Hari"Nay..." Fecho os meus olhos passando a mão em suas costas carinhosamente enquanto ela chora mais um pouco no abraço apertado que estamos dando."Eu não consegui, Hari. Eu destruí ele... O destruí, sou tão cruel..." Ela está falando do Radesh e da provável última conversa que tiveram, posso até imaginar o quanto Radesh está destroçado. Suspiro."Tá tudo bem, amiga. Você fez sua escolha, deve saber lidar com isso..." Eu não vou ser falsa falando mentiras pra ela."Temos que ir, Nayana. O nosso vôo parte em cinco minutos." Shankar lembra a ela que assente e se separa de mim me olhando no rosto."Obrigada por tudo...""Imagina, pode voltar pra Singapura o quanto quiser. Aquela casa já é sua também." E era verdade, pelos vistos terei que aprender a me readaptar a morar sozinha sem ela lá. Ela me dá um último abraço e então se vai, suspiro e me viro para ir embora também.Quando volto pra casa era como se uma parte de mim tinha ido com minha amiga pra Índia. Queria tanto que ela ficas
Radesh"Sua mãe disse que você sofreu uma desilusão amorosa recentemente, mas você não parece estar visivelmente abalado. Quer me contar um pouco sobre o que aconteceu?" O doutor Hammett perguntou. Ele era um psiquiatra renomado que cuidava da minha saúde mental a anos e era obrigatório pra mim ir para consultas psiquiatras com esse homem. Eu só estava encarando o teto sem demosntrar emoção alguma, querendo logo que aquela sessão obrigatória terminasse."Não foi propriamente um romance, então não estive iludido." Respondi calmamente, talvez o psiquiatra acreditasse em mim."Você ficou dois meses em Singapura com essa mulher, não vai me dizer que foi apenas pelo turismo, sr. Paswanya." Ele insistiu querendo saber mais sobre o assunto, suspirei calmamente fechando os olhos tentando o meu máximo para evitar abrir aquela ferida em meus pensamentos."Ela era uma excelente pessoa, confesso que foi um momento bom que eu vivi por lá, mas tudo não passou de um passatempo. Acho que até mesmo os
IndiraNunca achei que minha vida mudaria tão drasticamente após eu ir morar em Mumbai. Aquela cidade promissora deveria ser a realização de um sonho pra mim, não a realização de todo esse pesadelo. Desde criança eu sempre sonhei alto demais, sempre fui muito fora da casinha, atendendo e considerando a realidade do mundo onde nasci, é normal crianças sonharem em ser austronautas, mas continuar com esse sonho mesmo da adolescência e decidir correr atrás de um sonho que parece tão impossível e utópico como esse aí sim é pra poucos.Lembro muito bem do dia que fui fazer a prova para as poucas bolsas que a universidade de ciências de Mumbai estava oferecendo a nossa cidade, naquele dia eu estava muito ansiosa tremendo levemente a mão. Nem conseguia ajeitar o meu dupatta em minha cabeça de tão nervosa que estava com tudo aquilo, eu tinha mesmo me inscrito pra fazer aquela prova, eu tinha passado noites em claro estudando física básica, noções básicas de mecânica quântica e relatividade, eu
Indira"Você vai morar sozinha?" Anushka me perguntou uma vez, a gente estava na varanda de casa compartilhando uma garrafa de vinho que tínhamos roubado da adega do dada Garjan, a gente estaria em encrenca se o velho nos descobrisse, mas depois daqui a gente estava apenas pensando em ir cada uma pro seu quarto e dormir, a gente não ia se meter em encrenca, só estávamos bebendo como do habitual."Tecnicamente eu não vou morar sozinha, o campus é um grande complexo que abriga centenas de pessoas, acho que vou ter companheiras de dormitório." Explico pra ela que está fissurada com a ideia desse lugar, Anushka também queria tanto ter esse tipo de oportunidades, mas a realidade em que ela tinha nascido não a permitia sonhar muito alto."Ew, você vai dormir na mesma cama com pessoas estranhas." Ela faz uma careta me fazendo rir daquilo, retiro o meu celular do bolso e abro a web página do campus para que ela pudesse ver como era. "Viu? Aqui tem salas de estudos, salas de recreação, refeitó
