A sala era ampla, com teto abobadado e janelas altas que deixavam entrar a luz pálida do entardecer. Os móveis de madeira escura e os estofados de veludo denso conferiam um ar austero ao ambiente. O som firme das botas de couro ecoava pelas paredes enquanto um homem de figura imponente atravessava o espaço. Seus ombros largos e postura ereta transmitiam autoridade, mas havia algo na rigidez de seu semblante que sugeria preocupação. Ao aproximar-se da mesa central, seus olhos — atentos, quase predatórios — notaram um envelope repousando sobre o tampo polido. Ele hesitou por um instante, os dedos robustos pairando no ar, antes de pegar a carta. O papel estava levemente amassado, como se alguém o tivesse manuseado repetidamente. Com movimentos lentos, ele rompeu o lacre e desdobrou a folha. A caligrafia era delicada, familiar. Seu rosto, que até então permanecera estoico, começou a mudar à medida que lia as palavras. A mandíbula apertou-se; as sobrancelhas franziram. Então, inespe
Rosalyne Assim que trocamos olhares, ele baixou o olhar e o fixou em Nicolau.— Nico?! Onde você estava, rapaz? — ele disse um pouco confuso e franziu o cenho.O cachorro começou a latir pra ele e eu o segurei para que não caísse. Que reação mais... amorosa? — Nicolau, calma. — o acariciei e ele parou de latir na mesma hora, o que surpreendeu tanto eu quanto o homem a minha frente. Fiz carinho no cachorro por ter se comportado e olhei curiosa para o homem a minha frente. — Ele é seu? — perguntei, tentando entender a situação. O homem coçou a nuca e se encostou na batente de sua porta. — Ele é! — disse olhando para o cachorro. — Ou pelo menos era. — brincou ao olhar para mim e eu dei um sorriso. — O que aconteceu? Ele fugiu? — Eu nem sei ao certo. Acabei de chegar do trabalho e notei que ele não estava. Joguei as coisas num canto e peguei uma capa de chuva pra ir procurar ele... — ele disse enquanto observava o cachorro. — Mas parece que gostou tanto de você que não me q
Rosalyne Estava deitada no sofá, sendo acompanhada por Nicolau que se aconchegou em meus braços, e assistia a minha série predileta. Eu ria baixo pelo horário e a televisão também estava com pouco volume, o suficiente para que somente eu escutasse. Nicolau roncava mais alto que a televisão. Vez ou outra, o observava enquanto ele dorme, parecendo mais um trator em miniatura, mas ainda assim tão fofo. Conforme ficava mais tarde, comecei a ficar sonolenta também e percebi que quase adormeci. Porém, quando um trovão ecoou pela janela, um frio gelado percorreu minha espinha ao notar uma silhueta tomada pela escuridão. Eu não estava mais sozinha. Havia alguém lá fora, observando o meu apartamento. Olhei para Nicolau, que agora estava acordado, latindo freneticamente. O barulho de seus latidos misturava-se ao som distante da chuva. Afim de observar minuciosamente as intenções daquela pessoa, me mantive quieta, sem fazer sequer um movimento brusco. E então, escutei batidas na porta. Fique
Rosalyne De todas as coisas, essa seria a última que eu iria cogitar. Eu cheguei até a pensar que ele era um policial, investigador ou parte de uma agência secreta. Estava completamente errada e bastante surpresa. Mafioso. Cesare é um mafioso? — Ficou sem palavras, não é? — ele disse ao observar o meu estado. Olhando para Cesare, sua aparência era realmente imponente. Eu estava realmente sem palavras. Agora fazia sentido a maneira como "inimigos" para ele soava tão natural. — Eu realmente fui pega de surpresa. — confessei, ainda o observando atentamente. — Mafioso... — repeti, pensativa. — Talvez fosse melhor eu não ter revelado? Balancei a cabeça negativamente. Na verdade, aprecio que ele não teve rodeios quanto a isso ou mentiu. — Por mais surpreendente que seja... você ainda não é um dentista. — comentei e ele riu levemente. — Mas, se você quiser correr, meu apartamento está disponível para isso. Eu só não indicaria você ir lá fora agora. — Tem pessoas que traba