Por Johnny
- Entra aí, seu cachorrão!
Assim fui recebido por meu grande amigo Sezão; nossa amizade foi um dos poucos resultados positivos que consegui tirar de toda essa história.
- Me dá um abraço aqui, seu filho da mãe! – respondi.
Logo após o abraço, Sezão foi surpreendido por um tapa na cabeça; pelo barulho, pareceu ter doído.
- Isso é jeito de receber nossos convidados? Vê se toma jeito homem!
- Que isso Audinéia! Johnnão é dos nossos, não tem frescura não.
A mulher, que também se tornara uma grande amiga minha e de Alice, passou à frente de Sezão para nos cumprimentar.
- Desculpe os maus modos do meu marido, viu gente? Ele não tá bem adestrado ainda.
- Não precisa se desculpar Audinéia – respondeu Alice – nós que precisamos agradecer por vocês nos emprestarem a casa.
Audinéia abraçou Alice.
- Que bom que terminou tudo bem; receber vocês aqui é um
Meu nome é John Dollar Smith, tenho 36 anos e trabalho em uma multinacional de produção de Softwares inovadores, a Dollar S.I. Nada de anormal até aí, tirando o fato de que sou o dono da empresa, bilionário, colecionador de arte e um autêntico boêmio. Ah, toco guitarra também. Faço parte de uma banda, só de amigos. Toco por pura diversão (uma das poucas coisas que faço na vida sem visar lucro). Parte da minha fortuna foi de herança, mas grande parte é resultado do meu trabalho, administrar as empresas da família. Sou um verdadeiro workholic. Gosto do que faço e, modéstia à parte, sou muito bom nisso. Meu pai me chama de "o multiplicador de oportunidades". Sempre acho uma forma de ganhar mais dinheiro, diga-se de passagem, sempre honesto. Quanto às mulheres, eu as aprecio. Fisicamente, intelectualmente. Adoro as patricinhas, mas me encanto pelas guerreiras. Porém, não quero compromisso com ninguém. Não me leve a mal, sei que as mulheres tem
Pai metalúrgico, mãe doméstica, três irmãos mais novos, casa alugada, colégio público, metrô: resumindo, essa é minha vida. Treze palavras e você já consegue perceber que minha família é pobre ou - na melhor das hipóteses - classe média baixa. Beeem baixa.Sendo assim, ninguém tem grandes expectativas relacionadas ao meu futuro. Isso é bom? Seria, se eu também não tivesse expectativas, mas passar o resto da vida contando cada centavinho para pagar as contas estava longe do que eu queria para mim.Sempre corri atrás de me qualificar, até porque quem não corre não avança. Com dizem por aí, quem não faz pó, come pó (na vila onde moro, a frase poderia ser trocada por "quem não fabrica pó, cheira pó", se é que vocês me entendem).Fiz ingl
Para o meu primeiro dia na Dollar S.I. planejei estar espetacular. OK, espetacular é um pouco de exagero, mas confesso que minha expectativa estava bem alta.Emprestei da minha vizinha uma saia preta (com o comprimento na altura do joelho, para não ficar vulgar), coloquei uma blusa vermelha de mangas longas com um decote retangular e um sapato de salto médio. A princípio prendi o cabelo em coque, mas achei que para minha idade estava senhora demais. Cabelo solto? Hummm, não posso perder a seriedade, e cabelo solto ficaria informal demais. Bem, um rabo-de-cavalo clássico resolveria. Pronto, discreta e chique. E a cereja do bolo: meu óculos com armação branca.Cheguei na Dollar confiante; mas toda essa confiança ficou já na porta de entrada. Eu imaginava que o lugar seria grande e bem decorado, mas o que eu vi era imensamente melhor. Sofisticado seria a palavra adequada para o descrever. Imenso
