Quando cheguei em Mumbai eu era apenas uma garota muito nova com grandes espectativas, espectativas altas demais para os desafios que eu tinha que enfrentar. Mas não tive dificuldade com a recepção do instituto onde eu ia, aquele lugar era mesmo para prestigiados, tanto é que a instituição disponibilizou vôos para mim e para o garoto que também tinha sido selecionado que estava vindo de Ahmedabad, uma cidade vizinha do mesmo estado, o Guzerate. Eu não conhecia este rapaz, mas sabia que ele estava realizando o seu sonho também assim como eu ao ir pra esse lugar.Quando chegamos no Aeroporto eu estava acompanhada pela minha mãe, meu pai, Anushka, minha dadi e meu tio Kabir, meu dada queria estar também ali, mas ele tinha que ficar na loja já que os dois outros homens estavam indo me acompanhar no aeroporto. Foi a srta. Kalpini, que eu a tinha conhecido no dia da prova, aquela secretária do sr. Kaushal, o homem que se apresentou como representante do instituto de ciências e tecnologia de
Indira"Que cachorra..." Ela me deu uma péssima primeira impressão. Mais tarde naquele mesmo dia fiquei a saber do nome dela pelas outras meninas que dividiam o quarto com a gente, ela se chamava Rabia e era um tanto famosinha ali na instituição, as meninas me contaram que Rabia até que era inteligente, mas não se esforçava muito e já estava repetindo de classe, o que entrava bem em contraste com a maioria dos estudantes daquela instituição eram."Rabia tá nem aí para os estudos. Ouvi dizer que antes de vir pra cá ela estava no centro de reabilitação nos Emirados Árabes Unidos. Ela passa toda noite em farras nos bares locais e dizem por aí que ela gosta de mulher igual." Uma das meninas, a Kavana que era uma menina gordinha que usava óculos de vista grandes e redondos no rosto, ela tinha uma expressão escandalizada enquanto contava os boatos sobre a vida da nossa tão simpática (ironicamente) colega de quarto."Ela é muito atrevida..." A outra que se chamava Babitha cochichou parecendo
IndiraEstranhamente foi Rabia quem tinha me ajudado naquela noite, ela me contou que quando me viu sendo rodeada por aqueles rapazes quando se aproximaram da pista de dança onde eu estava, ela tentou me tirar de lá afastando os caras pra longe de mim, mas já que eu já estava alterada pela bebida acabei não aceitando ir com ela preferindo ficar com os garotos que eu nem sabia de quem se tratavam. Rabia disse que eles gostaram tanto de mim pela forma como eu dançava e me soltava ao som da música agitada da festa que me convidaram pra ir numa outra festa, só que esta era particular e ficava na casa de um dos caras a alguns minutos de carro de distância de onde a boate se situava. Era certo que eu me lembrava vagamente daquilo tudo, mas me lembrava que tinha sim aceitado em ir com eles sendo muito imprudente, lembrava também que eles tinham me dado algo impróprio pra consumir o que me fazia ficar mais alterada e apagar logo depois, quando acordei no dia seguinte tinha o corpo todo doend
IndiraAcabamos por ir naquela tarde mesmo a um hospital bem afastado do instituto, pois não queríamos que alguém conhecido nos visse lá, Rabia teve que ficar de fora para que eu pudesse ser atendida em particular pelo médico, levei um bom tempo para que eu tivesse coragem de me abrir pro médico depois dele ter se apercebido que algo não estava bem em mim assim que perguntou os porquês de eu achar que estava tendo infeção no aparelho reprodutor, estava brincando nervosamente com o tecido do meu kurta em minhas mãos com a cabeça abaixada para reunir coragem e dizer a verdade ao médico."Eu sofri um estupro, doutor. Há poucas semanas atrás, e não estou me sentindo bem. Devo estar doente..." Falei de uma vez não conseguindo encarar o homem a minha frente."Oh, querida. Eu sinto muito que isso tenha acontecido..." Ele fez um carinho no meu braço. "Cadê seus pais? Eles vieram com você pra cá?" Ele queria saber dos meus pais? Se eu falasse a ele que meus pais não puderam vir comigo porque e