Quando cheguei em Mumbai eu era apenas uma garota muito nova com grandes espectativas, espectativas altas demais para os desafios que eu tinha que enfrentar. Mas não tive dificuldade com a recepção do instituto onde eu ia, aquele lugar era mesmo para prestigiados, tanto é que a instituição disponibilizou vôos para mim e para o garoto que também tinha sido selecionado que estava vindo de Ahmedabad, uma cidade vizinha do mesmo estado, o Guzerate. Eu não conhecia este rapaz, mas sabia que ele estava realizando o seu sonho também assim como eu ao ir pra esse lugar.Quando chegamos no Aeroporto eu estava acompanhada pela minha mãe, meu pai, Anushka, minha dadi e meu tio Kabir, meu dada queria estar também ali, mas ele tinha que ficar na loja já que os dois outros homens estavam indo me acompanhar no aeroporto. Foi a srta. Kalpini, que eu a tinha conhecido no dia da prova, aquela secretária do sr. Kaushal, o homem que se apresentou como representante do instituto de ciências e tecnologia de
Indira"Que cachorra..." Ela me deu uma péssima primeira impressão. Mais tarde naquele mesmo dia fiquei a saber do nome dela pelas outras meninas que dividiam o quarto com a gente, ela se chamava Rabia e era um tanto famosinha ali na instituição, as meninas me contaram que Rabia até que era inteligente, mas não se esforçava muito e já estava repetindo de classe, o que entrava bem em contraste com a maioria dos estudantes daquela instituição eram."Rabia tá nem aí para os estudos. Ouvi dizer que antes de vir pra cá ela estava no centro de reabilitação nos Emirados Árabes Unidos. Ela passa toda noite em farras nos bares locais e dizem por aí que ela gosta de mulher igual." Uma das meninas, a Kavana que era uma menina gordinha que usava óculos de vista grandes e redondos no rosto, ela tinha uma expressão escandalizada enquanto contava os boatos sobre a vida da nossa tão simpática (ironicamente) colega de quarto."Ela é muito atrevida..." A outra que se chamava Babitha cochichou parecendo
IndiraEstranhamente foi Rabia quem tinha me ajudado naquela noite, ela me contou que quando me viu sendo rodeada por aqueles rapazes quando se aproximaram da pista de dança onde eu estava, ela tentou me tirar de lá afastando os caras pra longe de mim, mas já que eu já estava alterada pela bebida acabei não aceitando ir com ela preferindo ficar com os garotos que eu nem sabia de quem se tratavam. Rabia disse que eles gostaram tanto de mim pela forma como eu dançava e me soltava ao som da música agitada da festa que me convidaram pra ir numa outra festa, só que esta era particular e ficava na casa de um dos caras a alguns minutos de carro de distância de onde a boate se situava. Era certo que eu me lembrava vagamente daquilo tudo, mas me lembrava que tinha sim aceitado em ir com eles sendo muito imprudente, lembrava também que eles tinham me dado algo impróprio pra consumir o que me fazia ficar mais alterada e apagar logo depois, quando acordei no dia seguinte tinha o corpo todo doend
IndiraAcabamos por ir naquela tarde mesmo a um hospital bem afastado do instituto, pois não queríamos que alguém conhecido nos visse lá, Rabia teve que ficar de fora para que eu pudesse ser atendida em particular pelo médico, levei um bom tempo para que eu tivesse coragem de me abrir pro médico depois dele ter se apercebido que algo não estava bem em mim assim que perguntou os porquês de eu achar que estava tendo infeção no aparelho reprodutor, estava brincando nervosamente com o tecido do meu kurta em minhas mãos com a cabeça abaixada para reunir coragem e dizer a verdade ao médico."Eu sofri um estupro, doutor. Há poucas semanas atrás, e não estou me sentindo bem. Devo estar doente..." Falei de uma vez não conseguindo encarar o homem a minha frente."Oh, querida. Eu sinto muito que isso tenha acontecido..." Ele fez um carinho no meu braço. "Cadê seus pais? Eles vieram com você pra cá?" Ele queria saber dos meus pais? Se eu falasse a ele que meus pais não puderam vir comigo porque e