, forte. Ele tem uma aura misteriosa, sempre elegante e bem vestido. Aqueles cabelos clarinhos me deixam muito eufórica, o olhar dele me deixa sem chão.Pronto, meu peito disparou como se eu tivesse corrido os 400 metros rasos
Despertei cuspindo uma lufada involuntária de água com gosto de cloro. Uma boca tinha acabado de tocar a minha, mandando ar para meus pulmões com toda a força, mas eu não identifiquei quem era, minha visão era o menos importante dos meus sentidos nesse momento.Pensando bem, foi o primeiro beijo que eu recebi em toda a vida.Fiquei alguns segundos entre a consciência e a inconsciência e senti meu corpo sendo carregado. Quando me forcei a abrir os olhos de vez, pensei que iria desmaiar. O amor da minha vida me carregava nos braços: Otávio Prescott.Deus existe. Segurei meu rosário, em louvor. Eu sempre o manuseava, até inconscientemente, um hábito que adquiri
LucianaGritei. Esfreguei minha cabeça com as mãos, bagunçando as mechas lisas, numa tentativa inútil de embaralhar os pensamentos.— Eu não queria que meu primeiro beijo fosse nele! Tinha que ser com Otávio! — Eu sequei minhas lágrimas direto no travesseiro. Toda a felicidade que eu tinha sentido até então foi vã.— Luciana García Benelli, não foi beijo, sua louca! — Alê queria torcer meu pescocinho nessa hora. — O Chris estava tentando salvar sua vida!— Meu primeiro beijo foi num desconhecido! — Cobri o meu rosto com o travesseiro, de modo a me esconder do mundo. Ria de mim, universo, pode rir. Sou uma piada cósmica.Minha mãe meteu a cabeça no vão da porta entreaberta, depois de ouvir meus gritos, e disse:— Você est&aacu
LucianaCorri da festa, abandonando as risadas debochadas para trás. Eu queria cavar um buraco e meter a minha cabeça dentro. Quase acabei fazendo isso sem querer quando tropecei nos meus próprios pés no fim da escada.Eu caí no chão, ralando minhas extremidades. Do meu joelho direito começou a escorrer um fino fio de sangue, mas não consegui sentir dor por causa da pressa. Levantei-me como se não tivesse acontecido nada, e continuei correndo.Parei antes de atravessar a rua somente por causa do sinal fechado, e acabei perdendo um pouco da adrenalina que me levou até ali. A força nas minhas pernas se esvaiu, por fim. Fiquei sentada no meio-fio, cobrindo o rosto para amenizar o choro público.Comecei a sentir os sinais da ardência no joelho. Meu peito estava disparado, a vergonha e humilhação que aquela universidade t