"Sejam bem vindos à Dollar S.I. Meu nome é Wanda, e ajudarei vocês no período de adaptação. É bom não me darem trabalho, ou terei que me livrar de vocês."Esse é meu discurso de boas vindas aos novos estagiários. Sou responsável por recebê-los, analisar o perfil deles e então decidir em que setor ficarão pelo período de experiência, que dura seis meses. Embora eu pareça rabugenta, gosto muito de trabalhar com isso. Gente novata sempre traz boas energias. Eles chegam cheios de sonhos, e as vezes é bom ver alguns realizá-los. Também é bom ver alguns cretinos darem o fora, e eu posso fazer isso.Entretanto, essa é a parte divertida do meu trabalho. Minha função principal é outra. Tenho 52 anos, e sou assistente pessoal do dono da empresa, John Dollar, há 20 anos. Fui contratada pelo p
A Wanda era durona, mas era legal. Algum tempo depois da nossa primeira conversa fiquei sabendo que ela era a assistente pessoal do sr. John Dollar, ou seja, não devia ser nenhuma maluca irresponsável. Mesmo assim, todos a chamavam de "cão de guarda".No primeiro dia na Dollar S.I. já conheci minha equipe de trabalho, super agradável! #sqnQuando Wanda e eu entramos na sala de Projetos estava a maior bagunça. Duas mulheres, uma loira e uma morena, estavam em pé discutindo, enquanto o restante do pessoal assistia. Se não fosse pela bela aparência de ambas, passariam fácil por duas vizinhas barraqueiras.- Você não sabe do que está falando, então não se meta! - esbravejou a loira.- A loira aqui é você! Você que é burra e não entende nada! - berrou a morena.- Eu não te chamei de burra, mas j&aacut
Eu estava muito preocupado. Wanda percebeu isso logo que entrou em minha sala e me viu olhando fixamente para a tela do computador. Poucas pessoas me conheciam tão bem quanto ela. - Oi Wanda. Vem cá, puxa a cadeira e senta aqui perto. - O que houve Johnny? Essa sua cara está me dando calafrios. - Olha aqui na tela. Me diz o que você vê. Wanda colocou os óculos e fez uma careta, forçando para poder enxergar. Em outra ocasião eu acharia graça. - É um aplicativo para controle financeiro. - É um aplicativo quase idêntico ao que vamos lançar semana que vem. -Quase idêntico?Mas que droga Johnny! Você acha que seremos acusados de plágio? - Se fosse só isso eu não estaria tão preocupado. O problema é que este é o segundo caso em menos de seis meses. Eu acho é que o nosso aplicativo foi copiado. Wanda ficou paralisada, como se estivesse em estado de choque. - John, você acha q
Aquele primeiro dia não havia sido nada fácil, mas finalmente tinha acabado. Absolutamente diferente de qualquer coisa que eu pudesse ter imaginado.O pessoal do setor de projetos parecia um bando de loucos; mesmo os mais legais, como o Diego e o Ed, não eram muito normais. Será que foi por isso que a Wanda me colocou lá? Vai ver eu também não sou muito normal.Seja como for, estava na hora de eu ir pra casa. Fui ate o estacionamento e peguei minha bicicleta. Na hora de escolher minha roupa não me dei conta do quanto era inapropriada para andar de bicicleta. Dica: sempre se vista de forma apropriada ao seu meio de transporte. A parte boa é que na volta eu tinha uma preocupação a menos que na vinda: podia amassar a roupa.Saí do estacionamento da empresa e seguia tranquilamente pela ciclovia; parei no semáforo e aguardei ele "fechar" para os carros. Quando o sinal fic
Apesar de ainda estar preocupado, terminei o dia um pouco mais aliviado por já ter um plano.Seguia de carro para casa e Wanda estava comigo . Fazia questão de lhe dar carona todos os dias, simplesmente porque conversar com ela me ajudava a clarear minhas idéias. Era como uma segunda mãe.Conversávamos sobre um assunto qualquer, quando Wanda gritou, enquanto apontava para algo fora do carro:- Johnny olha!!! Naquele outdoor, a propaganda do aplicativo concorrente! Desgraçados...Eu examinava o outdoor quando Wanda deu um novo grito e senti um leve baque no carro. Freei de imediato.Foi exatamente nessa sequencia: grito-outdoor-grito-baque-freio.Olhei pra frente e vi uma moça e uma bicicleta caídos no chão. Fui sair imediatamente, mas Wanda segurou meu braço.- Não sai Johnny.-Tá louca Wanda, eu preciso ver se a garota s