IndiraEu, na ânsia de esconder de todo mundo que tinha um filho, convenci Rabia a mudarmos de residência para outro bairro onde ninguém nos conhecia logo assim que o bebê nasceu, Rabia se faria passar por mãe dessa criança enquanto eu fingia ser a amiga que estava morando com uma mãe e o seu bebê apenas. Já que os pais da Rabia já não mandavam mais dinheiro pra ela e eu tive que mentir pros meus pais dizendo que já tinha terminado a faculdade e que eles não precisam mais me mandar dinheiro todos os meses (eu precisava fazer eles acreditarem na minha história a todo custo), Rabia e eu tivemos que aceitar diferentes tipos de trabalho naquela cidade pra poder nos sustentar e pagar os remédios caros que Thomas precisava pra sua doença, ele é asmático desde pequeno e os remédios dele naquela cidade não estavam nada baratos, o que nos fazia aceitar qualquer trabalho que aparecia na nossa frente, desde faxina, entregas, atendente, garçonete e até massagista. No início era um pouco estranho
IndiraHoje eu tenho que ir fazer um part time numa casa de massagem que fica do outro lado da cidade de onde eu moro, já que eu estava aceitando qualquer trabalho que me aparecia, obviamente não desperdicei este quando a Sra. Nilima me ligou essa manhã dizendo que tinha trabalho pra mim na sua casa de massagem. Deixei tudo em ordem em casa e peguei o autocarro até ao local onde a casa de massagem ficava, fui ter com a proprietária e depois fui vestir uma roupa mais apropriada para o trabalho, comecei a atender os clientes daquele dia como sempre eu fazia. Mas um cliente em particular me chamou atenção, ele não quis tirar a roupa alegando que era muito reservado pra isso, nem mesmo a parte de cima ele quis tirar, então tive que fazer uma massagem neles por cima das roupas dele. O que salvava nele era que ele conversava muito bem com todos, ele se apresentou como sendo Radesh e disse que estava ali em Nova Deli a passeio. Ele é ótimo de conversa e já conseguiu roubar algumas risadas de
NayanaDepois de ter passado pelo ritual de purificação ali em Varanasi, não levamos mais muito tempo e já fomos pegar o trem que ia direto até Surat, em Guzerate. Não falei com Shankar o caminho todo de volta pra Surat, pois não via necessidade de manter uma conversa com ele, tudo bem que eu tinha que o aturar até o resto dos meus dias, mas não vou me submeter a ter que ficar bajulando ele toda hora. Segundo a nossa religião eu já estava purificada, mas infelizmente eu não conseguia me livrar das memórias que tinha de Singapura e do que tinha vivido por lá, Radesh ainda continuava dominando os meus sonhos mesmo eu não pedindo por aquilo. Alguns sonhos que tinha com ele eram maravilhosos e felizes enquanto eu sonhava com nós dois correndo de mãos dadas num campo claro enorme coberto de flores mais vivas possível, eram tantas cores lindas que deixava o meu coração alegre, eu era feliz nesses sonhos pois ele sorria pra mim com um sorriso lindo e nunca largava minha mão, me oferecia flo
NayanaNo dia seguinte a aquele, acordei cedo já que tinha voltado pra casa do meu marido, fui até a cozinha para junto das outras mulheres ajudar a preparar o café da manhã para a família inteira."Bem vinda de volta, sra Nayana!" Dulari, que era uma das criadas da casa juntamente com a mãe da Anushka, me desejaram boas vindas com largos sorrisos assim que cheguei a cozinha. Era como se eu fosse a mais recente novidade ali, elas parecem mesmo muito radiantes por estarem me vendo novamente."Obrigada, mas não é pra tanto assim." Sorri meiga pra elas e amarrei o avental em mim começando a preparar o pão, fazia um tempo que eu não preparava comida tradicional. Hari e eu em Singapura praticamente costumávamos sobreviver de delivery estando muito fartas de cozinhar, isso quando eu não estava comendo em algum lugar legal na companhia do Radesh nas excursões que a gente fazia pela cidade de Singapura, mas não seria por isso que eu tinha desaprendido a cozinhar, longe disso. Eu tinha passad